1809: Nasce mais um descendente do mais antigo e ancestral único da vida na Terra
O homem que ficou famoso com a ideia de evolução das espécies defendia que somos todos originários de um mesmo ancestral. Conheça sua história e a evolução pessoal de Charles Darwin
"Charles Darwin, cientista britânico consagrado internacionalmente viajou boa parte do globo para defender, ainda no século XIX, que todos os organismos que existem atualmente sofreram processos de evolução a partir de um ancestral único."
Cerca de 200 anos atrás, precisamente no dia 12 de fevereiro de 1809, nascia na cidade de Shrewsbury, na Inglaterra, mais um descendente do mais antigo e ancestral único da vida na Terra. Apesar de não haver essa informação na época, caberia justamente a esse descendente, que acabara de nascer, propor tal teoria - a de um ancestral único para todos os seres vivos.
Charles Robert Darwin era o nome dessa criança, que mais tarde viria a explicar porque os seres vivos são o que são. Darwin propôs que todos os seres, do mais sábio dos homens ao bacilo unicelular, têm ancestrais comuns que remontam ao início da vida na Terra.
Filho de médico, o pequeno Robert era parte de uma abastada família da aristocracia inglesa, os Darwin-Wedgwood, e foi justamente por influência de seu pai que o futuro evolucionista começou a estudar Medicina na Universidade de Edimburgo.
No entanto, Darwin não se adequou à Medicina da época e acabou sendo matriculado por seu pai no curso de Bacharelado em Artes na Universidade de Cambridge. Lá, ele teve contato com outros cientistas e pôde trocar informações. Em Cambridge, Charles encontrou o reverendo John Stevens Henslow, professor de Botânica e tutor de Darwin no curso de História Natural. Mais tarde, foi Henslow quem indicou o cientista Charles Darwin para acompanhar o capitão Robert FitzRoy em uma expedição que tinha como objetivo mapear a América do Sul. A bordo do barco inglês HMS Beagle, o cientista iniciou a jornada que lhe traria o embasamento empírico para elaborar sua Teoria da Evolução.
A viagem no Beagle
A expedição a bordo do Beagle partiu no dia 27 de dezembro de 1831 do porto de Plymouth, na Inglaterra. A viagem, que deveria durar cerca de dois anos, acabou se completando em quase cinco, tempo que Darwin utilizou para estudar uma rica variedade de características geológicas, fósseis e de organismos vivos.
Na bagagem, Darwin levou uma importante ferramenta para suas observações. Tratava-se do primeiro volume da Teoria Geológica de Charles Lyell. Ricardo Waizbort, biólogo e pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz, explica que as teorias de Lyell foram a base de onde Darwin partiu para desenvolver sua própria teoria. Ainda durante a viagem, um segundo barco traria o volume 2 do trabalho de Lyell para Darwin.
No dia 28 de fevereiro de 1932, o HMS Beagle chegou ao Brasil, aportando no litoral da Bahia. Darwin conheceu também o Rio de Janeiro e ficou cerca de cinco meses em solo brasileiro. Aqui, o pesquisador teria se encantado com a vegetação tropical, fez coleta de insetos e plantas e enviou todo o material ao professor de Botânica John Henslow.
Sua estada no Brasil foi marcada pelo contato com a escravidão dos negros. Waizbort, da Fiocruz, conta que Darwin abominava a escravidão. "Não havia justificativas biológicas ou morais para a escravidão. Darwin sempre defendeu que a espécie humana seria uma só." O pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz conta que, visitando uma fazenda de café, Darwin testemunhou uma cena que o deixou indignado. Um senhor de engenho teria chamado um escravo para perguntar, na frente do cientista, se o escravo gostava de viver naquela fazenda. "Darwin anotou no diário dele que aquilo era um absurdo. É claro que uma pessoa que apanha e está escravizado não iria dizer que não gosta na frente do seu senhor, que tinha todos os direitos sobre ele."
Após navegar boa parte do globo terrestre, passando pela Patagônia, Ilhas Galápagos e seguindo até a Austrália e o Sul da África, a expedição a bordo do Beagle retornou à Inglaterra no dia 2 de outubro de 1836. O resultado de quatro anos e nove meses de pesquisas ficou registrado no livro "A Viagem do Beagle". Na obra, Darwin relatou a jornada e também suas observações científicas nas áreas de Biologia, Geologia e Antropologia. Mais tarde, muito desse material seria utilizado para sua mais importante publicação, "A Origem das Espécies", que se tornou um dos paradigmas da ciência moderna.
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