Eu fico chateado com as pessoas que impedem a ação da seleção natural e outros mecanismos na história evolutiva das espécies. Uma só razão para não preservá-las: o mais apto sobrevive e dá origem a novas espécies. Sejamos coerentes com a teoria científica mais comprovada como a lei da gravidade.
Já não se faz mais cientista darwinista como antigamente...
+++++
JC e-mail 3795, de 01 de Julho de 2009.
14. 2.291 razões para preservar
Estudo diz que número de plantas em extinção do Brasil é maior do que o oficial
Carlos Albuquerque escreve para “O Globo”:
O número de plantas ameaçadas de extinção no Brasil é muito maior do que o da lista oficial. Chamada “Plantas raras do Brasil”, a obra — produzida por 175 cientistas de 55 instituições nacionais e internacionais — lista 2.291 espécies de plantas que só ocorrem no território nacional.
Para os pesquisadores, todas as plantas listadas no livro são consideradas ameaçadas, seja por queimadas, desmatamento ou urbanização. A lista oficial das espécies ameaçadas da flora brasileira, apresentada em 2008 pelo Ministério do Meio Ambiente, relaciona 472 espécies em perigo.
País tem 15% das espécies da Terra
A publicação, resultado de uma parceria entre a Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), na Bahia, e a organização ambientalista Conservação Internacional, aponta também 752 áreas de relevância biológica. Elas são consideradas estratégicas para a preservação da biodiversidade do país, que possui 15% da flora mundial. Por isso, são chamadas de áreas-chaves para a biodiversidade (ACBs).
O livro — cujo lançamento oficial acontecerá amanhã, em Feira de Santana, durante o 60º Congresso Nacional de Botânica — traz outro alerta: metade dessas áreas, que cobrem 16% do território nacional, o equivalente a 140 milhões de hectares, está degradada.
— Quando se discute como combinar desenvolvimento e preservação, é fundamental termos informações confiáveis sobre a biodiversidade do país — diz José Maria Cardoso da Silva, da Conservação Internacional.
Confiáveis, mas conflitantes. Segundo o representante da Conservação Internacional, as diferenças entre os números apresentados no livro e aqueles listados pela MMA se devem ao que chama de “estratégia conservadora” do ministério.
— Na época da divulgação da lista do MMA, já houve contestação desse número de apenas 472 espécies ameaçadas — diz ele, explicando por que classifica espécies raras como espécies ameaçadas. — Nosso critério foi aceitar que se essas plantas são raras elas estão automaticamente em perigo, já que a pressão é muito grande.
A Região Sudeste é a que concentra o maior número de espécies de plantas ameaçadas, com destaque para os estados de Minas Gerais (550) e Rio de Janeiro (250), respectivamente primeiro e terceiro lugar da lista. A Bahia (484) vem em segundo lugar. A maior parte das plantas está no domínio da Mata Atlântica, onde vivem cerca de 70% dos brasileiros e cuja área original foi reduzida a 7,26%.
— Como há uma grande variação ambiental no país, as estratégias para a conservação dessa flora têm que incluir grandes áreas protegidas — afirma Cardoso. — No caso da Mata Atlântica, ela exemplifica uma distribuição urbana que ocorreu sem critério.
Biodiversidade da Bahia se destaca
Para contrapor isso, existem as chamadas áreas-chaves. Pela Convenção da Diversidade Biológica, da qual o Brasil foi um dos primeiros signatários, há o compromisso global de se chegar a 2010 com pelo menos 10% do planeta em áreas protegidas.
— Dificilmente o Brasil vai contribuir para que essa meta seja atingida — assegura o representante da Conservação Internacional. — Mais da metade desses corredores da biodiversidade está degradada.
Na verdade, 75% dessas áreas-chave têm menos de 10% de proteção, ou seja, estão em áreas protegidas, sejam parques, reservas, terras indígenas ou Reservas Particulares de Proteção Natural.
Segundo a publicação, que vai virar também um site (http://www.plantasraras.org.br), a Bahia, que tem o segundo maior número de plantas raras (e ameaçadas), é também o estado com o maior número de áreas estratégicas.
— Isso ocorre devido à grande complexidade biológica da Bahia, onde há Mata Atlântica, Caatinga e Cerrado — explica Cardoso. — O ideal era que cada estado tivesse uma política de preservação e o governo federal atuasse como um maestro dessas ações. Se nada for feito, vamos ter uma megaextinção de plantas brasileiras.
(O Globo, 1/7)