Refazendo os caminhos de Darwin no Brasil

segunda-feira, novembro 17, 2008

JC e-mail 3643, de 17 de Novembro de 2008.

26. Expedição refaz roteiro de Darwin no estado

Ludmila Curi e Paulo Roberto Araújo escrevem para “O Globo”:

“Nunca experimentei tão intenso deleite”. Assim Charles Darwin descreveu em seu diário de viagem os três meses que passou no Rio de Janeiro. Os caminhos percorridos em 1832 pelo autor da Teoria da Evolução, que completa 150 anos em 2009, serão refeitos numa expedição de quatro dias por 11 cidades.

O roteiro da expedição Caminhos de Darwin percorre, entre 26 e 29 deste mês, os principais pontos dos 241 quilômetros atravessados a cavalo pelo naturalista britânico, autor de “A origem das espécies”. O tataraneto de Darwin, o ambientalista Randal Keynes, de 60 anos, vai dar uma palestra no encerramento da expedição, em Niterói.


— Muitos brasileiros sequer sabem que o Darwin passou por aqui — disse a geóloga Kátia Mansur, do Departamento de Recursos Minerais (DRM) do estado, um dos organizadores da expedição.

Viagem se estendeu até Conceição de Macabu

Na capital, Darwin ficou hospedado em Botafogo e se encantou com o relevo das montanhas, a Floresta da Tijuca, a Lagoa, o Jardim Botânico e o Corcovado.

A visita ao Brasil o ajudou a refletir sobre as relações entre os seres vivos e suas possíveis ascendências comuns. O Rio foi a sexta parada da expedição cartográfica do navio Beagle.

Na costa brasileira, Darwin coletou os primeiras espécimes para seus estudos.

“A viagem do Beagle foi sem dúvida o acontecimento mais importante da minha vida e determinou toda a minha carreira”, relatou o naturalista em seu diário. Apesar de ele próprio considerar o termo “delícia” fraco para exprimir o que sentiu ao se deparar com as florestas tropicais brasileiras, usou o adjetivo mais de uma vez: “O que se pode imaginar de mais delicioso do que observar a natureza em sua forma mais grandiosa nas regiões dos trópicos?”.

Após atravessar a Baía e passar por Niterói, Darwin seguiu para a Região dos Lagos. Ele fez um circuito a cavalo, passando por Maricá, Saquarema, Araruama, São Pedro da Aldeia, Cabo Frio, Barra de São João, Macaé e Conceição de Macabu, onde se hospedou na Fazenda do Sossego, que pertencia a ingleses.

Voltou ao Rio, cortando caminho, por Rio Bonito, Itaboraí e Niterói. “Ali, vi pela primeira vez, uma floresta tropical em toda a sua grandeza sublime”, escreveu Darwin em seu diário.

Todas essas cidades, mais o Rio, fazem parte da expedição Caminhos de Darwin. Doze placas comemorativas serão inauguradas durante a o trajeto para sinalizar o roteiro do naturalista.

Os marcos vão conter mapas e citações de seu diário de viagem sobre cada local.

O naturalista britânico Charles Robert Darwin viveu entre 1809 e 1882. Aos 23 anos, pegou carona na missão cartográfica do navio Beagle, que durou cinco anos, entre 1832 e 1837. A viagem que resultou na Teoria da Evolução passou, por exemplo, pela Terra do Fogo, na Argentina; pelo Estreito de Magalhães e pelo Arquipélago de Galápagos, no Oceano Pacífico.

O projeto do Ministério da Ciência e Tecnologia é promovido pelo DRM e pela Casa da Ciência da UFRJ, e conta com parcerias das prefeituras e escolas públicas das cidades envolvidas.

Na Fazenda Campos Novos, em Cabo Frio, onde Darwin pernoitou, haverá um almoço com a presença de 500 descendentes de quilombolas.

O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, diz que a preocupação agora é com o extermínio das espécies estudadas por Darwin. Nos últimos meses, ele conseguiu atualizar duas publicações que visam à preservação da flora e da fauna: — A lista anterior de flora e da fauna ameaçadas era do início dos anos 1990 e o número de animais e plantas em risco triplicou de lá para cá.

Mais informações sobre a expedição podem ser encontradas no site da Casa da Ciência ou pelo telefone 2542-7494.
(O Globo, 16/11)

Muito interessante a iniciativa da UFRJ em refazer os caminhos de Darwin no Brasil. É pena que o livro em PDF de 4.36 MB, mesmo em banda larga demora um pouco para se fazer o download gratuito.