JC e-mail 3976, de 25 de Março de 2010.
11. USP terá graduação a distância
Governo do Estado formaliza parceria com a universidade para criar o primeiro curso, que será voltado a professores, com parte das aulas ministradas via computador
Quase um ano após ser suspenso durante greve de alunos e professores, o primeiro curso de graduação a distância da Universidade de São Paulo (USP) foi formalizado anteontem pelo governador José Serra (PSDB). Desenvolvido em parceria com a Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Univesp), o curso foi amplamente criticado por grevistas e candidatos à reitoria na eleição disputada em 2009.
O primeiro curso a distância da USP será uma licenciatura em Ciências. Embora o processo seletivo seja aberto aos interessados em geral, será concedido bônus aos professores da rede pública ou privada que já trabalham na educação básica, seja em São Paulo ou outro Estado.
Ainda não há data para o processo seletivo, que será realizado pela Fuvest. De acordo com a reitoria, serão disponibilizadas 360 vagas. Cerca de metade das aulas será a distância e o restante, no módulo presencial, em quatro polos: nos câmpus de São Paulo, Ribeirão Preto, Piracicaba e São Carlos.
"A implantação desse curso é uma experiência piloto", afirmou ontem o reitor da USP, João Grandino Rodas. Ele diz que pretende avaliar, na prática, os passos a serem seguidos pela universidade no ensino a distância.
Para o secretário do Ensino Superior do Estado, Carlos Vogt, o curso em parte a distância "vai contribuir, de maneira significativa, para a formação de quadros profissionais competentes nos níveis do ensino básico." Anteontem também foi anunciada a criação do curso Ética, Valores e Saúde na Escola, uma especialização a distância voltada para professores da educação básica de São Paulo. Serão 350 vagas.
O primeiro curso a distância criado em parceria com a Univesp foi implementado pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), em 2008. O curso de graduação de Pedagogia semipresencial é exclusivamente voltado aos professores da rede pública. O primeiro vestibular, realizado em dezembro do ano passado, teve abstenção de 18%, e as aulas começaram a ser ministradas em março.
A favor. A educação a distância tem beneficiado estudantes que não conseguiriam estudar, ou retomar os estudos, se precisassem estar presente diariamente na universidade.
É o caso de Leandro Chemalle, de 31 anos, aluno de Sistemas de Informação. A graduação é vinculada à Universidade Federal de São Carlos (Ufscar) e faz parte do sistema da Universidade Aberta do Brasil, do Ministério da Educação (MEC). O polo presencial fica na cidade de Jandira, São Paulo. "Se tivesse de ir para São Carlos diariamente, não conseguiria estudar, pois moro em São Paulo. Faço 90% do curso em casa e vou para Jandira para as provas."
Diretor da Associação Brasileira dos Estudantes de Educação a Distância (Abe-Ead), Chemalle explica que o ensino a distância consegue incluir estudantes com perfis diferentes do presencial. "Quem fala mal da Univesp não sabe como é. Ninguém leu (o projeto) para saber como vai ser cada aula", afirmou.
Já Tiago Meneghello, de 20 anos, do 4.º ano de Ciências Sociais da USP e que fez parte da gestão do Diretório Central dos Estudantes que esteve à frente da greve em 2009, critica o formato da Univesp. "Não dá para confundir ensino a distância com Univesp. É importante democratizar a universidade, mas com serviço de qualidade."
(O Estado de SP, 25/3)