JC e-mail 3604, de 23 de Setembro de 2008.
Espécie tinha técnica de caça evoluída, afirma estudo
Um estudo em jazidas do penhasco de Gibraltar, no sul da Península Ibérica, revelou que os neandertais também caçavam mamíferos marítimos e demonstrou que eles e os homo sapiens, que vieram logo depois, "quase não diferiam" em seu comportamento.
A pesquisa realizada por cientistas britânicos e espanhóis começou em 1995. Seus resultados mostram que os neandertais tinham uma estratégia de sobrevivência mais complexa e superior ao que cogitava a comunidade científica.
O estudo, publicado pela Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, oferece novas provas para acabar com a idéia de que o Homo sapiens foi o único grupo capaz de explorar todos os recursos naturais, até os marítimos, informa em nota divulgada ontem o Centro Superior de Pesquisas Científicas (CSIC) da Espanha.
Segundo o estudo, os neandertais não só exploravam os recursos terrestres, mas possuíam conhecimento sobre a reprodução das focas e aproveitavam esse período para ocupar duas cavernas do penhasco: Vanguard e Gorham.
Em Vanguard, os paleontólogos descobriram vestígios de pelo menos três ocupações do grupo. Eles encontraram restos ósseos de focas que apresentavam marcas produzidas pela utilização de instrumentos de pedra para extrair a pele e a carne e, depois, quebrar os ossos para extrair a medula. Também foram encontrados restos de mamíferos marítimos de 28 mil anos em Gorham, associados à atividade predatória de neandertais.
Segundo o CSIC, isso indica o tempo em que eles estiveram na região e, possivelmente, constitui a última presença de neandertais conhecida antes de sua extinção.
Os pesquisadores sugerem ainda que a sobrevivência dos neandertais até tempos tardios em Gibraltar poderia ser conseqüência direta da boa adaptação ao meio e, portanto, "ao êxito de uma estratégia econômica, social e cultural complexa".
Além disso, há evidências do uso do fogo para facilitar a extração de nutrientes, assim como indícios sobre sua alimentação, como suas próprias mordidas em determinadas presas. (Da EFE)
(O Estado de SP, 23/9)