JC e-mail 3734, de 02 de Abril de 2009
8. Universidades recorrem a software contra plágio
Programas rastreiam trechos copiados de sites na internet; docente da UnB detecta também alta de casos de autoplágio em artigos científico
Karina Toledo escreve para “O Estado de SP”:
Preocupadas em combater o plágio em trabalhos acadêmicos, instituições de ensino superior têm adotado programas de computador que ajudam o professor a identificar os casos suspeitos. Recentemente, a Escola de Direito da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a Faape o Senac SP aderiram à ideia. A Universidade Anhembi Morumbi e a Universidade Cruzeiro do Sul utilizam esse tipo de ferramenta desde o início de 2008.
Alguns desses softwares estão disponíveis gratuitamente na internet. Os mais elaborados, em geral pagos, analisam cada parágrafo do documento enviado pelo aluno e o compara com o conteúdo de bilhões de sites da internet e de algumas bibliotecas eletrônicas, elaborando um relatório como índice de coincidências encontradas.
Esse é o caso do Safe Assign, um dos mais usados no País. O programa também compara o trabalho com todos os outros já submetidos à sua base de dados. “Isso permite ao professor descobrir, por exemplo, se o aluno está reaproveitando uma pesquisa já apresentada em anos anteriores”, explica Emerson Fabiani, coordenador da Escola de Direito da FGV. “O software não apenas identifica o trecho copiado como aponta o endereço eletrônico do conteúdo original”, conta.
O professor do Mackenzie Ismael Silveira utiliza dois outros sites para combater a fraude: http://www.plagiarismdetect.com e http://www.plagium.com. Com base em um documento, eles fazem a busca na internet por textos similares. “Mas esses programas não são infalíveis, é preciso tratar o problema na raiz”, diz o professor, que defende ações para conscientizar os alunos da importância que os trabalhos acadêmicos têm na formação. “Quanto mais o orientador acompanha o desenvolvimento do trabalho mais improvável será o plágio”, avalia.
O professor da Universidade de Brasília (UnB) Marcelo Hermes – coeditor das revistas científicas PLoS Onee Comparative Biochemistryand Physiology – é usuário assíduo do site Deja vu (http://spore.swmed.edu/dejavu), que detecta plágio em artigos científicos. Ele identificou, entre 1990 e 2006, 386 trabalhos de pesquisadores brasileiros apontados pelo programa de varredura como suspeitos. “Apenas29casos foram analisados e 8 considerados frau- de.Acredito que 90% desses casos sejam de autoplágio, ou seja, o autor faz uma maquiagem em um artigo seu já publicado e o submete a outra revista, o que é antiético.”
Hermes ressalta que as fraudes aumentaram muito após 2001 e atribui o fato ao aumento da pressão por produtividade por parte das agências de fomento à pesquisa. “Estão mais preocupados coma quantidade do que com a qualidade da produção científica.Como aumento no número de revistas científicas, as menos tradicionais aceitam publicar qualquer coisa.”
(O Estado de SP, 2/4)