Eu sou um fervoroso defensor do Estado Laico. Dou um boi pra não entrar nesta briga, e dou uma boiada pra não sair dela se os neo-ateus (grande maioria na Nomenklatura científica tupiniquim) utilizarem pesquisas com este viés ideológico onde a posição ateísta, unilateral, é favorecida pelos seus pareceres.
O título ao contrário, é uma provocação e protesto indignado contra um Ministério da Educação e Cultura que aprova livros didáticos de Biologia do ensino médio com fraudes e distorções de evidências científicas a favor do fato da evolução, e que violenta o espírito da LDB 9394/96 que preconiza o ensino objetivo das teorias científicas e que elas são sujeitas a mudanças e até o simples descarte. Em 2003 e 2005 enviei e entreguei pessoalmente no MEC/SEMTEC (ainda não havia o PNLEM) uma análise crítica da abordagem da evolução de nossos melhores autores de livros didáticos de Biologia do ensino médio expondo aquela escandalosa situação.
O MEC/SEMTEC fez de contas que leu e não entendeu, pois recebi a resposta sobre o fato daquela repartição 'não aprovar livros para serem publicados'. Burrocrata, eu não estava submetendo um livro para ser aprovado. Eu estava apontando as duas fraudes e algumas evidências científicas distorcidas a favor do fato, Fato, FATO da evolução.
Falta 'cojones' para alguém de mais peso na Academia fazer uma pesquisa assim e tornar público que o MEC/SEMTEC/PNLEM violenta a LDB 9394/96 no ensino de uma teoria científica nos seus estertores heurísticos e que deverá ser substituída em 2010, mas que continua como ortodoxia científica em nossos livros didáticos.
Haja objetividade científica. O nome disso é 'esprit de corps'. Traduzindo em graúdos: 171 epistêmico!
Estado laico, sim! Estado ateu, não!
JC e-mail 3803, de 13 de Julho de 2009.
14. Pesquisa sobre ensino religioso mostra que estados ignoram a Lei de Diretrizes e Bases
Ponto polêmico de um acordo assinado entre o Brasil e o Vaticano, atualmente sob análise do Congresso Nacional, o ensino religioso nas Escolas públicas brasileiras é uma espécie de caixa-preta
Ponto polêmico de um acordo assinado entre o Brasil e o Vaticano, atualmente sob análise do Congresso Nacional, o ensino religioso nas Escolas públicas brasileiras é uma espécie de caixa-preta. É a única disciplina que não se submete a orientações do Ministério da Educação (MEC).
O conteúdo da matéria bem como os critérios de contratação dos professores ficam a cargo dos governos estaduais, que muitas vezes ignoram regras estabelecidas na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB).
Uma delas, que descreve a disciplina como facultativa e, portanto, fora da carga obrigatória anual do ensino fundamental, de 800 horas, é atropelada por oito estados. Do mesmo modo que em oito unidades da Federação, a matéria foi estendida ao ensino médio, enquanto a LDB e a própria Constituição Federal só mencionam a oferta das aulas até a 8ª série.
Os dados e conclusões são parte de um estudo inédito, obtido com exclusividade pelo Correio, denominado Ensino religioso: qual o pluralismo?. Financiado pela Universidade de Brasília (UnB) e pela Comissão de Cidadania e Reprodução, uma entidade sem fins lucrativos, o levantamento conseguiu traçar, por meio de consulta a legislações e entrevistas com as secretarias de Educação, um retrato do ensino de religião no país.
"Na medida do possível, esse é o mapa nacional. Convém observar que, apenas analisando as normais legais de cada estado e considerando as informações que nos foram passadas oficialmente, encontramos incongruências graves na condução dessa disciplina nas Escolas. Porém, sobre o que se passa verdadeiramente dentro das salas de aula, ninguém tem controle", afirma a antropóloga Debora Diniz, coordenadora do estudo.
Pregação
Um ponto-chave de toda a controvérsia que envolve o ensino religioso - de oferta obrigatória nas Escolas públicas de ensino fundamental, mas matrícula facultativa por parte do aluno - é o risco de proselitismo, vedado pela Constituição Federal.
Embora o perigo exista dentro de qualquer sala de aula, em estados como o Rio de Janeiro e a Bahia, o problema é ainda mais delicado. Isso porque, nas duas unidades da Federação, a modalidade de ensino estabelecida, inclusive nos textos legais, é a confessional.
"Não existe um impeditivo de adotar esse modelo, mas como temos de assegurar a diversidade religiosa, estabelecida em lei, como garantir aulas de todas as denominações? Se houver grupos de alunos de 10 confissões diferentes, haverá professores de todas elas?", questiona a doutora em filosofia Roseli Fischmann, pesquisadora da Universidade de São Paulo (USP).
Segundo Fischmann, a impossibilidade de garantir um ensino condizente com as denominações de fé de todos os alunos fere um princípio constitucional, segundo o qual ninguém será privado de direitos em virtude de religião.
Uma saída das secretarias estaduais de Educação para evitar a polêmica tem sido adotar o ensino religioso do ponto de vista histórico, filosófico, antropológico. "Por mais antiamericano que o indivíduo seja, ele não estuda quem foi Abraham Lincoln ou Martin Luther King na Escola? Por que não conhecer também, sem entrar em religião A ou B, quem foi Jesus?", sugere Ibi Batista, vice-presidente do Conselho de Pastores Evangélicos do Distrito Federal.
Para o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Roberto Leão, por mais que as legislações, tanto federais quanto estaduais, e os próprios profissionais tentem garantir a pluralidade religiosa, tal pretensão é utopia. "Ainda que adequações sejam feitas, sempre haverá distorções, porque ninguém é totalmente neutro. Somos contra a oferta de ensino religioso nas Escolas públicas, mesmo que de forma facultativa, porque entendemos que isso fere a laicidade do Estado", ressalta Leão.
Debora tem a mesma opinião. "Há um falso pressuposto de que as religiões falam da mesma coisa, o que é incorreto. A oferta de disciplina religiosa em instituições públicas ameaça a justiça religiosa", destaca. A Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que representa no país a Igreja Católica, instituição religiosa que a maioria dos brasileiros declara seguir, foi procurada pela reportagem, mas não se manifestou.
(Correio Braziliense, 12/7)