Afinal de contas o que disse B-16 sobre criação, design inteligente e design não-inteligente???

sábado, abril 14, 2007

E eles pensaram que eu não iria comentar sobre esse tititi do B-16?

Aqui neste blog eu fiz uma solene promessa a Darwin: todas as vezes que alguém conclamasse os de concepções religiosas a defenderem a diluição da sua teoria geral da evolução, eu protestaria contra esse desvio epistêmico da ortodoxia. Afinal de contas, Darwin disse que se precisasse de “ajuda externa” a sua teoria seria “bullshit” [titica de galinha].

Uma pergunta impertinente ― como Darwin, B-16 falou “ex-cathedra” ou falou como qualquer um de nós? Ao que tudo indica B-16 não falou “ex-cathedra” como Darwin e, ao contrário das ilações feitas e trombeteadas ardilosa e falsamente na Grande Mídia internacional e tupiniquim, ele não se posicionou contra o design inteligente.

Vamos ouvir outra versão do que disse B-16 sobre criação, design inteligente e design não-inteligente:

O papa coloca sua fé no livro de Gênesis, e não em Darwin
Richard Owen em Roma
The Times, 13 de abril de 2007


O seu antecessor pareceu, na balança, a favor dos cientistas. Mas o papa atual pode ter colocado o dedo na balança pendendo para o outro lado no argumento sobre qual seja a versão mais verdadeira da Criação: Origem das Espécies [de Darwin] ou o Livro de Gênesis.

O papa Bento XVI entrou no debate sobre o darwinismo com declarações que serão vistas como um endosso do “design inteligente”.



O papa não apoiou explicitamente o design inteligente ou o criacionismo. Ele louvou o progresso científico, mas disse que a teoria da evolução darwiniana não era “finalmente provável” por que “nós não podemos transportar 10.000 gerações para o laboratório.”

O design inteligente (DI) argumenta que as formas de vida são complexas demais para terem evoluído aleatoriamente, e devem ter sido criadas por uma força superior. Os cientistas denunciam esse argumento como uma forma levemente disfarçada de criacionismo, a opinião de que Deus criou o mundo literalmente conforme descrito no Livro de Gênesis. As cortes americanas julgaram que nenhum dos dois deve ser ensinado nas aulas de ciência porque isso violaria a separação da Igreja e Estado.

Muitos dos que apóiam o design inteligente vão tirar encorajamento das declarações do papa.

As declarações do papa foram feitas num livro publicado na Alemanha, Criação e Evolução, um sumário da discussão sobre o darwinismo que o pontífice realizou no verão passado em Castelgandolfo, o retiro papal. Ele deixa clara a sua crença de que há espaço para uma declaração além dos limites científicos quando se discute as origens da vida e do universo.

No verão passado o padre George Coyne, o principal astrônomo do Vaticano, foi removido depois de ter desancado o design inteligente dizendo que não era ciência. O padre Coyne, um jesuíta americano e diretor do Observatório do Vaticano por quase 30 anos disse que colocar o design inteligente ao lado da evolução era “como misturar maçãs com laranjas”. Ele instou o papa a suspender o juízo [sobre o DI], dizendo que ele “não tem a menor idéia do que o design inteligente significa nos Estados Unidos.”

Em novembro de 2006, o papa sugeriu que o “cosmos” era um “projeto inteligente” e criticou aqueles que disseram que a criação era sem direção ou ordem.

Na sua última intervenção, o papa parece se desassociar das declarações feitas em 1996 por João Paulo II que disse que embora a criação fosse a obra de Deus, a evolução era “mais do que uma hipótese.”

“O meu antecessor tinha suas razões para dizer isso”, disse o papa. “Mas também é verdade que a teoria da evolução não é uma teoria científica completa e cientificamente comprovada.”

No dia de sua instalação como papa, ele salientou: “Nós não somos algum produto da evolução casual e sem sentido. Cada um de nós é o resultado de um pensamento de Deus.”



Dois anos atrás o Arcebispo de Viena, o Cardeal Christoph Schönborn, também pareceu apoiar o design inteligente. Ele não considerou as opiniões de João Paulo II sobre o darwinismo como “vagas e não importantes.”

O papa disse que a evolução levantou questões que a ciência sozinha não pode responder. Ele avançou a idéia de que Deus criou a vida através da evolução, com a criação em Gênesis como uma alegoria. Mas ele rejeitou a teoria do “Deus das lacunas” que argumenta que tudo aquilo que a ciência não pode explicar deve ser devido à intervenção divina.

A vida, o universo e tudo

“Não há conflito entre a evolução e a doutrina da fé concernente ao homem e a sua vocação, desde que nós não percamos de vista certos pontos fixos. A fim de demarcar os limites de seus próprios campos, os teólogos e aqueles trabalhando na exegese da Escritura precisam estar bem-informados sobre os resultados das pesquisas científicas mais recentes.”

— João Paulo II, 1996


“A questão não é de ou fazer uma decisão a favor do criacionismo que exclui a ciência, ou a favor de uma teoria evolutiva que cobre as suas próprias lacunas e não quer as questões que vão além das possibilidades metodológicas da ciência natural. A teoria da evolução implica em questões que precisam ser dadas para a filosofia, e que elas mesmas conduzem além dos domínios da ciência.”

— Bento XVI, 2007


FONTE:

[1] Pope puts his faith in the Book of Genesis, not Darwin. Richard Owen em Roma
The Times, 13 de abril de 2007.


+++++

A Folha de São Paulo disse:

Papa afirma que a ciência não basta para explicar a origem da vida

Folha de S. Paulo - 13/4/2007 - por Ian Fisher

A ciência não consegue explicar plenamente o mistério da criação, afirmou o papa Bento 16 em comentários sobre a evolução publicados num livro na quarta-feira. Mas o papa não rejeitou a teoria da evolução nem tampouco endossou qualquer hipótese alternativa quanto às origens da vida. "Eu não dependeria exclusivamente da fé para explicar o quadro inteiro", disse Bento 16, ex-professor de teologia, a seus antigos alunos num seminário realizado perto de Roma, de acordo com um relato do livro Criação e evolução feito pela agência Reuters. Embora tenha sido divulgado pouco do conteúdo do seminário, realizado em setembro, o evento foi alvo de muito interesse devido às pistas dadas sobre as opiniões do papa em relação à evolução.

Leia mais aqui.

COMENTÁRIO DESTE BLOGGER:

Lendo nas entrelinhas, e nas implicações do que um endosso de um líder espiritual representaria à teoria geral da evolução, os darwinistas ortodoxos têm ataques apopléticos. Mas o que Darwin rejeitava como “titica de galinha”, e Huxley rejeitava rabiosamente, os discípulos pós-modernos de Darwin, para apaziguar as consciências dos fiéis, e manterem seu status de “detentores e únicos intérpretes da verdade”, querem uma “acomodação epistêmica” na teoria como se isso fosse cientificamente suficiente no contexto da justificação. Não é, e pior de tudo, eles sabem disso. E ficaram todos convenientemente mudos diante das assertivas do atual papa: nem a favor nem contra, muito pelo contrário.

Darwin, você pode contar comigo que eu vou manter esta turma de traidores nas suas fileiras dentro dos limites do acaso, necessidade, causas naturais, mais mutações filtradas pela seleção natural ao longo de bilhões de anos: fora disso é “titica de galinha”, e eles precisam ter a honestidade acadêmica de dizerem isso para os de concepções religiosas.

Deverá ser muito interessante as declarações deste papa em 2009 por ocasião dos 150 anos de publicação do Origem das Espécies de Darwin. Quem viver verá.

Fui, feliz da vida, rindo da cara deles que estão numa situação epistemológica Catch-22: se correr o bicho pega, se ficar o bicho, oops o Design Inteligente come!