Serviram Darwin requentado na Academia Brasileira de Ciências

quinta-feira, maio 07, 2009

JC e-mail 3755, de 06 de Maio de 2009.

3. Os princípios universais de Darwin

Simpósio na Reunião Magna Anual da Academia Brasileira de Ciências trata do impacto das descobertas de Charles Darwin na visão de mundo. Darwin e Galileu são tema da reunião, que termina nesta quarta-feira

Vinicius Neder escreve para o “JC e-mail”

“A genialidade do Darwin justamente está em que ele conseguiu desenvolver princípios que são universais, para toda a gama de organismos biológicos”. Assim resumiu Francisco Mauro Salzano, geneticista do Instituto de Biociências da UFRGS, o espírito do simpósio “Como mudou nossa visão do mundo: Darwin e a Origem das Espécies”, no segundo dia da Reunião Magna Anual da Academia Brasileira de Ciências (ABC), no Rio.

No ano em que se comemora 200 anos de nascimento de Charles Darwin e 150 anos da publicação de “A origem das espécies”, o cientista inglês faz parte do tema da reunião da ABC, intitulado “Galileu e Darwin: Luzes da Ciência sobre onde estamos e o que somos”.

Após o simpósio desta terça-feira, Salzano lembrou que a genialidade de Darwin está em ter conseguido “desenvolver princípios que são universais, para toda a gama de organismos biológicos”.

Isso foi visto na diversidade de temas do simpósio coordenado pelo pesquisador e professor da UFRGS. Da evolução de parasitas à dos primatas, foram apresentadas pesquisas no campo da genética que mostram como a ciência, após as descobertas de Darwin, avançou e, muitas vezes, comprovou que suas teorias estavam certas.

Durante o simpósio, o pesquisador Darcy Fontoura de Almeida, da UFRJ e do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), fez um histórico das descobertas científicas sobre o código genético. Horácio Schneider, da UFPA, tratou da importância da ciência de Darwin para o estudo da fauna na Amazônia, com destaque para a evolução dos primatas.

Já Sérgio Danilo Junho Pena, especialista em genética médica da UFMG, tratou da interação entre parasitas e hospedeiros, sob a lógica da coevolução e partir de pesquisas sobre o “T. cruzi”. O simpósio foi encerrado por Vera Lúcia Gaiesky, da UFRGS, que tratou da importância do estudo das moscas Drosophila para a genética.

Francisco Salzano lembrou que, em relação à visão de mundo da ciência, Darwin contribuiu para retirar o homem do centro da biologia. “Não somos o centro da evolução biológica, nem o pináculo da evolução biológica. Há uma ramificação e cada forma de vida está adaptada aquele ambiente determinado”, lembrou, após citar o geneticista Theodosious Dobhzansky: “nada faz sentido na biologia, a não ser a luz da evolução”.

Iniciada na segunda-feira, dia 4, a Reunião Magna Anual da ABC termina nesta quarta-feira, dia 6 de maio.

+++++

NOTA IMPERTINENTE DESTE BLOGGER:

Soa bastante ridículo uma Academia de Ciência não ter a coragem de abordar o status epistêmico da teoria geral da evolução no Simpósio de sua Reunião Magna Anual. O que foi servido foi 'darwin requentado', e a profunda crise da teoria no contexto de justificação teórica. Vem aí a nova teoria da evolução - a SÍNTESE EVOLUTIVA AMPLIADA, e é sobre esta revisão teórica que a comunidade científica precisa ser inteirada.

Eu tenho profundo respeito para com o Prof. Dr. Francisco Salzano e sua obra acadêmica, e declinei isso para ele numa conferência sobre a teoria da evolução na USP em 2006, mas o respeitável mestre que me perdoe: o 'mantra' de Dobzhansky de que “nada faz sentido na biologia, a não ser a luz da evolução” está errado. Em biologia, nada faz sentido a não ser à luz das evidências.

Os princípios universais de Darwin estão se esboroando à luz de novas descobertas científicas.