VEJA: Uma mentira sem fim em nome de Darwin – Parte 3 de 3

sábado, maio 12, 2007

Afirmei em blog anterior que a dupla CC (Carelli e Camargo) da VEJA escreveu esta reportagem imbuída de forte prurido contra os de concepções religiosas. Prova disso que, acidental ou intencionalmente (?) chamaram os que aceitam e trabalham teoricamente com as especulações, oops, hipóteses transformistas darwinistas de “discípulos”: eles teriam aperfeiçoado essas idéias.

O que Carelli e Camargo não dizem com todas as letras para os leitores leigos, é que esse ‘aperfeiçoamento’ [argh, isso é como cometer um assassinato paradigmático] se dá justamente nos pontos fundamentais do chamado ‘contexto de justificação’ da teoria: como se dá o fenômeno evolutivo, quais são os seus mecanismos [mutação, transferência lateral de gene, x, y, z ou todo o ABC] evolutivos. O que nós temos empiricamente verificado é tão-somente uma evolução microevolutiva, intra-espécies, com a variabilidade geneticamente limitada.

No ‘contexto da descoberta’ Darwin intuiu os processos ‘macroevolutivos’, interespécies, com a variabilidade genética necessária a ponto de uma espécie se transformar em outra. Desde 1859, os ‘discípulos de Darwin’ oleados com o nosso suado dinheiro público procuram frenética e desenfreadamente encontrar o apoio para esse fato, Fato, FATO da evolução nas evidências encontradas na natureza. Até aqui esse ‘contexto de justificação’ epistêmica tem sido ‘correr atrás do vento’, e um punhado de ‘just-so-stories’ [estórias da carochinha, obrigado Stephen Jay Gould].

Como Advogado do Diabo dos de concepções religiosas, eu confesso, realmente ‘as idéias de Darwin’ incomodam em muito ‘o pensamento religioso’. Eu também me sentiria incomodado − como é que alguém iria ‘incorporar’ [com licença dos meus amigos espíritas] nos seus relatos de criação uma teoria geral da evolução [já prestou a atenção que eles nunca definem em qual nível evolutivo estão falando???] que está mais furada epistemicamente do que queijo suíço? E que demandam o exercício de muito mais fé?

Carelli e Camargo, existe sim um consenso entre os biólogos em torno do ‘mantra dobzhanskyano’ de que nada em biologia faz sentido a não ser à luz da evolução. Mas é um consenso ‘católico’ [desculpem meus amigos desta fé] da boca pra fora, oops nos entornos do discurso acadêmico por uma questão de sobrevivência e avanço na carreira profissional. Eu tenho sido cruel com este tipo de assentimento. Chamo de ‘síndrome do soldadinho-de-chumbo’, onde todos pensam a mesma coisa, e ninguém pensa em nada.

A Nomenklatura científica sabe que é preciso manter a todo custo o paradigma, mesmo com evidências contrárias e devastadoras à teoria. Parece que CC nunca leram o livro de Thomas Kuhn − “A Estrutura das Revoluções Científicas”. Hoje, eu diria, uma grande parte dos biólogos afirma que nada em biologia faz sentido a não ser à luz das evidências. E elas não apóiam a Darwin, e isso incomoda muito aos poderosos epistêmicos de plantão.

A dupla Carelli e Camargo não disse aos leitores que quando surgiu o modelo do Big Bang, os cientistas compreenderam que isso tinha lá suas conseqüências epistêmicas para o paradigma então vigente, e fortaleceria as concepções religiosas de criação. O que a KGB da Nomenklatura científica fez? Engavetou prontamente a idéia do BB por mais de 30 anos [Stephen Hawking disse isso, se não me engano no seu livro ‘Uma breve história do tempo”].

O Big Bang sim é uma teoria que a cada dia se confirma o seu ‘contexto de justificação’, mas não sem o devido questionamento. Contudo, alguém viu o Magueijo ser chamado de ‘criacionista’, ‘crente da Terra plana’, ‘não sabe o que é ciência’, por contestar as idéias de um verdadeiro cientista que é Einstein?

Por que, Carelli e Camargo, no caso da gênese humana, é diferente? Não é somente porque a “teoria de que todas as formas de vida nasceram da ‘sopa primeva’ e evoluíram ao longo dos milênios se choca frontalmente com o maior dos dogmas... que o homem é a criação suprema de Deus e foi feito à sua semelhança”. É porque essas pessoas achincalhadas por alguns críticos rabiosos como Richard Dawkins[para mim não são verdadeiramente cientistas. Alguém aí pode me indicar qual foi a última pesquisa científica do Dawkins???], Daniel Dennett [ainda não morreu?] e Sam Harris, são pessoas amantes da ciência, sabem e fazem ciência.

Elas também sabem o que todos os cientistas sabem: a ‘sopa primeva’ é história de ninar para embalar o sono de materialistas que não conseguem dormir diante do pesadelo da não justificação de suas hipóteses. Os cientistas até hoje não encontraram sequer uma colherinha de traços dessa tal de sopa primeva. Não adianta procurar porque o que não existe não existe!

Uma teoria que explica tudo, não explica nada. Foi assim que me ensinaram na universidade. Espero que ainda seja assim. Não existe em ciência Theoria perennis, e isso também vale para a Teoria do Design Inteligente. É preciso chamar Darwin e ‘seus discípulos’ na chincha do EMPIRICA, EMPIRICE TRATANDA [Das coisas empíricas, considerações empíricas]. Nada mais, nada menos. Pro bonum scientiae.

Quanto a essa ‘busca intensa pela espiritualidade e pelo misticismo como antídoto às atribulações da vida moderna’, Carelli e Camargo não ‘pontificaram’ como deveriam: até isso a evolução explica. A evolução é mais inteligente do que você idiota [alguém, por favor, me ajude a localizar o nome do cientista evolucionista que disse isso]. Se for um fenômeno evolutivo − a pressão seletiva ambiental fez com que determinadas características de sobrevivência [crer no Grande Extraterrestre Cósmico] fossem transmitidas para os descendentes, que assim seja. Afinal de contas, foi Darwin mesmo quem disse não ver nenhuma incompatibilidade entre a sua teoria e a crença [argh, isso é como cometer um assassinato epistêmico] em SUED.

Já demonstrei em blog anterior o erro de CC sobre a afirmação de que ‘muitas escolas americanas, nas aulas de ciências, decidiram substituir os ensinamentos de Darwin por uma variante do criacionismo batizada de "design inteligente’, mas vou destacar aqui a estratégia de propaganda “Göebbels redivivus”: fale uma mentira tantas vezes até que ele se torne uma verdade. Toda a Grande Mídia sabe que desde anos 1980s quando a Suprema Corte americana identificou o ‘criacionismo científico’ tendo características de avanço de uma cosmovisão religiosa, que não se pode ensinar a concepção religiosa de criação em salas de aula.

Para os juridicamente interessados no caso: Vide Aguillard v. Edwards 482 U.S. 578 (1987), Court of Appeals Opinion 765 F.2d, 1251, 1258-59 (5th Cir. Cir. 1985) e no 778 F.2d 225.




Carelli e Camargo mentiram descaradamente quando afirmaram que essas escolas decidiram substituir Darwin pela variante do criacionismo batizada de ‘design inteligente’. Nós do Design Inteligente fomos publicamente contra o caso de Dover. Por que fomos contra o ensino da TDI nas escolas públicas americanas? Porque ela ainda não chegou à mesa do debate acadêmico do seu ‘contexto de justificação’. CC distorceram a TDI: nós não afirmamos que “há elementos na natureza, como o olho humano, que têm uma estrutura tão engenhosa que só podem ter sido criados por um projetista, ou seja, um ser superior”. A verdadeira afirmação da TDI é: “existem certos eventos no universo e nos objetos bióticos que são melhor explicados através de causas inteligentes detectadas na natureza”.

É profundamente lamentável o que aconteceu nas escolas infantis russas, do bispo queniano Boniface Adoyo. Além de surrealista, atentam contra a liberdade acadêmica de propor idéias que expliquem a natureza. A ciência deve ser protegida desse tipo de “fundamentalismo irracional”, mas o patriarca da Igreja Ortodoxa russa acertou que a teoria de Darwin é “baseada em argumentos deturpados” e que “não há provas concretas de que uma espécie possa se transformar em outra”. Embora surrealista a atitude do bispo Adoyo, que discordo plenamente, ele está do que coberto de razões e do lado das conclusões dos paleoantropólogos: embora o Turkana boy (1984) seja “o mais completo esqueleto humano pré-histórico já descoberto”, não há consenso entre os especialistas quanto à evolução humana. [1]

Não vou me aproveitar da presença do papa Bento XVI, mas Sua Santidade acertou em cheio ao afirmar que “teoria da evolução não pode ser provada de modo conclusivo”. Esta declaração reflete o supra-sumo da epistemologia pós-moderna: as teorias científicas não podem ser provadas de modo conclusivo, e quanto à forma de a vida ter se desenvolvido indicar uma “razão divina” que não pode ser explicada apenas por métodos científicos, B-16 também está certo: a ciência não entra nesse terreno devido as suas limitações heurísticas como construto humano. Afinal de contas, finitum non capax infinitum!

Não há como conciliar fé e Darwin. Fazer isso é ir contra o dogma materialista darwiniano: se eu precisar de ajuda externa [SUED], a minha teoria seria ‘bullshit’ [titica de galinha]. Embora Francis Collins, seja “o mais proeminente entre os devotos de Darwin” assumindo fé religiosa, ele é suportado pelos darwinistas, porque cai muito bem como luva de pelica nas intenções do canto da sereia darwinista cooptando os de concepções religiosas a se bandearem de mala e cuia para uma teoria estritamente materialista e mecanicista atrelada a uma cosmovisão antiquada do século 19.

Eu não sei como Collins conhece a mente divina: “Se Deus escolheu usar o mecanismo da evolução para criar a diversidade de vida que existe no planeta, quem somos nós para dizer que ele não deveria ter criado o mundo dessa forma?” Como é que Collins sabe disso: DDDD [Discagem Direta a longa Distância com Deus]?
Além disso, Collins precisa urgentemente fazer uma aula de reforço em Lógica Darwiniana 101: o processo é cego, inconsciente, e gradualmente ao longo de muitas eras. Por favor, que os de concepções religiosas me perdoem, mas nem Deus é capaz de ‘guiar’ um processo não guiado. Ma lógica em Darwin, va bene. E tutti cosa nostra!

É Carelli e Camargo, é bem provável que o embate entre Darwin e as religiões nunca arrefeça. E cientificamente também, pois à medida que as novas descobertas científicas vão surgindo, mais a conta epistêmica das especulações transformistas de Darwin não fecha. Já estamos fartos de tantas notas promissórias epistemológicas nunca resgatadas. Essa fé científica cega já se provou resistente a todos os argumentos da lógica. Sei que o edifício científico construído por Darwin, que irei observar na exposição montada no MASP, é fácil demais para ser renegado: basta seguir tão-somente as evidências, e elas não apóiam a Darwin desde 1859.

Eu se fosse a Gabriela Carelli e o Leoleli Camargo escreveria um especial sobre as insuficiências epistêmicas fundamentais das atuais teorias da origem e da evolução da vida tendo em vista a iminente e eminente mudança paradigmática em biologia evolutiva em 2010.

Minha mãe querida, bem que você falou um dia: mentira tem pernas curtas.

Depois desse imbróglio qual será a Grande Mentira que VEJA vai querer contar aos seus leitores sobre Darwin?

P.S.: Vide acima a capa de VEJA. Reparem nas chamadas na parte superior da capa.

Onde se lê “O que Roberto Carlos quis esconder na biografia censurada” leia-se “O que a VEJA quis esconder sobre Darwin”. Onde se lê “O papa no Brasil: a mudança possível na Igreja” leia-se “Darwin no Brasil: a mudança mais do que urgente e necessária na teoria”.

Fui, flanando como Chaplin, charuto na boca e bengala na mão, vagabundear um pouco que eu não sou de ferro!


[1] Vide The Human Fossil Record, 4 Volume Set, Jeffrey H. Schwartz, Ian Tattersall, Ralph L. Holloway, Douglas C. Broadfield, Michael S. Yuan
ISBN: 0-471-67864-3, Capa dura, 1843 pp., Maio de 2005, US $640.00 [Creio que dá para o Grupo Abril comprar um set para seus jornalistas científicos]