A todos os meus críticos com carinho

domingo, fevereiro 12, 2006

Quase todos os textos criticando minha defesa da teoria do Design Inteligente e crítica ao darwinismo têm primado por duas coisas: ele não sabe fazer ciência e polarizam a questão como sendo meramente questão de crença religiosa. O fazer ciência me é facultado pela “Presunção Democrática” de Steve Fuller, professor de sociologia na Universidade Warwick. Sou um leigo inteligente, bem informado e apoiado por um núcleo de pesquisadores. A questão que abordamos não é religiosa, é científica.


Lanço mão do artigo "Copérnico encena um retorno", de David Berlinski, autor de "A Tour of the Calculus" [“O advento do algoritmo”, Rio de Janeiro: Editora Globo, 2004], Ph. D. em matemática pela Universidade Princeton, judeu agnóstico, bon vivant e membro do Discovery Institute, para responder a todos os meus críticos passados e futuros.


Berlinski vive em Paris e autorizou a tradução e publicação do seu texto picaresco, mas seríssimo sobre a postura da Nomenklatura científica em relação aos proponentes e defensores de idéias científicas inovadoras questionando o paradigma colapsante.

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Especial para o London Gazette


Há mais de sessenta anos após o famoso julgamento de Galileu - ‘A Terra se move’ - em Roma, Copérnico é notícia de novo, desta vez na forma de uma teoria tão chamada de teoria da gravidade universal (ou GU, como veio a ser conhecida). Instalados na Royal Society, uma organização ‘think tank’ em Londres, financiada por doadores da realeza riquíssimos, os membros do movimento da gravidade universal argumentam que os fatos da astronomia são tão complicados que eles exigem a introdução de uma misteriosa ‘força de gravidade universal.’ Mas quando questionados, os membros declinam especificar o autor desta força, dizendo apenas que (de acordo com um relações públicas) “Nisso, nós somos agnósticos”.


Diferentes da velha linhagem de Copernicistas, os teóricos da gravidade exibem formação acadêmica sólida de renomadas universidades e alegam que estão fazendo ciência inovadora. “Olhe”, disse um eminente membro da Royal Society, “há evidentemente algum tipo de força operando na superfície da Terra. Os objetos não apoiados sempre caem. Tudo o que nós estamos dizendo é que é perfeitamente razoável seguir a evidência. Se a evidência for dar em algum tipo de força universal, é para lá que a evidência leva”.


Os críticos não ficaram impressionados, destacando para o fato de que os membros do movimento não publicam em publicações científicas de revisão por pares e em vez disso eles dependem da própria Royal Society para a disseminação dos seus produtos bem elaborados, mas vazios de conteúdo.


“Não tem substância nenhuma”, disse um membro da faculdade de Astronomia da Universidade de Augsburg. “É o clássico argumento da ‘força das lacunas’. Tudo o que eles estão dizendo realmente é que há algumas coisas que a ciência não pode explicar ainda, então deve haver uma força misteriosa em ação. Se a ciência nos tem ensinado algo ao longo de dois mil anos é que, mais cedo ou mais tarde, as lacunas serão preenchidas num modo perfeitamente natural”.


Um outro crítico, o professor do Entendimento Ptolemaico na Universidade de Oxford, disse: “Nada em astronomia faz sentido a não ser à luz da astronomia ptolemaica. Há sólida e esmagadora evidência apoiando a idéia de que o Sol gira em torno da Terra. Tem sido uma das idéias mais frutíferas e produtivas em toda a história da ciência”.


Um outro crítico destacou que “afirmar que a teoria de Ptolomeu é apenas uma teoria é tão absurdo quanto argumentar que a teoria da circulação sanguínea de Galeno é apenas uma teoria. Isso revela uma ignorância fundamental de como funciona a ciência”.


A personalidade mais conhecida do movimento da GU tem sido Isaac Newton, um notório matemático solitário com um gosto bizarro conhecido por teologia e uma inclinação por experiências químicas perigosas. O seu livro “Principia Mathematica” tem sido um surpreendente best-seller, um desses livros, como alguém disse graciosamente, que é ‘fácil de se entrar, mas difícil de sair’. Contudo, os matemáticos verdadeiros têm sido quase unânimes em desprezá-lo. “O pior tipo de postura pretensiosa”, disse o professor de Contas e Aritmética na Universidade de Londres, “é que todo esse tão propalado conhecimento aritmético de Newton, não há nada neste livro que indique ter alguma relevância alguma para os dados verdadeiros de astronomia”.


Colegas do Departamento de Contas e Aritmética concordaram. “Vamos encará-la”, disse um deles. “A idéia de que a Lua está caindo é simplesmente insano. Caindo? Como é então que nunca atinge a Terra? De onde está caindo? Quem ou por que foi jogada? A idéia de que os corpos celestes são mantidos no lugar por algum tipo de força invisível não é nem má ciência. Não é ciência de jeito nenhum”.


Além disso, outros matemáticos têm argumentado que o livro de Newton está cheio de erros óbvios e revela uma falta fundamental de rigor acadêmico. Comentando sobre o tão-chamado cálculo diferencial, o professor de Números Aplicados na Universidade de Manchester salientou que “o assunto todo foi escrito em Javanês”, e que “Newton parece acreditar que há números maior do que zero mas menor do que qualquer outro número”. Ele concluiu dizendo “Eu não conheço nenhuma idéia que possa parecer tão improdutiva”.


Quando foi contatado em seu escritório em Londres, Newton se recusou comentar, dizendo somente que ele “não iria perder tempo com conhecimentos matemáticos superficiais”. “Uma reação típica”, disse o professor de Epiciclos na Universidade de Canterbury. “Essas pessoas podem ser evasivas sobre os pequenos detalhes na astronomia Ptolemaica, mas quando alguém critica o trabalho deles, eles começam a murmurar sobre as conspirações para a marginalização de seus pontos de vista. Isso tudo é apenas Copérnico disfarçado num smoking bem barato”.


Contudo, as mais recentes pesquisas indicam que mais de sessenta por cento do público inglês acredita que a Terra gira em torno do Sol e que é mantida em sua órbita por algum tipo de força misteriosa.