Agência FAPESP – Uma pesquisa liderada por brasileiros sobre a proteína príon celular (PrPC) é destaque na edição a ser publicada nesta semana da revista científica norte-americana Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).
Associada inicialmente a doenças neurodegenerativas (como a conhecida doença da vaca-louca), a PrPC tem sido apontada como participante importante em muitas outras funções fisiológicas, como na proteção dos neurônios contra a morte celular e na plasticidade dessas células, ao atuar na formação de neuritos (prolongamento dos neurônios).
Pesquisadores brasileiros descobrem mais uma função para o príon celular: induzir a síntese de proteínas. Estudo sairá na PNAS(ilust.: PDB)
A pesquisa apontou que a PrPC tem outro papel fundamental no organismo: o de induzir a síntese de proteínas. [NOTA DESTE BLOGGER: Induzir é uma ação de inteligência???] Isso ocorre quando ela se une a um de seus ligantes, a proteína STI1.“Essa síntese é um processo muito importante para a formação da memória e para o desenvolvimento do sistema nervoso”, disse Glaucia Noeli Maroso Hajj, pesquisadora do Instituto Ludwig de Pesquisa sobre o Câncer, em São Paulo, uma das autoras do artigo, à Agência FAPESP.
Outra descoberta foi que esse processo de indução na produção de proteínas fica comprometido em caso de doenças provocadas pela versão tóxica de PrPC.
“Nos casos em que os neurônios eram infectados com a versão infecciosa de PrPC não observamos o aumento na produção de proteínas”, disse Glaucia, que é a responsável pela pesquisa “O papel da proteína príon celular no controle da diferenciação e sobrevivência celular: controle da síntese de proteínas”, apoiada pela FAPESP por meio de um Auxílio à Pesquisa – Regular.
Os autores mostraram que as funções desempenhadas por PrPC, como a proteção dos neurônios contra a morte celular e o aumento da plasticidade neuronal dependem do aumento da síntese de proteína.
O efeito sobre a plasticidade é decorrente da necessidade que os neurônios têm de novas proteínas para construir os neuritos, segundo explicou a professora Vilma Regina Martins, também do Instituto Ludwig, outra autora do artigo, e que coordenou o Projeto Temático “Papel da proteína príon celular em processos fisiológicos e patológicos”, apoiado pela FAPESP e concluído em agosto de 2009.
Segundo Vilma, durante a pesquisa foram observados indícios de que o aumento na produção de proteínas ocorreria justamente nas extremidades dos neurônios. Embora ainda não se saiba quais sejam exatamente as proteínas sintetizadas no processo, esse trabalho pode ser considerado um importante avanço no conhecimento sobre as funções celulares de PrPC e do mecanismo das enfermidades causadas por sua forma anormal.
“Até então, conhecíamos algumas sinalizações iniciais que promoviam a sobrevivência do neurônio, mas não sabíamos como essas sinalizações eram encaminhadas”, afirmou.
Outro resultado importante do artigo foi demonstrar que PrPC e STI1 ativam a via de transdução de sinal de mTOR. A via de transdução de sinal é uma ativação sequencial de proteínas que entram em ação em cadeia. Como a mTOR está relacionada a alguns tipos de câncer, o seu inibidor, a rapamicina, está sendo testada em ensaios clínicos para diversos tipos de câncer.
O funcionamento da PrPC no câncer é um tema que a equipe de Glaucia pretende estudar. “Será que uma maior quantidade de PrPC em tumores indicaria uma melhor resposta à rapamicina? Essa é uma das perguntas que tentaremos responder”, disse.
Além das pesquisadoras do Ludwig, participaram da pesquisa Martin Roffé – que conta com Bolsa de Doutorado Direto FAPESP – e Beatriz Castilho, da Universidade Federal de São Paulo.
Avanço nas pesquisas
A participação da PrPC no desenvolvimento do sistema nervoso e em processos tumorais foi descrita em outros artigos publicados no International Journal of Cancer e no Journal of Comparative Neurology , publicados em 2009 e que tiveram a participação de Vilma, Glaucia e de outros pesquisadores do Instituto Ludwig.
Neste último artigo, os pesquisadores usaram um fibroblasto – célula do tecido conjuntivo – de um animal sem PrPC e o transformaram em célula tumoral. Os pesquisadores viram que sem a PrPC, era maior a atividade de integrina, uma proteína da superfície da célula, o que fazia o tumor ficar mais agressivo e demonstrando que a PrPC possui uma atividade regulatória capaz de influenciar a progressão tumoral.
O artigo Prion protein interaction with stress-inducible protein 1 enhances neuronal protein synthesis via mTOR(doi/10.1073/pnas.1000784107), de Glaucia Noeli Maroso Hajj e outros, poderá ser lido em breve por assinantes daPNAS em www.pnas.org.
+++++
NOTA IMPERTINENTE DESTE BLOGGER:
Procure localizar neste artigo sinais de teleologia (finalidade) utilizados. A teleologia faz parte do arcabouço teórico do Design Inteligente e não do Design Não Inteligente (também conhecido como Darwinismo).
+++++