Consertando a teoria da evolução: Darwin 3.0

terça-feira, setembro 02, 2008

Você se lembra de uma edição da revista National Geographic com uma pergunta sugestiva na capa: “Darwin estava errado?”, e na reportagem a resposta dada foi “Não”. É, parece que alguns cientistas acham que Darwin estava errado, e botaram a boca no trombone em Altenberg, Áustria em julho passado.

Como este “simples professorzinho do ensino médio” [EU SINTO ORGULHO DE SER EDUCADOR] destacou neste blog há dois anos, e há uma década junto às editorias de ciência da Grande Mídia Tupiniquim (em vão, diga-se de passagem): “Não dá mais para tapar o Sol das evidências contrárias à teoria da evolução com uma peneira furada de hipóteses ad hoc querendo salvar um paradigma colapsante”.

Gente, eu queria ver a cara da galera dos meninos e meninas de Darwin: parte da comunidade científica internacional (a Tupiniquim está reconhecendo meio aborrecida, mas está, e isso é importante) está conclamando a necessidade de uma revisão na teoria da evolução. É um adeus simbólico a Darwin meio disfarçado e sem graça...

Interessante este padrão epistêmico — a cada 50 anos quando os darwinistas celebram Darwin, em cerimônias de beija-mão e beija-pé, eles tecem loas ao guru de Down, ao homem que teve a maior idéia que a humanidade já teve, mas em seguida vêm as críticas e as sugestões de se revisar e até descartar os mecanismos evolutivos até aqui propostos. Isso numa teoria científica afirmada como sendo melhor corroborada pelas evidências assim como é certa a lei da gravidade...

Leia o artigo do meu amigo David Tyler, da Inglaterra.

25/07/08

Por David Tyler

Quanto da teoria evolutiva precisa de conserto?

Em 2005, Massimo Pigliucci, numa resenha de livro para a revista Nature, escreveu: "O clamor para se revisar o neodarwinismo [SIC ULTRA PLUS, para chamar a atenção de Claudio Angelo, Editor de Ciência da Folha de São Paulo sobre o uso de “neodarwinismo” para identificar a Síntese Moderna] está se tornando tão alto que, esperançosamente a maioria dos biólogos em atividade começará a prestar atenção [NOTA DO BLOGGER 1: Alô biólogos praticantes do Brasil, vocês estão prestando atenção ao clamor das evidências exigindo a revisão do neodarwinismo???]. Tem sido afirmado que a ciência freqüentemente faz progresso não porque as pessoas mudam de opinião, mas porque as pessoas velhas morrem e a nova geração é mais aberta às idéias novas." [NOTA DO BLOGGER 2: Talvez Pigliucci tivesse em mente a afirmação feita por Kuhn no seu livro “A estrutura das revoluções científicas” sobre a mudança paradigmática ocorrer: SOLUÇÃO BIOLÓGICA!!!] Este clamor não tem diminuído nos anos sucessivos, e uma evidência recente disto foi um encontro privado em Altenberg, Áustria, de 10 a13 de julho de 2008. Este evento foi publicado em março de 2008 por Susan Mazur, e os recentes comentários dela sobre o encontro estão aqui neste link.

O que tem além da Síntese Moderna [se Darwin estiver errado]?

Todavia, este blog é para chamar a atenção para um artigo publicado na revista Science de Elizabeth Pennisi. Segundo Pigliucci, a atenção criada pela crônica de Mazur "francamente me causou embaraço". As razões para isso não são de todas claras, porque não há dúvida de que o encontro de Altenberg foi planejado [ARGH do BLOGGER: Esta palavra incômoda e cortante todas as vezes que considero o olho (Darwin)!] para abordar os problemas de uma teoria colapsante. Avanços científicos têm revelado pontos cegos na síntese neodarwinista e já é hora de uma mudança [paradigmática].

Mais do que genes transmitirem informação de uma geração para a outra, por exemplo, e o desenvolvimento [embrionário] parece ajudar o curso da evolução. "Muitas coisas precisam ser consertadas," enfatiza uma convidada, Eva Jablonka, da Universidade de Tel Aviv em Israel. "Eu penso que uma nova síntese evolutiva já passou do tempo." [NOTA DO BLOGGER 3: Eu queria ver a cara dos que afirmaram que o fato, Fato, FATO da evolução é tão certo quanto a lei da gravidade, quando Jablonka diz que muito da teoria da evolução precisa ser consertado e que isso já deveria ter sido feito há mais tempo!!! Alô, Claudio Angelo, Folha de São Paulo, há uma década eu falo isso pra vocês e toda a Grande Mídia Tupiniquim, e denunciando o jornalismo científico chinfrim de vocês, e a relação despudoramente incestuosa com a Nomenklatura científica. Vocês foram apanhados de cuecas nas mãos!!!]

Grandes avanços têm sido feitos na área de biologia do desenvolvimento, mas estes avanços reforçam a idéia de que "o desenvolvimento limita a evolução". Os neodarwinistas não acalentam esta idéia porque eles têm promovido o conceito do ambiente adaptivo, onde há plasticidade inata e onde todas as barreiras de transformação podem, em princípio, serem vencidas. As discussões sobre os limites da variação são alheias à sua disposição de mente. Contudo, uma vez que se reconhece que a estase é tão importante para ser considerada como a variação, e que a estase pode ser um fenômeno de desenvolvimento (não somente governada pelo ambiente), então há questões científicas importantes para se considerar sobre os limites da variação. Até agora os neodarwinistas têm tratados tais questões como sendo uma intromissão da ideologia religiosa dentro da ciência. As perspectivas contrastantes são assim explicadas por Pennisi:

Da perspectiva da síntese moderna, Wagner explica, "o plano corporal é um resíduo histórico do tempo evolutivo, o por do Sol do processo evolutivo" de tal modo que os organismos mais proximamente relacionados compartilham de mais características. A opinião alternativa, ele disse, é que "os planos corporais têm inércia interna", e a evolução age em torno desta estabilidade.

Outra área chave de interesse diz respeito a "regulação": esta é a nova palavra da hora em círculos de biologia; "mesmo assim, é outro conceito virtualmente ignorado na Síntese Moderna". Isto é importante porque os mecanismos [evolutivos] do neodarwinismo foram reconhecidos pelo grupo de Altenberg como bem ineficientes. Isto se deduz de qualquer pesquisa empírica sobre o que estes mecanismos realmente realizam. [NOTA DO BLOGGER 4: Apesar de Darwin ter afirmado que a seleção natural era o principal, mas não o único mecanismo evolutivo, desde 1859 a comunidade científica vem lidando com a ineficiência desses mecanismos. Claudio Angelo, você não acha que já está mais do que na hora de uma mudança paradigmática em biologia evolutiva???]

Resumindo: "Novas características contêm muito pouco do que é novo em meio aos componentes funcionais, enquanto que a mudança regulatória é crucial", escreveram Kirschner e John Gerhart da Universidade da Califórnia, Berkeley, num suplemento da edição de 15 de maio de 2007 do PNAS [Proceedings of the National Academy of Sciences]. (Para o meu blog sobre este artigo, vide).

Outra lacuna no pensamento neodarwinista é a epigenética. Os fatores ambientais podem influenciar o modo como os genes são ativados ou desativados, e isso cria um "aumento desnorteante na complexidade de todo o sistema de hereditariedade". Embora isto não seja mencionado por Pennissi, a epigenética [também] é de interesse para os cientistas do DI porque as questões de complexidade têm estimulado as inferências de design [intencional].

Certas condições ambientais tais como a dieta durante a gestação, podem alterar os padrões epigenéticos resultantes, e novas características que resultarem podem durar por gerações, afirmou Jablonka, que tem se esforçado há anos para obter o reconhecimento deste modo de hereditariedade. [...] "Está começando a ser aceito que [a epigenética] pode realmente ter algo a contribuir para a evolução", disse Jablonka. Ela argumenta que devido ao fato destas modificações químicas mudarem quão bem enrolado é o DNA, elas também influenciam outras propriedades de um genoma que são relevantes para a evolução. O enrolar de um filamento de DNA, ela destacou, pode alterar a taxa de mutação, o meio pelo qual os elementos móveis podem se mover, a duplicação dos genes, e até o quanto de troca de gene ocorre entre os cromossomos correspondentes.

Com toda esta excitação, é difícil evitar ser visto como motivo de chacota se você for um cético. Todavia, Jerry Coyne se vê obrigado a isso:
É uma piada, disse Jerry Coyne, da Universidade de Chicago, Illinois. "Eu não acho que há alguma coisa que precise ser consertada."

Estas discussões são interessantes para os cientistas do DI, não somente porque eles estão abordando as questões que são de interesse direto para o desenvolvimento do pensamento do DI. Nós não precisamos pressupor a ancestralidade comum, e mesmo assim nós podemos descobrir que a variação fica dentro de limites. Nós podemos descobrir que os aspectos regulatórios da genética são fortes evidências de design [intencional]. Nós podemos descobrir que a epigenética aponta para novos níveis de complexidade extremamente requintadas que revelam marcas de design [intencional].

Nós não pressupomos os resultados, então para nós isto é uma exploração genuína. Contrastando, a abordagem secularizada de ciência precisa traçar a origem de tudo até um ancestral comum universal, e deve explicar o design na natureza completamente através de referência a causas naturais.

Modernizing the Modern Synthesis

Elizabeth Pennisi

Science 321, 11 July 2008: 196-197 | DOI: 10.1126/science.321.5886.196
Seventy years ago, evolutionary biologists hammered out the modern synthesis to bring Darwin's ideas in line with current insights into how organisms change through time. Some say it's time for Modern Synthesis 2.0.

[NOTA DO BLOGGER 5: A nova teoria da evolução, que não será SELECIONISTA, já tem nome — Síntese Evolutiva Ampliada. Eu chamo aqui carinhosamente de Darwin 3.0]

See also:

Pigliucci, M. Expanding evolution, Nature 435, 565-566 (2 June 2005)

Mazur, S. Altenberg! The Woodstock of Evolution?
(Scoop! 4 March 2008)