O debate sobre as origens biológicas é dialética controversa desde quando Darwin publicou ‘Origem das Espécies’ em 1859. A controvérsia é o ‘design’.
A aparência de design nos organismos (exibida na sua complexidade funcional) é resultado de forças naturais agindo sem previsão ou teleologia? Ou significa previsão e teleologia genuínas e, se assim for, aquele design seria empiricamente detectável e aberto à investigação científica?
Em resposta a essas perguntas surgiram quatro proposições importantes: Darwinismo, Auto-organização, Evolução teísta e o Design Inteligente.
Há muito tentam abortar a discussão acadêmica da TDI no Brasil. O documento ‘The Wedge Strategy’ (1999), ‘ícone’ onipresente da apologética ultradarwinista na internet, é mais uma ‘lenda intelectual urbana’.
Imputar ao DI ‘perigosa conspiração’ contra a ciência é falso, ingênuo contorcionismo hermenêutico e ‘síndrome da tese conspiratória’, pois Phillip Johnson já usava o termo desde 1991.
Somos a favor da ciência, mas entendemos que a Weltanschauung do materialismo científico é falsa. Suas teorias (Darwinismo, Freudianismo e Marxismo) são demonstravelmente falsas e tiveram conseqüências culturais deletérias e devastadoras à humanidade.
Vide resposta do Discovery Institute -- ‘The Wedge Document: So What?’ [em PDF]: http://www.discovery.org/scripts/viewDB/filesDB-download.php?id=109A tese de complexidade irredutível de Behe não é proposição criacionista, é tese contenciosa do seu ‘desencantamento’ como cientista com a onipotência heurística da teoria da evolução e resposta ao desafio de Darwin: ‘Se pudesse ser demonstrada a existência de qualquer órgão complexo que não poderia ter sido formado por numerosas, sucessivas e ligeiras modificações, minha teoria desmoronaria por completo’. (Darwin, citado in Behe 1997, p. 47).
A TDI não é criacionismo pois não tem fundamentação epistêmica em textos sagrados, mas nas evidências encontradas na natureza: sistemas biológicos complexos.
Assim, é improcedente afirmar que o DI é nome sofisticado aliado a grupos religiosos procurando ganhar foros de cientificidade para o criacionismo.
A TDI, diferente da tese do ‘relojoeiro de Paley’, é minimalista e estritamente agnóstica em relação à identidade do designer. Essa limitação teórica é característica tão-somente de teorias científicas.
No seu livro Agents Under Fire: Materialism and the Rationality of Science, (Lanham, MD: Rowman & Littlefield Publishers, Inc., 2004, p. 17) Angus Menuge diz ser preciso destacar que algumas referências ao ‘design’ na literatura do DI, ‘não são relativas ao design como causa (detectável ou não), mas design como efeito empiricamente detectável’.
Há razão para esses sentidos serem cuidadosamente distinguidos. Como efeito detectável, o design é muito mais restringido do que o sentido ontológico (causa).Assim, como conceito empírico-epistêmico, o design deve ser restringido àqueles casos onde o acaso e a lei [natural] podem ser excluídos com segurança.
Como efeito empírico, o design pode ser identificado com a manifestação de um certo tipo de informação, a informação complexa especificada (ICE), a idéia por trás do filtro explanatório proposto por William Dembski (‘The Design Inference’, Cambridge: Cambridge University Press, 1998).
A propósito, nossos melhores centros de lógica de universidades públicas e privadas ainda não lidaram com a tese da ICE de Dembski (segundo e-mail de professor, chefe de departamento de Lógica de renomada universidade pública, identidade preservada por razões óbvias).Por quê? Falta de interesse ou de capacidade acadêmica tupiniquim? Ou patrulhamento ideológico impedindo pesquisas sobre o DI?
Somos contra o ensino do ‘criacionismo’ nas escolas públicas, mas a favor de que ‘a controvérsia’ sobre a insuficiência epistêmica das atuais teorias da origem e evolução da vida debatida intramuros seja ensinada:
(A) Questões de Padrão, [diz respeito à grande escala geométrica da história biológica: Como os organismos são interrelacionados, e como que nós sabemos isso?
(B) Questões de Processo, [diz respeito aos mecanismos de evolução, e os vários problemas em aberto naquela área], e
(C) Questões sobre a questão central: a origem e a natureza da complexidade biológica [a ‘complexidade biológica’ diz respeito à origem daquilo que faz com que os organismos sejam claramente o que são: complexidade especificada da informação biológica] sejam ensinadas em salas de aulas.
Consideramos extremamente grave os alunos não receberem verdadeira educação quando o acesso às informações dessa controvérsia intramuros lhes é peremptoriamente negada pelo establishment científico. Ex.: ‘Como a hipótese de Darwin da descendência com modificação pode ser confirmada ou falseada?’
O darwinismo não é atacado somente por criacionistas. Darwin sofre objeções de cientistas desde 1859. Usamos evidências empíricas para demonstrar a falência epistêmica do neodarwinismo.Polarizar a questão como ciência versus religião é tática antiga e sutil de darwinistas fundamentalistas para blindar a teoria de quaisquer críticas e desviar o questionamento de sua insuficiência.
A crítica da TDI à TE não se dá no contexto polarizado Religião vs. Ciência. Temos agnósticos (David Berlinski, matemático, judeu secular e ‘bon vivant’) e teístas (filosóficos e ‘crentes’). Um ‘ateu’ que perceba a validade científica da TDI será muito bem-vindo.
A existência de ‘importantes lacunas de teorias científicas’, i.e., as evidências não apóiam a teoria, implica em duas coisas epistemologicamente fundamentais na visão kuhniana: revisão ou descarte da teoria.Na prática do dia-a-dia, ‘evidências’ são violentadas e forçadas a se ajustar à teoria.
Ousamos afirmar - havendo conflito entre as evidências e a ‘crença’, ‘fé cega’ na metafísica darwiniana, os cientistas, fortemente influenciados pelo materialismo filosófico, tenderão a aderir a essas ‘crenças’, mesmo que isso signifique violência à razão e à verdade científica.
Os críticos não podem adotar a ‘síndrome da avestruz’ tentando desconhecer, mas é fascinante e animador ver mudança radical no tom de novos trabalhos científicos. Evolucionistas muito mais capacitados estão lidando com essas ‘importantes lacunas’ no darwinismo.
O livro ‘Origination of Organismal Form’, de Gerd Muller e Stuart Newman, MIT Press - Bradford Books, 2003, compilação de 17 artigos por vários cientistas (nenhum deles simpatizantes da TDI) que estão lutando por encontrar respostas a um bom número de questões críticas à evolução darwinista.
Ao relacionar essas questões, os editores destacam: ‘A natureza dos determinantes e das regras para a organização de elementos de design (sic) se constitui um dos maiores problemas não resolvidos na explicação científica da forma do organismo’.Assim como o darwinismo não tem vínculos com o ‘ateísmo’ [Dawkins, Dennett et al.], é improcedente afirmar que a TDI tenha ‘importantes vínculos’ com o criacionismo.
Ela se sustenta ou perece pelos seus próprios méritos epistêmicos. A questão é ‘Como trazê-la para o debate quando seus oponentes sequer conseguem discuti-la objetivamente?’
A TDI se diferencia do criacionismo científico [CC] pelas seguintes proposições:
CC 1: Houve uma súbita criação do universo, da energia e da vida ex-nihilo.
CC 2: As mutações e a seleção natural são insuficientes para realizar o desenvolvimento de todos os tipos de vida a partir de um único organismo.
CC 3: Mudanças dos tipos de animais e plantas originalmente criados ocorrem somente dentro de limites fixados.
CC 4: Há uma linhagem ancestral separada para humanos e primatas.
CC 5: A geologia pode ser explicada pelo catastrofismo, principalmente pela ocorrência de um dilúvio mundial.
CC 6: A Terra e os tipos de vida são relativamente recentes (na ordem de milhares ou dezenas de milhares de anos).
A TDI oferece as seguintes proposições científicas:
DI 1: A complexidade especificada [CE] e a complexidade irredutível [CI] são indicadores ou marcas seguras de design.
DI 2: Os sistemas biológicos exibem CE e empregam subsistemas de CI.
DI 3: Os mecanismos naturalistas ou causas não-dirigidas não são suficientes para explicar a origem da CE ou CI.
DI 4: Por isso, o design inteligente é a melhor explicação para a origem da CE e da CI em sistemas biológicos.
Os críticos geralmente impõem condição epistemológica sine qua non e in extremis para a TDI ser levada a sério, cientifica e filosoficamente: deve dizer quem é o projetista que falseia a teoria da seleção natural. Tal crivo epistemológico seria aplicado em ciência normal?Físicos, digam com todas as letras o nome do processo que transcende a toda realidade das leis da física antes da singularidade (número de Planck)! Biólogos, digam com todas as letras o(s) nome(s) do(s) processo(s) da origem da vida e evolução das espécies!
A TDI, sendo uma teoria científica, não pode se ocupar da identidade do designer (causa), mas apenas do design (ontologia) ser empiricamente detectado na natureza. Somos estritamente agnósticos quanto a identidade do designer.
Os críticos desconhecem as etapas da suficiência epistêmica do DI como teoria científica:
Observação -- As maneiras dos agentes inteligentes agirem podem ser observadas e descritas no mundo natural. Quando eles agem, observa-se a produção de ‘informação complexa especificada’ (ICE). A ICE é um cenário improvável de acontecer (tornando-a complexa), e se conforma a um padrão (tornando-a especificada). A linguagem e as máquinas são bons exemplos de coisas contendo muita ICE. Da nossa compreensão do mundo, altos níveis de ICE sempre são produtos de design inteligente.
Hipótese -- Se um objeto no mundo natural tem características de design intencional, nós devemos ser capazes de examiná-lo e achar os mesmos altos níveis de ICE no mundo natural que achamos em objetos planejados por humanos.
Experimentos -- Nós podemos examinar estruturas biológicas, testando-as para ver se existe alto índice de ICE. Quando consideramos objetos naturais em biologia, nós descobrimos muitas estruturas tipo máquinas que são especificadas, porque elas têm uma disposição particular das partes necessária para o funcionamento delas, e complexa porque elas têm uma disposição improvável de muitas partes interagindo entre si.
Essas máquinas biológicas são ‘irredutivelmente complexas’, pois qualquer mudança na natureza ou disposição dessas partes destruiria a sua função.As estruturas de CI não podem ser construídas por meio de uma teoria alternativa, como a evolução darwinista, porque a evolução darwinista exige que uma estrutura biológica seja funcional em cada pequena etapa de sua evolução. A ‘engenharia reversa’ dessas estruturas mostra que elas deixam de funcionar se forem levemente alteradas.
Conclusão -- Por exibirem altos níveis de ICE, uma qualidade conhecida como unicamente produzida por design inteligente, e porque não há nenhum outro mecanismo conhecido para explicar a origem dessas estruturas biológica ‘irredutivelmente complexas’, nós concluímos que essas estruturas biológicas se originaram através de processo(s) exclusivo(s) de design inteligente.
O desafio da complexidade irredutível à evolução darwinista é real, e afirmar que as idéias de Behe foram refutadas é falso. Na literatura especializada ninguém refutou a tese de Behe.
James Shapiro, renomado biólogo molecular evolucionista, da University of Chicago, disse: ‘Não há explicações darwinistas detalhadas para a evolução de qualquer sistema bioquímico ou celular fundamentais, somente uma variação de especulações de que isso fosse realidade. É notável que o darwinismo é aceito como uma explicação satisfatória de tal vasto assunto -- evolução -- com tão pouco exame rigoroso de quão corretamente funcionam suas teses em iluminar instâncias específicas de adaptação ou diversidade biológicas’ [in ‘Genome System Architecture and Natural Genetic Engineering in Evolution’, Annals of the New York Academy of Sciences 870 (18 May 1999): 23-35
As críticas ao DI e ao livro de Behe foram postadas em sites ‘ultradarwinistas’ na internet. Essa posição ideologizada desqualifica esses críticos chifrins [desde quando o site http://www.csicop.org é referência acadêmica?] para a qualidade de debate.Behe respondeu satisfatoriamente a todos os seus críticos. Vide 30 de suas réplicas [em inglês]: http://www.discovery.org/scripts/viewDB/index.php?command=submitSearchQuery&query=Michael%20J.%20Behe&orderBy=date&orderDir=DESC&searchBy=author&searchType=all
Os livros críticos do DI sinalizam que a TDI já chegou à mesa do debate acadêmico. Incompreensível é não mencionar os livros por teóricos da TDI ali discutidos.Os sites e livros mencionando estreita união entre criacionistas e DI são de críticos ultradarwinistas [ateus] fortemente influenciados pelo materialismo filosófico.
Robert Chambers, historiador de ciência, University of Michigan, não simpático à TDI, diz que essa identificação é uma tentativa espúria para descaracterizar a importância científica da TDI.
Essa arrogância hiperbólica, como bem destacou Steve Fuller, representa um mal maior encontrado hoje na Academia: ‘A visão de Popper de que uma pessoa não cientista pode criticar a ciência por falhar em ser fiel aos seus próprios padrões publicamente reconhecidos é raramente encontrada hoje dentro da Academia. Para os que herdaram a crença de Kuhn da Guerra Fria de que a ciência normal é um baluarte num mundo volátil, vem sem nenhuma surpresa, que os filósofos hoje iriam criticar mais cedo os criacionistas por violarem as censuras evolutivas do que os evolucionistas por violarem mais as normas científicas gerais -- uma atividade pela qual Popper foi notório’, in ‘Kuhn vs Popper: The Struggle for the Soul of Science’, (2004), p. 3-4.
Darwin adoraria este debate: ‘Uma conclusão satisfatória só poderá ser alcançada através do exame e confronto dos fatos e argumentos em prol deste [TE] ou daquele ponto de vista [TDI]...’ (1994:36).
Pequeno Index Librorum Prohibitorum da Nomenklatura darwinista:
DENTON, Michael. ‘Evolution: A Theory in Crisis’. Bethesda, MD: Adler & Adler, 1996.
DEMBSKI, William, editor. ‘Uncommon Dissent - Intellectuals Who Find Darwinism Unconvincing’. Wilmington, Del.: ISI Books, 2004. DEMBSKI, William e RUSE, Michael (evolucionista de renome), editores. ‘Debating Design: From Darwin to DNA’. Nova York: Cambridge University Press, 2004.
FULLER, Steve. ‘Kuhn vs Popper: The Struggle for the Soul of Science’. Nova York: Columbia University Press, 2004.
SPETNER, Lee. ‘Not by Chance: Shattering the Modern Theory of Evolution’. Nova York: The Judaica Press, 1998.
SWIFT, David. Evolution Under the Microscope: A Scientific Critique of the Theory of Evolution. Londres: Leighton Academic Press, 2002.