Gigante do sertão, ó xente!

domingo, maio 24, 2009

Gigante do sertão

Exposição apresenta a primeira reconstrução de dinossauro carnívoro de grande porte feita no país


Reconstrução do Angaturama limai com um pterossauro na boca, feita com base em 60% do esqueleto do dinossauro, que media cerca de seis metros de comprimento (foto: Roosevelt Motta).

Para os amantes de répteis pré-históricos, está em exibição no Rio de Janeiro a primeira reconstrução de um dinossauro carnívoro de grande porte feita no Brasil. O gigante, chamado Angaturama limai, tem seis metros de comprimento e viveu há 110 milhões de anos na Chapada do Araripe, no Ceará. A reconstrução do animal faz parte da exposição Dinossauros no Sertão, montada pelo Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

O dinossauro havia sido descrito em 1996 pelos paleontólogos do Museu Nacional Diogenes Campos e Alexander Kellner – que também é colunista da CH On-line. Em seu trabalho, entretanto, os pesquisadores utilizaram somente uma parte do crânio do dinossauro, que representava apenas 10% do seu esqueleto.

A reconstrução apresentada agora se baseia em 60% do esqueleto original do A. limai. Além do crânio, foram usados a pélvis, partes de coluna cervical e ossos dos membros inferiores e superiores do animal.

A preparação dessas partes do esqueleto do A. limai ficou a cargo da paleontóloga Elaine Machado, que está estudando o material em seu mestrado, sob a orientação de Kellner. Os fósseis, segundo ela, estavam no Museu Nacional desde 1995, mas a dificuldade de prepará-los para estudo deixou-os ‘na gaveta’ até o ano passado. “O exemplar que reconstruímos é um dos mais completos do mundo do grupo dos espinossauros”, ressalta Machado.


Representação artística do A. limai em vida, junto com outros animais que viveram na Chapada do Araripe (Ceará) há 110 milhões de anos. Além de peixes, o dinossauro alimentava-se também de pterossauros (arte: Maurílio Oliveira / Museu Nacional - UFRJ).

Dinossauro brasileiro e africano
Os espinossauros são dinossauros que viveram no período Cretáceo (entre 144 e 65 milhões de anos atrás) no Brasil e na África. Eles se caracterizavam pelo crânio alongado, pelos dentes finos e circulares e por uma espécie de crista ao longo da coluna vertebral.

Segundo Machado, a dentição do A. limai parece com a de um crocodilo moderno, o que fez os pesquisadores deduzirem que o réptil se alimentava de peixes. No entanto, mais tarde foi encontrado um dente do dinossauro junto com fósseis de pterossauro. “Isso indica que ele também se alimentava de outros animais”, completa. Por causa dessa descoberta, a reconstrução exposta no Museu Nacional representa o A. limai com um pterossauro na boca.

Além da reconstrução do A. limai, a exposição Dinossauros no Sertão apresenta réplicas de outros répteis pré-históricos encontrados na Chapada do Araripe, como o pterossauro Tupandactylus imperator, que viveu há 115 milhões de anos.

“A reconstrução do Angaturama é um grande passo no estudo dos espinossauros de maneira geral”, afirma Machado. “Ela também ajuda na compreensão da relação entre as faunas do Brasil e da África, uma vez que foram encontrados exemplares desse réptil nos dois continentes.”

A exposição Dinossauros no Sertão, inaugurada no dia 14 deste mês, apresenta, além da reconstrução do A. limai, réplicas de outros répteis cujos fósseis também foram encontrados na Chapada do Araripe. Segundo Machado, o Araripe era uma laguna, e o solo salgado é um dos responsáveis pela excelente capacidade de preservação de esqueletos do lugar.

Dinossauros no Sertão está em exibição no Museu Nacional da UFRJ, na Quinta da Boa Vista, em São Cristóvão (RJ). A entrada custa R$ 3 e é gratuita para crianças até cinco anos e para pessoas com mais de 60 anos. Crianças entre seis e dez anos pagam R$ 1.


Isabela Fraga
Ciência Hoje On-line
18/05/2009

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PERGUNTA IMPERTINENTE DESTE BLOGGER:

Eu visitei este sítio arqueológico na Chapada do Araripe, Ceará, em 2008. Se não me engano, a região está bem elevada em relação a Fortaleza. Os cânions são maravilhosos e extensos. Se aquilo já foi um imenso MAR um dia, para onde foi toda a água???