Os teóricos e os proponentes da Teoria do Design Inteligente somos conhecidos pelo mote: seguir as evidências aonde elas forem dar. Só que isso não é privilégio somente nosso, mas de toda comunidade científica: são as evidências que corroboram ou não uma teoria científica.
Desde 1996 quando Michael Behe publicou o seu livro “A Caixa Preta de Darwin”, Rio de Janeiro, Zahar, 1997, apresentando à comunidade científica o seu conceito de complexidade irredutível de sistemas biológicos [ex.: o flagelo bacteriano] como sendo um evento biótico que o gradualismo evolutivo darwiniano não explica. Desde então a Nomenklatura científica vem tentando, em vão, falsificar a teoria de Behe.
Slide cortesia de http://www.arn.org
Exemplo mais recente e, durma-se com um barulho desses, uma pesquisa publicada no PNAS alegando a falsificação do flagelo bacteriano por processos gradualistas darwinianos! Como era de se esperar, a reação foi imediata − de darwinistas a teóricos e proponentes do Design Inteligente.
Você viu isso em nossa Grande Mídia? Não? Então vai ficar sabendo por aqui. Afinal de contas, este blog já é referência de temas polêmicos. 10 entre 10 darwinistas, e diversos professores, pesquisadores e alunos das universidades públicas e privadas ‘baixam’ aqui. Obrigado pela audiência!
Eis algumas dessas reações:
Semelhanças seqüenciais no flagelo bacteriano: o que elas significam?
por David Tyler – 19/04/2007
O status icônico do flagelo bacteriano como uma estrutura complexa irredutível estimulou o interesse entre os biólogos evolucionistas e uma literatura extensiva. A mais recente é de Liu e Ochman afirmando que são somente o flagelo bacteriano se originou gradualmente de precursores simples, mas também que “um único gene que passou por duplicações sucessivas e subseqüente diversificação durante a evolução primeva da Bactéria.”
A ScienceNow tem um relato sobre este artigo, com citações tiradas da comunidade científica:
“A complexidade é construída da simplicidade, e este é um argumento bem documentado de como que isso aconteceu” e “Ao testarem a hipótese de ancestral comum em muitas espécies diferentes, os pesquisadores mostram claramente que esses genes derivaram uns dos outros através da duplicação de gene.”
A principal afirmação dos autores é de terem traçado a história de uma série de genes de flagelos essenciais.
“Os nossos resultados mostram que o flagelo se originou muito cedo, antes da diversificação do filo bacteriano contemporâneo, e evoluiu de modo gradual através de uma série de duplicação de gene, e eventos de perda e transferência.”
Eles adotaram uma metodologia baseada no seqüenciamento de gene:
"Comparações das seqüências completas do genoma das bactérias flageladas revelaram que o flagelo é baseado numa série ancestral de 24 genes fundamentais para os quais os homólogos estão presentes nos genomas de todo o filo bacteriano. A descoberta mais surpreendete de nossa análise é que esses genes fundamentais se originaram uns dos outros através de uma série de duplicações, uma inferência baseada no fato de que eles ainda retêm seqüência significante de homologia."
Então, os cientistas do Design Inteligente entenderam errado? O primeiro ponto a ser feito é que o problema de formar o flagelo não foi abordado de jeito nenhum neste artigo!l! Não há nenhum envolvimento com o desafio da complexidade irredutível. Em vez disso, o artigo compara simplesmente as seqüências das proteínas, procurando semelhanças e diferenças na ordem dos aminoácidos.
A análise está interessada com os dados seqüenciais, e a interpretação depende da estrutura conceitual adotada pelos pesquisadores. Neste caso, a estrutura conceitual é o darwinismo. Os pesquisadores assumiram que a semelhança de seqüência está relacionada com a ancestralidade, muito embora eles não possam mostrar que processos darwinianos produziram o flagelo usando a série de dados deles. Isto é um ponto metodológico básico, e os scholars do DI vêm destacando isso há pelo menos uma década. Conseqüentemente: “Darwinismo entrando − Darwinismo saindo’ resume as descobertas.
Há muitas outras críticas detalhadas que podem ser feitas. Felizmente, um bom começo foi feito aqui por Nick Matzke, que aludiu às “qualidades caninas” do artigo. Com isso ele quis dizer que “não há nada no artigo, mas considerá-lo extremamente inútil e declarar este artigo um desapontamento.” Sobre a afirmação de que todas as proteínas do flagelo vieram de um gene, Matzke escreveu: “Francamente, é uma coisa espantosa dizer, e eu não posso entender como que o artigo foi publicado.” E também: “Não há como de jeito nenhum, que o flagelo evoluiu pela diversificação de um único gene.”
Todavia, Matzke passou por cima da principal falha metodológica na pesquisa, a que diz respeito a interpretação deles das seqüências de homologias em termos de descendência com modificação gradual.
Jennifer Cutraro escreveu que o artigo “não somente responde uma questão importante sobre a evolução de estruturas complexas, mas fornece também munição adicional para a oposição dos argumentos dos inimigos da evolução.”
Os cientistas do DI se opõem às “just-so stories” [estórias da carochinha] e à extrapolação não substanciada que freqüentemente são encontradas associadas com a biologia evolutiva. Ao ultrapassarem a marca tão sofrivelmente, talvez este novo artigo irá ajudar as pessoas compreenderem a importância dos paradigmas em ciência e por que questões críticas estão sendo continuamente desconsideradas.
Stepwise formation of the bacterial flagellar system
Renyi Liu and Howard Ochman
Proc. Natl. Acad. Sci. USA, 10.1073/pnas.0700266104, Published online before print April 16, 2007 [DOWNLOAD GRATUITO]
Abstract:
Elucidating the origins of complex biological structures has been one of the major challenges of evolutionary studies. The bacterial flagellum is a primary example of a complex apparatus whose origins and evolutionary history have proven difficult to reconstruct. The gene clusters encoding the components of the flagellum can include >50 genes, but these clusters vary greatly in their numbers and contents among bacterial phyla. To investigate how this diversity arose, we identified all homologs of all flagellar proteins encoded in the complete genome sequences of 41 flagellated species from 11 bacterial phyla. Based on the phylogenetic occurrence and histories of each of these proteins, we could distinguish an ancient core set of 24 structural genes that were present in the common ancestor to all Bacteria. Within a genome, many of these core genes show sequence similarity only to other flagellar core genes, indicating that they were derived from one another, and the relationships among these genes suggest the probable order in which the structural components of the bacterial flagellum arose. These results show that core components of the bacterial flagellum originated through the successive duplication and modification of a few, or perhaps even a single, precursor gene.
Vide também:
Cutraro, J., A Complex Tail, Simply Told, ScienceNOW Daily News, 17 April 2007
Matzke, N., Flagellum evolution paper exhibits canine qualities, Panda's Thumb, April 16, 2007
Behe, M. DARWINISM GONE WILD: Neither sequence similarity nor common descent address a claim of Intelligent Design, Evolution News & Views, 19 April 2007.
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Vide também o artigo de William Dembski All flagellar genes derive from a single gene, publicado em 20/04/2007.
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Nota deste blogger: Aqui e ali tenho denunciado o atual sistema de revisão por pares [peer-reviewing é mais chique] como sendo uma forma de guarda-cancelas para proteger a ortodoxia do paradigma vigente. Chamo os revisores de agentes da KGB da Nomenklatura científica. Este artigo aqui corrobora o que venho insolitamente afirmando.
Uma pergunta que não quer se calar: como é que o PNAS publica um artigo desses? O que há por trás de tudo disso? Interesses científicos ou ideológicos? Fico com o último.
Creio que a reputação do PNAS ficou manchada com este episódio! E nós do Design Inteligente vindicados por eles mesmos!