Pai de Bill Gates contraria hipótese de Darwin de sobrevivência do mais apto: ensinou e praticou o altruísmo

domingo, julho 18, 2010












Pai de Bill Gates ensina lições de altruísmo em "Desperte Para a Vida"

da Livraria da Folha

Em vez de optar por uma existência só de luxos, o ex-advogado William H. Gates, pai do fundador da Microsoft Bill Gates, preferiu usar parte do dinheiro acumulado pela família para praticar a filantropia. Em "Desperte Para a Vida" (Best Seller, 2010), o autor relembra momentos importantes de suas vivências e divide com o leitor as lições que aprendeu ao se tornar especialista em ações humanitárias.

Entre outras revelações, o pai de um dos homens mais ricos do planeta fala sobre a educação de seus filhos. Ele conta que foi Bill Gates, apelidado carinhosamente de "Trey", quem o ensinou a importância da curiosidade e da paixão na busca pela realização profissional.

Bill Gates pai também descreve o que aprendeu ao conviver com líderes mundiais como os ex-presidentes Nelson Mandela (África do Sul) e Jimmy Carter (EUA), a quem dá o crédito de como percebeu o valor do voluntariado.

Por fim, o autor discute o valor do trabalho árduo e da generosidade, atitudes que pratica ao dirigir a Fundação Bill & Melinda Gates. A organização é responsável por sustentar projetos para a produção e distribuição de vacinas em países pobres, desenvolvimento de métodos contraceptivos, pesquisas para o tratamento da AIDS e programas de combate a fome, entre outras iniciativas.

Com "Desperte Para a Vida" , Bill Gates pai espera que suas experiências octogenárias possam inspirar pessoas a fazer a diferença e a se preocupar com o bem-estar dos seres humanos.

Leia trecho.
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Minha mãe era uma pessoa de mente aberta, que não tinha muitas ideias fixas sobre o que minha irmã e eu deveríamos ser quando crescêssemos.

Já meu pai, que era um tanto inseguro devido à falta de educação formal, confortava-se vivendo de acordo com uma série de axiomas indiscutíveis. Axiomas como, por exemplo, o da importância do trabalho árduo, faziam todo o sentido. Mas outros me permitiram ver, desde muito cedo, o mal involuntário que seu pensamento estreito às vezes causava.

Um desses axiomas era o de que "garotas não devem entrar para a faculdade", e essa crença foi uma influência muito restritiva na vida de minha irmã. Mark Twain abordou essa questão de maneira muito interessante ao dizer que "o sinal mais óbvio de inteligência é ter uma mente aberta".

Durante toda minha vida, eu me aproximei de pessoas que tinham uma mente mais aberta.
É claro que também houve outras influências, além da de meus pais. Uma delas foi um professor e técnico de basquete chamado Ken Wills, que convidava a mim e a meus amigos para ir à sua casa toda semana para uma sessão de debates. Ele tinha opiniões muito fortes sobre esportes, política e, principalmente, sobre religião. Ele simplesmente não acreditava nela, nem em Deus.

Embora as ideias dele fossem um tanto assustadoras, suas palestras incutiram em nossa mente a noção de que éramos livres para aceitar os diferentes pontos de vista das pessoas, em vez de simplesmente fazer as coisas como fomos ensinados.

Outra influência foi um professor de psicologia que tive em meu primeiro ano de faculdade, William Wilson. Ter aula com ele era uma experiência de revirar o estômago.

O que causava essa sensação era que a maioria de nossas premissas, opiniões e crenças mais fundamentais era submetida à análise e a uma dissecação crítica. Ele nos mandava sustentar nossas opiniões com os argumentos mais sólidos possíveis e, então, questionar nossas premissas listando argumentos lógicos que defendessem justamente o contrário.

Entre as lições que extraí dessas aulas, estava a de que o fato de algo estar escrito num jornal, numa revista, num livro (e, nos dias de hoje, num site da internet) não quer dizer que seja verdade. E pode haver mais de um ponto de vista válido sobre qualquer assunto - e provavelmente mais de dois.

Posso garantir, sem qualquer sombra de dúvida, que foi nas aulas do professor Wilson que me tornei um ser humano pensante.

Naquela época, acontecia a Segunda Guerra Mundial. No final de meu primeiro ano, eu seria chamado para me apresentar ao Exército e combater. Aprender a pensar com a própria cabeça foi uma lição importante para um jovem prestes a ir à guerra. E, em verdade, eu mal consigo pensar em alguma lição melhor para a vida inteira.

O que aprendi com o professor Wilson ajudou-me a ter a liberdade de acreditar que eu poderia desafiar o status quo, refletindo menos sobre como o mundo era e mais sobre como deveria ser.

E desde aquela época procuro viver dessa maneira. Nesses últimos anos, viajei para alguns dos lugares mais pobres do mundo e percebi, mais uma vez, que muitas coisas não são como deveriam ser.

Em lugares assim, é muito fácil concentrar-se em como as situações são ruins - tanto que você pode sentir-se assoberbado pelo desafio de tentar modificá-las.

Mas tenho de dizer que o que mais vejo são possibilidades. Possibilidades infinitas.

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NOTA LAUDATÓRIA DESTE BLOGGER:

O livro é nitroglicerina pura!!! A Nomenklatura científica é capaz de pedir aos livreiros que não vendam mais este livro por ser altamente herege e perigoso: descortina com alegre ousadia que se deve desafiar o status quo. Quer mais status quo epistêmico na Akademia do que Darwin??? Que existem outros pontos de vista e opiniões sobre o assunto? Gente, o pai de Bill Gates joga no meu time! Quando a questão é Darwin na Nomenklatura científica é tutti cosa nostra, capice? 

Catatau, mano, quem foi que recomendou à Best Seller a tradução e publicação de livro tão subversivo? 

Não sou profeta, e nem filho de profeta, mas vou vaticinar aqui: este livro vai ter o mesmo destino  do livro A Caixa Preta de Darwin (Rido de Janeiro, Zahar, 1997), de Michael Behe -- vai ser um sucesso de vendas!!!

Recomendo que meus leitores deste blog recomendem este livro. Não estou levando uma banda da Folha de São Paulo, pois sou persona non grata para eles. Ué, por que???

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