O fim dos dinossauros
A ilustração representa a morte de dinossauros nos depósitos vulcânicos do planalto de Deccan, na Índia. Gases emitidos por erupções ocorridas ali cerca de 65 milhões de anos atrás podem ter contribuído para a extinção dos dinossauros (arte: Zina Deretsky / National Science Foundation).
A vida na Terra passou por várias ‘crises’, como podem ser chamadas as extinções massivas de espécies. Em uma delas, há cerca de 65 milhões de anos, os dinossauros desapareceram. É indiscutível que, nessa época, um grande asteroide se chocou com a superfície do planeta, e que isso contribuiu para a extinção desses animais ou a acelerou, mas essa não foi a única ou a maior razão. As causas foram provavelmente alterações drásticas em ecossistemas marinhos e terrestres. Mas o que teria provocado tais mudanças?
O debate entre os que defendem o cataclisma cósmico e os que sustentam um vulcanismo intenso como o fator principal já dura quase 30 anos. Recentes estudos mostram que as extinções massivas têm causas muito mais complexas do que se poderia supor. Esse tema é bem atual: nos últimos 500 anos, mais de mil espécies desapareceram, o que pode indicar que estamos no limiar de uma nova extinção massiva, talvez decorrente de ações humanas.
Espanto e admiração
A diversidade das diferentes formas de vida existentes na Terra causa espanto e admiração. Até hoje, foram descritas cerca de 2 milhões de espécies, mas diferentes estimativas indicam que o número total estaria hoje entre 5 e 100 milhões. A grandeza desses números é mais surpreendente diante da constatação de que cerca de 90% de todas as espécies que surgiram durante a evolução do planeta foram extintas.
Formas de vida desaparecem continuamente no decorrer da evolução, mas o estudo da história da vida revela momentos em que ocorreram extinções em massa. Uma extinção é dita massiva quando há um súbito aumento da taxa de extinção em relação aos valores médios. Nesse caso, diferentes tipos de organismos desaparecem rapidamente (em termos de tempo geológico) e em escala global.
Extinções massivas, porém, não são eventos sempre iguais e não impediram, no longo prazo, a evolução biológica. Nos últimos 500 milhões de anos, a diversidade de espécies tem aumentado. Portanto, as extinções representam apenas uma queda temporária no processo evolutivo da diversificação.
As causas das extinções em massa são debatidas há décadas por especialistas de diferentes disciplinas, e o tema ganhou relevância diante da constatação das atuais mudanças climáticas. Biólogos como Andrey V. Adrianov, do Instituto de Biologia Marinha da Academia de Ciências da Rússia, ou P. Dee Boersma, da Sociedade para a Conservação Biológica e da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, pensam que estamos vivenciando uma nova onda de extinção de espécies, na qual a contribuição humana não pode ser descartada.
José Antônio de Freitas Pacheco
Observatoire de la Côte d’Azur (Nice, França)
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