A história da ciência moderna mostra: quando um paradigma atinge o status de aceitação (orientando pesquisas e incorporado nos livros-texto) apesar de suas falhas e anomalias, somente é declarado inválido quando um novo paradigma estiver disponível para substituí-lo.
Se as anomalias aumentam e o paradigma não consegue respondê-las, teorias ‘ad hoc’ são criadas tentando salvar o paradigma [KUHN 1998]. Se as teorias ‘ad hoc’ não salvam o paradigma, ele entra em crise.
Como pode a ciência progredir? Yockey sugere ‘limpar os conveses... de paradigmas que falharam’, mesmo que fiquem completamente limpos e sem paradigmas sobreviventes [YOCKEY 1992].
A ‘crença’ nas teorias ‘ad hoc’ é baseada na indisponibilidade de outro paradigma, mas é um exemplo flagrante da falácia lógica da alternativa falsa. Em ciência, reconhecer a crise paradigmática é virtude. Kuhn discutiu o tema detalhadamente e tem sido o caso na história da ciência. Isso não é diferente em relação ao darwinismo.
Todavia, limpar conveses paradigmáticos em crise é tarefa epistemológica ingrata. Muitos praticantes da ‘ciência normal’ agem como verdadeiros ‘crentes’ da religião, filosofia e ideologia: precisam continuar acreditando no paradigma colapsante (não importa o que venha) e atacam ‘ad hominem’ os que se propõem limpar os conveses.
Darwin tentou refutar no Origem das Espécies as muitas objeções científicas feitas por seus pares: 4 capítulos (25 por cento da obra). Não refutou, nem seus atuais seguidores. Discutir Darwin é importante, pois a insuficiência epistêmica da teoria é incômoda e existem outras visões extremas da evolução.
Reivindicar ensino objetivo das atuais teorias da origem e evolução da vida não é ‘solapar’ seu ensino. Desde 1998 eu denuncio a manutenção de duas fraudes e distorções das evidências a favor do ‘fato’ da Teoria Geral da Evolução (TGE) nos melhores livros-texto de Biologia por várias décadas. (‘Darwin no purgatório’, Folha de São Paulo, Mais!, 30/01/05). ‘Se uma ciência tem de ser apoiada por meios fraudulentos, que ela pereça’ (Kepler).
Impedir o debate, blindar a teoria darwinista de críticas prejudica o fazer ciência. As evidências não apóiam a TGE. O único caminho para a ‘melhor formação das futuras gerações’ é informar e lidar publicamente com essa fragilidade epistêmica muito séria.
Eu proponho a Teoria do Design Inteligente (TDI), como a melhor inferência às evidências de complexidade irredutível (CI) e informação complexa especificada (ICE) em sistemas biológicos complexos.
O design é detectado na natureza através de rigoroso teste analítico. A idéia de design é básica nas ciências sociais, antropologia e ciência forense. É metáfora crucial até na teoria minimalista de Noam Chomsky.
Nossa proposta é mais ousada e radical - somos contra o ensino do criacionismo na rede pública, não justificamos nem propomos incluir a TDI no ensino médio, mas que a ‘controvérsia científica’ intramuros sobre a TGE seja livremente considerada nas salas de aula com o ensino das evidências a favor e contra. O nome disso é educação. O que temos atualmente é doutrinação ideológica no materialismo filosófico.
Os críticos gratuitos do DI não aprofundam a questão, mas ‘lincham’ publicamente os sérios oponentes. Idéias importantes foram consideradas já resolvidas. A verdade é bem outra. Há muito o darwinismo entrou em crise paradigmática. Os cientistas devem seguir as evidências aonde elas forem dar.
Que tal discutir o darwinismo em questão: é ciência ou ideologia? O modus operandi da Nomenklatura científica: é ético ou antiético?
Os críticos levianos sabiam, mas preferiram omitir e destacar uma suposta relação teológica tentando intimidar e, por tabela, desqualificar a TDI. Não intimidou nem desqualificou. Religiosos sempre fizeram ciência. Ex.: Mendel, Lemaitre, Teilhard de Chardin, Polkinghorne entre outros.
Há evolucionistas e evolucionistas, assim como há teólogos e teólogos: filosóficos, teístas, e até ateus. Stalin foi seminarista. Darwin, quem diria, até esses críticos levianos desconheciam, obteve um mestrado em Teologia pelo Christ’s College. O hábito, como se vê, não faz o monge.
Essa cancela acadêmica restritiva impediria Darwin de escrever o Origem das Espécies, o CNPq não daria bolsas de estudos de pós-graduação no exterior para teólogos (vide professores universitários com esta titulação na Plataforma Lattes) nem o MEC aprovaria cursos de ‘Ciência da Religião’. Isso é oprimir, cercear idéias inovadoras e promover a caça às bruxas. Vade retro, caçadores de bruxas!
Outros poderiam falar livremente pela TDI no Brasil, mas o patrulhamento ideológico e a falta de liberdade acadêmica de questionar Darwin nas universidades públicas e privadas recomendam: não é tempo de pronunciar-se publicamente.
Tentaram convencer o leitor: a TDI é criacionismo. O Big Bang tem implicações teológicas, mas isso não está embutido na teoria. A tese do relojoeiro cego diz: o design ‘aparente’ resulta de processos irracionais, aleatórios e não dirigidos.
A TDI se contrapõe: o design é ‘real’ e é empiricamente detectado. Além disso, enfatizamos a distinção não de causas naturais vs. causas sobrenaturais, mas de causas inteligentes vs. causas não dirigidas.
A questão lingüística sobre o nome de a teoria ser ‘design inteligente’ é frágil. A teoria de Darwin já foi chamada de ‘transformismo’. O termo que ‘colou’ foi ‘evolução’. Não há impraticabilidade em nosso termo.
A TDI deve ser julgada pela sua suficiência epistêmica e não ‘preconceitos’ ideológicos. Os leitores têm sido induzidos a crer por alguns críticos que minha mensagem confirma o caráter criacionista da TDI.
Erroneamente criticam a TDI pelo que não se propõe explicar: quem é o ‘designer’? O termo ‘inteligente’ refere-se à causa inteligente (hábil ou não). Nada a ver com um criador inteligente ou otimização de design.
Quando a questão é Darwin, até a crítica científica é polarizada como Ciência (razão, fato) vs. Religião (irracionalidade, ilusão). Isso impede o debate científico. Como teoria científica o darwinismo está sujeito a críticas, correções e até descarte. Na TGE, já chegou a hora de dizer adeus a Darwin.
Os argumentos da TDI não são frágeis. Prova disso? Há sempre réplicas e críticas as mais diversas. Os diversos grupos criacionistas já perceberam, menos a Nomenklatura darwinista: a TDI não é Criacionismo.
A TDI não parte de textos religiosos e nem propõe um Criador. Contrapô-la com os criacionistas da Terra Jovem, não é questão de razoabilidade - quaisquer proposições criacionistas ou não serão sempre antípodas à TDI, inclusive a tese do relojoeiro cego!
Uma teoria deve ser julgada tão-somente pelo que afirma: a TDI não identifica o designer pelas limitações teóricas: detectar design na natureza.
As lacunas na TGE são graves defeitos porque as evidências a contrariam no seu nível de suficiência epistêmica fundamental. Darwin, mais científico do que alguns de seus atuais seguidores, admitiu: elas derrubariam sua teoria! Senhores, sejam academicamente honestos pelo menos nisso!
Uma leitura de artigos contra a TDI demonstra: devemos dizer quem é o ‘designer’ que falseia a teoria da seleção natural.
O conteúdo ideológico dos textos no site http://www.apologetics.org é de responsabilidade de Thomas Woodward, professor na Faculdade Trinity da Flórida. Já traduzi vários textos científicos e livros, sendo ‘A Janela de Euclides’, de Leonard Mlodinow, São Paulo: Geração Editorial, 2004, minha última tradução. Mlodinow é judeu agnóstico...
Quanto aos meus sentimentos religiosos reafirmo que sigo estritamente a Darwin: ... [é] assunto que a ninguém possa interessar senão a mim mesmo’ [DARWIN 1994, p. 23].
O Discovery Institute nunca negou a autenticidade do documento ‘The Wedge’ criminosamente hackerizado/subtraído em 2000. O site do DI não é criacionista.
A ‘conspiração’ para implantar uma teocracia nos EUA é ilação rídicula dos ultradarwinistas. Conspiradores são mais cuidadosos na execução de suas atividades. Darwin, Marx e Freud têm muito em comum: tentaram e falharam fragorosamente em explicar a realidade biótica, os fenômenos econômicos e o ser humano. Nada mais justo do que jogá-los na lata do lixo da história da ciência!
A origem e influência epistêmicas da TDI remonta à publicação do ‘The Mystery of Life’s Origin: Reassessing Current Theories’, Thaxton, Bradley e Olsen. Nova York: Philosophical Library, 1984; e ‘Evolution: A Theory in Crisis’, Denton. Bethesda, MD: Adler and Adler, 1986.
As duas fases da ‘Wedge’ não falharam. Prova disso? Há vários livros lidando com a TDI. É ‘lenda urbana’ e ‘ícone de ultradarwinistas’ (2000) porque Phillip Johnson usava publicamente o termo desde 1997.
O artigo de Mark Hartwig informou como a Superinteressante tinha abordado a TDI no Brasil. Não enviamos relatórios a ninguém. Somos grupo nativo e independente: Tupi or not Tupi, that’s the question. Fui ateu marxista-leninista e quase guerrilheiro em Cuba, não conspiraria agora de forma tão amadora, grotesca e infantil.