No dia 4 de março de 2007, Marcos Flamínio Peres, editor do caderno Mais! da Folha de São Paulo brindou seus leitores com a entrevista “Um personagem em cena” [p. 6] com Steve Fuller, sociólogo britânico. Fuller defende uma idéia hoje perigosa na Academia: que os pensadores devem “promover idéias”.
Sou suspeito no que escrevo novamente neste blog, pois o Steve e eu trocamos e-mails. Ele já tinha me alertado, e eu já tinha blogado sobre o seu novo livro. Trago aqui alguém com mais peso acadêmico para escrever sobre o livro deste pensador − outro pensador que “promove idéias polêmicas e controversas”, mas que é alijado pela Nomenklatura científica por “promover idéias” perigosas: William Dembski, um dos teóricos e proponentes da Teoria do Design Inteligente. Dembski postou seu pequeno texto “O livro Dissensão sobre a descendência de Steve Fuller” no blog Uncommon Descent, de 16/04/2007:
O tema de descendência e dissensão, que tem sido um tema neste blog e no meu livro UNCOMMON DISSENT: INTELLECTUALS WHO FIND DARWINISM UNCONVINCING [Dissensão Incomum: Intelectuais que acham o darwinismo não convincente], foi escolhido por Steve Fuller no seu novo livro DISSENT OVER DESCENT: EVOLUTION’S 500-YEAR WAR ON INTELLIGENT DESIGN [Dissensão sobre a descendência: a guerra de 500 anos da evolução contra o design inteligente].
Descrição do livro pela AMAZON.UK:
“Se você pensa que a Teoria do Design Inteligente [TDI] é meramente a face respeitável do fundamentalismo cristão, e a evolução a única cosmovisão científica sensível, pense novamente...
A TDI impulsionou a ciência por 500 anos. Ela foi responsável pela Revolução Científica do século 17, e ajudou a construir as histórias modernas da física, matemática, genética, e a ciência social. Os proponentes da TDI tomam ao pé da letra a idéia bíblica de que os humanos foram criados na imagem de Deus. Esta visão confiante, e até arrogante da humanidade capacitou o Ocidente triunfar na era moderna.
A evolução, por outro lado, deriva de idéias mais antigas, até pagãs, sobre o nosso enraizamento na natureza e a transitoriedade de todas as formas de vida. Ela tem sido sempre mais popular fora do Ocidente, e até Darwin alguns evolucionistas eram cientistas. O que aconteceu para reverter estas sortes dos dois movimentos? A história revisionista brilhante de Steve Fuller é leitura essencial para quem quer ter uma compreensão profunda do debate mais vociferante da ciência.”
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NOTA DO BLOGGER: O resenhista da Amazon.UK erra feio ao afirmar que os proponentes da TDI “tomam ao pé da letra a idéia bíblica de que os humanos foram criados na imagem de Deus.” A nossa teoria científica, ao contrário do darwinismo que se propõe a explicar tudo, é minimalista. Nós somente afirmamos que certos eventos no universo e nas coisas bióticas são melhor explicados por causas inteligente, e que esses sinais de inteligência são empiricamente detectados na natureza.
Alô, Marcos Flamínio Peres, seria bom a FSP entrevistar novamente o Steve Fuller. Ou dar destaque ao novo livro dele. O homem, como pensador, está “promovendo idéias”, e elas precisam ser debatidas tanto na academia e na mídia. Marcos, eu sei que não vai ser fácil para você esta parada, pois o “fundamentalismo secularista”, versão chique e cheirosa do Iluminismo pós-modernista domina a Weltanschauung desenhada e articulada pela Nomenklatura científica, domina a Grande Mídia, não admite o contraditório, e calam maquiavelicamente aos seus oponentes: “Não damos espaço!”
A História da Ciência não me deixa mentir − foram as “idéias perigosas” que permitiram o avanço da ciência...