19. Havaianos identificam 1º inseto anfíbio
Lagartas conseguem respirar e se alimentar dentro e fora d'água; truque evoluiu em várias espécies
A ciência já identificou 1 milhão de espécies de insetos, de todo tipo e adaptados aos mais diversos ambientes. Mas só agora dois pesquisadores da Universidade do Havaí descrevem o achado dos primeiros insetos "anfíbios", capazes de viver bem dentro e fora d'água: as lagartas das mariposas do gênero Hyposmocoma.
"Essas larvas podem respirar e se alimentar indefinidamente tanto acima quanto abaixo da superfície da água e podem amadurecer completamente submersas ou secas", escrevem os autores do estudo, Daniel Rubinoff e Patrick Schmitz, na revista científica "PNAS".
Justamente por constituir o arquipélago mais isolado do planeta, o Havaí produziu várias novidades evolutivas.
As mais de 350 espécies de mariposas do gênero Hyposmocoma só existem nas ilhas. As formas "anfíbias" vivem em rios caudalosos nas montanhas com florestas tropicais. Elas se amarram nas rochas para aguentar a correnteza.
Curiosamente, as lagartas não têm as estruturas para respiração subaquática que outros insetos podem apresentar, como guelras. As larvas captam o oxigênio por difusão direta na sua pele. Isso explica porque são encontradas em água corrente e bem oxigenada e morrem rápido em água parada.
Rubinoff e Schmitz também checaram o material genético de espécies terrestres e anfíbias para determinar sua árvore genealógica evolutiva.
Foram estudadas 216 mariposas, criadas de larvas representando prováveis 89 espécies, coletadas em várias das ilhas do Havaí (12 anfíbias e 77 estritamente terrestres).
A genética revelou nada menos que três linhagens diferentes de mariposas Hyposmocoma, cada uma com várias espécies anfíbias -um caso raro de evolução paralela em que espécies próximas adquirem adaptações similares.
"Nós ainda estamos tentando entender como esse comportamento notável evoluiu", disse Rubinoff à Folha. "Achamos que nos últimos 20 milhões de anos as lagartas nesses grupos aquáticos foram expostas a inundações nos cursos d'água do Havaí. Gradualmente algumas delas devem ter evoluído a capacidade de respirar debaixo d'água."
(Ricardo Bonalume Neto)
(Folha de SP, 23/3)
Curiosamente, as lagartas não têm as estruturas para respiração subaquática que outros insetos podem apresentar, como guelras. As larvas captam o oxigênio por difusão direta na sua pele. Isso explica porque são encontradas em água corrente e bem oxigenada e morrem rápido em água parada.
Rubinoff e Schmitz também checaram o material genético de espécies terrestres e anfíbias para determinar sua árvore genealógica evolutiva.
Foram estudadas 216 mariposas, criadas de larvas representando prováveis 89 espécies, coletadas em várias das ilhas do Havaí (12 anfíbias e 77 estritamente terrestres).
A genética revelou nada menos que três linhagens diferentes de mariposas Hyposmocoma, cada uma com várias espécies anfíbias -um caso raro de evolução paralela em que espécies próximas adquirem adaptações similares.
"Nós ainda estamos tentando entender como esse comportamento notável evoluiu", disse Rubinoff à Folha. "Achamos que nos últimos 20 milhões de anos as lagartas nesses grupos aquáticos foram expostas a inundações nos cursos d'água do Havaí. Gradualmente algumas delas devem ter evoluído a capacidade de respirar debaixo d'água."
(Ricardo Bonalume Neto)
(Folha de SP, 23/3)
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