31/7/2009
Rechenberg, que tinha 68 anos, atuava na área de física da matéria condensada com ênfase em materiais magnéticos e propriedades magnéticas, trabalhando em especial com temas como espectroscopia Mössbauer, nanopartículas, ferritas, vidros de spins e sistemas frustrados.
O cientista era coordenador do Projeto Temático “Materiais Magnéticos Avançados e Novas Técnicas de Caracterização”, apoiado pela FAPESP, com conclusão prevista para 2011. Entre 2005 e 2008, foi membro pesquisador do Instituto do Milênio de Fluidos Complexos.
No IF-USP, trabalhava no Laboratório de Física do Estado Sólido e Baixas Temperaturas (LESBT), onde ingressou como bolsista em 1964, ano em que se formou em Física na USP.
O cientista concluiu seu mestrado na USP em 1968 e doutorou-se em 1973 na Université Scientifique et Médicale de Grenoble, na França. Orientado por Daniel Dautreppe, teve, em sua banca de tese, a participação de um dos nomes mais importantes da história do magnetismo: Louis Néel.
O diretor do IF-USP, Alejandro Szanto de Toledo, lamentou a morte do cientista. "O professor Hercílio teve, do ponto de vista científico, uma produção relevante na área de magnetismo e, do ponto de vista institucional, uma atuação serena, sempre valorizando a instituição", disse Toledo à Agência FAPESP.
De acordo com Nei Fernandes de Oliveira Junior , professor titular do IF-USP, coordenador do LESBT e diretor da Escola de Engenharia de Lorena da USP, a morte de Rechengerg “representa uma perda irreparável para o IF-USP e especialmente para a área de física do estado sólido e de baixas temperaturas”.
“Para mim, a perda pessoal foi grande. Tive-o como amigo desde 1964. Em 1972 fui portador do convite da USP para que retornasse para o Brasil e para o nosso grupo. Desde então, a USP contou com um grande professor, um grande cientista e, principalmente, um grande homem. Sempre sereno, equilibrado e sensato. Sempre afável e de ótimo trato. O LESBT e o Laboratório de Materiais Magnéticos, que ajudou a construir e vinha liderando ultimamente, perderam um de seus pilares”, disse Oliveira Junior em nota dirigida à Sociedade Brasileira de Física.
Atuando sempre na área de magnetismo, Rechenberg voltou ao Brasil em 1973, após o doutorado na França, sendo então contratado definitivamente pela USP para atuar no LESBT. Segundo Oliveira Junior, “implantou técnicas novas, montou laboratórios, culminando seu pioneirismo com a técnica de Mössbauer em altos campos magnéticos. Em tudo o que trabalhou, manteve-se na fronteira”.
Rechenberg tornou-se livre-docente em 1980, orientou oito mestrados e sete doutorados, publicou três livros e mais de 130 artigos científicos em revistas internacionais.