Rato de 6 quilos é descoberto

terça-feira, julho 27, 2010


27/7/2010

Agência FAPESP – O peso está mais para o de um cão pequeno ou de um gato com sobrepeso. Seis quilos é realmente inusitado para um rato. Segundo os pesquisadores responsáveis pela descoberta, trata-se do maior rato de que se tem notícia.

Ken Aplin, do Commonwealth Scientific and Industrial Research Organisation, na Austrália, e Kris Helgen, do Smithsonian Institution, nos Estados Unidos, escavaram ossos de 13 roedores, 11 dos quais até então desconhecidos para a ciência, em um sítio arqueológico no Timor-Leste.

“O leste da Indonésia é um hot spot da evolução de roedores e exige maior atenção de esforços de conservação. Roedores respondem por cerca de 40% da diversidade de mamíferos no mundo e são elementos-chave dos ecossistemas, importantes para processos como manutenção dos solos e dispersão de sementes. Manter a biodiversidade entre ratos é tão importante como proteger aves ou baleias”, disse Aplin.



Ossos de roedor encontrados no Timor-Leste pertenceram ao maior rato de que se tem notícia, que viveu há menos de 2 mil anos (divulgação)

Análises feitas pelos pesquisadores indicaram que o rato de 6 quilos – do gênero Coryphomys – viveu até cerca de 1,5 mil anos atrás, no mesmo período que a maioria dos outros roedores descobertos.

Apenas uma das espécies dos ossos encontrados na escavação sobrevive até os dias de hoje. Os maiores ratos vivos na atualidade chegam a 2 quilos e vivem em florestas nas Filipinas e na Nova Guiné.

“A ilha do Timor é habitada há mais de 40 mil anos e as pessoas caçaram e se alimentaram de roedores durante esse período, mas as extinções não ocorreram até recentemente”, disse Aplin. O estudo foi publicado na edição de julho do Bulletin of the American Museum of Natural History.

“Achamos que as pessoas viveram sustentavelmente no Timor até cerca de 1 mil a 2 mil anos atrás. Isso indica que extinções não são inevitáveis quando pessoas chegam a uma ilha qualquer. A abertura de grandes áreas de floresta para a agricultura provavelmente causou as extinções e isso apenas foi possível após a invenção de ferramentas de metal”, disse.

Em cada uma das ilhas do leste da Indonésia, segundo o estudo, evoluiu um conjunto único de ratos. Aplin também encontrou seis novas espécies de ratos em uma caverna na ilha de Flores.

A ilha do Timor (que reúne Timor-Leste e Timor-Oeste) tem poucos mamíferos nativos, com morcegos e roedores fazendo a maioria das espécies. Boa parte do país atualmente é árida, em contraste com as florestas tropicais do passado.

The skull of a black rat (right) compared with a fairly complete skull of one of Timor's other extinct giant rats (left). The giant rat shown here isn't the biggest of the extinct rats, which was around 25 per cent bigger again. The black rat (Rattus rattus) is one of the world's most common rat species. It is also known as the house, roof or ship rat and is found throughout Africa, Asia, Australia, Europe and the Americas. A typical adult weighs about 150 grams. The skull of the black rat shown here is 35 mm long. (Credit: Ken Aplin, CSIRO)

Mas os cientistas acham que, ainda assim, há espaço para novas descobertas. “Embora menos de 15% da cobertura de floresta original do Timor permaneça, partes da ilha ainda contam com florestas densas. Quem sabe o que pode haver ali?”, disse Aplin.

O artigo Quaternary Murid Rodents of Timor Part I: New Material of Coryphomys buehleri Schaub, 1937, and Description of a Second Species of the Genus (doi: 10.1206/692.1), de Ken Aplin e Kris Helgen, pode ser lido em www.bioone.org/doi/full/10.1206/692.1

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Professores, pesquisadores e alunos de universidades públicas e privadas com acesso ao site CAPES/Periódicos podem ler gratuitamente este artigo do Bulletin of the American Museum of Natural History e de mais 22.440 publicações científicas.

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