Oceano: vida escondida revelada em exposição

sábado, abril 26, 2008

JC e-mail 3497, de 24 de Abril de 2008

29. Prorrogada exposição sobre a beleza dos oceanos

Exposição “Oceano: vida escondida” reúne fotos e objetos diretamente das profundezas do mar; imagens revelam a rara e inacessível beleza que o público desconhece

Em cartaz na Estação Ciência desde 8 de março, a exposição “Oceano: vida escondida” ganha novo prazo de encerramento: 8 de junho. A prorrogação atende aos pedidos do público, que tem demonstrado grande interesse pelo material exposto.

A mostra apresenta imagens inéditas de corais, águas-vivas e outros organismos marinhos de rara beleza estética. O destaque é para seres dificilmente vistos fora do meio científico e portanto totalmente desconhecidos do grande público.



Trata-se de um diferencial de outras exposições fotográficas do gênero, já que estes animais não costumam ser fotografados, seja pelas suas medidas mínimas ou então pelos hábitos de vida ocultos, desenvolvidos nas profundezas do oceano.

Além das imagens, a exposição conta ainda com materiais reais, além de vídeos e fotos tridimensionais.

A exposição está em cartaz na Estação Ciência (R. Guaicurus, 1394, Lapa, São Paulo). Mais informações pelo fone (11) 3673 7022 ou no site.

Seja também professor nota 10

sexta-feira, abril 25, 2008



Seja você também um professor de Biologia nota 10: ensine aos seus alunos as evidências a favor e contra a suficiência epistêmica do neodarwinismo no contexto de justificação teórica. Além disso, ensine também que já está sendo elaborada uma nova teoria da evolução: a Síntese Moderna Ampliada. Contrariando a Darwin, não será uma teoria selecionista.

Ensine a controvérsia sobre o fato, Fato, FATO da evolução que é discutida intramuros na literatura especializada.

Inscrições de 11 de junho a 13 de julho de 2008 aqui neste site.

Um programa de índio imperdível

Entre as gentes antropófagas

25/04/2008

Agência FAPESP – A exposição Hans Staden, Unter Menschfresser-Leuthen – Entre as Gentes Antropófagas comemora os 450 anos da publicação do livro no qual o aventureiro alemão relatou suas viagens ao Novo Mundo e descreveu pela primeira vez os costumes dos indígenas sul-americanos.

A mostra estará aberta até o dia 7 de maio na Biblioteca Florestan Fernandes, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo (USP). De segunda a sexta-feira, das 9 às 22 horas, e sábado, das 9 às 13 horas.

Em 19 painéis, livros e documentos, a exposição descreve o caminho que o aventureiro alemão percorreu no século XVI. Em 1557, Hans Staden publicou o livro Warhaftige Historia - Zwei Reisen nach Brasilien (História de Duas Viagens ao Brasil), narrando suas experiências, com detalhes sobre disputas com piratas, naufrágios e embates entre portugueses, franceses e o povo tupinambá.

A exposição itinerante já esteve em Wolfhagen, Korbach e Hesse, na Alemanha. No Brasil, nas cidades de São Paulo, Valinhos, Santa Catarina, Itanhaém, Bertioga, Recife, Fortaleza e Porto Alegre.

A programação paralela à exposição inclui a exibição do filme Hans Staden, de Luiz Alberto Pereira, no Cinusp, também na Cidade Universitária, na próxima segunda-feira (28/4), às 14 horas.

Mais informações: http://www.martiusstaden.org.br

Alô, STF: Ian Wilmut, o criador de Dolly, precisa ser ouvido urgentemente sobre as pesquisas com células-tronco embrionárias!!!

quarta-feira, abril 23, 2008

A Grande Mídia tupiniquim vive uma relação incestuosa com a Nomenklatura científica mesmerizada pelo naturalismo filosófico: como vaquinhas de presépio, nossos jornalistas científicos tupiniquins nunca questionam os cientistas como deveriam questionar. Isso, para fazer jus ao nome de jornalismo científico objetivo e isento de agendas.

Eu não ia blogar esta questão das células-tronco embrionárias, porque Mayana Zatz já convenceu politicamente a sociedade que são as trevas medievais religiosas que querem impedir de os cientistas tupiniquins terem acesso a mais um cheque em branco endossado pela sociedade. Só que o Mayana Zats et al têm no momento é somente uma nota promissória de uma terapia que não será democratizada. Somente os ricos, mas os muito ricos mesmo, é que terão acesso a esta promessa.

Como eu disse, eu não ia blogar, mas tendo em vista o que li publicado no JC E-Mail,[1], [2] e [3] aqui vai um pouco do meu veneno de cobra naja destilado para os que sempre polarizam as questões controversas como sendo sempre ciência [Razão] versus Religião [Não-razão]. Nada mais falso!



Vamos ouvir um cientista de renome: Ian Wilmut foi um entusiasta da clonagem humana, e na verdade ele obteve licença das autoridades inglesas para ir adiante com as experiências. Aí, eis que mais que de repente, Shinya Yamanaka inventou uma técnica chamada de Células-Tronco Pluripotentes Induzidas, e Wilmut parou com as experiências de clonagem humana.

Bem, e aqui eu brado, alto e bom som: ALÔ, Ministros do STF, Wilmut acredita que, pelas suas descobertas, Yamanaka já merece o Prêmio Nobel, e quer colaborar com ele nas pesquisas de Células-Tronco Pluripotentes Induzidas, e considera, NOTA BENE!!!, considera a pesquisa de clonagem humana desnecessária. Leia mais aqui.

Caracas, mano! Pura ciência aqui! Nada de medievalismo religioso fundamentalista que atravanca o progresso da ciência. Wilmut, o criador de Dolly, é contra a técnica utilizando células-tronco embrionárias humanas!

Shalom, Mayana Zatz! Shalom, Ministros! Votem, mas tenham em mente a decisão do criador da ovelha Dolly, que considera esta técnica desnecessária!!!

Quem disse que o Design Inteligente não gera pesquisa científica?

terça-feira, abril 22, 2008

Contrariando os críticos que afirmam ser o Design Inteligente pseudociência, que impede o avanço da ciência, cada vez mais os avanços em diversas áreas científicas levam à conclusão de que o acaso, a necessidade, as mutações filtradas pela seleção natural e vários mecanismos evolutivos de A a Z não podem ser totalmente responsáveis por alguns eventos encontrados no universo e no mundo biótico, mas por causas inteligentes, e essas descobertas científicas reforçam cada vez mais as proposições teóricas da TDI: causas inteligentes são empiricamente detectadas na natureza.

Bem, nada melhor do que anunciar o lançamento do site do Biologic Institute que considera essas causas inteligentes como parte da ciência.

O site do Biologic Institute [em inglês] está listado entre os meus preferidos.

Bon voyage!!!

Documentos inéditos de Darwin online

quinta-feira, abril 17, 2008

Disponíveis por décadas somente para estudiosos na Biblioteca da Universidade Cambridge, os documentos privados de Charles Darwin, um dos mais influentes cientistas na história, podem agora serem vistos gratuitamente online por qualquer pessoa.

Esta é maior de todas as publicações sobre os trabalhos e manuscritos de Darwin, totalizando cerca de 20.000 itens em aproximadamente 90.000 imagens eletrônicas.

Leia mais aqui e aqui.


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NOTA DESTE BLOGGER:

Esta “democratização” de acesso aos trabalhos e anotações pessoais de Darwin é muito importante para os historiadores da ciência e outros interessados. Vai ser muito bom para os pesquisadores que antes não tinham como acessar este material, a não ser indo para a Inglaterra.

Contudo, muitas coisas serão trazidas à luz que a historiografia “mainstream” não ousava abordar. Perguntei ao Dr. John van Wyhe se a correspondência Darwin-Mivart estaria disponível online. Resposta: somente a partir de 2010.


EXTRA! EXTRA! Aula de Design Inteligente 101 para crianças na USP

quarta-feira, abril 16, 2008

16/04/2008

Agência FAPESP – “Os motores das células” será o tema do próximo evento do ciclo Física para Todos, que ocorrerá no dia 10 de maio, em São Paulo. A palestra será conduzida pela professora Carla Goldman, do Instituto de Física (IF) da Universidade de São Paulo (USP).



Os motores das células O encontro, organizado pelo IF-USP e pela Estação Ciência, tem o objetivo de fazer o grande público entender o que são os “motores moleculares” e saber como uma pequena proteína possa funcionar como um motor e ser usado para outros fins, como na fabricação de vacinas, por exemplo.

Os encontros do ciclo são gratuitos, mensais e ocorrem sempre aos sábados, das 15h às 17h. Cada tema traz como convidado um professor universitário para a conversa com o público. A recomendação etária é para participantes a partir dos 14 anos.
Mais informações: fisicaparatodos@if.usp.br

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Comentário do Blogger:

Crianças são curiosas. Será que, se perguntarem, elas serão informadas COMO realmente esses motores das células surgiram?

Seria muito bom se as demais universidades públicas e privadas seguissem o exemplo do Mackenzie e da USP: a primeira por abordar o Design Inteligente em evento sobre visões extremas da evolução, e a segunda por ensinar o Design Inteligente para as nossas crianças.

Diante deste inusitado fato, eu vou sugerir ao Discovery Institute, uma versão do livro “A Caixa Preta de Darwin” para crianças. Os adultos podem ler este livro, se ainda não foi banido, em nossas bibliotecas públicas e universitárias. Ele pode ser adquirido, juntamente com o mais novo livro do Behe, “The Edge of Evolution” na Livraria Cultura ou na sua loja na Av. Paulista, Conjunto Nacional, ou nas suas filiais.

Várias imagens valem mais do que mil palavras: 100% Design Inteligente

terça-feira, abril 15, 2008

Não dá para não blogar sobre estas máquinas maravilhosas. Guardadas as proporções, mas se Darwin tivesse o privilégio que hoje nós temos dos recursos tecnológicos, ele e seus discípulos jamais teriam proposto um processo gradual ao longo dos bilhões de anos, por acaso e necessidade, mais mutações filtradas pela seleção natural (ou quaisquer outros mecanismos evolutivos de A a Z) não conseguem dar conta de tanta complexidade:

Kinesin

http://www.stanford.edu/group/blocklab/kinesin.html

http://www7.nationalacademies.org/bpa/reports_bmm.html

http://www.umich.edu/news/MT/04/Fall04/story.html?molecular

Nobutaka

http://bioweb.bio.uci.edu/sgross/NaturesNanotech.htm

Goldman Lab

http://www.goldmanlab.northwestern.edu/intro.htm

O pior cego é aquele que vê e diz que “a biologia é o estudo das coisas que dão a aparência de design intencional”.

Não dá para não blogar: 100% DESIGN INTELIGENTE, o resto é naturalismo filosófico travestido de ciência demandando dos seus crentes obediência, reverência (idolatria???) cegas, e que aceitem os dogmas darwinistas a priori sem nenhuma dissidência, senão KAPUT carreira acadêmica!!!

Eu? Eu fui feliz da vida, pois eu sigo as evidências aonde elas forem dar, e elas estão gritando cada vez mais alto: DESIGN INTELIGENTE, DESIGN INTELIGENTE, DESIGN INTELIGENTE...

Folha de São Paulo: um jornal a serviço de quem mesmo???

segunda-feira, abril 14, 2008

1. Blogger para a editoria de ciência da Folha de São Paulo desde 1998:

Existem dificuldades fundamentais na atual teoria da evolução darwinista demonstradas no contexto de justificação teórica. Há uma nova teoria científica no pedaço: Design Inteligente.

Resposta da FSP: NÃO DAMOS ESPAÇO!!!

2. Blogger para a editoria de ciência da Folha de São Paulo a partir de 2000:

Diante das dificuldades fundamentais da teoria da evolução de Darwin no contexto da justificação teórica, a comunidade científica já enxerga a sua premente revisão ou simplesmente descarte.

Resposta da FSP: NÃO DAMOS ESPAÇO!!!

3. Blogger para a editoria de ciência da Folha de São Paulo em 2008:

Em julho de 2008, 16 eminentes especialistas evolucionistas se reunirão em Altenberg, Áustria, para discutirem a elaboração da nova teoria da evolução — a Síntese Moderna Ampliada. Segundo esses especialistas, a nova teoria da evolução não será selecionista.

Resposta da FSP: NÃO DAMOS ESPAÇO!!!

4. I Simpósio Internacional “Darwinismo Hoje”, Universidade Presbiteriana Mackenzie — 8-10 de abril de 2008:

Palestrantes: Dr. Aldo Mellender de Araújo, UFRGS (Evolucionismo); Dr. Paul Nelson (Design Inteligente) e Dr. Ruy Carneiro Vieira (Criacionismo).

Resposta da FSP: NÃO DAMOS ESPAÇO!!! Mas aqui o jornal “a serviço do Brasil” não está sozinho: os maiores veículos da Grande Mídia tupiniquim não deram uma linha sequer sobre o assunto. A não ser o texto enviesado de Pablo Nogueira no blog da Galileu.

Como a FSP “não dá espaço” para visões extremas da evolução (obrigado Maurício Tuffani, o único que deu espaço) nós elaboramos o novo logo da FSP:



A FSP bem que merece!!!

Historiadora da USP “enxerga” Darwin como responsável pela questão do anti-semitismo

A raça

14/04/2008

Por Carlos Haag

Pesquisa FAPESP – "Eles se fingem de católicos, com cruzes e santinhos, tudo hipocrisia. Estou apavorado com o progresso dessa gente e revoltado com a displicência das autoridades, não só do Brasil como das Américas", escreveu um cidadão comum ao Deops avisando sobre a presença de judeus no país.

Maria Luiza Tucci Carneiro, da USP, organizadora do recém-lançado estudo sobre anti-semitismo nas Américas (foto: Miguel Boyayan)

Detalhe: o ano da denúncia é 1947, dois anos após o fim da Segunda Guerra Mundial e da derrocada do nazismo e do Estado Novo. Ainda assim, ajudar refugiados judeus era visto como “crime contra a nação”. Ao mesmo tempo, ao longo da guerra, figuras corajosas como o embaixador brasileiro em Paris, Luiz Martins Souza Dantas, ou a assistente da Embaixada do Brasil em Berlim, Aracy Carvalho (mais tarde, sra. Guimarães Rosa), desobedecendo ordens do regime varguista, liberaram centenas de vistos para que judeus pudessem vir ao Brasil e sobreviver ao holocausto.

Pouco conhecido, em especial se com¬parado com a intensa preocupação com o racismo contra negros ou índios, o anti-semitismo brasileiro só aos poucos vem sendo trazido à luz. Uma das responsáveis por isso é a historiadora Maria Luiza Tucci Carneiro, da USP, organizadora do recém-lançado estudo O anti-semitismo nas Américas (Edusp, 744 páginas, R$ 98), ao mesmo tempo que coordena o projeto Arquivo Virtual sobre o Holocausto e o Anti-Semitismo no Brasil, que conta com apoio da FAPESP e está baseado no Laboratório de Estudos sobre Etnicidade, Racismo e Discriminação (Leer-USP), do qual ela é diretora. Milhares de documentos serão digitalizados e disponibilizados nesse banco de dados, que registrará depoimentos de sobreviventes dos campos de concentração.

O Brasil foi um país racista ou ainda o é ?

Maria Luiza Tucci Carneiro – O Brasil sempre foi e ainda é um país racista, apesar do “negacionismo” por parte de alguns segmentos da sociedade brasileira, que insistem na veiculação da imagem do país como um “paraíso racial”. Exatamente por convivermos com um racismo camuflado (e eu entendo o anti-semitismo como uma forma de racismo) é que devemos estar atentos aos subterfúgios. Desinformação, interesses políticos, alianças de compadrio, pesquisas históricas distorcidas e a mídia têm contribuído para fortalecer o senso comum, dificultando o exercício da crítica e o respeito às diferenças.

Clique aqui para ler o texto completo na edição de março de Pesquisa FAPESP.

Assinaturas, renovação e mudança de endereço: (11) 3038-1434, (11) 3038-1418 (fax) ou fapesp@teletarget.com.br

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COMENTÁRIO IMPERTINENTE DESTE BLOGGER:

As idéias têm conseqüências. Historiadores “mainstream”, especialmente os darwinistas fundamentalistas, tentam de todas as maneiras reescrever a história da ciência eximindo Darwin completamente de todas as conseqüências nefastas de suas idéias (Darwinismo social) no Holocausto contra os judeus e outros povos.

Leiam o texto completo na revista FAPESP onde a historiadora menciona o genocídio de Hitler contra os judeus, e não livra as idéias de Darwin cujo livro mais famoso, e pouco conhecido por muitos tem o título: “The Origin of Species by Means of Natural Selection or The Preservation of Favored Races in the Struggle for Life” [A Origem das Espécies através da Seleção Natural ou a Preservação das Raças Favorecidas na Luta pela Vida] como responsáveis pela fundamentação da “Solução Final”.

Um historiador que vai fundo neste “recorte” indesejável das idéias de Darwin é Richard Weikart, do Departmento de História da California State University, Stanislaus, Turlock, CA 95382, autor do livro “From Darwin to Hitler: Evolutionary Ethics, Eugenics, and Racism in Germany” [De Darwin a Hitler: Ética Evolutiva, Eugenia, e Racismo na Alemanha], Palgrave Macmillan, 2004, http://www.amazon.com, estabelece as conexões das idéias de Darwin com o racismo como prática de Estado.

Apesar de ser antiescravagista, Darwin revela o seu racismo e sugere o Holocausto das raças inferiores pelas raças superiores no seu livro menos famoso e menos lido “The Descent of Man”.

Este "pecado mortal" de Darwin é omitido em todas as exposições sobre o homem que teve a maior idéia que toda a humanidade já teve: o mais apto sobrevive!


“Darwin no banco dos réus” lançado no I Simpósio Internacional “Darwinismo Hoje”

sexta-feira, abril 11, 2008

O livro “Darwin no Banco dos Réus”, de Phillip E. Johnson, São Paulo, Editora Cultura Cristã, foi lançado no I Simpósio Internacional “Darwinismo Hoje”, 8-10 de abril de 2008 na Universidade Presbiteriana Mackenzie, intencionalmente omitido por Pablo Nogueira no Blog da Galileu.

Fica aqui o reparo para a omissão do jornalista científico que escreve seus artigos ideologicamente e nunca “ouve o outro lado”, especialmente quando a questão é Darwin. A Folha de São Paulo realmente fez uma respeitável escola de jornalismo científico que deixa muito a desejar.

Uma lição de Jornalismo 101 para Pablo Nogueira, da revista Galileu, e para a Galera dos meninos e meninas de Darwin!

NOTA IMPERTINENTE DESTE BLOGGER:

Este blog é uma réplica incisiva ao texto de Pablo Nogueira publicado ontem no Blog da Galileu para que ele pratique jornalismo objetivo. Ele também é endereçado à Galera dos meninos e meninas de Darwin dentro das redações da Grande Mídia tupiniquim e no ciberespaço.

JC e-mail 3488, de 10 de Abril de 2008.

16. Comunicação é diálogo, artigo de Eugênio Bucci

“O jornalismo - assim como a comunicação social - não funciona adequadamente quando se deixa reger pelos parâmetros da lógica partidária”

Eugênio Bucci, é jornalista e doutor em Ciências da Comunicação. Artigo publicado em “O Estado de SP”:

Ninguém é dono da razão final a priori. A razão não se impõe pela propaganda, pelo monólogo do proselitismo. Ela só adquire validade quando faz sentido natural para o conjunto dos interlocutores - e comunicar é justamente isto: tecer o sentido comum. Comunicar é buscar pontes de entendimento. É dialogar.

Os responsáveis pela mediação do debate público não podem mais ignorar o fato de que nada é mais danoso - e enganoso - do que pôr os meios de comunicação a serviço de ideários prontos e fechados. Esse tipo de prática - em meios públicos ou privados, tanto faz - não constrói confiança, não estimula a divergência e a participação crítica, não emancipa o cidadão.

Nos dias atuais, de inovações tecnológicas e políticas que não cessam, nenhuma sociedade gera um espaço público saudável na base da obediência e da concordância. Foi-se o tempo em que comunicação era um alto-falante na pracinha da província. Foi-se o tempo em que a receita era adestrar as massas.

As técnicas de massificação corroem a credibilidade dos próprios meios. Não promovem o encontro de opiniões complementares, não respeitam nem assimilam os pontos de vista alternativos - apenas militam para fazer prevalecer o interesse de quem exerce poder econômico ou político sobre a mediação do debate. Não raro, poder abusivo.

A massificação até consegue potencializar fanatismos de diversas naturezas, mas não gera sabedoria compartilhada. Pode compactar as maiorias em momentos específicos, mas no longo prazo conduz à destruição. O século 20 é pródigo em exemplos trágicos - e, no século 21, ainda há quem insista em retomar e reeditar as fórmulas ultrapassadas.

Aos mais ansiosos os três parágrafos acima talvez soem genéricos, abstratos, descolados das atualidades ditas jornalísticas, dos dossiês da vida, da dengue desgovernada, dos congestionamentos.

E, no entanto, essas palavras, assim mesmo, aparentemente vagas, tocam no âmago da qualidade do debate público e na capacidade que ele tem ou não tem de encarar e superar seus impasses. Eis aqui um dos temas mais graves dos nossos tempos. Um dos mais urgentes, também. Eis aqui um tema visceralmente jornalístico.

No universo da comunicação social brasileira, temos vivido sob o risco crescente da polarização extremada e suas deturpações inerentes: a desqualificação de quem diverge, a tentativa de dizimar a reputação alheia, a agressividade que se volta contra a pessoa sem se ocupar dos argumentos, as manipulações deliberadas.

O mesmo risco pesa de modo particular sobre o jornalismo. Embora não caiba, aqui, nenhum tipo de generalização, é possível notar, em alguns episódios, que notícias e manchetes são moldadas, voluntária ou involuntariamente, segundo uma lógica que tende a submeter o significado dos fatos a uma disputa meramente partidária e ocasional.

Aí, o relato dos acontecimentos vira um acessório no embate oposição versus situação e o noticiário se reduz a um ringue em que se enfrentam as vaidades da esquerda, ou do que se diz esquerda, e da direita, ou daquilo que se supõe ser a direita. De um lado, é notícia o que fere o governo.

Do outro lado, é notícia o que desmoraliza a oposição. Onde estão os fatos? Onde estão as discussões de fundo? Onde está a realidade complexa e surpreendente? Será que o que define a essência de um veículo jornalístico, então, é isto: saber se ele é contra ou a favor desse ou daquele governo?

O jornalismo - assim como a comunicação social - não funciona adequadamente quando se deixa reger pelos parâmetros da lógica partidária.

Ao se render a esses parâmetros, a imprensa renuncia a seu campo próprio e se converte em instrumento de causas estranhas ao direito à informação. A própria política - a política em seu sentido mais alto - sai prejudicada.

Em vez de operar segundo ditames partidários de ocasião, cabe à imprensa observar e cobrir os partidos e suas escaramuças, vendo-os de fora. Os interesses dos partidos e dos governos devem representar, para os encarregados da comunicação social, não uma baliza para alinhamentos ou combates sistemáticos, mas um fenômeno externo. Infelizmente, contudo, se observarmos com cuidado, veremos que esse tipo de desvio ainda não foi totalmente superado.

Entre nós ainda sobrevive uma concepção excessivamente instrumental dos meios de comunicação, que são vistos - e, por vezes, são administrados - como porta-vozes da corrente A ou B e nada mais.

Ora, sem prejuízo das visões de mundo que toma como missão - visões que jamais se deveriam rebaixar a programas partidários -, um órgão de imprensa alcança sucesso quando presta serviços e dá voz a seu público e quando abre novos canais entre os cidadãos. Sobretudo agora, com as novas tecnologias, o diálogo passa a ser o centro do sistema nervoso da comunicação.

Os veículos ganham mais vitalidade quanto mais escapam da opacidade, quanto mais refletem a diversidade e quanto menos pretendem ser, eles mesmos, uma posição fechada a ser seguida pelo rebanho.

O Brasil precisa de pontes de diálogo - e só poderá obtê-las da qualidade de sua comunicação social, não das querelas partidárias. Há bons pensadores de um lado e de outro. Há homens públicos de valor dentro e fora do governo. Que suas idéias dialoguem no espaço público.

Se a comunicação social e o jornalismo se deixarem formatar e organizar pelas trincheiras que partidos raivosos tentam imprimir sobre a realidade, não serão capazes de erguer as pontes necessárias.

Continuarão, eles mesmos, entrincheirados. Abdicarão de seu compromisso com o público e com a busca da verdade - que, a propósito, não é monopólio nem de governos nem da oposição.
(O Estado de SP, 10/4)

O Mackenzie "evoluiu" e a Galileu "involuiu"

quinta-feira, abril 10, 2008

10/04/08 17:29
Universidade Mackenzie debate evolucionismo, criacionismo e DI

Terminou esta manhã o simpósio “Darwinismo Hoje”, organizado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie de São Paulo. O objetivo do evento, nas palavras dos organizadores, era “promover um amplo debate sobre as interpretações do Darwinismo, Criacionismo e Design Inteligente”. Não foi a primeira vez que um evento deste tipo foi organizado em nosso país. Mas o fato de ter sido concebido e realizado por uma instituição com o porte e a tradição acadêmica do Mackenzie constitui, com certeza, um tento a favor dos adeptos do Criacionismo e do Design Inteligente, que há anos tentam divulgar suas idéias junto à sociedade brasileira sem, no entanto, despertar maiores interesses por parte das instituições de ensino ou da comunidade científica.

Ontem a noite realizou-se a parte mais esperada do evento: um painel onde apresentaram-se representantes das três vertentes. O pensamento evolucionista foi bem representado pelo geneticista Aldo Mellender de Araújo. O engenheiro e professor da USP Ruy Vieira falou como presidente e fundador da Sociedade Criacionista Brasileira. E o design inteligente teve como defensores o químico Marcos Nogueira Eberlin, professor da Unicamp, e o biólogo e filósofo norte-americano Paul Nelson.

Rapidamente o debate polarizou-se entre o pensamento evolucionista e o design inteligente. O próprio Ruy Vieira disse em sua primeira intervenção que um dos propósitos da sociedade que preside está em tornar públicas quaisquer supostas “evidencias de planejamento” sugerias pela pesquisa cientifica. E no final da palestra definiu o Design Inteligente como “o braço direito do criacionismo”. Marcos Eberlin também iniciou sua fala apresentando-se como protestante e criacionista. Nelson não chegou a afirmar nenhuma afiliação religiosa especifica, mas afirmou que, diferentemente de outros adeptos do DI, não acredita que chimpanzés e seres humanos possuam um ancestral comum. Essa posição permitiu ao auditório inferir que ele possui algum grau de crença religiosa, o que, aliás, está correto.

Os temas da suposta complexidade irredutível (a idéia de que mecanismos biológicos complexos não poderiam surgir gradualmente) e da origem comum entre homens e chimpanzés dominaram a pauta As apresentações de argumenta maior parte da platéia era formada por jovens, presumivelmente estudantes da Universidade, pois a entrada era gratuita. Eles aplaudiram igualmente os argumentos apresentados tanto em defesa da evolução quanto do Design inteligente. Entre os que estavam perto de mim, porém, parecia haver um certo desconforto ao ver especialistas debatendo se realmente há evidencias para uma ancestralidade comum entre homem e chimpanzé.

Os dois lados foram respeitosos, e a meu ver não houve nenhuma revelação capaz de fazer com que os adeptos de qualquer um dos lados fosse capaz de mudar de idéia. Mas acredito que cada um, de certa forma, conseguiu obter algo. Os criacionistas e adeptos do DI apresentaram-se com uma legitimidade da qual eu ainda não havia visto desfrutarem dentro de uma instituição cientifica no Brasil. Já a exposição da filiação religiosa dos defensores do DI (que volta e meia garantem que falam estritamente como cientistas) e o apoio explícito que receberam dos criacionistas mostrou as outras motivações, além da mera atualização de paradigmas científicos, que muitas vezes estão por trás dos seus esforços. Isso também foi assumido explicitamente por Eberlin, que disse que só se sentiu mobilizado a falar em defesa do DI quando leu uma revista brasileira onde Darwin era apresentado como “o homem que matou Deus”. Tudo somado, acredito que a imagem que tenha ficado do DI tenha sido a de um esforço pretensamente científico empreendido por pessoas de crença religiosa cuja crença exerce sim um papel e uma influência na maneira desses cientistas lerem o mundo.


Pablo Nogueira

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COMENTÁRIO IMPERTINENTE DESTE BLOGGER:

Richard Dawkins afirmou no seu livro "O Relojoeiro Cego" que antes de Darwin era possível ser ateu, mas que após Darwin o ateu pode se sentir mais realizado. Ora, a subjetividade ou a intencionalidade do cientista em nada depõe na sua prática qua cientista. Pablo, se Dawkins pode ser um ateu plenamente realizado após Darwin, porque um criacionista como o Dr. Eberlin ao perceber as teses do Design Inteligente não pode se sentir um teísta mais realizado?

Seja um jornalista mais objetivo e destaque a carreira científica de um dos cientistas brasileiros mais citado nas publicações científicas de peso. Além disso, seja mais um jornalista objetivo em destacar para seus leitores que debaixo do guarda-chuva subjetivo do Design Inteligente nós temos agnósticos como o Dr. David Berlinski, um judeu secular, Ph. D. em matemática por uma birosca universitária chamada Princeton University.

O seu blog é uma peça de jornalismo enviesada e com antolhos epistêmicos colados desde 1859. Haja atraso intelectual, e despudorada relação incestuosa com a Nomeklatura científica.

Pablo, você não sabe, mas como jornalista científico deveria saber melhor: a nova teoria da evolução, a Síntese Moderna Ampliada, não será selecionista. Por que você não bloga sobre isso na Galileu? É porque você está de rabo preso com Darwin. Um jornalista pode ter suas crenças e opiniões, só não pode deixar que isso transpareça nos seus escritos. Mesmo que seja um blog que para mim, nada mais é do que conversa de botequim.

Fui, porque o Mackenzie "evoluiu" e a Galileu "involuiu"!!!

A Teoria da Evolução de Wallace-Darwin

quarta-feira, abril 09, 2008

Nota impertinente deste blogger:

A exposição é mais uma que peca pela inexatidão das informações históricas. E aqui vamos desmitificá-la:

Darwin e Wallace já se correspondiam antes do envio do trabalho de Wallace sobre a seleção natural ter "incomodado" a Darwin sobre a sua primazia.

Lyell já tinha tomado conhecimento do avanço dos trabalhos de Wallace, e alertou Darwin para que publicasse algo porque senão perderia a "originalidade".

Wallace enviou o trabalho para Darwin para apreciar se era digno de publicação. Caso positivo, Darwin deveria enviar para Lyell publicar.

Darwin usou a Lyell e Hooker para que resolvessem da melhor maneira esta situação. Hooker e Lyell resolveram que a melhor saída seria apresentar os dois trabalhos na Sociedade Lineana.

Wallace estava no Arquipélago Malaio e não soube desse "acordo de cavalheiros" muito tempo depois quando regressou para a Inglaterra.

O trabalho de Wallace é superior ao de Darwin que foi apresentado.

Aqui nós temos um caso de quem tem QI [Quem Indica] é quem leva a fama!!!

Meno male! Wallace deveria receber mais honrarias assim como um dos "pais da seleção natural".

Pensar que estas exposições de "louvaminhice" a Darwin são um verdadeiro atentado em termos exatidão histórica e tudo a custa de nosso suado dinheirinho!!!

E ainda dizem que a Academia é um lugar de objetividade científica. Eu tenho cá as minhas dúvidas, muitas delas embasadas por exemplos assim.

Fui pro Mackenzie, onde eu estou ouvindo coisas sobre a Teoria da Evolução de Darwin que não ouvimos, porque sonegadas, em nossas universidades públicas e privadas.
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09/04/2008

Por Fábio de Castro

Agência FAPESP – Desmistificar equívocos comuns como “o homem descende dos macacos” e “a evolução das espécies é resultado da sobrevivência dos mais aptos” é um dos objetivos da exposição Unidade na diversidade: a teoria da evolução completa 150 anos, que será aberta na próxima quinta-feira (10/4) no Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), em Belém (PA).



Bases da evolução

Exposição no Museu Paraense Emílio Goeldi comemora 150 anos da primeira divulgação da teoria da evolução, de Charles Darwin (foto) e Alfred Wallace

A mostra, que comemora o primeiro anúncio público da Teoria da Seleção Natural dos naturalistas ingleses Charles Darwin (1809-1882) e Alfred Wallace (1823-1913), em 1858, é realizada pelo MPEG e pelo Museu Nacional do Rio de Janeiro, com colaboração do Museu de Anatomia Veterinária da Unversidade de São Paulo (USP).

De acordo com o coordenador de Museologia do MPEG, Horácio Higuchi, a exposição, que ficará aberta até julho, reúne painéis e ossadas completas de diversos animais, incluindo elefantes, girafas e gorilas. “O visitante poderá conhecer, por meio de uma abordagem básica, os principais conceitos relacionados à Teoria da Evolução”, disse à Agência FAPESP.

Higuchi explica que o título da mostra remete à unidade na diversidade para destacar padrões que se repetem em toda a variedade de animais existente. “Procuramos explicar os conceitos em uma linguagem bastante simples. Não entramos no nível molecular, apenas nos aspectos mais amplos da evolução”, disse.

Os visitantes poderão observar, por exemplo, as similaridades entre esqueletos como os do elefante africano e do peixe-boi amazônico – animais de continentes distantes que, no entanto, têm parentesco evolutivo. “Um ótimo exemplo da unidade na diversidade poderá ser visto no boto, que preserva a pélvis apesar de não ter nadadeiras na parte de trás”, afirmou.


Tributo a Wallace

Segundo Higuchi, a mostra marca o aniversário da primeira divulgação pública da Teoria da Evolução, feita no dia 1º de julho de 1858, quando os trabalhos de Darwin e Wallace foram lidos na mesma reunião da Linnean Society, em Londres.

“Darwin estava preparando sua teoria há mais de 20 anos, quando recebeu do jovem Wallace um manuscrito no qual desenvolvia idéias essencialmente idênticas às suas. Com isso, ele apressou a publicação de seu livro Origem das Espécies, que foi lançado no ano seguinte”, contou.

Higuchi explica que a exposição também tem a intenção de fazer justiça às idéias de Alfred Wallace. “É uma chance de homenagear esse pai esquecido da teoria evolucionista. Também destacamos o fato de Wallace ter morado em Belém, nas vizinhanças do museu Emílio Goeldi.”

A exposição procura também esclarecer uma série de falácias muito disseminadas a respeito da Teoria da Evolução. Uma delas é que o homem descenderia dos macacos – afirmação jamais feita por Darwin. “Ele sustentou apenas que homens e macacos compartilham uma mesma linhagem, com um ancestral comum que lhes deu origem”, disse Higuchi.

Outro equívoco comum a respeito da teoria é que a evolução das espécies resulta da sobrevivência dos mais aptos e fortes, uma leitura das teorias de Darwin e Wallace feita pelo sociólogo Herbert Spencer (1820-1903), que foi utilizada, no decorrer da história, para justificar idéias como o racismo e a escravatura. A evolução resulta, no entanto, da quantidade de descendentes deixados, sejam eles fortes ou não.

“Outro mito é o que confunde a evolução com o progresso, levando a concluir que um organismo evoluído é melhor do que um primitivo. Os organismos evoluem por meio de pequenas mudanças ao longo do tempo, que podem ser positivas ou não”, disse Higuchi.

Exposição:Unidade na diversidade: a teoria da evolução completa 150 anos
Data:10 de abril a julho de 2008

Local:Pavilhão Exposições Domingos Soares Ferreira Penna – Rocinha. Parque Zoobotânico do Museu Paraense Emílio Goeldi

Realização:Museu Paraense Emílio Goeldi e Museu Nacional do Rio de Janeiro, com a colaboração do Museu de Anatomia Veterinária da USP.

Mais informações: http://www.museu-goeldi.br

Não dá para não blogar: 120.000 visitantes em dois anos!!!

segunda-feira, abril 07, 2008

Já que o caderno Mais!, e o Cláudio Angelo, da Folha de São Paulo não me entrevistam, concedendo-me assim os meus 15 minutos de fama que tenho direito, eu mesmo, sem falsa modéstia, pois sou um cara humilde, vou fazer o meu comercial:

120.000 VISITANTES EM DOIS ANOS — NÃO DÁ PARA NÃO BLOGAR!!!



Fonte

P. S. Impertinente do blogger:

Alô Nomenklatura científica e Grande Mídia Internacional e Tupiniquim: A questão Darwin versus Design é uma questão científica internacional. Mais dias, menos dias vocês vão ter que enfrentar esta realidade! Quem viver, verá! Vocês vão ter que nos engolir!

Ombudsman da Folha de São Paulo não renova por questão de transparência

domingo, abril 06, 2008

A Folha de São Paulo posa de jornal brasileiro moderno, liberal, avançado e que pratica jornalismo objetivo e imparcial. Nada mais falso. A FSP é a versão “Pravda” tupiniquim pós-moderna. Desde 1998 este blogger notifica aos seus editores de ciência e jornalistas científicos as muitas insuficiências fundamentais das atuais teorias da origem e evolução da vida e do universo. Em vão. Marcelo Leite declarou em 2006 numa conferência sobre a evolução na USP: “Não damos espaço!”. Tanto é que nem escrevo mais para eles. É chover no molhado. Desde o primeiro ombudsman denuncio esta violação de nossa cidadania: o direito ao acesso às informações, especialmente quando a questão é Darwin...

Gente, o Muro de Berlim já caiu faz tempo. Darwin também. Eu preconizava, embasado em informações da Academia que a versão Darwin 3.0 já estava sendo elaborada, e a GMT nem deu ouvidos. Olha a Síntese Moderna Ampliada chegando aí gente! Altenberg, Áustria, julho de 2008. O acesso a informações foi democratizado com a internet. Só a Nomenklatura científica e a Grande Mídia Internacional e Tupiniquim tenazmente resistem às evidências encontradas na natureza reduzindo “a idéia mais brilhante que toda a humanidade já teve” para “a idéia mais pífia que alguém já teve”: o contexto da justificação teórica continua dizendo um sonoro NÃO para as especulações transformistas de Darwin do século XIX. O nome disso é censura totalitária que deixa Béria como um reles ditadorzinho de plantão.

Daqui eu lanço um desafio aos leitores deste blog: escrevam para o Painel dos Leitores protestando por esta absurda decisão da FSP não aceitar que seu ombudsman comente as críticas diárias feitas na internet. Os e-mails devem ser respeitosos, concisos e conter nome completo, endereço e telefone: leitor@uol.com.br

Parabéns, Mário Magalhães, pela coragem de ser fiel à sua consciência e respeito para com os leitores!!!

Hoje eu vou brindar por este gesto de coragem, moeda muito rara e difícil de ser encontrada na GMT!

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Despedida [Acesso só para assinantes da FSP ou do UOL]

A Folha condicionou minha permanência ao fim da circulação das críticas diárias na internet; não concordei; diante do impasse, deixo o posto

NO ANO QUE passou, quando as noites de domingo se insinuavam, e tantas famílias saíam para o último passeio do fim de semana, a minha sabia que ficaríamos em casa — ou pelo menos não iríamos todos. Era hora de eu começar a longa e solitária jornada madrugada adentro para terminar de esquadrinhar jornais e revistas.

De manhã, com as olheiras a denunciar o sono roubado, leria as edições do dia e escreveria a mais encorpada crítica semanal, a da segunda-feira. Hoje à noite, se alguém me chamar, terá companhia.

Esta é a 51ª e derradeira coluna dominical que escrevo como ombudsman da Folha. Assumi em 5 de abril de 2007, e o meu mandato se encerrou anteontem. Embora o estatuto autorize a renovação por mais dois períodos, não houve acordo com a direção do jornal para a continuidade.

A Folha condicionou minha permanência ao fim da circulação na internet das críticas diárias do ombudsman. A reivindicação me foi apresentada há meses. Não concordei. Diante do impasse, deixo o posto. Oitavo jornalista a ocupar a função, torno-me o segundo a não prosseguir por mais um ano. Todos foram convidados a ficar. Sou o primeiro a ter como exigência, para renovar, o retrocesso na transparência do seu trabalho.

A crítica da quinta foi a última que circulou na Folha Online, com acesso a não-assinantes da Folha e do UOL.

A partir de agora, os comentários produzidos pelo ombudsman durante a semana só poderão ser conhecidos por audiência restrita, de funcionários do jornal e da empresa, que os recebe por correio eletrônico. Os leitores perdem o direito. Era assim nos primórdios do cargo, criado em 1989. A internet engatinhava.

Como se constata no site www.folha.com.br/ombudsman, desde 2000 as críticas vão ao ar. Por oito anos, os leitores puderam monitorar a atividade cotidiana de quem tem a atribuição de representá-los.

Não poderão mais.

Regras

O comando da Folha esgrimiu um argumento para a decisão: no ambiente de concorrência exacerbada do mercado jornalístico, idéias e sugestões do ombudsman são implementadas por outros diários.

De fato, isso ocorre.

E continuará a ocorrer.

Quase 20 anos atrás, as críticas ainda denominadas internas eram distribuídas em papel à Redação.

Acabavam nas bancadas de outros jornais. Um deles veiculou publicidade alardeando elogio do ombudsman.

Com a difusão por e-mail, será ainda mais difícil conter a distribuição irregular das anotações do ouvidor. Eventuais interessados, se bem articulados, terão como lê-las. Que segredo sobrevive a centenas de destinatários?

Já os leitores ditos comuns, os que fazem a fortuna de toda empreitada jornalística de sucesso, serão barrados. A medida não resolve o problema a cuja solução se propõe, mas prejudica quem é alheio a ele.

A não-renovação do mandato é legítima, respeita a Constituição do jornal. Sua direção tem a prerrogativa de convidar ou não o ombudsman a permanecer. E de estabelecer as normas. Não há quebra de contrato, e sim respeito.

No meu caso, haveria mudança de regra no meio da gestão, composta de um a três mandatos. Regras, como a Folha recomenda, devem ser estabelecidas antes do jogo.

Autópsia

Não é praxe dos jornais impressos do mundo inteiro compartilhar na rede o que muitos deles chamam de memorando interno do ouvidor.

Assim como, na conferência da Organização dos Ombudsmans de Notícias, com participantes de 13 países, não encontrei quem digitasse todo santo dia, como fazemos aqui, uma crítica ou memorando.

A Folha deu um passo ousado na imprensa brasileira ao nomear um ombudsman. Radicalizou e tornou públicas as críticas antes limitadas à Redação. Mais do que as colunas dominicais, essa espécie de parecer se destina a uma autópsia das edições. Em minúcias, identifica suas fraquezas, sem desprezar as virtudes. Expõe as vísceras do jornal.

O desafio do ombudsman é ser a melhor síntese possível dos interesses dos leitores. A eles interessa que o jornal seja bom. Nas críticas, o ombudsman busca contribuir para que o jornal do dia seguinte seja melhor que o da véspera.

Essa confluência faz do ombudsman um benefício potencial ao leitor e ao jornal.

Mesmo com as críticas vetadas aos leitores, a Folha não perderá a primazia em transparência no jornalismo nacional. As colunas de domingo persistirão, e a publicação de um artigo como este expressa tolerância com o pensamento divergente. Quantos jornais o imprimiriam, se o objeto de análise fossem eles?

Regressão

A despeito desse cenário, a restrição imposta configura regressão na transparência. O projeto editorial da Folha diagnostica "um jornalismo cada vez mais crítico e mais criticado". Reconhece que "o leitor fiscaliza a pauta de compromissos" do jornal.

O ombudsman deve ser um instrumento dos leitores. Se 80% dos pronunciamentos semanais ficam inacessíveis (as críticas de segunda a quinta; não escrevo às sextas), reduz-se a fiscalização dos leitores sobre aquele cuja atribuição é batalhar em nome deles.

Essa peleja não implica, em um exemplo, advogar o alinhamento do jornal com partidários ou opositores das pesquisas com células-tronco embrionárias, mas incentivar o equilíbrio no noticiário e nos espaços de controvérsia.

O ombudsman incapaz de zelar pela manutenção da transparência do seu ofício carece de autoridade para combater pela transparência do jornal. Como cobrar o que se topou diminuir?

A tendência mundial é de expansão da transparência das organizações jornalísticas. A novidade da Folha aparece na contramão.

Agradecimentos

A crítica diária é valiosa como instrumento de diálogo entre os leitores e o ombudsman. O que ele pensa disso e daquilo? Por vezes, a resposta se encontra nos apontamentos do dia. Na semana passada, foi possível conferir se eu perguntei à Folha quem lhe forneceu o dossiê do momento. A resposta significaria romper o compromisso de sigilo com a fonte. Um ministro disse que eu perguntei. Não é verdade.

Se fosse responder aos leitores sem a chance de lhes remeter à crítica on-line, não sei se daria conta do atendimento. Em 1991, primeiro ano do qual sobreviveu estatística, houve 3.748 contatos com o ombudsman. Em 2007, o recorde de 13.374.

Em janeiro, fevereiro e março de 2008, registraram-se marcas inéditas. O salto de 24% na comparação com idêntico trimestre do ano anterior projeta resultado anual superior a 16.500, sem considerar o impacto de eventos como eleição e Olimpíada.

O vigor do Departamento de Ombudsman é manifestação da mudança de comportamento de cidadãos e consumidores de notícias: a fé nos relatos jornalísticos dá lugar ao ceticismo; troca-se a submissão a versões pela leitura crítica; a passividade, por cobrança. Essa é a principal característica do jornalismo do século 21. Merece ser saudada pela sociedade e pelos jornalistas.

Na chegada, eu pensava ter muito a dizer. Ao partir, sei que tenho muito a ouvir.

Gostaria de ter falado de outros assuntos, dos anúncios de prostituição aos interesses cruzados do jornal. Fica para outra vez.

Pelo ano em que fui feliz, agradeço à confiança que a direção da Folha depositou em mim. Tive liberdade para escrever o que quis.

Uma executiva me disse que o jornal precisava de um "ombudsman crítico". Tentei desempenhar escrupulosamente a missão.

Sou muito grato à minha supersecretária, Rosângela Pimentel, e ao meu assistente, o futuro jornalista Carlos Murga. Na Secretaria de Redação, devo a Suzana Singer e Alba Bruna Campanerut.

Na editoria de Arte, a Fábio Marra e Julia Monteiro. Ao colocar a coluna no papel e me salvar de vexames maiores, Vanessa Alves coordenou um time talentoso e generoso.

Minha gratidão maior é para quem me deu lições inestimáveis — hoje à noite, em casa ou na rua, não esquecerei o brinde aos leitores da Folha.

Lewontin e as quatro complicações no entendimento do processo evolucionário

sábado, abril 05, 2008

Imperdível este artigo de Richard Lewontin (em inglês):

Four Complications in Understanding the Evolutionary Process
[Quatro complicações no entendimento do processo evolucionário]



Richard Lewontin

“A fim de discutir as complicações que surgem no entendimento dos processos evolucionários, é primeiro necessário fazer claro o que a explanação evolucionária deve realizar. Para este propósito, o conceito de ‘espaço taxonômico’... O verdadeiro problema para o evolucionista não é explicar os tipos de organismos que já existiram realmente. O verdadeiro problema para o evolucionista é como que a maioria dos tipos de organismos potenciais e aparentemente razoáveis nunca existiu... é fácil descrever organismos que nunca existiram...”

NOTA:

“In order to discuss complications that arise in the understanding of evolutionary processes, it is first necessary to make clear what the evolutionary explanation is to accomplish. For this purpose the concept of ‘taxonomic space’... The real problem for the evolutionist is not to explain the kinds of organisms that have actually ever existed. The real problem for the evolutionist is how it is that most kinds of potential and seemingly reasonable organisms have never existed... It is easy to describe organisms that have never existed.”

PDF de 1.02 MB Download gratuito aqui.

Fui, pensando que nós precisamos cada vez mais de cientistas assim como o Lewontin.

Depois desse artigo, eu fico cada vez mais convencido de que no contexto da justificação teórica, a teoria da evolução pela seleção natural de Darwin, contrariando a Dennett, é a idéia mais pífia que a humanidade já teve, pois como bem disse Hugo DeVries:

“A seleção natural pode explicar a sobrevivência do mais apto, mas não pode explicar a chegada do mais apto” (1904).

A seleção natural morreu! Viva a seleção natural! Que venha logo a Síntese Moderna Ampliada, que não será selecionista.

Alô, galera dos meninos e meninas de Darwin: como é bom ser vindicado pelas evidências encontradas na natureza...


Mais um mito de Darwin desconstruído

sexta-feira, abril 04, 2008

Eu estou escrevendo uma dissertação em História da Ciência sobre as críticas de St. George Jackson Mivart (1827-1900) ao papel da seleção natural de Darwin na origem das espécies.

Pesquisando em várias fontes historiográficas, eu encontrei esta jóia de ensaio sobre um dos vários mitos popularizados até por abalizados historiadores da ciência: Darwin teria evitado publicar a sua teoria da evolução para não ferir sensibilidade dos de concepções religiosas. Nada mais falso, como parece demonstrar este pesquisador competente.

Para consolar os darwinistas ortodoxos fundamentalistas pós-modernos, chiques e perfumados a la Dawkins, a Nomenklatura científica, e para que a galera dos meninos e meninas de Darwin não fique aturdida, o moço está escrevendo algo para as comemorações dos 200 anos de Darwin.

Aqui, ele simplesmente seguiu as evidências aonde elas foram dar...

Fui, pois tenho muito que escrever nesta dissertação. Acho que vou seguir o exemplo de van Wyhe. Seguir as evidências aonde elas forem dar: a favor e contra Mivart, a favor e contra Darwin. A favor e contra a historiografia “mainstream”...

REPARE A LACUNA: DARWIN EVITOU PUBLICAR SUA TEORIA POR MUITOS ANOS?
JOHN VAN WYHE

IssueVolume 61, Number 2 / May 22, 2007 Pages177-205 DOI10.1098/rsnr.2006.0171

Autor

John van Wyhe

Christ's College, Cambridge CB2 3BU, UK

Abstract

É amplamente crido que Charles Darwin evitou publicar a sua teoria da evolução por muitos anos. Muitas explicações têm sido propostas para identificar as razões ou os motivos de Darwin para agir assim. Este ensaio demonstra que a demora de Darwin é um tema historiográfico recente para o qual não há evidência nítida, e na verdade é esmagadoramente contestado pela evidência histórica. Ela também demonstra que a crença de Darwin na evolução não era um segredo antes da publicação [do Origem das Espécies]. Em vez de um homem com medo do segredo de sua teoria ser revelado para os seus contemporâneos preconceituosos, demonstra-se que Darwin foi um homem compreensivelmente muito ocupado e começou o seu livro sobre as espécies quando ele completou o trabalho à mão, assim como ele tinha planejado desde o começo. Este ensaio, portanto, reescreve um capítulo fundamental na história de vida e da obra de Darwin como é geralmente contada.

Palavras-chave

Charles Darwin, evolution, ‘Darwin's delay’, historiography

MIND THE GAP: DID DARWIN AVOID PUBLISHING HIS THEORY
FOR MANY YEARS?
JOHN VAN WYHE

IssueVolume 61, Number 2 / May 22, 2007 Pages177-205 DOI10.1098/rsnr.2006.0171

Author
John van Wyhe
e-mail: jmv21@cam.ac.uk

Abstract
It is widely believed that Charles Darwin avoided publishing his theory of evolution for many years. Many explanations have been proposed to identify Darwin's reasons or motives for doing so. This essay demonstrates that Darwin's delay is a recent historiographical theme for which there is no clear evidence, and indeed is overwhelmingly contradicted by the historical evidence. It is also shown that Darwin's belief in evolution was not a secret before publication. Instead of a man afraid of his secret theory's being revealed to his prejudiced contemporaries, it is demonstrated that Darwin was understandably very busy and began his species book when he had completed work in hand, just as he had intended all along. This essay therefore rewrites a fundamental chapter in the story of Darwin's life and work as usually told.

Keywords

Charles Darwin, evolution, ‘Darwin's delay’, historiography
PDF de 298.1 KB, download gratuito aqui.

O peso epistêmico das fezes no contexto de justificação teórica

Marcas dos primeiros americanos

04/04/2008

Agência FAPESP – Quem foram e quando viveram os primeiros americanos? Até há alguns anos, a maioria dos arqueólogos colocava suas fichas na cultura Clóvis, que teria dado origem a todas as demais culturas no continente.

A cultura Clóvis leva o nome de um sítio arqueológico no Novo México, nos Estados Unidos, em que foram encontrados na década de 1920 artefatos produzidos há cerca de 11.500 mil anos. Os achados, principalmente pedras lascadas usadas em lanças, levaram à construção do modelo Clóvis-primeiro, segundo o qual uma única leva de indivíduos que cruzou o estreito de Bering, entre o Alasca e a Sibéria, teria iniciado o povoamento das Américas. Mas, recentemente, essa teoria tem sido cada vez mais abandonada, a partir da evidência de povoamentos anteriores.

Um novo golpe na teoria acaba de ser dado nesta quinta-feira (3/4) na edição on-line da revista Science. Um grupo internacional de pesquisadores descreve em artigo a descoberta de coprólitos (fezes fossilizadas) humanos com idade estimada em 14.300 anos.

Fezes fossilizadas de 14.300 anos são encontradas em caverna no Oregon, na mais antiga evidência humana nas Américas (foto: Science)

Encontrados em uma caverna no Oregon, os croprólitos são pelo menos 1.000 anos mais antigos do que a estimativa do surgimento da cultura Clóvis. Isso levando em conta não os 11.500 mil anos que se achava até há pouco, mas a reavaliação feita pelos norte-americanos Thomas Stafford e Michael Waters que, em artigo publicado em 23 de fevereiro de 2007 também na Science, estimaram que a cultura teria se originado entre 13.200 e 12.900 anos atrás.

Entre os autores do novo artigo está Dennis Jenkins, do Museu de História Natural e Cultural da Universidade do Oregon, que liderou as expedições em 2002 e 2003 que levaram à descoberta de 14 amostras de fezes fossilizadas.

Ao grupo de juntou diversos outros cientistas, como Eske Willerslev e Thomas Gilbert, da Universidade de Copenhague, na Dinamarca. Os dois extraíram DNA mitocondrial humano de seis das amostras e identificaram assinaturas genéticas típicas de índios americanos dos haplogrupos A2 e B2, comuns na Sibéria e no leste da Ásia.

Dois laboratórios especializados em DNA antigo trabalharam independentemente nas datações por carbono radioativo feitas nas amostras e concluíram que pelo menos três delas tinham mais de 14 mil anos.

Os autores do artigo também testaram as amostras em busca de proteínas humanas, de modo a afastar a hipótese de que os coprólitos pudessem ter sido contaminados. Em três amostras testadas, duas apontaram proteínas com mais de 14 mil anos.

Para Waters, a nova descoberta aponta para uma presença humana no continente há pelo menos 15 mil anos. “O argumento Clóvis-primeiro está totalmente morto, mas nosso conhecimento do que veio antes continua muito escasso”, disse Jon Erlandson, da Universidade do Oregon, em comentário na Science.

O artigo DNA from pre-Clovis human coprolites in Oregon, North America, de M.Thomas Gilbert e outros, pode ser lido por assinantes da Science em http://www.sciencemag.org.


O peso epistêmico das fezes no contexto de descoberta

Energia da glicerina

04/04/2008

Por Thiago Romero
Agência FAPESP – Um grupo de pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) identificou bactérias que degradam a glicerina para sua transformação em biogás. O trabalho utiliza o resíduo bruto da glicerina gerado pela produção de biodiesel e que, por não poder ser vendida como matéria-prima para indústrias como a de cosméticos, acaba sendo descartado em aterros industriais.

De acordo com a coordenadora do estudo, Maria de Los Angeles Palha, professora do Departamento de Engenharia Química da UFPE, o biogás é produzido quando um aglomerado bacteriano, presente no esterco bovino e composto por várias espécies de microrganismos, é colocado em contato com a glicerina bruta em equipamentos biodigestores.

“O biogás gerado é o metano, que pode ser utilizado como combustível para a produção de energia elétrica. A partir de bactérias existentes nos dejetos do gado, o processo de biodigestão faz com que a biomassa seja fermentada, em diferentes etapas, para a obtenção do biogás”, disse a pesquisadora à Agência FAPESP.

“Os microrganismos se alimentam dos nutrientes do esterco, que é colocado em contato com a glicerina líquida, para transformá-la em metano por meio de reações bioquímicas”, disse Maria, que é coordenadora do curso de engenharia química da UFPE. A reação química ocorre na ausência do oxigênio, uma vez que as bactérias empregadas são anaeróbias.

Calcula-se que para cada litro de biodiesel produzido sejam descartados, aproximadamente, 300 mililitros de glicerina. A preocupação dos pesquisadores é com o aumento dessa quantidade de rejeito depois que o país adotar a adição de 5% de biodiesel ao diesel, prevista para ocorrer em 2013. Com isso, poderá haver mais glicerina do que as indústrias são capazes de utilizar.

“Já a partir de julho as indústrias deverão começar a adicionar 3% de biodiesel ao diesel, o chamado B3. O excedente de glicerina bruta no mercado, por conta da maior produção nacional do biocombustível, leva a investir em tecnologias dessa natureza, levando em conta as concentrações ótimas de todas as substâncias envolvidas no processo”, afirmou Maria.

Além do biodiesel produzido a partir de oleaginosas, outras pesquisas indicam a possibilidade de produzi-lo a partir de óleos que sobram em cozinhas industriais, por exemplo. “Nesse caso, a glicerina resultante não é nobre, como a utilizada pela indústria de cosméticos e fármacos. E o foco de nosso trabalho é justamente esse subproduto mais bruto, que polui o meio ambiente quando descartado incorretamente”, disse.

Após a identificação do consórcio de bactérias que degrada a glicerina, o próximo passo do estudo é analisar a relação entre os teores de glicerina e esterco empregado no processo de biodigestão com a quantidade e a qualidade do gás metano gerado.
“Estamos estudando as concentrações ideais para estabelecer parâmetros de produção do biogás em larga escala. Os primeiros resultados dessa linha de pesquisa devem ser divulgados em meados de 2009”, disse Maria de Los Angeles Palha. O estudo conta com recursos da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).

Ben Stein “falou e disse”: talvez não precisemos mais de Darwin

quarta-feira, abril 02, 2008



“Bem, alguns cientistas estão questionando o darwinismo em muitos fronts. Eu me pergunto quanto tempo será a duração de vida do darwinismo. O marxismo, outra teoria que, em verdadeiro estilo vitoriano, buscou explicar tudo, está morto em todo o lugar, menos nos campi universitários e nas mentes de ditadores psicóticos. Talvez com o darwinismo seja diferente. Talvez ele vá durar. Mas é difícil acreditar que irá durar. As teorias que presumem explicar tudo sem muita evidência raramente duram. As teorias que suplantam sua era de concepção e não podem ser verificadas raramente duram a menos que elas sejam baseadas na fé. E o darwinismo tem sido este capítulo doloroso e sanguinário na história das ideologias, talvez nós estaríamos melhor sem ele como uma força dominante.” —Ben Stein, protagonista no documentário Expelled: No Intelligence Allowed [Expulsos: Não é permitido inteligência] nos cines a partir de 18 de abril.

De um artigo em NewsBlaze.

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NOTA:

1. “Now, a few scientists are questioning Darwinism on many fronts. I wonder how long Darwinism’s life span will be. Marxism, another theory which, in true Victorian style, sought to explain everything, is dead everywhere but on university campuses and in the minds of psychotic dictators. Maybe Darwinism will be different. Maybe it will last. But it’s difficult to believe it will. Theories that presume to explain everything without much evidence rarely do. Theories that outlive their era of conception and cannot be verified rarely last unless they are faith based. And Darwinism has been such a painful, bloody chapter in the history of ideologies, maybe we would be better off without it as a dominant force.” —Ben Stein, protagonist in the documentary Expelled: No Intelligence Allowed opening in theaters April 18. From an article on NewsBlaze

A Folha de São Paulo finalmente deu uma lição de jornalismo objetivo

Finalmente a Folha de São Paulo dá uma lição de jornalismo objetivo e imparcial ao “ouvir o outro lado” em questões polêmicas e controversas como o uso de células-tronco embrionárias. Falta fazer isso em relação a Darwin versus Design. Cláudio Ângelo, o I Simpósio Internacional “Darwinismo Hoje” — 8 a 10 de abril de 2008, na Universidade Presbiteriana Mackenzie, vai ser coberto pela FSP, não vai? Uma boa oportunidade para abordar o Design Inteligente e o Darwinismo. Mas, o Marcelo Leite já disse: “Não damos espaço!”. Seria um prazer conhecê-los pessoalmente.

Em que pese os argumentos a favor e contra de José Carlos Dias e Claudio Fonteles, nenhum dos dois abordou a questão de custo e benefício para o tratamento de doenças com células-tronco embrionárias. Hoje, só para a obtenção de uma linhagem que resulte na clonagem de um ser humano (são necessários pelo menos 250 óvulos que são comprados [“extirpados” cirurgicamente: as mulheres ainda não foram informadas das possíveis conseqüências colaterais dessa cirurgia invasiva] a um custo de pelo menos US$ 1.000.000,00 [Hum milhão de dólares], mais outras despesas com cientistas, técnicos e materiais.

QED: O SUS que não pode bancar sequer o tratamento de uma simples dor de cabeça, o Ministério da Saúde incompetente que nem consegue debelar a epidemia de dengue no Brasil, sem dúvida vai DEMOCRATIZAR o uso dessa terapia que vai ressuscitar até mortos.

Somente os Bill Gates da vida é que vão poder se beneficiar desse tratamento “nota promissória” científico, onde mais a satisfação de egos cientificistas querendo a fama e o reconhecimento está em jogo, do que propriamente o avanço da ciência.

Eu sou contra, mas sou voto vencido. O STJ vai aprovar como sempre tem feito em situações difíceis: 4 votos a favor, 3 contra. Tem sido assim sempre. Não vai ser diferente. O cheque em branco que Mayana Zatz et al desejam, vai ser assinado.

JC e-mail 3481, de 01 de Abril de 2008.

15. O Supremo e a vida, artigo de José Carlos Dias

A utilização, em outro ser, de células-tronco consideradas inviáveis é a forma mais digna de dar continuidade ao projeto vital do criador

José Carlos Dias é advogado criminalista. Foi presidente da Comissão de Justiça e Paz de São Paulo, secretário da Justiça do Estado de São Paulo (governo Montoro) e ministro da Justiça (governo FHC). Artigo publicado na “Folha de SP”:

Pleiteia o procurador-geral da República que o Supremo Tribunal Federal declare inconstitucional o artigo 5º da lei nº 105/ 2005, que autoriza a pesquisa para fins terapêuticos com células-tronco embrionárias inviáveis para a reprodução, argumentando que a vida tem como marco inicial a fecundação, devendo ser, a partir de então, protegida de forma absoluta pela Constituição.

A questão posta, e que está sendo objeto de discussão e julgamento pela Suprema Corte, esbarra numa premissa da maior importância: se o embrião fertilizado "in vitro" vier a ser considerado inviável à reprodução, pode, ainda assim, ser equiparado à condição de pessoa, sujeito de direitos fundamentais?

A resposta é negativa. E isso porque nem sequer o feto é equiparado à pessoa pelo nosso ordenamento jurídico. O Código Penal, que pune o aborto como crime, apresenta duas hipóteses de licitude de tal conduta: quando se faz necessária para salvar a vida da mãe em trabalho de parto ou quando objetiva proteger a dignidade da mulher, desobrigando-a de prosseguir na gestação do produto de um estupro.

O embrião é considerado inviável quando apresenta má-formação ou assim se presume quando tenha permanecido por tempo superior a três anos em congelamento de menos 175 graus Celsius. Qual é o seu destino? O descarte, o congelamento por tempo indefinido ou a pesquisa terapêutica autorizada pelos genitores. Nunca se ouviu contar de funeral de embrião que, se considerado um ser humano, seria acompanhado de cerimônia religiosa.

No caso de dar um destino científico ao embrião inviável, o que se está objetivando é a busca de salvação para criaturas portadoras de males gravíssimos que as impedem de viver ou, pelo menos, de desfrutar uma vida em melhores condições. Abre-se a ciência para a tentativa heróica de dar esperança para muitos seres impossibilitados até de esperar por milagres.

Se o ordenamento jurídico prevê a exclusão do caráter criminoso do ato de matar em algumas circunstâncias, como em legítima defesa ou em estado de necessidade, por que se há de considerar crime a utilização de células-tronco inviáveis para a vida para que viabilizem vidas de seres fadados ao sofrimento, a moléstias sem volta, à morte?

Os que pretendem que seja crime a utilização de células-tronco incapazes de se transformarem em gente com fundamento em princípios religiosos, lembrem-se de que a vontade de Deus haverá de ser cumprida dando-se às células-tronco incapazes de prosseguir seu ciclo evolutivo normal o poder de serem viáveis para a salvação de pessoas incapacitadas de desfrutar a graça de viver em condições mais condizentes com sua dignidade.

Quando se pensa em tais seres padecentes de tanto sofrimento, há de se pensar também naqueles que repartem com eles tamanha dor e que vêem na pesquisa que o Ministério Público e entidades religiosas pretendem proibir uma esperança final para a salvação dos seus entes queridos.

Indago, pois, e o faço agora como cristão: por que se posiciona a igreja de forma tão intolerante, inadmitindo a tentativa de cura de muitas criaturas, optando por desprezar o uso de tais células na luta por salvar vidas? Qual a razão teológica, moral, ética para impedir que a pesquisa contribua com a obra do criador?

Sem atrever-me a penetrar na seara de tais temas, ouso lançar argumento intuitivo que me parece dever ser refletido. A utilização, em outro ser, de células-tronco consideradas inviáveis é a forma mais digna de dar continuidade ao seu projeto vital.

O voto do ministro relator Carlos Ayres Britto é histórico, profundo e extremamente humano. A ministra Ellen Gracie, antecipando-se com seu voto, marcou também sua posição de coragem. Aguarda-se o voto do ministro Carlos Alberto Direito, que pediu vista. Se é verdade que se trata de um respeitado jurista conhecido como homem fiel aos mandamentos da igreja, cresce a esperança de que se apóie na virtude da caridade para o fundamento moral de seu voto, já que sobejam motivos de ordem jurídica.

E, de qualquer forma, qualquer que seja a orientação de seu voto, espera-se que permita que seus pares se pronunciem o quanto antes, para que a questão seja definida de uma vez por todas.

Estamos nós, ansiosos, diante de um momento grandioso da história do Supremo Tribunal Federal, aguardando uma decisão sábia e urgente, decisão que deverá vir calcada na justiça e na compaixão.
(Folha de SP, 1/4)

16. A inviolabilidade da vida humana, artigo de Claudio Fonteles

Por que insistir em pesquisa que tem caminhada de dez anos e nenhum resultado? Ou melhor, cujo resultado é violar a vida humana?

Claudio Fonteles, mestre em direito pela UnB, professor de direito processual penal, é subprocurador-geral da República. Foi procurador-geral da República de 2003 a 2005. Artigo publicado na “Folha de SP”:

A professora Lygia Pereira, em recente artigo, perguntando-se sobre o que considerou "uma nova polêmica [que] surgiu no mundo todo: esse embrião é uma vida ou não?", foi rápida e enfática na resposta: "Ora, é claro que ele é uma forma de vida humana, assim como um feto, um recém-nascido e um idoso também são".

Pensei: bem, a controvérsia está terminada, ao menos entre nós dois, pois, se o embrião, o feto, o recém-nascido e o idoso, todos constituem-se forma de vida humana, vistos por certo nos estágios cronológicos de sua existência, o embrião é vida humana.

Mas eis que a professora Lygia prossegue e, após estabelecer que a real questão é "que formas de vida humana nós permitiremos perturbar?", sustenta que a "vida" mencionada na nossa Constituição já é legalmente violada em algumas situações.

Elenca a morte cerebral e a permissão do aborto em caso de estupro ou de risco de vida para a gestante a perguntar, então: "E aquele embrião de cinco dias, produzido por fertilização "in vitro" e armazenado em um congelador, em que condições ele é uma forma de vida passível de ser violada?", para responder: "A Lei de Biossegurança, de 2005, permite o uso para pesquisa de embriões inviáveis -que não sejam capazes de se desenvolverem em um recém-nascido ou que estejam congelados há mais de três anos".

Anotado o eufemismo "que formas de vida humana nós permitiremos "perturbar" e poucos dias após o início do julgamento, eis que a imprensa brasileira, em decisiva matéria sobre o assunto, documenta a existência do menino Vinícius, de seis meses, embrião congelado por oito anos, destacada a frase de sua mãe, Maria Roseli, a dizer: "Imagine se eu tivesse doado o embrião para pesquisa".

É a comprovação clara do que a professora Alice Teixeira asseverou na audiência pública, no que não foi contestada até hoje, no sentido de que há no mundo, especificamente nos Estados Unidos, pessoas, embriões congelados por sete, nove e até 13 anos. No Brasil, a professora Alice Teixeira apontou o caso de Alissa, embrião congelado por seis anos. Por certo, inúmeras são as pessoas, embriões congelados por vários anos.

Tais fatos, tão inequívocos, constatam que o prazo único de três anos, posto no artigo 5º da Lei de Biossegurança, após o que autorizada estava a pesquisa com embriões, é prazo aleatório, destituído de qualquer fundamento científico sério. O princípio constitucional que consagra como direito individual fundamental a inviolabilidade da vida humana queda inexoravelmente comprometido ao permitir-se que permaneça a eliminação do embrião humano, para qualquer fim. Inviolabilidade da vida humana significa destacar e colocar em patamar supremo a existência do ser humano.

Como manter pesquisa cujo objeto são embriões humanos congelados se, quando descongelados e implantados no útero materno, vivem? Se há os que morrem, há os que vivem. Aí estão Alissa, Vinícius e tantos mais.

O princípio da inviolabilidade da vida humana não se define por estatísticas. Demonstrado e provado, como está, e por forma inequívoca, que o embrião congelado por mais de três anos vive, a norma jurídica que autoriza sua eliminação para pesquisa é flagrantemente inconstitucional.

Como, ainda, diante de fatos tão claros e inequívocos, dizer que Alissa, Vinícius e tantos mais não são vidas humanas, não são brasileiros, porque foram embriões congelados e, segundo o pensamento do relator, ministro Carlos Britto, fecundados "in vitro", estariam condenados à solidão infinita e vida neles não há?

Depois que propus a ação direta de inconstitucionalidade, linhas várias de pesquisa se abriram, a indicar o valor do líquido amniótico, da placenta, do cordão umbilical, a presença das células-tronco adultas nas paredes de todos os vasos sanguíneos -aqui, graças ao trabalho de equipe de pesquisadores da USP de Ribeirão Preto, segundo declaração à imprensa do professor Dimas Tadeu Covas-, no tratamento das doenças degenerativas.

O professor Thompson, quem primeiro pesquisou com células-tronco embrionárias, abandonou essa linha de pesquisa para concentrar-se, como o faz o professor Yamanaka e equipe, em outra vertente: a reprogramação genética das células adultas, conduzindo-as à pluripotência.

O leque de pesquisas está aberto. Por que insistir naquela vertente que já tem caminhada de dez anos e cujo resultado é nenhum ou, a dizer com a realidade, cujo resultado é violar a vida humana?

Termino repetindo o alerta de Maria Roseli, mãe de Vinícius: "Imagine se eu tivesse doado o embrião para pesquisa".
(Folha de SP, 1/4)

Primeiro de abril: Pé na África, a “lorota” da evolução humana!

terça-feira, abril 01, 2008

COMENTÁRIO IMPERTINENTE DESTE BLOGGER:

Primeiro de abril é uma data memorável no Brasil: é o DIA DA MENTIRA. Nada mais oportuno este especial da Agência FAPESP demonstrando que em ciência a subjetividade ideológica dos pesquisadores influencia na interpretação dos fatos.

É falsa a idéia de que os cientistas são seres objetivos, acima de quaisquer suspeitas. Pelo contrário. Especialmente em paleoantropologia, uma área onde as guerras internas são mais violentas do que a que ocorre no Iraque. E todos atrás da fama em achar o tal de elo perdido. Não seria toda uma corrente perdida??? Mas o que é uma fraude aqui, outra ali, em nome de Darwin, para demonstrar o fato, Fato, FATO da evolução humana, não é mesmo?

Alô MEC/SEMTEC/PNLEM, quando é que esta mentira sobre a evolução humana vai sair dos livros didáticos do ensino médio do Brasil???

Ciência e mentira não podem andar de mãos dadas. A ciência, é a busca pela verdade. Aonde ela for dar...

Fui, bastante feliz, mas estamos de olhos bem abertos!

Meu pé na África? Só há uns 300 anos atrás, mas há controvérsia na família...

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Nem tão africanos assim

01/04/2008

Por Alex Sander Alcântara
Agência FAPESP – Todos descendemos de um único grupo de Homo sapiens que, há cerca de 130 mil anos, migrou da África para a Europa e para a Ásia, eliminando outras espécies de hominídeos. Essa é uma das hipóteses mais aceitas sobre a origem do homem moderno.

Para Alan Templeton, teoria de que o homem moderno descende de um único grupo originário da África se baseia em estudos que não respeitaram preceitos do método científico (Foto: Museu de História Natural de Washington)

Mas essa teoria, conhecida como out of Africa (“saída da África”), é falha e não segue os preceitos do método científico, de acordo com um dos principais cientistas na área de genética de populações e de evolução, o norte-americano Alan Templeton, da Universidade Washington em Saint Louis, Estados Unidos.

De acordo com o geneticista, o problema com a teoria – também conhecida como hipótese da substituição – é que, embora seja compatível com os dados genéticos disponíveis, ela não inclui testes estatísticos que permitam desconsiderar outras hipóteses, como o surgimento simultâneo do Homo sapiens na Ásia.

Templeton explicou seu ponto de vista no último sábado (29/3), na palestra A evolução humana nos últimos 2 milhões de anos: genes, apresentada no evento Revolução Genômica e organizada pela revista Pesquisa FAPESP no parque do Ibirapuera, em São Paulo.

Segundo o pesquisador, a troca de material genético entre as populações é mais antiga do que a primeira leva de migração a partir da África. E não houve um processo de isolamento, mas uma miscigenação na troca desses genes. Ou seja, no lugar da substituição, houve um cruzamento do material genético desses povos.

“Os africanos e eurasianos não eram simplesmente fragmentos separados, há evidências de que eles estavam geneticamente ligados. A hipótese mais compatível é de cruzamento entre homens da África e da Eurásia, e não que os da África arrasaram os da Eurásia. As populações da África dominaram os nossos genes, mas há a influência das trocas entre esses continentes. Nossos genes vieram de todas as partes”, disse Templeton à Agência FAPESP.

Para provar sua teoria, o norte-americano desenvolveu uma técnica de análise genética que reúne grupos por proximidade genética e geográfica, e um método próprio que integra conhecimentos da biologia molecular, estatística, arqueologia e paleontologia.

“Quando combinamos a genética, a arqueologia, a paleontologia e a antropologia, temos muito mais detalhes sobre a evolução humana. Elas se complementam, se integram. Nós precisamos de todas as fontes de informação para entender a evolução humana”, disse.
O geneticista lembra que o estudo por meio dos genes das origens humanas começou efetivamente em 1987, com os trabalhos de uma equipe dirigida por Alan Wilson, na Califórnia. De acordo com o grupo, a mãe de todos os homens modernos seria uma “Eva” negra que teria vivido na África há cerca de 200 mil anos, e cujos descendentes teriam progressivamente ocupado o resto do mundo.


Procedimentos questionáveis
A pesquisa baseou-se na análise do DNA mitocondrial (transmitido aos descendentes apenas pela mãe) de 147 pessoas de diferentes regiões geográficas do mundo. A conclusão é que a mulher, conhecida como a “Eva mitocondrial”, que teria dado origem ao homem moderno, seria uma africana que viveu há 150 mil anos.

Para Templeton, o ponto mais crítico desse trabalho é que o DNA usado nas amostras analisadas foi retirado das mitocôndrias e não do núcleo das células humanas. O DNA mitocondrial é menor e não se recombina, como ocorre com o do núcleo. Só que ninguém provou até agora, segundo ele, que esse tipo de DNA de um homem é capaz de refletir a árvore genealógica de uma população ou de toda a humanidade.

“Eles simplesmente assumiram isso como verdade, ou seja, um procedimento altamente questionável. Mas esses métodos nunca provam que as coisas são verdadeiras. É mais fácil provar que é falso. Eu provo o que está errado, esse é o limite”, disse.
O erro desse estudo, segundo Templeton, foi não levar em consideração uma infinidade de alternativas. O programa de computador usado era perfeito, mas somente quando aplicado na análise de seres mais simples. Diante da complexidade do DNA humano, a máquina simplesmente não consegue alcançar todas as possibilidades, e acaba gerando resultados ilusórios, destacou.

Como teste, o cientista usou o mesmo programa com os mesmos dados moleculares do DNA. Mudando a ordem dos dados, ele obteve uma origem asiática para o homem. “Se o processo for repetido aleatoriamente, certamente se chegará também a origens européias ou a outros resultados”, disse.

A hipótese de que, após deixar a África, entre 100 mil e 50 mil anos atrás, o Homo sapiens eliminou outras espécies sem deixar descendentes não se confirma, uma vez que o material genético dos seres humanos atuais deveria ter origem exclusivamente africana.

Ao analisar 25 trechos do material genético de populações atuais de diferentes partes do mundo, Templeton constatou que alguns desses trechos apresentavam contribuição de ancestrais que viveram na Ásia, em um período anterior a 130 mil anos atrás, antes de o Homo sapiens deixar a África pela primeira vez.

A partir da tese da coalescência (fusão), as misturas genéticas que foram mapeadas por ele levantam fortes indícios de que os grupos humanos que povoaram sucessivamente o planeta souberam, pelo contrário, misturar-se uns com os outros, dando origem a populações mestiças das quais “todos nós derivamos”.

Para o pesquisador, os dados mostram que há quase 2 milhões de anos o Homo erectus deixou a África pela primeira vez, rumo à Ásia. Depois dessa primeira migração, ocorreram mais duas, há 650 mil anos e há 130 mil anos. Cada nova leva encontrava, no caminho, as populações mais arcaicas que haviam migrado antes. E se misturava com elas.

A tese de Templeton indica o quanto é arbitrário o conceito de raça, uma vez que o conceito não é biológico, mas cultural. O paleontólogo afirma que, do ponto de vista estritamente biológico, as diferenças de cor, estatura e feições são meros detalhes. “Os nossos genes vêm de todas as partes. O histórico dos genes é mais antigo do que o histórico das populações”, afirmou.

Mais antiga, mas bonito design de jóia

Comentário do blogger: A pesquisa que você vai ler a seguir é uma em que os cientistas detectam sinais de inteligência usando a arqueologia. Por que não em biologia evolutiva???

Mais antiga jóia das Américas é descoberta

01/04/2008

Agência FAPESP – Cientistas descobriram no Peru a mais antiga jóia de ouro feita nas Américas. Segundo o grupo, liderado por Mark Aldenderfer, do Departamento de Antropologia da Universidade do Arizona, nos Estados Unidos, o artefato foi feito há 4 mil anos.

O colar de contas é formado por nove cilindros separados por peças esféricas menores. O cilindro maior traz uma turquesa em um orifício. De acordo com os pesquisadores, o colar foi feito a partir de pepitas trabalhadas a frio com uma espécie de martelo.

“Essa descoberta dá sustentação à hipótese de que a mais antiga forma de trabalho com metais nos Andes foi a experimentação com ouro nativo”, destacaram os autores em artigo que será publicado esta semana no site e em breve na edição impressa da revista Proceedings of the National Academy of Sciences (Pnas).

A jóia foi encontrada ao lado de uma mandíbula de um esqueleto de um indivíduo adulto em uma cova localizada próxima a Jiskairumoko, pequeno sítio ocupado por caçadores e colhedores na bacia do Lago Titicaca, no sudeste do Peru. O local foi habitado de 3.300 a 1.500 a.C. e os pesquisadores estimam que a peça tenha sido feita em 2.100 a.C.

A produção de jóias feitas de ouro sempre esteve associada com a existência de um cenário político e social sofisticado, mas o colar encontrado no Peru aponta para outra direção. “A descoberta apóia a hipótese do advento do trabalho com ouro em sociedades relativamente simples”, afirmaram.
Segundo o estudo, a descoberta indica que o uso de jóias feitas de ouro para distinguir riqueza e poder começou antes do surgimento de sociedades complexas nos Andes.

O artigo Four-thousand-year-old year old gold artifacts from the Lake Titicaca basin, southern Peru, de Mark Aldenderfer e outros, poderá ser lido em breve por assinantes da Pnas em http://www.pnas.org

Nota do blogger: O PNAS pode ser acessado gratuitamente por qualquer pessoa interessada em ciência.