Cientistas evolucionistas de renome como Stephen Jay Gould e Lynn Margulis há muito tempo anunciaram que o neodarwinismo está morto. A insuficiência epistêmica desta teoria científica é tão gritante que William Provine, professor da Universidade Cornell, no último congresso sobre evolução nas Ilhas Galápagos em 2005, foi mais contundente: “Nós precisamos de outra teoria da evolução”.
Parece que Provine já foi atendido no seu clamor, pois a mais nova teoria da evolução – A Teoria da Origem Súbita (argh! parece o retorno do fantasma de Stephen Jay Gould com a sua Teoria do Equilíbrio Pontuado...) do professor Jeffrey Schwartz, foi recebida com algum apoio conforme nota à imprensa da Universidade de Pittsburgh.
Contudo, uma leitura detalhada da teoria de Schwartz revela que ele está construindo a nova teoria sobre as ruínas antigas do darwinismo clássico e nas areias movediças do recém-falecido neodarwinismo (mas o que significa um quarto de século em tempo geológico? Nada, não é mesmo?).
Para apoiar sua teoria, Schwartz eliminou as seguintes proposições fundamentais da teoria da evolução padrão:
• Fósseis: Os elos perdidos que Darwin esperava encontrar “não foram encontrados porque eles não existem” afirma Schwartz. A teoria gradualista “atenua as lacunas no registro fóssil”, ele acusa.
• Gradualismo: A mudança gradual não ocorre: “a evolução não é necessariamente gradual mas freqüentemente expressões súbita e dramáticas de mudança”.
• Resistência à mudança: “Por que as células não mudam sutil e constantemente em pequenas maneiras ao longo do tempo como Darwin sugere? Os biólogos celulares sabem a resposta: As células não gostam de mudar e não mudam tão facilmente”.
• Controle de qualidade: “As células nos seus estados comuns têm conjuntos de moléculas – vários tipos de proteínas – cujas tarefas são eliminar erros que possam ser introduzidos e desestabilizem o funcionamento de suas células. Por exemplo, algumas proteínas trabalham para manter a membrana da célula intacta. Outras proteínas funcionam como acompanhantes (chaperones), trazendo as moléculas para as suas próprias localidades na célula, e assim por diante. Em resumo, com aquele tipo de proteção de mudança, é muito difícil para as mutações, de quaisquer tipos, firmarem-se”.
• Improbabilidade: As mutações “podem ser significantes e benéficas (como os dentes ou membros) ou, mais provavelmente, matarem o organismo”.
• Desequilíbrio: “Esta revelação tem enormes implicações para a noção de que os organismos rotineiramente mudam para se adaptar ao ambiente. Na verdade, argumenta Schwartz, é o ambiente que os derruba de seu equilíbrio e bem provavelmente os mata ao mudá-los. E assim, eles estão sendo embalados pelo ambiente, e não adaptando-se a ele”.
Todavia, apesar das declarações contundentes de Schwartz, a sua Teoria da Origem Súbita nada mais é do que a teoria da evolução padrão vestida em nova roupagem, mas ainda tão fiel ao processo cego, aleatório e não guiado do neodarwinismo. A única diferença é que Schwzrtz colocou ênfase no ambiente como sendo o responsável pela mudança adaptiva.
Qual teoria da evolução está orientando hoje as pesquisas em biologia evolutiva? Nihil!, mas a natureza do paradigma odeia operar no vácuo, não é mesmo? A noção de que não podemos mudar o paradigma enquanto uma nova teoria científica não surgir parece mais ser conversa pra boi dormir ou tática de blindagem que os que praticam ciência normal usam para intimidar os hereges dissidentes defensores de novas teorias.
Popper, Kuhn e Feyerabend, nós precisamos de vocês para o retorno à sanidade epistemológica.