Ecos de Darwin na Unisinos - São Leopoldo - RS

quinta-feira, maio 28, 2009


Observando o legado da obra de Charles Darwin percebe-se que não somos mais os mesmos. O certo é que decorrido um século e meio da data em que ele escreveu a “Origem das Espécies” e depois de recentes descobertas científicas relevantes para o tema da evolução biológica, o assunto merece detalhada e séria reconsideração, em diferentes dimensões que perpassam a perspectiva científica, filosófica, teológica, religiosa, histórica, dentre outras. Somente assim poder-se-á evitar as posições ideológicas que, por vezes, dominam o debate.

Aliás, a respeito da querela criacionismo versus teoria da evolução, tem-se o criacionismo contra o qual Darwin claramente se coloca em um sentido bem técnico: trata-se da visão de que cada espécie seja fruto de um ato especial de criação. E pode-se perceber que não há incompatibilidade entre a teoria darwiniana e a existência de um Criador ou Deus. A percepção que se tem é que ambas podem ser compatíveis. É aqui, em partes, e na análise de toda a sua obra que inscrevem-se o diálogo ciência e fé, muito importante no paradigma complexo do momento atual e que deve ser considerado no momento em que se comemoram o bicentenário do seu nascimento e os 150 anos da sua obra.

Assim, o evento proposto no presente projeto ressalta a importância de se comemorar um dos grandes marcos de toda a ciência e em geral, de toda a cultura humana. A origem das espécies teve um impacto em várias dimensões da vida humana, não somente no modo de ver e conceber a atividade científica e o homem, mas no pensar as relações entre ciência e religião. Não se pode simplesmente ignorar tais efeitos. Ainda que se possa questionar se somos melhores ou piores depois de Darwin, certamente não somos mais os mesmos.

Talvez sejamos mais humildes e deveríamos ser mais tolerantes entre nós e mais respeitosos com a Natureza. Fato este decorre dos estudos de Darwin sobre o homem e sobre a teoria das emoções, onde mostra que a vontade, consciência e intenção resultam do desenvolvimento das faculdades superiores. A moral, a parte mais nobre do homem, segundo Darwin, onde o homem é o supremo juiz de sua conduta, tem sua origem nos instintos sociais, no amor e na simpatia, geradores de um sentimento de “certo” e “errado”, à base do qual a moral se edifica. Uma pequena dose de juízo ou razão está presente, segundo Darwin, mesmo em nossos instintos. Mais uma vez evidencia-se o diálogo ciência e fé como importante.

É diante deste contexto que o IX Simpósio Internacional IHU: Ecos de Darwin busca sua voz nas questões e reflexões que suscitou e que impõem um repensar de nossas crenças, atitudes e expectativas nas diferentes esferas de nossa vida. O Simpósio contemplará aspectos históricos, filosóficos, científicos e religiosos do legado e das promessas darwinianas. Se somará a outras atividades que ocorrem pelo mundo, inclusive em Universidades, algumas delas Jesuítas, colocando o Brasil e a América do Sul também neste debate, de forma a promover uma correta e frutífera relação dialética entre Ciência, Filosofia e Teologia.

Por fim, deve-se destacar que este Simpósio ocorrerá no período que procede outro evento do Instituto Humanitas Unisinos - IHU, qual seja, o “Simpósio Internacional Narrar Deus numa sociedade pós-metafísica. Possibilidades e impossibilidades”, que ocorrerá nos dias 14 a 17 de setembro, com o objetivo de Promover um debate sobre possibilidades e impossibilidades do discurso sobre Deus numa sociedade pós-metafísica.

Desta forma, os dois simpósios se inter-relacionam e apresentam temáticas e discussões relacionadas, que se complementam, ora sendo opostas, por ora convergindo entre seus pensamentos, o que garante um debate ainda mais amplo e qualificado para ambos os eventos, por meio de uma verdadeira interação entre ciência, filosofia e fé, contribuindo, desta maneira, no diálogo ciência e fé.

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Fonte.