De vez em quando neste blog eu uso adjetivos qualificando a ciência e os cientistas como religião e religiosos. Razão? É que este conceito a cada dia está aumentando. Durma-se com um barulho desses: em Berkeley, Califórnia, justamente na Berkeley dos radicais, a ciência vai ganhar um “templo da religião da ciência”.
Ficou embasbacado? Como está o coração? Está de bem com a vida? Então se prepare para ter um treco. Deu na New Scientist, uma revista de divulgação científica popular:
Até uma oração a Darwin já foi imaginada:
“Louvado seja Darwin! Hoje nós estamos aqui reunidos para agradecer aqueles cientistas que nos deram algo para sustentar nossos espíritos neste tempo de vacuidade religiosa. Agora que nós cremos que existe tal coisa como espírito, ou alma, mas você sabe o que eu quero dizer com isso.”
Gente, eu fiquei estupefato diante desse cientificismo desbragado que ocorre diante de nossos olhos numa cultura que se diz laica e científica. Esse tipo de “oração” sem dúvida que dará início a uma série de “sermões científicos” pelo Rev. Richard Dawkins, Rev. Daniell Dennett et caterva, lá no “Atheon”, um prédio de dois andares em Berkeley, justamente na saudosa Berkeley dos radicais como Ângela Davis [Cara, me belisca que eu não tô acreditando nessa, mano!] com o objetivo de “fornecer uma casa
para pessoas racionais na Califórnia”.
O templo é uma obra de arte, mas apóia o cientificismo. No website do Atheon você encontra esta pérola de citação:
“O Atheon é um templo secular devotado à adoração científica. Trazendo satisfação espiritual através da exposição da mais recente pesquisa em áreas desde a cosmologia à mecânica quântica, o Atheon oferece uma alternativa não denominacional às religiões teocêntricas como o judaísmo, cristianismo, e islamismo. O nosso credo é fazer a fé racional.
Uau! Fé nos corações dos outros é “ópio do povo”, “gemido dos oprimidos”, “projeção da mente”, a “ilusão que dá sentido à realidade”, “irracionalidade”, mas quando chega lá em Berkeley, no andar superior, a fé subitamente adquire “racionalidade”, status de superioridade epistêmica em relação à “fé” do andar de baixo, da ralé que nada entende de ciência e nem sabe como se faz ciência. Bem-vindo ao novo Templo da Ciência, com seus sacerdotes e sacerdotisas, e com seu livro sagrado cujo mantra é recitado diariamente: O universo nada mais é do que matéria e energia, regido por leis naturais cegas, aleatórias e não-inteligentes.
Ave, Darwin, nós os mortais que caminhamos para a morte [Heidegger] e o fim de nossa existência, te saudamos, te adoramos, te louvamos em Atheon por esta grandiosa libertação!!!
Pimenta nos olhos dos outros é refresco já dizia minha mãe...
Fui cada vez mais cético do rigor científico da pós-modernidade. E outros é que são cegos.