Cruz, credo: a Fapesp financiou pesquisa sobrenatural...

quarta-feira, julho 08, 2009

Humanidades | Antropologia

Não há céu sem inferno
A relação dúbia entre igrejas neopentecostais e o demônio

Carlos Haag

Edição Impressa 161 - Julho 2009

Pesquisa FAPESP -

Sai, capeta!” Esse literal “grito de guerra” surge no imaginário de boa parte das pessoas quando ouve falar na Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), e suas “colegas rivais” neopentecostais, por causa por chamados ritos de “descarrego”, supostos exorcismos em que espíritos demoníacos são intimados a se “manifestar” do “interior do indivíduo” (seja nos templos das igrejas, seja, ao vivo e em cores, pela televisão), em geral demônios saídos das “profundezas” das religiões afro-brasileiras. O diabo, porém, não parece, para os pastores, tão feio como se pinta. “Graças a ele e à dinâmica em que nada lhe escapa, a IURD aumenta sua possibilidade de crescimento. Contrariamente ao que afirma, a igreja deve boa parte de sua expansão e constituição a esse ser. Logo, mais do que candomblé e umbanda, o que a igreja necessita de fato é dialogar com uma tradição sociorreligiosa em que se possam encontrar sofrimentos equivalentes à figura do diabo”, explica o antropólogo Ronaldo de Almeida, professor da Unicamp e pesquisador do Cebrap, cujo estudo A Igreja Universal e seus demônios (Terceiro Nome, 149 páginas, R$ 28,00) foi lançado recentemente com apoio da FAPESP.

Segundo a pesquisa Economia das religiões, publicada pela Fundação Getúlio Vargas em 2007, a população de evangélicos cresceu de 16,2% (2003) para 19,9%. O estudo também revela que, com a crise metropolitana nas últimas décadas, o inchaço das grandes cidades, o aumento da violência e a piora do acesso aos serviços públicos, as igrejas evangélicas neopentecostais tiveram um crescimento mais expressivo nas periferias. Com o surgimento da “nova pobreza” as pessoas seguem em geral dois caminhos: ou se apegam a religiões de práticas mais intensas, como as pentecostais, ou perdem a esperança e viram sem religião. O estudo revela que o crescimento dessas igrejas nas áreas metropolitanas também pode ser entendido como uma forma de ocupar uma lacuna deixada pelo Estado, com desemprego, “favelização”, precariedade de acesso aos serviços públicos. Se a “velha pobreza”, a das áreas rurais, continua católica, a “nova pobreza”, da periferia das grandes cidades, estaria migrando para as instituições neopentecostais. “Se a ‘teologia da libertação’ produziu a categoria do pobre como ator político na cena pública, a ‘teologia da prosperidade’ da Igreja Universal produz o pobre como ator econômico e o torna responsável por sua salvação. Seu modo de ritualizar o dinheiro e fortalecer a eficácia da ação (via incorporação da feitiçaria no exorcismo) lhe dá uma grande amplitude discursiva”, analisa a antropóloga Paula Montero, da USP e do Cebrap. “Nessa nova configuração, os códigos referentes à saúde e à prosperidade, como uma ética do mundo dos pobres, têm apresentado grande capacidade de mobilização, um capital social que faz com que seus ritos conquistem estádios de futebol, televisões e outros espaços.” Será que os bispos da IURD querem mesmo que o capeta saia?

Leia mais aqui, aqui, aqui e aqui.

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NOTA IMPERTINENTE DESTE BLOGGER:

Se o sobrenatural não existe, qual é a validade científica desta pesquisa???

QED: estão gastando nosso suado dinheirinho naquilo que não é ciência. Cruz, credo...