Não é fácil para um cientista evolucionista criticar a Darwin

terça-feira, julho 07, 2009

Você se lembra? A teoria da evolução é tão certa quanto a lei da gravidade?

“Não existe crise na teoria da evolução”. “Não existe dissensão científica séria sobre o fato da evolução”. “Existe uma montanha de evidências a favor do fato da evolução”. “A teoria da evolução é uma teoria científica tão certa quanto a lei da gravidade”. Essas foram algumas das respostas dadas aos críticos e oponentes do status heurístico da Síntese Evolutiva Moderna — ou neodarwinismo, quando esta mesma teoria científica já tinha sido declarada ‘morta’ em 1980 no contexto de justificação teórica, mas que permaneceu como ortodoxia teórica somente nos livros-texto de Biologia do ensino médio.

O pior de tudo é que a Nomenklatura científica sabia disso. Pior do que isso, é que certos veículos da Grande Mídia tupiniquim como a Folha de São Paulo também sabiam disso...

Nossos alunos do ensino médio foram engabelados por quase três décadas, e com o aval recente da comissão do MEC/SEMTEC/PNLEM que aprovou a abordagem da evolução nesses livros. A douta comissão não pode mais alegar desconhecer essas vozes dissidentes do paradigma, pois suas posições podem ser encontradas facilmente na literatura especializada.

Ora, se este simples professorzinho do ensino médio, oops, agora mestre em História da Ciência, teve acesso a estes artigos, eles não têm? Dou uma dica: http://periodicos.capes.gov.br acesso gratuito a inúmeras publicações científicas.

Vamos considerar algumas dessas vozes?

Em 2008, uma resenha no Trends in Ecology and Evolution admitiu a existência de um “debate saudável sobre a suficiência da teoria neodarwiniana para explicar a macroevolução” [1].

Günter Theißen, do Departamento de Genética na Universidade Friedrich Schiller, em Jena, Alemnha, escreveu recente no Theory in Biosciences:

“embora nós já tenhamos um bom entendimento de como os organismos se adaptam ao ambiente, muito menos é conhecido sobre os mecanismos por detrás da origem das novidades evolucionárias, um processo que é indiscutivelmente diferente da adaptação (Wagner 2000). Apesar dos méritos inegáveis de Darwin, explicar como a enorme complexidade e diversidade dos seres vivos em nosso planeta se originou permanece o maior de todos os desafios da biologia.”[2]

Ficou pasmo diante de tal crítica sobre o fato, Fato, FATO da evolução? Num artigo no Theory in Biosciences de 2006, Theißen foi mais incisivo e na jugular daquilo que ele chamou de “ciência dogmática”:

“Explicar exatamente como a grande complexidade e diversidade de vida se originou na Terra ainda é um enorme desafio científico. ... Existe uma ampla atitude na comunidade científica que, apesar de alguns problemas no detalhe, os relatos sobre a evolução nos livros didáticos têm resolvido essencialmente o problema. Na minha opinião, isso não é bem certo.” [3]

Nota bene MEC/SEMTEC/PNLEM: a abordagem da evolução nos livros didáticos, segundo Theißen, exagera nas evidências a favor do fato, Fato, FATO da evolução.

Quando eu denuncio aqui a perseguição movida pela Nomenklatura científica contra os críticos e oponentes de Darwin, a Galera dos meninos e meninas de Darwin diz que é “teoria de conspiração”. Você está sentado? E a pressão arterial como está? De bem com a vida? Então agüenta firme com o que vem a seguir.


Theißen, um cientista evolucionista de renome, lamenta, mas admite ser academicamente perigoso para um cientista evolucionista ser dissidente do neodarwinismo:

“É perigoso chamar a atenção de que não existe explicação satisfatória para a macroevolução. Alguém se torna facilmente um alvo da biologia evolutiva ortodoxa e um falso amigo dos proponentes de conceitos não científicos. De acordo com o primeiro, nós já sabemos todos os princípios relevantes que explicam a complexidade e a diversidade da vida na Terra; para os últimos, a ciência e a pesquisa nunca serão capazes de fornecer uma explicação conclusiva, simplesmente porque a vida complexa não tem uma origem natural.” [3]

Preste bem atenção na declaração de Theißen: é academicamente “perigoso” para um evolucionista questionar o pensamento evolucionário predominante. Muito mais academicamente “perigoso” para os que têm visão diferente sobre a origem e evolução da vida.

A lição que fica: se é extremamente difícil para um evolucionista ser dissidente de Darwin, então é mais fácil entender o por que da perseguição escancarada movida pela Nomenklatura científica contra os atuais e mais respeitáveis críticos e oponentes de Darwin, a turma do Design Inteligente.

NOTAS

[1]. Michael A. Bell, “Gould’s most cherished concept”, review of Punctuated Equilibrium by Stephen Jay Gould. Belknap Press of Harvard University Press, 2007," Trends in Ecology and Evolution, Vol. 23(3):121-122 (2008). “healthy debate concerning the sufficiency of neo-Darwinian theory to explain macroevolution".

[2]. Günter Theißen, "Saltational evolution: hopeful monsters are here to stay," Theory in Biosciences, Vol. 128:43–51 (2009). “while we already have a quite good understanding of how organisms adapt to the environment, much less is known about the mechanisms behind the origin of evolutionary novelties, a process that is arguably different from adaptation (Wagner 2000). Despite Darwin’s undeniable merits, explaining how the enormous complexity and diversity of living beings on our planet originated remains one of the greatest challenges of biology.”

[3]. Günter Theißen, "The proper place of hopeful monsters in evolutionary biology," Theory in Biosciences, Vol. 124:349–369 (2006). “Explaining exactly how the great complexity and diversity of life on earth originated is still an enormous scientific challenge. ... There is the widespread attitude in the scientific community that, despite some problems in detail, textbook accounts on evolution have essentially solved the problem already. In my view, this is not quite correct.” ... “It is dangerous to raise attention to the fact that there is no satisfying explanation for macroevolution. One easily becomes a target of orthodox evolutionary biology and a false friend of proponents of non-scientific concepts. According to the former we already know all the relevant principles that explain the complexity and diversity of life on earth; for the latter science and research will never be able to provide a conclusive explanation, simply because complex life does not have a natural origin.” [3]