Tu quoque: a biologia evolutiva também não tem uma teoria geral de forma biológica

terça-feira, dezembro 01, 2009

Eu perdi o link do comentário feito por um evolucionista em um blog da Galera dos meninos e meninas de Darwin. Nele, Paul Nelson foi citado dizendo que nós do DI não temos uma teoria. Transcrevo abaixo a citação original do meu amigo:

“Easily the biggest challenge facing the ID community is to develop a full-fledged theory of biological design. We don’t have such a theory right now, and that’s a problem.”

[Facilmente, o maior de todos os desafios que enfrenta a comunidade do DI é desenvolver uma teoria completa de design biológico. Nós não temos agora esta teoria, e isto é um problema].

Baseado nessa declaração, o comentarista concluiu ser isso uma grande admissão de que não temos uma teoria do Design Inteligente. Devagar com o andor, pois São Darwin é de barro. A declaração de Nelson reflete apenas a profunda maladie dentro da própria comunidade científica sobre a ausência de uma teoria geral de forma biológica.

Ué, mas e o fato, Fato, FATO da evolução já não tinha sido estabelecido cientificamente com uma montanha de evidências assim como a lei da gravidade é cientificamente comprovada? Pero hay controvérsias. E saudável ceticismo localizado.

Abro um parêntese aqui para realçar que as teorias científicas variam em escopo e em robustez epistêmica. Como uma teoria de detecção de design na natureza e de evolução tecnológica a TDI está bem definida. Contudo, como uma teoria geral de forma biológica a TDI tem um longo caminho a percorrer.

Você está sentado? De bem com a vida? Não tem inimigos? Nem este blogger? Como está seu coração? E a pressão? Nesta questão a TDI não está sozinha.

Considere, cum grano salis, as seguintes admissões feitas sobre a falta de uma teoria geral de forma biológica feitas recentemente por renomados biólogos e cientistas evolucionistas:

“The strange thing about the theory of evolution is that everyone thinks he understands it. But we do not.” [1] Stuart Kauffman, 2003.

[A coisa estranha sobre a teoria da evolução é que todo mundo pensa que entende. Mas nós [cientistas] não entendemos].

“Biology still lacks a theory of organization... The need for a conceptual framework for the study of organization lies at the heart of unsolved problems in both ontogeny and phylogeny.” [2] Mary West-Eberhard, 2003.

[A biologia ainda não tem uma teoria de organização... A necessidade de uma estrutura conceitual para o estudo de organização está no âmago de problemas não resolvidos tanto de ontogenia como de filogenia].

“We do not claim that the fundamental laws of physics (and thus of chemistry) do not hold in biology; they, of course, do. But we do claim that their conceptual frame is too narrow. Rather we have to find new concepts that transcend the purely microscopic descriptions of systems.”[3] Kelso & Haken, 1995.

[Nós não afirmamos que as leis fundamentais da física (e assim as da química) não valem em biologia; elas, é claro, valem. Mas nós afirmamos que o quadro conceitual é muito estreito. Em vez disso, nós temos que encontrar novos conceitos que transcendam as descrições puramente microscópicas dos sistemas].

“We do not even know what biology is about, in the same sense that we know what mechanics is about, or what optics is about, or what thermodynamics is about. We thus do not know the scope of the domain of biology, for it has as yet no objectively definable bounds. In place of these, we have only a tacit consensus.” [4] Robert Rosen, 1991.

[Nós nem sabemos sobre o que é a biologia, no mesmo sentido que nós não sabemos sobre o que é a mecânica, ou sobre o que é a óptica, ou sobre o que é a termodinâmica. Assim, nós não sabemos o escopo do domínio da biologia, pois ela ainda não tem limites objetivamente definíveis. No lugar desses limites, nós apenas temos um tácito consenso].

“S’il est vrai que le darwinisme est le seul lieu théorique de la biologie, c’est qu’en effect il est le seul à introduire un virtuel, l’ensemble des évolutions possibles d’une espèce em un temps et en lieu donnés. Mais ce virtuel est incontrôlé, on ne peut rien en dire.” [5] René Thom, 1990.

[Se for verdade que somente o darwinismo constitui a porção teórica da biologia, isso é assim porque só o darwinismo introduz uma realidade virtual, isto é, a coleção de todas as evoluções possíveis de uma espécie em um dado tempo e local. Mas esta realidade virtual é incontrolada; ninguém pode dizer nada sobre ela]

“The delusion of the finished [evolutionary] synthesis places restrictions on freedom of thought of which its believers are unaware. Selectionists [i.e., those who think that natural selection is the principal mechanism in evolution] point to the internal debates as evidence of free discussion, but the freedom is bounded by the dead hand of Darwin.” [6] Robert Reid, 1985.

[A ilusão de uma síntese [evolutiva] acabada coloca restrições na liberdade de pensamento das quais seus crentes não estão cientes. Os selecionistas [i.e., aqueles que pensam que a seleção natural é o principal mecanismo na evolução] apontam para os debates internos como evidência de livre discussão, mas a liberdade é restringida pela mão morta de Darwin]

Tu quoque? [7]Até tu, Síntese Evolutiva Moderna?

Fui, nem por que, rindo, pois mais uma vez os darwinistas vindicam este blogger: a Síntese Evolutiva Moderna [ou neodarwinismo] é uma teoria morta que já devia ter sido descartada em 1980 [Stephen Jay Gould], e substituída pela Seleção Evolutiva Ampliada que não pode ser selecionista por essas e outras razões

NOTAS

1. Stuart Kauffman, “The Emergence of Autonomous Agents,” pp. 47-71, in Niels Henrik Gregersen, ed., FromComplexity to Life (Oxford: Oxford University Press), p. 68.

2. Mary Jane West-Eberhard, Developmental Plasticity and Evolution (Oxford: Oxford University Press, 2003), p. 16.

3. J. A. Scott Kelso and Hermann Haken, “New Laws to Be Expected in the Organism: Synergetics of Brain and Behavior,” pp. 137-160, in Michael P. Murphy and Luke A. J. O’Neill, eds., What Is Life? The Next Fifty Years (Cambridge: Cambridge University Press, 1995), p. 141.

4. Robert Rosen, Life Itself: A Comprehensive Inquiry into the Nature, Origin, and Fabrication of Life (New York: Columbia University Press, 1991), p. 19, emphasis in the original.

5. René Thom, “Darwin Cent Ans Après,”pp. 599-605, in René Thom, Apologie du logos (Paris: Hachette, 1990), p. 599.

6. Robert G. B. Reid, Evolutionary Theory: The Unfinished Synthesis (Ithaca, N.Y.: Cornell University Press, 1985), p. 360.

[7] Tu quoque é uma expressão latina que significa “Até tu?”