"Uma nova crônica da vida, lindamente ilustrada." — The Economist
"O resultado não é só a riqueza de ideias sobre como seres vivos evoluíram, mas um forte sentido de urgência e absorção com o qual a ciência é feita."
— Marek Kohn, Independent
"Um livro ambicioso, cheio de sacadas fascinantes." — Carl Zimmer,
The New York Times Book Review
A grande história da evolução é uma peregrinação ao longo da árvore genealógica da vida. Partindo de onde estamos hoje, passamos por quarenta entroncamentos onde nos deparamos com ancestrais e peregrinos que vêm de outros ramos. O ponto de chegada situa-se há 4 bilhões de anos, na origem da vida.
Ao longo do trajeto, peregrinos contam suas histórias e descortinam as maravilhas da diversidade biológica que habita este planeta e os mistérios da evolução que ainda hoje desafiam biólogos. O humano ancestral "Little Foot" investiga como surgiu a possibilidade de andarmos sobre dois pés; o gibão ajuda a entender por que não temos que fazer calças com um furo para a cauda; o camundongo deixa claro que o que torna um organismo diferente do outro não são exatamente os genes, mas como sua atividade é regulada; castores explicam o conceito de fenótipo estendido, em que a represa é uma extensão do próprio castor; e o gafanhoto discute se existem raças.
A paisagem que se descortina durante a viagem expõe uma amostra da diversidade da natureza e também explora como entendê-la. O leitor chega ao fim do percurso maravilhado e enriquecido com novas ideias e reflexões. Uma enciclopédia da vida para ler, reler e consultar.
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Richard Dawkins nasceu em Nairóbi, Quênia, em 1941, e cresceu na Inglaterra. Formou-se pela Universidade de Oxford, na Inglaterra, e deu aulas de zoologia na Universidade da Califórnia em Berkeley, nos Estados Unidos. Em Oxford foi o primeiro titular da cátedra de Compreensão Pública da Ciência, criada em 1995 por iniciativa de Charles Simonyi para dar a um pesquisador de primeira linha a oportunidade de se dedicar à divulgação de ciência além da pesquisa. Modelo para sua idealização, Dawkins ocupou a cátedra até setembro de 2008. Recebeu inúmeras homenagens e honrarias, incluindo o prêmio da Royal Society of Literature em 1987, o prêmio Michael Faraday em 1990 e o prêmio Shakespeare em 2005. Entre seus livros publicados pela Companhia das Letras estão o já clássico O gene egoísta, O relojoeiro cego e Deus, um delírio.
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Excerto:
A evolução biológica não tem uma linha de descendência privilegiada, nem um fim projetado. A evolução alcançou muitos milhões de fins provisórios (o número de espécies sobreviventes no momento da observação), e não há nenhuma razão além da vaidade - vaidade humana, diga-se de passagem, já que somos nós que estamos falando - para designar qualquer um mais privilegiado ou mais culminante do que outro.
Isso não significa, como continuarei a argumentar, que haja uma total escassez de razões ou rimas na história evolutiva. Acredito que existem padrões recorrentes. Também acredito, mesmo sendo isso hoje mais polêmico do que no passado, que há sentidos nos quais a evolução pode ser considerada direcional, progressiva e até mesmo previsível. Mas progresso não é, absolutamente, a mesma coisa que progresso em direção à humanidade, e temos de viver com um fraco e nada lisonjeiro senso do previsível. O historiador precisa precaver-se contra costurar uma narrativa cuja impressão, por mínima que seja, tenha como alvo o clímax humano.
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Não é mais lógico (nem menos) direcionar nossa narrativa histórica para o Homo sapiens em vez de para qualquer outra espécie moderna - Octopus vulgaris, por exemplo, ou Panthera leo ou Sequoia sempervirens. Um andorinhão com veia de historiador, justificadamente orgulhoso do voo como a óbvia realização suprema da vida, considerará os andorinhões - essas espetaculares máquinas de voar com suas asas arqueadas, que se mantêm no ar por um ano ininterrupto e até copulam em pleno voo - como o ápice do progresso evolutivo. Elaborando aqui uma fantasia de Steven Pinker, se os elefantes pudessem escrever a história, talvez retratassem a anta, o musaranho-elefante, o elefante-marinho e o macaco-narigudo como ensaios, principiantes ao longo da estrada principal da evolução da tromba, dando os primeiros passos sem que nenhum deles - sabe-se lá por quê - alcançasse verdadeiramente o sucesso: tão perto, e no entanto tão longe. Os elefantes astrônomos talvez especulassem se, em algum outro mundo, existiriam formas alienígenas de vida que teriam atravessado o rubicão nasal e dado o salto final para a plena proboscitude.
Não somos andorinhões nem elefantes, somos gente. Quando, em imaginação, perambulamos por alguma época remota, é humanamente natural que reservemos uma curiosidade e um carinho especial por qualquer espécie, banal em tudo o mais, que naquele cenário antigo tenha sido nossa ancestral (e é fascinantemente estranha a ideia de que sempre existiu uma tal espécie). É difícil negar nossa humana tentação de ver essa espécie particular como a que está trilhando a `estrada principal' da evolução, enquanto as outras caminham pelas margens como seu elenco coadjuvante. Sem sucumbir a esse erro, há um modo de alguém se permitir um legítimo humanocentrismo sem sair da adequação histórica: fazer história retrocedendo. É assim que procede este livro.
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Fonte: Companhia das Letras