Dia 12 de fevereiro será comemorado o ‘Dia de Darwin’ [argh, isso é como cometer idolatria!]. Seus organizadores dizem que esta é uma data celebrada internacionalmente com a exclusiva ‘oportunidade para a divulgação científica em geral e da Teoria da Evolução em particular’.
Li atentamente a programação do Museu de Zoologia da USP (10 e 11 de maio de 2007). O que percebi nitidamente é: muito pouca divulgação científica e muita louvaminhice a um cientista cuja teoria se encontra nos seus estertores paradigmáticos.
Um estranho e despudorado caso de ‘culto a personalidade’ em pleno século 21. E promovido por cientistas! A nata, o supra-sumo da racionalidade... Onde está naquela programação a divulgação científica? Por que as loas exageradas sobre os fatos circunstanciais favoráveis à Teoria da Evolução? Por que não considerar racionalmente as insuficiências epistêmicas fundamentais contrárias à Teoria da Evolução? Elas existem desde 1859.
Segundo Gould (1980) e Margulis mais recentemente (2005) na conferência sobre evolução nas ilhas Galápagos, o neodarwinismo já está morto há muito tempo, mas persiste como ortodoxia em nossos livros didáticos. Por que William Provine (2005), Cornell University, mencionou naquela mesma conferência a necessidade de outra teoria da Evolução? Por que a Grande Mídia não destaque a tudo isso? Uma despudorada relação incestuosa com a Nomenklatura científica.
Por que destacar Darwin em particular a ser celebrado e não outro cientista? Newton, por exemplo, deu muito mais contribuições à ciência do que Darwin. Por que não Einstein, para sermos mais contemporâneos, que deu maior e melhor entendimento sobre a realidade do que o naturalista inglês? É impressionante o caráter de beija-mão e beija-pé de Darwin nestas celebrações polarizadas ideologicamente como sendo ‘criacionismo vs evolucionismo’, e tudo isso patrocinado com o nosso suado dinheirinho.
A questão não é ideológica, ela é estritamente científica. Darwin impôs a si uma gigantesca tarefa — explicar a origem das espécies através de um mecanismo estritamente material: a seleção natural. Bem que ele tentou, porque a História da Ciência nos conta o seguinte — ele acertou no varejo e errou no atacado:
A versão Darwin 1.0 (1859) durou até a sua ‘eclipse’ epistêmica em 1909. Uma bagunça e a seleção natural atacada pelos próprios darwinistas.
A versão Darwin 2.0 vem estropiada e sofregamente, aos trancos e barrancos, resistindo como paradigma desde os anos 1930 e 1940. A Nomenklatura científica impede qualquer dissensão: inquisição sem fogueira contra os dissidentes destruindo e impedindo o avanço em suas carreiras acadêmicas.
O VISTA da Microsoft foi lançado nesta semana, mas a versão revista e atualizada Darwin 3.0, uma teoria da evolução mais robusta, ainda não será lançada para não estragar as comemorações internacionais do ‘culto à personalidade’ de Darwin-ídolo de 12 de fevereiro de 2007 a 2009.
Esta data seria uma grande oportunidade para a divulgação científica dos seguintes tópicos: Problemas com a mutação e o mecanismo de seleção natural; o registro fóssil e as origens humanas; que o DNA Lixo tem função; a complexidade integrada da vida; problemas na elaboração de filogenias (recentemente abordado neste blog, mas não foi destacado pela Grande Mídia e nem tampouco pelo JC e-mail).
A informação científica que vem sendo sonegada intencionalmente aos nossos alunos nos livros-texto de Biologia do ensino médio e ao público em geral através da abordagem da Teoria da Evolução na Grande Mídia é esta:
Questões de Padrão diz respeito à grande escala geométrica da história
biológica: Como os organismos são inter-relacionados, e como que nós sabemos isso?
Questões de Processo diz respeito aos mecanismos de evolução, e os
vários problemas em aberto naquela área, e
Questões sobre a questão central: a origem e a natureza da complexidade biológica a “complexidade biológica” diz respeito à origem daquilo que faz com que os organismos sejam claramente o que são: complexidade especificada da informação biológica.
O pior e o mais grave de tudo nessa celebração tupiniquim, é que haverá oficinas para crianças, e os animais de Galápagos vão ser utilizados como sendo exemplos de evolução em ação. Nada mais falso. O que temos ali com os tentilhões de Darwin é meramente oscilação. Neca de pitibiriba, oops de evolução total.
Uma leitura objetiva em História da Ciência sobre o status epistêmico da atual Teoria da Evolução está muito menos para um ‘Feliz Aniversário, Darwin’! e muito mais divulgação sobre o verdadeiro status de uma teoria científica do século 19, que vem sendo a cada 50 anos ‘recauchutada’, e não consegue explicar como se deu a evolução. Isso, a Nomenklatura científica não ousa abordar. Há muita coisa em jogo: perda de status como aquela que descreve a realidade para nós meros mortais!
Pro bonum scientia, o dia 14 de fevereiro deveria ser celebrado internacionalmente, sem remorsos, como ‘Delenda Darwin Day’!
Darwin morreu! Viva Darwin!