Jogam pedra na Geni e acertam por tabela o Mayr!

quinta-feira, abril 27, 2006

Para desespero e desconforto de alguns ultradarwinistas fundamentalistas, aqui e ali neste blog o termo “darwinismo” aparece. Eles esperneiam e reclamam. Meninos, calma. Vou esclarecer. O termo não é usado em tom jocoso nem depreciativo em relação a Darwin como alguns deduzem erroneamente. Aqui eu sigo estritamente a Ernst Mayr, o maior de todos os evolucionistas do século 20:

“somente uma revolução intelectual – aquela trazida por Darwin – foi dignificada pelo sufixo “ismo”. Daí nós temos o darwinismo, mas não temos newtonianismo, maxwellismo, planckismo, einsteinianismo, ou heisenberguismo. Este status excepcional é justificado, pois seria difícil refutar a afirmação de que a revolução darwinista foi a maior de todas as revoluções intelectuais na história da humanidade”.

MAYR, E., “Toward a New Philosophy of Biology”, Harvard University Press, 1988, p. 161.

Contudo, ele é empregado aqui no sentido de “doutrina”, “ideologia”, como denotam todas as palavras com este sufixo. Muitos cientistas darwinistas usam o termo referindo-se genericamente à teoria da evolução. É esta postura ideológica que tenho em mente, não a ciência derivada das hipóteses de Darwin.

Jogam pedra na Geni (Chico Buarque de Hollanda) e por tabela acertam o Mayr!

Pano rápido!

O blog “Desafiando a Nomenklatura científica” tem audiência internacional

Muito obrigado a todos vocês que acessam o nosso blog Brasil a fora, na Argentina, Chile, Colômbia, Estados Unidos, Canadá, Angola, Portugal, Espanha, Inglaterra, Itália, Índia e Austrália. Pelo visto esta ‘desobediência epistêmica irreverente’ à la Feyerabend contra Darwin-ídolo está se tornando uma epidemia mundial. A Nomenklatura científica nunca teve que dar tantas explicações sobre as especulações transformistas de Darwin quanto agora: o ceticismo cientificamente informado é fenômeno de escala mundial.

Agüenta firme que lá vem anúncio (gratuito, mas de agradecimento):

Para saber por onde é que anda a sua audiência, faça como o blog http://pos-darwinista.blogspot.com: instale já o seu mapa-múndi ClustrMaps. http://clustrmaps.com

Curso sobre Design Inteligente em universidade de renome

quarta-feira, abril 26, 2006

Favor beliscar para ver se você não está sonhando (defensores do Design Inteligente) – não está não. Ou se está tendo um baita pesadelo (vocês da Nomenklatura científica ultradarwinista) – está sim!

É verdade, mas não é aqui nesta grande nação democrática e livre do Brasil onde nós podemos debater e questionar Darwin-ídolo sem sanções de carreira ou de graduação. Isso gente, aconteceu lá no Canadá. Acho que vou me mudar para lá, pelo menos para poder discutir e debater o DI livremente.

Neste primeiro semestre (Jan. – Abr. de 2006), o Instituto de História e Filosofia da Ciência e Tecnologia da Universidade de Toronto ofereceu um curso de graduação chamado “HPS 1046H - Teleology, Adaptation and Design”, ensinado pelo professor Denis Walsh.

Sumário da ementa:

HPS1046: Tópicos Especiais: Teleologia, Adaptação e Design (D. Walsh)

A biologia evolutiva, diferente de outras ciências naturais, parece empregar explicações teleológicas. As explicações teleológicas parecem ser apropriadas porque os organismos parecem ter sido planejados para propósitos específicos. O curso discute as várias tentativas de naturalizar, ou eliminar, a teleologia biológica. Nós discutimos a relação da seleção natural e a adaptação, o programa adaptacionista em biologia evolutiva, a normatividade, a função e os argumentos a favor do design inteligente em biologia.

Links relevantes:

http://www.chass.utoronto.ca/ihpst/html/g_cour_g.html

http://www.chass.utoronto.ca/ihpst/html/g_cour_c.html

http://philosophy.utoronto.ca/people/profile.html?id=390

http://www.chairs.gc.ca/web/chairholders/viewprofile_e.asp?id=1762&

Alô SBPC, CNPQ, MEC e Universidades públicas e privadas, mais uma vez nós tupiniquins ficamos para trás. Desta vez em termos de liberdade acadêmica de se discutir e ensinar idéias inovadoras e polêmicas. Quando a ‘solução biológica natural’ (Kuhn) atingir a atual Nomenklatura científica tupiniquim, e eu espero que isso ocorra muito em breve, quem sabe um dia nós viveremos uma universidade verdadeiramente livre e ousada nos seus vôos de águia e sem a famigerada ‘inquisição sem fogueiras’ que persegue e destrói carreiras dos que pensam diferente de Darwin. Hoje o vôo da universidade brasileira é de uma galinha...

“Hoje você é quem manda, falou tá falado, não tem discussão... Você que inventou a tristeza, ora me faça a fineza de desinventar... Você vai pagar é dobrado, cada lágrima rolada nesse meu penar... Amanhã vai ser outro dia! Amanhã, vai ser outro dia! Apesar de você!”. Chico Buarque, um ser livre!

O show de design inteligente numa ‘simples’ bactéria

Para ver este show de design inteligente na natureza, vide:

http://astro.temple.edu/%7Ejbs/courses/204lectures/neutrophil-js.html

Esta maravilha da natureza é melhor vista em internet de banda larga.

Darwin, sinto muito, mas o seu processo lento e gradual não tem esta capacidade criativa. É muita areia para o caminhãozinho da seleção natural e quejandos processos evolutivos. Cegueira intelectual ou desonestidade acadêmica: não enxergar nem detectar design na natureza?

A Grande Mídia pega novamente com a mão na cumbuca: o mais novo ‘elo perdido’ não é assim nenhuma Brastemp!

quinta-feira, abril 20, 2006

Em 1998 denunciei pela primeira vez no Observatório da Imprensa e há alguns meses denuncio neste blog a relação incestuosa da Grande Mídia tupiniquim com a Nomenklatura científica quando o assunto é a Teoria Geral da Evolução de Darwin e os seus críticos (mesmo os científicos). Todavia, este comportamento estranho não é restrito somente à nossa GM [Não confundir com a General Motors]. É fenômeno mundial de um jornalismo medíocre não comprometido com a verdade dos fatos científicos. Vide abaixo artigo esclarecedor sobre essa postura aética da GM nos Estados Unidos.

O artigo abaixo é para chamar a atenção especialmente das editorias de ciência da Folha de São Paulo [Alô, ombudsman!!!], O Estado de São Paulo, O Globo, as revistas Veja, Época, Superinteressante e Galileu. Quem sabe ocorre algum tipo de ‘metanoia’ epistemológica? Eu, se fosse jornalista desse tipo ‘maria-vai-com-as-outras’, depois de ler este artigo cientificamente esclarecedor, enfiava a viola jornalística científica no saco e ia pescar no Mato Grosso! Ou estudar um pouco mais sobre Teoria Geral da Evolução, para não escrever tanta bobagem assim! Ou de continuar sendo apanhado com a mão na cumbuca ideológica que posa como ciência!

Aos alunos de jornalismo científico, uma pequena aula de como escrever cientificamente em ciência das origens e evolução humanas: não confiem cegamente nos press releases. Façam o seu dever de casa: leiam a matéria na sua íntegra, e depois publiquem um artigo objetivo e científicamente honesto e equilibrado.

Pro bonum scientia, um artigo de Evolução Humana 101 que a GM tupiniquim vai ter que engolir. E digerir. E mudar de atitude!

Enézio E. de Almeida Filho

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Por Casey Luskin

14 de abril de 2006

A mídia exagera as afirmações de “evolução humana”: examinando o mais novo “elo perdido”

Destaquei recentemente como a cobertura do Tiktaalik revelava o fenômeno fascinante, que somente após descobrir um novo “elo perdido” é que os evolucionistas irão reconhecer o prévio estado insignificante de evidência fóssil a favor da evolução. Esse comportamento é novamente visto na cobertura da descoberta dos fósseis de Australopithecus anamensis na Etiópia. A mídia também exagerou e extrapolou as afirmativas de que essa evidência apóia a “evolução humana”.

O mais novo “elo perdido” é, na verdade, composto de alguns dentes e fragmentos de ossos de A. anamensis, uma espécie tipo macaco que viveu um pouco mais de 4 milhões de anos atrás. Incrivelmente, afirmações de “aspecto intermediário” são baseadas em 2-3 dentes caninos fragmentados de tamanho e formato “intermediários”. Isso agora terminou em grandes afirmações na mídia quanto à descoberta de um “elo perdido”. Porque alguns fragmentos de ossos de Ardipithecus ramidus e Australopithecus afarensus também foram encontrados na área, a MSNBC destacou essas descobertas num artigo de primeira página chamando isso de “até aqui a mais completa corrente de evolução humana”. A cobertura da mídia dessa descoberta segue então um padrão idêntico àquele do Tiktaalik: afirmações incrivelmente exageradas de um “fóssil transicional” foram seguidas de admissões desagradáveis de quão previamente insignificante foi a evidência a favor da evolução. Além disso, as afirmações de que essa descoberta ilumina a “evolução humana” são enganadoras, pois esses fósseis vêm de uma espécie tipo macaco que há muito antecede o surgimento do nosso gênero Homo, e tido como removido da origem dos “humanos”. [NOTA BENE!!!]

A evolução era “obscura” antes e é obscura agora:

Conforme destacado, os evolucionistas somente admitem quão frágil a evidência foi a favor da evolução após terem algum fóssil novo supostamente “transicional” em suas mãos. Compare quão idêntica dicção foi usada na Nature para conceder à evidência previamente “obscura” a favor do tetrápode, e depois agora com a evolução australopitecínea após terem sido feitas recentes descobertas:

Tiktaalik: “A origem das principais características de tetrápodes tem permanecido obscura pela falta de fósseis que documentem a seqüência das mudanças evolutivas.” (Daeschler et al., “A Devonian tetrapod-like fish and the evolution of the tetrapod body plan”, Nature, Vol. 440:757-763 [April 6, 2006]; ênfase adicionada).

Australopithecus: “Até recentemente, as origens do Australopithecus eram obscurecidas por um registro fóssil esparso.” (White et al., “Asa Issie, Aramis and the origin of Australopithecus”, Nature, Vol. 440:883-889 [April 13, 2006]; ênfase adicionada).

Aparentemente o artigo da MSNBC até se sentiu confortável em admitir que nunca tínhamos anteriormente uma seqüência contínua de fósseis documentando a “evolução humana” em um só lugar: “Até agora o que os cientistas tinham eram fotos da evolução humana espalhadas ao redor do mundo. Encontrar tudo numa área geral faz daquelas fotos mais do que um mini-filme caseiro de evolução” ("Fossil discovery fills gap in human evolution", por Seth Borenstein, Associated Press, 4/12/06).

É claro que a falta de um “mini-filme caseiro” nunca importunou antes aos evolucionistas: os críticos têm sido solicitados a não pedir seqüências contínuas de fósseis exibindo a evolução porque as espécies podem migrar, e freqüentemente a evolução ocorre em pequenas e isoladas populações que não ficam preservadas como fósseis. Como Niles Eldredge disse uma vez, a evolução parece sempre “ocorrer em algum outro lugar”. Não esperaríamos encontrar uma seqüência contínua de fósseis de espécies todas evoluindo num só lugar; pelo menos foi isso que nos disseram antes que eles encontrassem esses espécimes de fósseis.

Se a origem do Australopithecus foi previamente “obscurecida por um esparso registro fóssil”, então alguém presumiria que agora temos as respostas. Resulta que a evidência ainda permanece muito “obscura”.

O que eles realmente acharam?

O que realmente foi encontrado tem sido reportado como nada “novo”, apenas uma nova “localidade” interessante: “A espécie anamensis não é nova, mas a sua localização é o que ajuda a explicar a mudança de uma fase inicial de desenvolvimento do tipo humano para a próxima, disseram os cientistas” (Artigo da MSNBC, ênfase adicionada).

De acordo com o artigo notícia da National Geographic, a descoberta consistia “principalmente de fragmentos de osso mandibular, dentes superiores e inferiores, e um fêmur” – não é uma série impressionante de ossos. O artigo da Nature destaca que os dentes que eles encontraram não são nenhuma novidade porque eles “definitivamente classificaram a amostra de Asa Issie dentro dos limites esperados de variação do A. anamensis” (Nature 440:883-889.) Em outras palavras, eles descobriram alguns dentes e fragmentos de ossos representativos de uma espécie preexistente – nada realmente novo!

Elo perdido ou dentes perdidos?

Incrivelmente, toda a afirmação de que esta espécie representa uma “forma transicional” é devida a ALGUNS DENTES [ênfase inexistente] que têm tamanho intermediário: “Isso parece ser o elo entre o Australopithecus e o Ardipithecus como duas espécies diferentes”, disse White. “A principal diferença perceptível entre as fases do homem podem ser vistas nos maiores dentes mastigadores do Australopithecus para comer comida mais dura, disse ele" (Artigo da MSNBC).

Se esta nova evidência incrível não chega a fazer de você um convertido, considere então o modo impressionante como a Grande Mídia disse ser essa evidência: “O mais recente fóssil descoberto de um sítio importante de ancestrais humanos na África permite que os cientistas conectem a mais completa corrente de evolução humana até aqui” (Artigo da MSNBC).

NOTA BENE: É aqui que os evolucionistas cometem o seu erro de relações públicas: se esta é “a corrente mais completa”, então a sua melhor “corrente” tem um punhado de “elos perdidos”. Esses fragmentos ósseos supostamente nos informam que o gênero tipo macaco Australopithecus evoluiu de um gênero tipo macaco Ardipithecus. Vamos considerar atentamente os três gráficos para determinarmos quão impressionante esta evidência é na verdade:

1. Foto dos fragmentos de osso e dentes que vieram deste “elo perdido”:



2. Figura 3 de White et al.: As figuras 3a e 3b mostram os dentes colados e/ou os fragmentos de dentes que formam toda a base para chamar esta descoberta de “intermediária”. Essa é toda a base para as afirmações dos autores e da mídia de que isso é um “elo perdido”. Em 3b há dois dentes caninos, que formam a base das afirmações de “intermediário”. Nas figuras 3d - 3g, os dados do novo “intermediário” são representados nas colunas ASI 2&5, que consite de 2-3 exemplares de dentes (vistos no pequeno quadrado 2-3 destacado naquela coluna).


(Adaptado com permissão de Macmillan Publishers Ltd: Nature, T. D. White et. al. “Asa Issie, Aramis and the origin of Australopithecus”, 440:886 [2006].)

3. Figura 4 de White et al.: A figura 4a mostra exatamente o que foi transicional nesta espécie A. anamensis: a sua “robustez mastigatória” (em outras palavras, a capacidade de mastigar material mais duro). Falando sério, eu não estou brincando: isso forma a base das afirmações dos autores e da mídia de que isso é um “elo perdido”. A evidência da evolução é tão abundante [nota: meu sarcasmo] que quando comparando os modelos evolutivos nas figuras 4b e 4c, eles explicam que “nenhma das hipóteses pode ser falsificada com as densidades de amostras disponíveis” porque o registro fóssil é muito pobre. Tudo bem: mas isso deveria nos ajudar a entender o estado da evidência se isso é “a mais completa corrente de evolução humana até aqui”.


(Adaptado com permissão de Macmillan Publishers Ltd: Nature, T. D. White et. al., “Asa Issie, Aramis and the origin of Australopithecus”, 440:886 [2006].)

Como um cético do neodarwinismo, tudo que eu peço é por favor não me joguem nessa armação de fragmentos (algumas vezes colados) de dentes de “formato/tamanho intermediários” de espécies hominídeas já previamente conhecidas!

Colocando a evidência em perspectiva

O Australopithecus foi um gênero tipo macaco considerado ter vivido há cerca de 1-4 milhões de anos, e alguns de seus membros são considerados como tendo evoluído em nosso gênero Homo cerca de 2 milhões de anos atrás. Mas esse local [na Etiópia] não implica em fósseis de Homo, nem isso mostra a não ser fragmentos muito antigos de Australopithecus e alguns fragmentos de Ardipithecus. Esta descoberta não documenta nada sobre a evolução de nosso gênero Homo atual. Então por que esses artigos da mídia afirmam ERRONEAMENTE [ênfase inexistente] que essa evidência documenta a “evolução humana”?

E o que dizer daqueles “elos” mais distantes na “corrente” mostrando como que o Australopithecus evoluiu em Homo? Considere atentamente o que alguns autores escreveram num artigo que não foi destacado na primeira página do MSNBC: “A amostra de anatomia do H. sapiens mais antigo [aqui significando o Homo erectus & Homo ergaster] indicam modificações significantes do genoma ancestral, e não é simplesmente uma extensão de tendências evolutivas de uma linhagem australopitecínea mais antiga por todo o Plioceno. Na verdade, a sua combinação de características nunca aparece mais cedo...” (Hawks, J., Hunley, K., Sang-Hee, L., Wolpoff, M., “Population Bottlenecks and Pleistocene Evolution”, Journal of Molecular Biology and Evolution, 17(1):2-22 [January, 2000]).

A MSNBC nunca destacou este artigo na sua primeira página porque os autores disseram que a origem do Homo exigia “uma revolução genética” onde “nenhuma espécie australopitecínea é obviamente transicional”. (Desculpem, mas o A. habilis não serve como exemplo.) Um comentarista até chamou o estado da evidência como mostrando uma “teoria big bang” de evolução humana (vide “New study suggests big bang theory of human evolution”). Talvez isso seja devido ao fato de que “os primeiros membros do Homo sapiens são realmente bem distintos dos seus predecessores e contemporâneos australopitecíneos”:


(À esquerda: membro antigo do gênero Homo. À direita: um dos quatro supostos ancestrais australopitecíneos. Aqui a falta completa de elo se torna bem nítida. A citação e figura do artigo "New study suggests big bang theory of human evolution")


Mas a evidência presentemente no site da MSNBC nem lida com a questão de como o gênero Homo evoluiu do gênero Australopithecus. Se essa é a “corrente” mais completa, então verdadeiramente estamos lidando com uma evidência muito fragmentária da “evolução humana”. O mais triste é que o artigo está errado em implicar isso, pois essa evidência nada diz sobre como os australopitecíneos tipo macaco evoluíram em nosso gênero Homo. Até o autor principal do artigo da Nature, Timothy D. White, afirmou ERRONEAMENTE [ênfase inexistente] no artigo da MSNBC que essa evidência documenta as “fases do homem”. Isso não é verdade: se alguma coisa, esses fragmentos ósseos fornecem minúsculas sugestões de fases mais antigas de muitos hominídeos tipo macaco que antecedem o gênero Homo por 2 milhões de anos e o “homem” (Homo sapiens sapiens) em cerca de 3 milhões de anos. Essa evidência pode ajudar a colocar uma minúscula lacuna na evolução australopitecínea (lembre-se, nenhuma nova espécie foi encontrada, e tudo que eles acharam de interessante foram alguns dentes caninos de tamanhos intermediários), mas ao contrário do que diz o artigo da MSNBC, nada documenta a “evolução humana” ou as “fases do homem”.

Quanto mais as coisas evolvem, mais as coisas sofrem estase

Recentes notícias estão se envolvendo emocionalmente para "encher a bola" dessas descobertas de fósseis de A. anamensis em algo que elas não são: um “elo perdido” que documenta a “evolução humana”. Parece que pouco mudou desde 1981, quando Constance Holden escreveu na revista Science: “O campo da paleoantropologia estimula naturalmente interesse devido ao nosso próprio interesse nas origens. E, porque as conclusões de significância emocional para muitos devem ser tiradam de evidência extremamente insignificante, freqüentemente é difícil separar as disputas pessoais das científicas que vêm grassando no campo” (“The Politics of Paleoanthropology”, Science, p.737, 14 de agosto de 1981).

Se a evidência presente para a evolução do australopitecíneos antes desta descoberta era “obscura”, talvez seja seguro dizer que eles ainda estão muito nas trevas, e que muito pouco mudou nos últimos 25 anos.

O filósofo e os fósseis

sábado, abril 15, 2006

O FILÓSOFO E OS FÓSSEIS
por Joe Sobran

The Reactionary Utopian
6 de abril de 2006

A revista Science se depara com pensamento esclarecedor.

A história principal da primeira página do jornal The New York Times, de 6 de abril, desta vez, não era política. Era sobre fósseis.

“All the news that's fit to print” [N. do trad.: Este é o moto do NYT: "Todas as notícias convenientes de serem impressas"], certo? Mas por que fósseis na primeira página, ofuscando a imigração, a guerra, e até Katie Couric? Isso não faz parte da seção de Ciência na terça-feira? Ou, como nós dizemos, há alguma agenda acontecendo por aqui?

A manchete nos dá uma dica: “Fossil Called Missing Link from Sea to Land Animals”[Fóssil Chamado de Elo Perdido de Animais Marinhos para Terrestres]. Realmente, o quinto parágrafo explica que alguns cientistas – isto é a revista Science falando, à qual todo o joelho deve se dobrar – dizem que esses fósseis encontrados no Ártico do Canadá, há 600 milhas do Pólo Norte, se constituem numa “poderosa refutação aos criacionistas religiosos”.

Como assim? As quatro nadadeiras da criatura parecem ser “membros em construção”, capacitanda-a a sair da água e arrastar-se pesadamente em terra. Aqui, finalmente, um elo perdido entre os peixes e outras bestas, tais como os “anfíbios, os répteis e dinossauros, os mamíferos e eventualmente os humanos”.

Tomem essa, seus criacionistas! Vocês vêm dizendo que o registro fóssil carece de formas de vida transicionais cruciais, e aqui está a prova de que Darwin estava certo!

Bem recentemente, a seção de Ciência do Times reportou uma nova teoria de que o Mar da Galiléia costumava congelar, de modo que quando Jesus andou sobre a água (Marcos 6.51), talvez ele estivesse andando sobre o gelo. Nenhum milagre, de modo algum, você percebe. Mais uma vez, a Ciência falou.

Por tudo isso, eu ainda acho que a Ciência algumas vezes é (perdoem-me o jogo de palavras) um pouco “fishy” [N. do Trad.: O autor se refere ao Tiktaalik roseae, peixe (fish em inglês) e a palavra "fishy" é traduzida por "duvidoso(a)"], especialmente quanto ao assunto da evolução. E eu não peço a ninguém para acreditar na minha palavra. Apenas leiam o livro Darwinian Fairytales [Contos de fadas darwinistas], de David Stove, há pouco republicado pela Encounter Books, em Nova York.

Stove, que faleceu em 1994, foi um famoso filósofo australiano. Ele não era nem cientista nem criacionista, mas ateu. Ele não rejeitou totalmente a teoria da evolução, e na verdade tinha grande respeito por Darwin. Mas como rigoroso praticante de análise lingüística, ele pensou que Darwin e os seus sucessores, de T.H. Huxley a Richard Dawkins, se apoiaram menos no método científico do que no abuso da linguagem.

O resultado foi o que Stove chamou de “O Dilema do Darwinismo”. Os fatos simplesmente não se ajustaram – e não podiam – com as afirmações da teoria, particularmente no seu relato da vida humana. E os darwinistas, embora afirmem explicar a evolução e “a descendência do homem” como sendo um enorme acidente de uma luta cega pela sobrevivência, tiveram que continuar introduzindo teleologia – propósito – nos seus argumentos.

Eles rejeitam a idéia de Deus como um designer inteligente, mas insistem em usar tais expressões e metáforas como “genes inteligentes”, “gene egoísta”, “ferramentas”, “táticas”, “planos”, “calculado”, “organizado”, “objetivo”, e “design”. Por implicação, essas palavras transferem a noção de propósito de um Deus benigno, sobre-humano para entidades sub-humanas como genes e “memes”. Dawkins, que propôs (ele diria “descobriu”) os memes, chama terminantemente o “altruísmo” de “algo que não existe na natureza”. Afinal de contas, o altruísmo seria uma desvantagem fatal na luta cruel pela sobrevivência.

Bem, se o altruísmo não existe na natureza, por que ele existe absolutamente? Como é que pode? Nós ainda não estamos na natureza? Como podemos escapar disso? Quando cessamos de ser competidores impiedosos e começamos a ser cooperadores, construindo hospitais e as instituições de caridade e todas as instituições que preservam as pessoas a quem a natureza darwinista, vermelha de sangue nos dentes e nas presas, consideraria “incapazes” para a sobrevivência? Como podemos ser tão completamente diferentes das criaturas selvagens de quem somos alegadamente descendentes?

E se os impulsos para a auto-preservação e reprodução de nossa espécie estão contidos em nossos genes, por que fazemos tantas coisas que frustram esses impulsos? Não somente o altruísmo, mas o heroísmo, o celibato, o aborto, a contracepção, o alcoolismo, e milhares de outras coisas que são, do ponto-de-vista darwinista, auto-destruidores e precisando de explicação.

Os darwinistas sabem desses problemas, e Stove mostra, com ironia hilária e sarcasmo selvagem, como eles se ataram com nós de pensamento circular tentando explicar as mais intratáveis dificuldades que obrigatoriamente a sua teoria acarreta. Stove chama a teoria de “uma difamação ridícula dos seres humanos”.

Como disse Samuel Johnson, “quando a especulação faz o seu pior estrago, dois mais dois ainda continuam sendo quatro”; e “Senhor, nós = sabemos = a vontade é livre, e há uma finalidade nisso”. Esse é o tipo inusitado de senso comum com o qual David Stove retruca o não senso comum que posa como “Ciência”.

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Copyright (c) 2006 by the Griffin Internet Syndicate, http://www.griffnews.com
Todos os direitos reservados.

Joe Sobran é colunista e editor da newsletter mensal, SOBRAN'S. Os seus livros incluem “ALIAS SHAKESPEARE” (The Free Press 1997), “HUSTLER: THE CLINTON LEGACY” (Griffin Communications, 2000), e “SINGLE ISSUES: ESSAYS ON THE CRUCIAL SOCIAL QUESTIONS” (The Human Life Press, 1983).

Vide http://www.sobran.com

Tradução para o português e publicação neste blog autorizadas pelo Autor.

A pesquisa trombeteada na revista Science não falsifica a Complexidade Irredutível de Behe

quarta-feira, abril 12, 2006

A Folha de São Paulo de 10/04/2006 publicou um artigo de Kenneth Chang (New York Times) sobre um estudo publicado na revista Science que refutaria a “teoria da complexidade irredutível” de Behe. A FSP declara no seu Manual de Redação (de 1997) que "orienta a sua conduta [sic] por um projeto editorial... com o objetivo de produzir um jornalismo crítico, moderno, pluralista e apartidário" (p. 10). Nada mais falso no que diz respeito a Darwin e à Teoria do Design Inteligente (TDI), apesar das reclamações cientificamente fundamentadas enviadas aos ombudsmen desde 1998. Mais uma vez, a FSP não segue o seu próprio Manual de Redação que recomenda "ouvir o outro lado" (p. 46) e nem fez o "cruzamento de informações" (p. 26-27). A FSP sabe como entrar em contato com os teóricos e proponentes da TDI.

Após vários anos afirmando que não há debate sobre a Teoria do Design Inteligente, três pesquisadores publicaram um artigo trazendo o debate para as páginas da última edição da revista Science. Os pesquisadores Jamie Bridgham, Sean Carroll e Joe Thornton afirmam ter demonstrado como que um sistema complexo irredutível, conforme descrito por Michael Behe, pesquisador sênior do Discovery Institute, pode ter surgido como resultado de duplicação de gene e algumas mudanças de pontos mutacionais.

"Isso continua na venerável tradição darwinista de fazer afirmações grandiosas baseadas em resultados insignificantes", disse o bioquímico Michael Behe, que desenvolveu a teoria da complexidade irredutível no seu livro best-seller A Caixa Preta de Darwin (Rio de Janeiro: Zahar, 1997). "Não há nada no artigo que um proponente do DI pensasse estivesse além do alcance da mutação aleatória e da seleção natural. Em outras palavras, é um argumento tipo homem de palha."

Se a FSP tivesse "ouvido o outro lado", seus milhares de leitores tomariam conhecimento de que os teóricos do DI rebateram as conclusões do artigo publicado na Science:

How to Explain Irreducible Complexity – A Lab Manual

Fellows do CSC, 7 de abril de 2006

The Science Stories that Fizzled (and the one that Might Have Been)

By Bruce Chapman, 7 de abril de 2006

Irreducible Complexity Stands up to Biologist's Research Efforts

Discovery Institute, 6 de abril de 2006

Michael Behe's response to Thornton research on irreducible complexity

ID The Future, 6 de abril de 2006

"Os autores (inclusive Christoph Adami, no seu comentário publicado na Science) estão definindo convenientemente a 'complexidade irredutível' em nível abaixo, bem abaixo. Eu certamente não classificaria o sistema deles com nada próximo de complexidade irredutível (CI). Os sistemas CI que eu discuti no livro A Caixa Preta de Darwin contêm múltiplos fatores ativos de proteínas. O 'sistema' deles, por outro lado, consiste apenas de uma proteína e a sua ligação. Embora na natureza o receptor e a ligação façam parte de um sistema maior que não tem uma função biológica, a parte daquele sistema maior que eles escolheram não faz nada sozinho. Em outras palavras, os componentes isolados que eles trabalharam não são irredutivelmente complexos.

"No experimento, apenas resíduos de dois aminoácidos foram modificados, não foram adicionados novos componentes, nem componentes antigos foram removidos", continua Behe. "O fato de que tais resultados muito modestos são trombeteados deve-se mais, eu suspeito, à antipatia que muitos cientistas têm em relação ao DI do que ao valor intrínseco do próprio experimento."

CSC Director Stephen C. Meyer’s initial response

6 de abril de 2006

"Se isso é o melhor que o establishment darwinista pode fazer após dez anos tentando refutar a teoria do design inteligente de Behe, então a teoria neodarwinista se encontra num estado sofrível", disse o Dr. Stephen Meyer, diretor do Center for Science & Culture. "Na verdade, o caso de Behe fica mais forte com cada tentativa sucessiva de testá-lo por meio de refutação experimental."

Debating the Controversy that doesn’t exist

Por Paul Nelson

ID The Future, 6 de abril de 2006

O jornalismo científico da FSP não é crítico, moderno, pluralista e nem apartidário!

Enézio E. de Almeida Filho, www.pos-darwinista.blogspot.com

O novo ‘elo perdido’ não é assim nenhuma Brastemp de forma intermediária

sexta-feira, abril 07, 2006

Morei nos Estados Unidos na década de 80 do Século 20 (o tempo é cruel!) e havia uma propaganda na televisão de um remédio: “How do you spell Relief?” (Como que você soletra alívio?). “Relief” era o nome do remédio. Entrou no jargão lingüístico americano para explicar uma situação difícil e como sair dela faceiramente.

Com o anúncio bombástico na Grande Mídia internacional, os evolucionistas já elegeram este suposto ‘elo intermediário’ como o novo ícone da evolução. “How do you spell relief? T-I-K-T-A-A-L-I-K”. Justamente agora quando grandes dificuldades epistêmicas na teoria geral da evolução são destacadas o anúncio deste ‘elo perdido’ vem aliviar um pouco esta tensão de desconforto entre a Nomenklatura e para ‘ensinar’ os leigos o que eles precisam saber sobre o FATO da evolução. Mas o que um ‘elo perdido’ encontrado não faz não é mesmo? RELIEF! Ooops, TIKTAALIK! Não pude resistir, mas Tiktaalik soa quase como Titanic. Que falta de perspicácia!

A descoberta é de Neil Shubin (U. of Chicago) e de dois colegas de um “fóssil de peixe tipo tetrápode” numa ilha do Canadá. O que isso significa? Peencheria a mais intrigante das transições do registro fóssil, e resgataria uma antiga e amarelecida nota promissória epistêmica de Darwin de quase 150 anos: a evolução de um peixe em um animal terrestre.

A Grande Mídia, como sempre, atrelada à Nomenklatura científica, reportou com grande estardalhaço esta descoberta já comparada de grande importância como o Archaeopteryx. Pronto, isso significa dizer agora que todos os críticos da teoria geral da evolução (mesmos os científicos) devem enfiar seus rabos epistêmicos entre as pernas, saírem de cena porque mais uma vez “os meninos de Darwin” venceram.

Para quem vinha afirmando desde 1859 que o registro fóssil era um testemunho contra as especulações transformistas de Darwin, eis aqui um ‘cala a boca’, ‘ponha-se no seu devido lugar’, ‘vá catar coquinhos’, de um perfeito caso de forma transicional.

Abaixo algumas das afirmações feitas em inglês sobre o Tiktaalik roseae, o mais novo ícone da evolução (ênfase adicionada em todas as citações):
• EurekAlert: a “key marker in the evolutionary transition of fish to limbed animals.”
• News@Nature: this is “the fish that crawled out of water” – a true ‘missing link’ that “it helps to fill in a gap in our understanding of how fish developed legs for land mobility, before eventually evolving into modern animals including mankind.”
• BBC News: “Fossil animals found in Arctic Canada provide a snapshot of fish evolving into land animals... giving researchers a fascinating insight into this key stage in the evolution of life on Earth.”.... Could “could prove to be as much of an ‘evolutionary icon’ as Archaeopteryx – an animal believed to mark the transition from reptiles to birds.”
• Scientific American: “Newfound Fossil Is Transitional between Fish and Landlubbers.”
• New Scientist: “IT WAS one of the most important events of the last 400 million years: the moment our fishy ancestors began hauling themselves onto dry land. Now a fossil from the very beginning of that crucial transition has been found in the remote Arctic.” Neil Shubin calls it a “a ‘fishopod’: part fish, part tetrapod.”
• MSNBC: “Scientists have caught a fossil fish in the act of adapting toward a life on land, a discovery that sheds new light on one of the greatest transformations in the history of animals. Researchers have long known that fish evolved into the first creatures on land with four legs and backbones more than 365 million years ago, but they’ve had precious little fossil evidence to document how it happened.... ‘It sort of blurs the distinction between fish and land-living animals,’ said one of its discoverers, paleontologist Neil Shubin of the University of Chicago.”
• National Geographic: “It’s our closest fish cousin, scientists say. Millions of years ago it apparently hoisted its croc-like head out of the water—and the rest is history.”
• LiveScience: “Fishy Land Beast Bridges Evolutionary Gap.”
Com uma cobertura jornalística dessa, o leitor leigo fica com a impressão de que isso realmente é uma importante descoberta. Depois de muito confete, serpentina e alguns choppes que cientista não é de ferro!), que tal dar uma olhada objetiva nos artigos científicos e ver o que eles disseram exatamente?
A notícia da descoberta deste ‘elo perdido’ foi artigo de capa da revista Nature, com dois artigos da equipe de Shubin e uma resenha de Jennifer Clack, uma proeminente pesquisadora em origens dos tetrápodes. É aqui no ambiente acadêmico que os cientistas falam entre si, e por isso mesmo é de se esperar que sejam mais céticos, formais, reservado e bastante cautelosos sobre as interpretações. Falta isso na Grande Mídia quando o assunto é Darwin.
Alguns aspectos que incomodam este ‘cético não global’ são os seguintes: A pesquisa foi submetida para a revista Nature em outubro de 2006, mas foi liberada somente agora, mas a Grande Mídia recebeu os ‘press releases’ com representação artística de como que o Tiktaalik roseae pareceria, entrevistas com os pesquisadores. Enfim, tempo suficiente para ‘armar o grande circo’ e dar aquela manchete em cima dos pobres mortais não especialistas.
É bem nítido nos artigos que todos os autores acreditam que este fóssil é realmente uma forma evolutiva transicional, mas convém destacar aqui para os leigos que as afirmações mais interessantes nos artigos científicos são as advertências e as notas discordantes. Mais o mais importante de tudo isso são os dados empíricos (observacionais) que sempre devem ter precedência sobre as interpretações.
Considere a abertura do primeiro artigo de Daeschler, Shubin e Jenkins [1]:
“The relationship of limbed vertebrates (tetrapods) to lobe-finned fish (sarcopterygians) is well established, but the origin of major tetrapod features has remained obscure for lack of fossils that document the sequence of evolutionary changes.”
“Here we report the discovery of a well-preserved species of fossil sarcopterygian fish from the Late Devonian of Arctic Canada that represents an intermediate between fish with fins and tetrapods with limbs, and provides unique insights into how and in what order important tetrapod characters arose. Although the body scales, fin rays, lower jaw and palate are comparable to those in more primitive sarcopterygians, the new species also has a shortened skull roof, a modified ear region, a mobile neck, a functional wrist joint, and other features that presage tetrapod conditions. The morphological features and geological setting of this new animal are suggestive of life in shallow-water, marginal and subaerial habitats”.

Até parece que estamos lendo a Folha de São Paulo, mas vamos buscar o que realmente interessa: o que não foi dito pela mídia. Os pesquisadores admitem:

“The evolution of tetrapods from sarcopterygian fish is one of the major transformations in the history of life and involved numerous structural and functional innovations, including new modes of locomotion, respiration and hearing.”

Trocando em miúdos (acho que mais ‘em graúdos’), muitas mudanças substanciais (isso demanda grande quantidade de informação genética) tinham de acontecer simultaneamente em um animal – do respirar antes através de guelras e agora respirar com pulmões, desenvolver pés que pudessem suportar o peso, desenvolver ossos digitiformes, tornozelos, dedos dos pés e ‘aprender’ [sic] como usá-los. Eles prosseguem:

“During the origin of tetrapods in the Late Devonian (385?359 million years ago), the proportions of the skull were remodelled [sic; implies intelligent design], the series of bones connecting the head and shoulder was lost, and the region that was to become the middle ear [sic; implies progress] was modified. At the same time, robust limbs with digits evolved, the shoulder girdle and pelvis were altered, the ribs expanded, and bony connections between vertebrae developed”.

Eles afirmam que algumas dessas inovações são vistas nos ‘parentes’ mais próximos de tetrápodes – Panderichthys, Acanthostega e Ichthyostega, mas as desconsideram como fragmentárias e de utilidade duvidosa. Isso também se aplica ao candidato mais antigo daquela lista de ‘parentes’:

“Panderichthys possesses relatively few tetrapod synapomorphies [convergent features], and provides only partial insight into the origin of major features of the skull, limbs and axial skeleton of early tetrapods. In view of the morphological gap between elpistostegalian fish and tetrapods, the phylogenetic framework for the immediate sister group of tetrapods has been incomplete and our understanding of major anatomical transformations at the fish-tetrapod transition has remained limited”.

Esta declaração prepara o terreno para o novo fóssil que, segundo os pesquisadores, “aumenta significativamente o nosso conhecimento da transição peixe-tetrápode”. Devagar com andor meus amigos, pois esta afirmação tem de ser examinada ‘cum granum salis’, pois afirmações semelhantes sobre o Panderichthys foram feitas anteriormente.

Eles classificaram o Tiktaalik em algum lugar entre os Panderichthys e os tetrápodes. No artigo eles forneceram os dados obrigatórios que devem aparecer numa publicação científica: local onde foi encontrado, taxonomia, nomenclatura, a descrição do fóssil, fotos, desenhos, etc. A cabeça estava bem preservada e foram encontrados três espécimes. Agora vem a parte mais difícil: nomear e classificar um fóssil. Por quê? Porque não fornece aos descobridores a liberdade de classificá-lo em algum cenário evolutivo presumido.

Vamos considerar a descrição técnica das partes. O Tiktaalik comparado com fósseis mais antigos conhecidos tem algo maior ou algo menor do que os outros. As comparações dos crânios não parecem ser muito informativas, considerando-se que não há partes moles fossilizadas e nós nem sabemos como que o animal viveu no seu ambiente devoniano (abundância de plantas terrestres, mas de algum modo este fóssil parece mais um carnívoro do que herbívoro).

Um pequeno lembrete histórico en passant – lembra-se do Celacanto? Ele foi considerado uma forma transicional porque tinha nadadeiras ósseas, mas quando foi descoberto um espécime vivo, ele não as usava para andar ou levantar-se. Mas o que o Celacanto tem a ver com este fóssil? Muito, pois sem as partes moles (guelras e outros órgãos) e sem um exemplo vivo, a interpretação dada aos ossos é, na melhor das hipóteses, um EXERCÍCIO SUBJETIVO DE ADIVINHAÇÃO.

Qual seria a posição filogenética do Tiktaalik? Quais características levaram estes pesquisadores a decidir que esses espécimes eram transicionais?

“A phylogenetic analysis of sarcopterygian fishes and early tetrapods (Fig. 7) supports the hypothesis that Tiktaalik is the sister group of tetrapods or shares this position with Elpistostege. Tiktaalik retains primitive tetrapodomorph features such as dorsal scale cover, paired fins with lepidotrichia, a generalized [sic] lower jaw, and separated entopterygoids in the palate, but also possesses a number of derived [sic] features of the skull, pectoral girdle and fin, and ribs that are shared with stem tetrapods such as Acanthostega and Ichthyostega. Tiktaalik is similar to these forms in the possession of a wide spiracular tract and the loss of the opercular, subopercular and extrascapulars. The pectoral girdle is derived [sic] in the degree to which the scapulocoracoid is expanded dorsally and ventrally, and the extent to which the glenoid fossa is oriented laterally. The pectoral fin is apomorphic [i.e., derived, more developed] in the elaboration of the distal endoskeleton, the mobility of segmented regions of the fin, and the reduction of lepidotrichia distally”.

Resumindo, eles acham que os Panderichthys, Elpistostege e o Tiktaalik representam uma:

“paraphyletic [partially evolved] assemblage of elpistostegalian fish along the tetrapod stem that lack the anterior dorsal fins and possess broad, dorsoventrally compressed skulls with dorsally placed eyes, paired frontal bones, marginal nares, and a subterminal mouth.”

Contudo, “Some tetrapod-like features evolved independently in other sarcopterygian groups,” enquanto que os outros dois fósseis parecem ter as características partilhadas com os tetrápodes básicos por meio de evolução convergente (homoplasia).

Ora, foi basicamente isso que eles afirmaram no primeiro artigo. O segundo artigo [2] discutiu o nadadeira peitoral do Tiktaalik, que eles afirmam ser “morfologica e funcionalmente transicional entre uma nadadeira e um membro”. Eles acham que as nadadeiras frontais capacitou a criatura a se levantar e arrastar a sua cauda atrás.

Todavia o “pulso” não tem os cinco dígitos (dedos), e representa um “mosaico” de caracaterísticas encontradas em taxon mais “básicos”. Embora ossos do “pulso” adicional sejam novas características deste fóssil, a presença dos cinco dígitos é INFERIDA no diagrama deles por meio de linhas pontilhadas. Como não há espécimes vivos representativos, eles também não foram capazes de dizer com certeza para o que foram realmente utilizados os ossos das nadadeiras.

Embora os pesquisadores tenham reconhecido que a transição da água para a terra requer “grandes mudanças em desenvolvimentos genéticos, estrutura esqueletal, e biomecânica”, o aspecto mais evidente da nadadeira é o ângulo do “pulso” homólogo hipotético, mesmo não havendo evidência de que os dígitos verdadeiros para locomoção tenham mais tarde se desenvolvido dos ossos das nadadeiras deste animal.

Mas, mesmo que eles possam ter assim se desenvolvido [será???], os jornalistas científicos ficaram mais sintonizados com a conclusão confiante dos pesquisadores:

“The pectoral skeleton of Tiktaalik is transitional between fish fin and tetrapod limb. Comparison of the fin with those of related fish reveals that the manus [hand] is not a de novo novelty of tetrapods; rather, it was assembled in fishes over evolutionary time to meet the diverse challenges of life in the margins of Devonian aquatic ecosystems”.

Que tal dar uma olhada no que os outros especialistas pensam a respeito disso? Na mesma edição da Nature, Erik Ahlberg e Jennifer Clack apresentaram sua análise [3]. Será que Clack, uma especialista eminente na pesquisa de ponta em evolução de tetrápode ficou extasiada pela descoberta? Será que ela não teve nenhuma ponta de inveja ou sentimentos de rivalidade? Eu não sei, eu só sei que juntamente com Ahlberg ela colocou um freio nas interpretações mais lépidas e tonitroantes, embora reconhecendo a significância da descoberta.

Em primeiro lugar, que tal dar uma ‘puxada de orelhas’ sobre o conceito dos ‘elos perdidos’?

“The concept of “missing links” has a powerful grasp on the imagination: the rare transitional fossils that apparently capture the origins of major groups of organisms are uniquely evocative. But the concept has become freighted with unfounded notions of evolutionary ‘progress’ and with a mistaken emphasis on the single intermediate fossil as the key to understanding evolutionary transitions. Much of the importance of transitional fossils actually lies in how they resemble and differ from their nearest neighbours in the phylogenetic tree, and in the picture of change that emerges from this pattern.

We raise these points because on pages 757 and 764 of this issue are reports of just such an intermediate: Tiktaalik roseae, a link between fishes and land vertebrates that might in time become as much of an evolutionary icon as the proto-bird [sic] Archaeopteryx”.

Nota Bene: Embora este fóssil vá “muito longe” no preenchimento da lacuna no registro fóssil, esses dois críticos disseram que ele não vai em toda a extensão. O exemplo mais próximo disso seria o Elpistostege, um fóssil fragmentado considerado ser mais próximo dos tetrápodes dos que o Panderichthys. Eles admitem que “os autores demonstratam convincentemente que o Elpistostege e o Tiktaalik ficam entre o Panderichthys e os tetrápodes mais antigos na árvore filogenética”.

Você pensou que era o fim da estória, não é mesmo? Embora impressionados, esses dois críticos levantam algumas questões interessantes. Sobre os ossos das nadadeiras eles afirmaram:

“Although these small distal bones bear some resemblance to tetrapod digits in terms of their function and range of movement, they are still very much components of a fin. There remains a large morphological gap between them and digits as seen in, for example, Acanthostega: if the digits evolved from these distal bones, the process must have involved considerable developmental repatterning. The implication is that function changed in advance of morphology”.

Embora cada um dos fósseis encontrados pareça representar um mosaico de características em vez de uma linha direta de evolução, esses dois críticos prontamente concordaram que a criatura foi “evidentemente uma etapa verdadeira a caminho da água para a terra”, e “parece que os nossos ancestrais remotos [sic] eram peixes grandes, achatados e predadores, com cabeças tipo crocodilo e fortes nadadeiras peitorais tipo membros que os capacitaram a sair da água”.

Aqui um pouco de ceticismo se faz mister. Leve em conta que este é apenas um espécime e são necessários muito mais para a confirmação de um achado científico. Além disso, esta criatura deve ser ser examinada no seu contexto. Quem sabe, e aqui serão emitidas mais notas promissárias epistêmicas, as formas transicionais mais importantes não serão descobertas no futuro? Ah, o futuro pertence a Darwin:

“Of course, there are still major gaps in the fossil record. In particular we have almost no information about the step between Tiktaalik and the earliest tetrapods, when the anatomy underwent the most drastic changes, or about what happened in the following Early Carboniferous period, after the end of the Devonian, when tetrapods became fully terrestrial. But there are still large areas of unexplored Late Devonian and Early Carboniferous deposits in the world – the discovery of Tiktaalik gives hope of equally ground-breaking finds to come”.

CONCLUSÃO:

O “elo perdido” não é assim nenhuma Brastemp como foi reportado na mídia!

[Artigo elaborado sobre os ‘ombros de gigantes’]

NOTAS:

[1] Daeschler et al., “A Devonian tetrapod-like fish and the evolution of the tetrapod body plan,” Nature 440, 757-763 (6 April 2006) | doi:10.1038/nature04639; Received 11 October 2005; ; Accepted 8 February 2006.

[2] Shubin et al., “The pectoral fin of Tiktaalik roseae and the origin of the tetrapod limb,” Nature 440, 764-771 (6 April 2006) | doi:10.1038/nature04637; Received 11 October 2005; ; Accepted 8 February 2006.

[3] Per Erik Ahlberg and Jennifer A. Clack, “Palaeontology: A firm step from water to land,” Nature 440, 747-749 (6 April 2006) | doi:10.1038/440747a.

A Folha de São Paulo ‘corajosamente’ denuncia a distorção do islamismo em livros-texto, mas se omite ‘covardemente’ em relação a Darwin

sábado, abril 01, 2006

Na edição de 29/3/2006 a FSP publicou o artigo “Livros didáticos distorcem o islamismo”, de Luísa Brito. É uma história de coragem de um menino chamado Ahmad Amame que com 11 anos (na época aluno da 6ª série) alertou seus colegas de classe que havia erros na apostila de história.

Muçulmano, Ahmad percebeu que as informações sobre o islamismo estavam distorcidas. “A apostila dizia algumas coisas diferentes do que aprendi em casa”, explicou Ahmad, hoje com 13 anos, estudante da Escola Islâmica Brasileira, na Vila Carrão (zona leste de São Paulo).

O episódio, que aconteceu há dois anos, não é restrito à escola de Ahmad. Uma dissertação de mestrado feita na USP analisou 53 livros didáticos de história do ensino fundamental publicados entre 1985 e 2004 e mostrou que todos continham erros no conteúdo sobre o islamismo.

Leia mais.

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Desde 1998 este blogger tem instado junto à Grande Mídia tupiniquim, especialmente a FSP – desde o seu primeiro ombudsman – que havia distorção de evidências científicas e duas fraudes na abordagem da evolução nos livros-texto de Biologia do ensino médio. O que fizeram objetivamente os ombudsman? Responderam que minha correspondência tinha sido encaminhada, blah, blah, blah, mas nenhuma ação mais concreta, a não ser a de Maurício Tufanni, que terminou num especial sobre as ‘Visões Extremas da Evolução’.

Pelo menos 9 das 53 obras analisadas fazem parte do PNLD (Programa Nacional do Livro Didático) do governo federal e são distribuídas em toda a rede pública. “Algumas informações equivocadas podem gerar preconceito no leitor ou até aumentar estereótipos”, disse a professora Ana Gomes, autora da dissertação.

Enviei bem antes para a FSP e para o MEC/SEMTEC (2003 e 2005) uma análise-crítica sobre a distorção do evolucionismo em pelo menos 7 livros didáticos de autores expoentes. Se a preocupação da professora Ana Gomes com a distorção do islamismo é que essas ‘informações equivocadas podem gerar preconceito no leitor ou até aumentar estereótipos’, que dizer então da distorção de evidências científicas e da utilização de duas fraudes [os embriões de Haeckel e as mariposas de Manchester – Biston betularia] para favorecer o FATO da teoria geral da evolução em livros didáticos adotados pelas escolas do ensino médio públicas e privadas na formação acadêmica de nossos alunos?

Além de não estar acontecendo ‘educação’ e sim ‘doutrinação’, os nossos alunos estão sendo enganados na sua formação acadêmica sobre questão importante vez que ‘em biologia nada faz sentido a não ser à luz da evolução’ (Dobzhanski), mas não de forma fraudulenta e ideologizada.

Outro grave problema é a falta de revisão dos livros. O Ministério da Educação disse que a avaliação dos livros que fazem parte do PNLD é bastante rígida. A análise das obras é feita por especialistas de universidades brasileiras, e cada livro é avaliado por dois especialistas.

A resposta que obtive da análise-crítica enviada ao MEC/SEMTEC foi a de que realmente o MEC não tem uma equipe de especialistas para analisar e avaliar o conteúdo dos livros didáticos, mas se esta avaliação ‘é bastante rígida’ porque feita por dois ‘especialistas de universidades brasileiras’, cabe aqui a dúvida: esses especialistas não estão atualizados na literatura científica ou temos aqui um exemplo flagrante de ‘corporativismo’ ideológico.

Ahmad, o pequeno muçulmano, teve coragem de enfrentar a versão da Nomenklatura e denunciar a perpetuação de erro. Eu me sinto feliz de tão boa companhia assim e de continuar denunciando esta distorção científica. Qualquer juiz condenaria quem se utilizasse de ações fraudulentas na Bolsa de Valores para favorecer financeiramente a cliente(s), por que o mesmo não ocorre com nossos autores de livros didáticos?