Gente, olha que eu me esforço neste blog para me livrar da minha ironia fina à la Macaco Simão (Folha de São Paulo) e à la Diogo Mainardi (Veja), em relação à Lógica Darwinista 101, mas não consigo. Isso até me atrapalha nos meus trabalhos acadêmicos.
Aqui e ali, darwinistas e outros tipos me tiram do sério. Francis Collins é um deles, mas desta vez ele colocou o Daniel Dennett, aquele do livro A idéia perigosa de Darwin [que disse ser o darwinismo ‘o ácido universal’ que a tudo corrói – valores, crenças, etc.], no seu devido lugar ─ lá nos cafundós-de-judas, oops, do Cambriano!
Abaixo o texto traduzido do meu amigo Logan Gage, lá em Washington, D.C.:
Francis Collins lida com o ácido universal do darwinismo como mamadeira
Recentemente a revista National Geographic publicou online “Francis Collins: The Scientist as Believer”, uma entrevista feita por John Horgan. A entrevista é quase toda sobre religião, mas eu tenho dois comentários que tocam na evolução.
No primeiro, Collins explica que, embora ele creia nos milagres como cristão, “como cientista eu estabeleço os meus padrões para milagres muito altos”. Isso, é claro, é uma sábia política externa. Mas isso me lembra o modo como Collins trata o Design Inteligente no livro The Language of God. Como Darwin antes dele, Collins usa de um truque retórico sutil. Ele trata a “criação especial” como sua interlocutora. Isto é, ele escreve como se os únicos jogos acontecendo na cidade fossem a evolução cega darwiniana e (talvez uma caracterização grosseira do) Deus do fundamentalismo bíblico fazendo tudo existir de modo extravagante. Claramente isso é um falso dilema — como a existência de cientistas como Michael Behe testifica. Ou novamente, e se a natureza manifestar inteligência num sentido aristoteliano?
A minha segunda reflexão diz respeito ao altruísmo. Horgan perguntou ao dr. Collins se ele acha que o darwinismo pode explicar o altruísmo. Collins respondeu:
“Tem sido um pouco de ‘estória da carochinha’ [just-so story] até agora. Muitos argumentariam que o altruísmo tem sido apoiado pela evolução porque ajuda o grupo a sobreviver. Mas algumas pessoas sacrificialmente dão de si mesmas por aqueles que são fora dos seus grupos e com quem eles não têm nada em comum. Pessoas como Madre Teresa, Oskar Schindler, e muitas outras. Isso é a nobreza da humanidade nas sua forma pura. Isso não parece que pode ser explicado pelo modelo darwiniano, mas eu não estou apoiando a minha fé nisso.”
Collins está certamente correto em salientar que os relatos darwinianos de altruísmo são apenas ‘estórias da carochinha’ [just-so stories]. No livro The Language of God, ele até afirma que o altruísmo “apresenta um grande desafio para o evolucionista”. Certamente. Mas se Collins está querendo ceder o desenvolvimento biológico humano para o processo darwiniano cego de mutação e seleção, então em que base Collins se apóia para desafiar o altruísmo ou qualquer outro comportamento humano como não procedendo do processo darwiniano? Se o maravilhoso corpo humano se desenvolveu sob a influência da seleção natural, como que a psique e o cérebro humanos escaparam de um processo aparentemente poderoso?
O dr. Collins está lidando com o ácido universal como se fosse mamadeira de nenê.
Postado por Logan Gage em 23 de fevereiro de 2007 7:55 PM | Permalink
++++
Uau, gente, quem diria ‘o ácido universal’ de Darwin é inofensivo como mamadeira de nenê! Eu, se fosse o Dennett, ia caçar sapo de botas lá no Everglades!
Fui, rachando de rir da falta de lógica da Lógica Darwinista 101, e cada vez mais acreditando na tese de que o riso [obrigado, Prof. Dra. Vera Machline] é uma forma de ‘desconstruir’ o discurso ideológico consensual dos poderosos de plantão, oops, da Nomenklatura científica.