Seria o Design Inteligente necessário para a vida biológica?

segunda-feira, março 31, 2008

Que tal interagir com o Autor deste artigo sobre se o Design Inteligente seria necessário ou não para a vida biológica?

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Corina Mendes (Fiocruz), o macho “alfa” (o mais apto) sobrevive agredindo e matando as fêmeas “amadas”

Violência sem trégua

31/03/2008

Por Thiago Romero

Agência FAPESP – Um grupo de mulheres vítimas da violência nas relações conjugais optou pela gravidez com a expectativa de que os filhos consolidassem a família, garantindo maior segurança na vida conjugal.

Estudo feito na Fiocruz indica que grávidas vítimas de violência conjugal continuam a ser agredidas após o nascimento dos filhos

Mas, segundo a tese de doutorado Vozes do silêncio: estudo etnográfico sobre violência conjugal e fertilidade feminina, defendida no Instituto Fernandes Figueira, unidade da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) no Rio de Janeiro, nos casos analisados a “estabilidade” no casamento após o nascimento das crianças não ocorreu e, pior, muitas vezes acabou expondo a mulher a riscos ainda maiores.

A autora do trabalho, Corina Mendes, do Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas da Fiocruz, entrevistou, durante um ano, 85 mulheres no Centro Integrado de Atendimento à Mulher (Ciam), serviço do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher que presta atendimento psicossocial e jurídico a vítimas de violência.

A pesquisadora traçou a trajetória dessas mulheres com o objetivo de avaliar as implicações da violência conjugal em suas vidas reprodutivas. “Ainda que elas tenham uma forte percepção de que o amor possa reparar os danos causados pela violência, o trabalho nos mostra que a gravidez não as protege”, disse à Agência FAPESP.

“Para a maioria, a decisão de engravidar foi tomada como uma experiência reparadora do relacionamento violento, mas essa expectativa de proteção não correspondeu, em nenhuma delas, a um novo padrão de relação após a gestação”, explicou.

Em alguns casos houve mudanças temporárias no padrão de comportamento. “Mas, de modo geral, a gravidez não só não alterou as práticas violentas como também fez com que algumas mulheres experimentassem sentimentos de vulnerabilidade ainda mais intensos. O agressor passou a dirigir a agressão a dois focos: à mulher e à própria gravidez”, disse a psicóloga, que também trabalha na Assessoria de Prevenção de Acidentes e Violência da Secretaria de Estado de Saúde e Defesa Civil do Rio de Janeiro.

Corina constatou que a idealização da família de origem dessas mulheres, ou seja, o fato de muitas delas não terem vindo de um ambiente familiar consolidado e terem passado por experiências de desamparo, teve grande influência na decisão de engravidar.

Segundo ela, todas as mulheres do estudo tiveram a decisão voluntária de engravidar. “É importante ressaltar que nenhuma engravidou por conta de violência sexual, apesar de esse tipo de violência também fazer parte da relação conjugal de algumas delas”, apontou.

Lei Maria da Penha

Para Corina Mendes, mesmo que a magnitude desse tipo de agravo ainda seja subestimada no Brasil, diariamente mulheres vítimas de violência doméstica procuram os setores de saúde da rede pública e privada no país.

“Só o Ciam, no Rio de Janeiro, recebe uma média de 600 casos de violência conjugal por mês. E a literatura científica nos mostra que hoje cerca de 20% das mortes maternas podem estar associadas à violência no período de gestação”, disse.

Dentre as formas de violência mais comuns se destacam a agressão física sob a forma de tapas e empurrões, a violência psíquica de xingamentos e as ameaças por meio de objetos quebrados ou atirados, roupas rasgadas e outras formas indiretas de agressão.

Assim como o estudo, que foi realizado com mulheres que romperam os limites do espaço privado para buscar ajuda institucional no Ciam, a psicóloga explica que um instrumento que tem feito com que vítimas de agressão comecem a buscar ajuda fora do ambiente familiar é a Lei Maria da Penha, que entrou em vigor em setembro de 2006.

Trata-se de uma homenagem à biofarmacêutica cearense Maria da Penha Maia, que se tornou símbolo da luta contra a violência doméstica após ter lutado durante 20 anos para ver seu agressor condenado.

“A lei veio como uma ação afirmativa em um cenário no qual qualquer agressão contra a mulher que ia parar no juizado especial criminal era tratada como uma lesão de menor potencial ofensivo. Isso dava abertura a conciliações cujas penas alternativas, na maior parte das vezes, era uma cesta básica que saía da mesa da própria mulher. Com a lei, as mulheres brasileiras estão rompendo o silêncio do espaço privado para buscar intervenções junto ao Estado”, destacou.

A Lei Maria da Penha alterou o Código Penal brasileiro e fez com que triplicasse, de um para três anos, o tempo máximo de prisão para agressões domésticas contra mulheres, além de ter aumentado os mecanismos de proteção, entre eles a saída do agressor de casa, a proteção dos filhos e o direito de a vítima reaver seus bens. A lei também permite que agressores sejam presos em flagrante ou que tenham prisão preventiva decretada.


O altruísmo de Hermione Bicudo (UNESP) contra a seleção natural de Darwin: “o mais apto” sobrevive combatendo a dengue!

Aedes aegypti na mira

31/03/2008

Por Thiago Romero

Agência FAPESP – Rajado de branco e preto, ele é o mesmo mosquito que transmite a febre amarela. A maneira mais eficiente de controlá-lo é eliminar seus criadouros, os famosos depósitos de águas paradas. Essas características do Aedes aegypti, transmissor da dengue, são conhecidas por boa parte da população brasileira.
Preocupada, no entanto, com a possibilidade de tais informações não estarem sendo assimiladas corretamente por moradores de cidades como o Rio de Janeiro, que atualmente enfrenta uma epidemia de dengue por conta, em parte, da não aplicação correta de medidas preventivas, a professora Hermione de Campos Bicudo, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), resolveu fazer sua parte.

Ela acaba de lançar o projeto Ação Comunitária para o Controle do Aedes aegypti, que tem como ferramenta principal uma página na internet, dentro do site do Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas (Ibilce), em São José do Rio Preto (SP), onde Hermione leciona no Programa de Pós-Graduação em Genética.

Na página encontram-se, além de informações e curiosidades sobre o mosquito, métodos preventivos de baixo custo, como o uso da borra de café ou o sal fino de cozinha, duas alternativas para criadouros em potencial que não podem ser completamente eliminados.

“A idéia é contribuir para a formação de agentes multiplicadores, de todos os setores da sociedade, interessados em se engajar na tarefa de difundir por que e como devemos combater o Aedes aegypti. Damos foco na prevenção, pois, na fase adulta, o mosquito tem características biológicas que tornam seu combate muito mais difícil”, disse Hermione, que há 20 anos desenvolve pesquisas com o mosquito, à Agência FAPESP.
O site do projeto contém um abrangente texto didático, escrito com base em resultados de estudos feitos no instituto, com explicações sobre a biologia do mosquito, suas principais características, como ocorre a transmissão do vírus e as formas de desenvolvimento do inseto, processo que dura, em média, sete dias e abrange quatro fases: ovo, larva, pupa e adulto. Também descreve particularidades dos criadouros e estratégias para combatê-los.

Recurso visual

Uma apresentação em Power Point, que pode ser baixada por qualquer interessado, com diversas imagens e um resumo das informações do projeto, também está no site. O material ajuda a repassar os conceitos a outros interessados. [Nota do blogger: Vale a pena baixar a apresentação em PPT de 1.55 MB]

O site destaca que o Aedes aegypti, que tem uma vida útil de cerca de 40 dias, tem características que lhe conferem grandes vantagens para sobrevivência. Sabe-se que as fêmeas do mosquito botam os ovos em águas paradas, mas o grande problema, segundo a professora da Unesp, é que os ovos podem se desenvolver mesmo em pequenos recipientes, como uma tampinha de garrafa.

“Mesmo que a água da tampinha seque, os ovos podem permanecer vivos por até um ano. Se a tampinha voltar a encher, podem ser desenvolvidos naquele pequeno espaço até 300 ovos de uma mesma fêmea. Além do mosquito se esconder no meio de uma grande variedade de espécies de plantas, uma tampinha também é um criadouro em potencial. O ovo do mosquito tem o tamanho de um ponto feito por uma lapiseira em um papel”, explicou.

Diferente da febre amarela, que já conta com uma vacina para seu controle, para a dengue – inclusive para sua forma mais severa, a hemorrágica – ainda não há vacina e nem tratamento específico, o que faz com que o índice de mortalidade seja elevado. Em 2007, cerca de 500 mil pessoas tiveram a doença no Brasil e pelo menos 250 morreram de dengue hemorrágica.

“Este ano, no Rio de Janeiro, já foram registrados mais de 50 mortes ocasionadas pela doença, sendo a maioria de crianças. Calcula-se que sejam infectadas 75 pessoas por hora naquele Estado, o que fez com que o governo decretasse uma epidemia. Até o fim do ano passado, a doença não tinha chegado ao Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Mas, hoje, está presente em todos os Estados brasileiros”, disse.

[Nota do blogger: O governo não "decreta" epidemias, tão-somente "anuncia" a existência desta situação como uma confissão de sua incompetência administrativa. Em países mais sérios, há muito TEMPO, o TEMPORÃO já teria sido demitido! Bah, nós estamos no Brasil...]
Mais informações aqui.

E-mail: bicudo@ibilce.unespe.br

EXTRA! EXTRA! Temporão recebe e-mail de Darwin sobre a epidemia de dengue no Brasil

sábado, março 29, 2008

Agentes do DI infiltrados no Ministério da Saúde descobriram este e-mail enviado por Darwin ao Ministro da Saúde do Brasil. Como a Grande Mídia tupiniquim não deu destaque (sofre da "síndrome ricuperiana: o que Darwin tem de bom, a gente mostra; o que Darwin tem de ruim, a gente esconde") nós damos aqui em primeira mão:

De: darwin@blindwatchmaker.evo.uk
Para: temporão@saude.gov.br
cc: Fiocruz – Att. Jaime Benchimol, Director

Prezado Sr. Temporão, Ministro da Saúde do Brasil:

Você provavelmente sabe que a Seleção Natural desempenha um papel decisivo afetando as nações civilizadas como o Brasil.

Quanto à epidemia de dengue avançando desordenadamente no Brasil, especialmente no meu querido Rio de Janeiro onde a minha “Exposição-Darwin” está acontecendo a todo vapor, para o meu deleite, eu quero que você e o Presidente Lula prestem bastante atenção para uma citação não muito lida, nem muito divulgada de um livro meu, eu, o homem que teve a idéia mais brilhante que a humanidade já teve (Daniel Dennett me ama, me adora):

“Mas algumas observações sobre a ação da Seleção Natural sobre as nações civilizadas devem ser dignas de serem adicionadas… Com selvagens, o fraco de corpo ou da mente são logo eliminados; e aqueles que sobrevivem exibem comumente um estado vigoroso de saúde. Nós homens civilizados, por outro lado, fazemos o nosso melhor para deter o processo de eliminação; nós construímos asilos para os imbecis, para os aleijados, e para os doentes; nós instituímos leis a favor dos pobres; e os nossos médicos exercem a sua maior capacidade para salvar a vida de cada um até o último momento. Há razão para se acreditar que a vacinação tem preservado milhares de compleição frágil que anteriormente teriam sucumbido ao sarampo. Assim, os membros fracos das sociedades civilizadas propagam o seu tipo. Ninguém que tenha assistido ao cruzamento de animais domésticos duvidaria que isso deva ser altamente prejudicial para a raça do homem. É surpreendente que logo que uma falta de cuidado, ou cuidado exercido erroneamente, resulta na degeneração de uma raça doméstica; mas excetuando-se no caso do homem, dificilmente alguém seja tão ignorante quanto a permitir que os seus piores animais cruzem.” [1]

Deixe a epidemia da dengue eliminar os fracos, e que o mais apto sobreviva para o bem do Brasil como uma das nações civilizadas no século 21.

Atenciosamente,

Charles R. Darwin
Contra a minha vontade agnóstica, R.I.P. na Abadia de Westminster

++++

From: darwin@blindwatchmaker.evo.uk
To: temporão@saude.gov.br
cc: Fiocruz – Att. Jaime Benchimol, Director

Dear Mr. Temporao, Brazil Health Minister:

You are probably aware that Natural Selection plays a decisive role affecting civilized nations like Brazil.

As to the dengue epidemics going rampant in Brazil, especially in my well-cherished Rio de Janeiro where my “Exposição-Darwin” is going full throttle to my delight, I want you and President Lula to pay close attention to a not so well read, nor much pubicized quote from a book of mine, I, the man who had the brightest idea mankind has ever had (Daniel Dennett loves me, worships me):

“But some remarks on the action of Natural Selection on civilized nations may be worth adding… With savages, the weak in body or mind are soon eliminated; and those that survive commonly exhibit a vigorous state of health. We civilized men, on the other hand, do our utmost to check the process of elimination; we build asylums for the imbecile, the maimed, and the sick; we institute poor-laws; and our medical men exert their utmost skill to save the life of every one to the last moment. There is reason to believe that vaccination has preserved thousands, who from a weak constitution would formerly have succumbed to small-pox. Thus the weak members of civilized societies propagate their kind. No one who has attended to the breeding of domestic animals will doubt that this must be highly injurious to the race of man. It is surprising how soon a want of care, or care wrongly directed, leads to the degeneration of a domestic race; but excepting in the case of man himself, hardly any one is so ignorant as to allow his worst animals to breed.” [1]

Let dengue epidemics eliminate the weak ones, and let the most apt survive for the good of Brazil as one of the civilized nations in the 21th. century.

Respectfully yours,

Charles R. Darwin
Against my agnostic will, R.I.P. in Westminster Abbey


NOTA:

1. DARWIN, C., “The Descent of Man”, reimpressão da 2a. ed. de 1879, Penguin Classics, 2004, p. 159.

EXTRA! EXTRA! Darwin, finalmente no banco dos réus no Brasil!!!

sexta-feira, março 28, 2008



Após 10 anos tentando junto às maiores editoras "secularistas", como a Geração Editorial, que rejeitaram por razões mais do que óbvias, mas incompreensivelmente algumas religiosas também rejeitaram como a Editora Mundo Cristão, vai ser lançado finalmente no Brasil pela Editora Cultura Cristã o livro "Darwin no banco dos réus", de Phillip E. Johnson, no I Simpósio Internacional "Darwinismo Hoje" a ser realizado na Universidade Presbiteriana Mackenzie nos dias 8-10 de abril de 2008.

Maiores informações aqui.

Novo boletim de ciência no Brasil

UFRJ e CBN lançam boletim de ciência

28/03/2008

Agência FAPESP – Fruto de uma parceria entre o Instituto de Bioquímica Médica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a rádio CBN, o boletim Ciência e Saúde veiculará toda semana notícias da área em bate-papos entre o pesquisador Franklin Rumjanek e o apresentador Sidney Rezende.

O boletim será transmitido às segundas-feiras às 11h durante o CBN Rio, apresentado por Rezende e transmitido no Rio de Janeiro. O boletim também poderá ser conferido por ouvintes de todo o país pela internet no site da rádio, ao vivo ou em podcast.
Rumjanek é professor titular do Instituto de Bioquímica Médica e membro da diretoria do Instituto Ciência Hoje. Graduou-se em ciências biológicas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (1969), fez pós-graduação na Universidade de Copenhague (1971) e obteve o doutorado em química biológica pela University College London (1975). Realizou pós-doutorado no National Institute for Medical Research, nos Estados Unidos (1976-1983), e tem experiência na área de bioquímica, biologia molecular e genética humana.

Em comentários semanais, o pesquisador abordará resultados de estudos nacionais e estrangeiros sobre temas como DNA, genoma, genética forense, paternidade, clones, transgênicos, mutações tumorais, evolução, origem da vida e bioquímica das doenças infecciosas.

O programa tem produção do Núcleo de Divulgação do Programa de Oncobiologia da UFRJ e da diretoria de Jornalismo da rádio CBN.

Mais informações aqui.

Comentário impertinente do blogger:

Dois tópicos de extrema importância pro bonum publico — evolução e origem da vida. Será interessante ver se o apresentador Sidney Rezende terá independência jornalística fará perguntas sobre as dificuldades fundamentais das atuais teorias da origem e evolução da vida, e como Rumjanek responderá.

O formato e o alcance de ouvintes deste programa em todo o Brasil pela internet no site da rádio, ao vivo ou em podcast indicam uma coisa: a Nomenklatura científica está preocupada com o avanço das críticas cientificamente fundamentadas dos oponentes, e tentará via Rumjanek fazer um serviço de relações públicas para convencer o público do fato, Fato, FATO da evolução.

Alô, Sidney Rezende: quem sou eu para lhe ensinar o padre-nosso jornalístico, mas o seu programa somente será jornalisticamente objetivo se ouvir o outro lado, e fizer perguntas impertinentes à Nomenklatura científica. Se precisar, envie e-mail para neddy@uol.com.br ou visite este blog semanalmente para ganhar algumas idéias "diferentes" sobre a controvérsia Darwin vs. Design. E perguntar para o Rumjanek.

Tai, um modelo que merece a devida atenção da comunidade do Design Inteligente no Brasil! Mas nós não temos os grandes recursos públicos à nossa disposição como têm os darwinistas na manutenção do status epistêmico de uma teoria em séria crise paradigmática que o público desconhece mais amplamente.

Uma vez que o dinheiro público não deve privilegiar posições ideológicas travestidas de ciência, eu sugiro aos leitores deste blog que fiquem atento para a má utilização do dinheiro público e botem a boca no trombone!

O site do Sidney Rezende aqui.

O e-mail do Sidney Rezende é este: srzd@srzd.com

Estamos de olho!!!

Desafios da divulgação do pensamento científico contemporâneo

28/03/2008

Agência FAPESP – O desafio de divulgar o pensamento científico contemporâneo para a sociedade será um dos assuntos discutidos no programa de rádio Pesquisa Brasil do próximo fim de semana.

Pesquisa Brasil discutirá o papel da cobertura jornalística e dos museus de ciência na divulgação do pensamento científico (ilust.: Revolução Genômica)
As entrevistadas serão Eliana Dessen, geneticista do Centro do Genoma Humano da Universidade de São Paulo (USP), e Mônica Teixeira, diretora de redação da Inovação Unicamp, informativo da Universidade Estadual de Campinas dedicado à inovação tecnológica.

Elas são co-curadoras da exposição Revolução Genômica, em cartaz no Parque do Ibirapuera, em São Paulo. Na pauta da entrevista estão assuntos como o papel da cobertura jornalística, o trabalho de tradução dos conceitos da ciência para o público leigo e o lugar de destaque dos museus de ciência no Brasil e no mundo.
O programa abordará também uma pesquisa feita na Escola Politécnica da USP que sugere que grandes estacionamentos perto de terminais de transporte coletivo, como as estações de metrô, podem ser uma solução para cidades com o trânsito carregado como São Paulo.

Outro destaque será uma nova tecnologia que promete aumentar ainda mais a segurança de motoristas ao modificar o funcionamento dos break-lights, dispositivos no vidro traseiro do veículo que acendem toda vez que o motorista pisa no freio.
Ajude a fazer o programa: envie perguntas, críticas e sugestões para pesquisabrasil@fapesp.br. O ouvinte que tiver sua pergunta selecionada ganhará uma assinatura semestral de Pesquisa FAPESP.

Pesquisa Brasil é transmitido pela Rádio Eldorado AM (700 kHz) aos sábados, às 11h, e aos domingos, às 3h. Nos mesmos horários, pode ser acompanhado pela DirecTV, no canal de áudio 883, ou pela internet, no endereço www.radioeldoradoam.com.br.
A partir da tarde de segunda-feira, os interessados também podem ouvir o conteúdo do programa no site da revista Pesquisa FAPESP.

Nota do blogger:

Ação mais do que meritória esta do Pesquisa Brasil de na entrevista abordar a questão do papel da cobertura jornalística, e o trabalho de tradução dos conceitos da ciência para o público leigo.

O jornalismo científico praticado nas grandes editorias de ciência do Brasil é imoral: não aborda as dificuldades epistêmicas das atuais teorias da origem e evolução do universo e da vida. Eles trabalham tão-somente com o “konsensus” científico, e como vaquinhas de presépio, os jornalistas dizem amém aos cientistas, repetem o “credo” do paradigma, e escamoteiam as informações contrárias daquelas teorias no contexto de justificação teórica em flagrante crime de lesa-cidadania: o direito à informação!

Assine e acesse gratuitamente o Journal of Biology

Pro bonum publico: Eu já destaquei aqui neste blog o Journal of Biology. Open-access [acesso grátis], com muitos bons artigos. Fator de impacto do JoB: 3.50.

Recentemente eu li dois bons artigos no JoB:

“Cryptic biodiversity in a changing world”, por Luciano B Beheregaray e Adalgisa Caccone.

Journal of Biology 2007, 6:9doi:10.1186/jbiol60

The electronic version of this article is the complete one and can be found online here.


Abstract

DNA studies are revealing the extent of hidden, or cryptic, biodiversity. Two new studies challenge paradigms about cryptic biodiversity and highlight the importance of adding a historical and biogeographic dimension to biodiversity research.

Minireview

Biodiversity, the variety of life, is one of nature's most exuberant manifestations. Scientists have long struggled to understand the evolutionary and ecological processes underlying the origin, distribution and maintenance of biodiversity. This dilemma is faced not only by researchers working in undersampled regions such as tropical rainforests and marine habitats, but also by those studying densely sampled and well characterized temperate systems. The problem is partly generated by the difficulty of detecting and measuring biodiversity solely on the basis of morphological information. Despite the central and unrivalled position of morphology-based taxonomy in biodiversity research, human visual perception will probably never quite suffice to capture natural complexity. A good example of this is the escalating number of DNA-based studies reporting cryptic species [1,2]. Cryptic, or sibling, species are discrete species that are difficult, or sometimes impossible, to distinguish morphologically and thus have been incorrectly classified as a single taxon. Cryptic species are found from the poles to the Equator and in all major terrestrial and aquatic taxonomic groups [2,3]. For example, a recent meta-analysis yielded 2,207 articles reporting cryptic species in all metazoan phyla and classes, including 996 new species in insects, 267 in mammals, 151 in fishes and 94 in birds [2]. Similarly, a recent report shows that global biodiversity in protozoa is often cryptic and significantly higher than previously considered [4].

Analysis of the genetic diversity distributed within 'species' provides a powerful framework for recognizing cryptic species. In this context, historical considerations are important, as the current genetic architectures of many species have been shaped by global climatic fluctuations, environmental gradients and the separation of populations by geographic barriers during the past 3 million years and, to a lesser extent, by more ancient physical processes [5,6].

E este aqui:

“Small changes, big results: evolution of morphological discontinuity in
Mammals”, de Rodney L Honeycutt.

Abstract

Comparative morphological and developmental studies, including a recent comparative study of tooth development among the Afrotherian mammals, are indicating the types of genetic mechanisms responsible for the evolution of morphological differences among major mammalian groups.

Mini-Review

The orders of eutherian mammals are especially characterized by morphological differences in the skull and dentition, related to different requirements for processing food, and in the postcranial skeleton, which is adapted for varied modes of locomotion. The evolutionary biologist George Gaylord Simpson [1] defined major morphological discontinuities among higher taxa, specifically the orders of mammals, as the result of macroevolution or ‘quantum evolution’. In many cases, these discontinuities lack fossil evidence of transitions, appearing as what Simpson termed ‘breaks in the fossil record’, and thus probably result from major adaptive
shifts. Along with the accepted processes of microevolutionary change at the population level, Simpson also suggested that mutations with large phenotypic effects “unquestionably provide a theoretically excellent mechanism” for large changes in morphology. These discontinuities, as well as the short time periods associated with the diversification of many mammalian orders, are still presenting a challenge to paleontologists, geneticists and developmental biologists attempting to reconstruct the ‘Mammal Tree of Life’, a first step in understanding the geological and biological processes that are responsible for mammalian diversity [2]. For many years now, differences in gene regulation rather than dramatic differences in gene structure have been proposed as the most probable explanations for morphological and functional differences, including those between ourselves and our closest living primate relative, the chimpanzee [3]. For example, genes involved in craniofacial muscle development [4], higher brain functions [5,6], and speech and language [7] have been found to show potentially significant differences in rate of evolution or pattern of expression between chimps and humans.

This paper can be found online here.

Para assinar e acessar estes e outros artigos do JoB, você deve se registrar aqui.

O grande debate planetário bem que poderia ser evolutivo...

O grande debate planetário

28/03/2008

Agência FAPESP – Planeta ou anão, o que exatamente é Plutão? Desde que foi descoberto, em 1930, pelo norte-americano Clyde Tombaugh, então com apenas 24 anos, Plutão foi sempre considerado o nono e mais remoto planeta do Sistema Solar. Dessa forma foi descrito em livros de gerações de estudantes.

Tudo mudou em 24 de agosto de 2006, quando um comitê de especialistas reunido na 26ª assembléia geral da União Astronômica Internacional (UAI), realizada em Praga, República Tcheca, decidiu rebaixar Plutão, reclassificando-o como “planeta anão”. Desde então, o Sistema Solar passou a ter apenas oito planetas.

[Nota do blogger 1: Este parece ser o destino do neodarwinismo (segundo o purista Claudio Ângelo, editor de ciência da Folha de São Paulo, o nome correto é “Síntese Moderna”) em Altenberg, Áustria quando um grupo de renomados cientistas vai considerar a nova Síntese Moderna Ampliada para substituí-lo. Razão??? Este paradigma de biologia evolutiva não responde mais a muitas anomalias, mas muitas anomalias mesmo, e conforme Kuhn, os que praticam ciência normal não tomam conhecimento disso, e tudo segue como dantes no quartel de Abrantes, oops de Darwin. É a Nomenklatura científica de posições engessadas, que não admite críticas, é refratária ao diálogo civil, censura e destrói carreiras acadêmicas dos céticos localizados de Darwin. Eu sei do que estou falando].

Poucas decisões foram tão polêmicas. Quase dois anos depois, a nova classificação está longe de ser unânime e tem levantado inúmeros debates calorosos, que vão das salas de aula dos ensinos fundamental e médio até os mais conhecidos centros de pesquisa em astronomia no mundo.

[Nota do blogger 2: A decisão vai ser mais do que polêmica. Ela vai vindicar um grande número de cientistas evolucionistas HONESTOS como Stephen Jay Gould, Lynn Margulis, Eugene K. Balon, Michael Denton, Soren Lovtrup, e outros, que desde os anos 1980s vinham dizendo que o neodarwinismo era um paradigma científico epistemicamente “morto”, mas que posava e posa como “ortodoxia” SOMENTE quando engabela os alunos na abordagem da evolução nos livros-texto de Biologia do ensino médio. O nome disso é DESONESTIDADE ACADÊMICA!!!]

Um dos mais assíduos participantes de discussões sobre o assunto é Mark Sykes, diretor do Instituto de Ciência Planetária dos Estados Unidos, que discorda veementemente do rebaixamento. Em artigo publicado na edição desta sexta-feira (28/3) da revista Science, o astrônomo volta à carga, destacando que a reclassificação deu a “impressão infeliz de que ciência é feita por meio de votos em uma sala de conferência”.

[Nota do blogger 3: A ciência é feita pelos cientistas que, no contexto da justificação teórica, seguem as evidências aonde elas forem dar. Mark Sykes parece desconhecer que nem sempre este rigor epistemológico é aplicado para o consenso da Academia. Muitas vezes esse "Konsensus" é mais ideológico do que científico. Darwin que o diga!]

“A definição da UAI restringe um ‘planeta’ ao nosso próprio Sistema Solar e exige que ele tenha ‘limpado a vizinhança ao redor de sua órbita’. Isso ignora mais de 400 objetos em órbita de outras estrelas que pesquisadores caracterizaram como ‘planetas’”, afirmou.

“Outra objeção é a falta de clareza sobre o que exatamente significa, para uma órbita, ser ‘limpa’. Por esse princípio, por exemplo, a grande população de asteróides localizada na órbita de Júpiter faria com que o gigante deixasse de ser um planeta, o que levaria a mais pesadelos para professores de todos os lugares”, destacou o astrônomo que chefiou o Grupo de Sistema de Dados Planetários da Nasa, a agência espacial norte-americana, de 2002 a 2006.

Sykes sugere nova definição: “Planeta é um objeto redondo (em equilíbrio hidrostático) em órbita de uma estrela”. Com isso, o número no Sistema Solar imediatamente pularia para 12, com a volta de Plutão e a “promoção” de Ceres, Caronte e Éris. “Há muitos outros, o que deixaria aberta a possibilidade de futuras descobertas”, disse.

O assunto promete esquentar ainda mais nos próximos meses. Em agosto, uma reunião que contará com a presença de astrônomos, professores e até mesmo de estudantes, será realizada na Universidade Johns Hopkins.

[Nota do blogger 4: Depois da reunião dos 16 de Altenberg, Áustria, em julho de 2008, este assunto de mudança paradigmática em biologia evolutiva — a Síntese Moderna Ampliada não será selecionista contrariando a Darwin, e vai tapar a boca de muitos jornalistas científicos que simplesmente enfiaram suas cabeças no chão pensando que o perigo salutar de uma mudança paradigmática viesse acontecer. Vai acontecer sim, apesar de vocês que praticam jornalismo científico chinfrim!!!]

Intitulado “The Great Planet Debate: Science as Process”, o encontro pretende discutir a decisão da União Astronômica Universal e, eventualmente, sugerir nova definição de planeta a ser apresentada em futura reunião da entidade. Enquanto isso, Plutão continua sendo apenas um anão, apesar dos protestos de cientistas e estudantes.

[Nota do blogger 5: Já pensou um encontro em Down intitulado: “The Great Post-Darwianian Debate: Evolution as a Scientific Truth” [O grande debate pós-darwinista: a evolução como verdade científica] e a sugestão de se rebaixar Darwin a tão-somente uma posição periférica de teoria especial da evolução? Enquanto isso não ocorre, apesar dos protestos dos críticos científicos de Darwin, ele continua sendo um gigante teórico, mas por pouco tempo. Quem viver, verá!!!]

O artigo The planet debate continues, de Mark Sykes, pode ser lido por assinantes da Science.

Mais informações: http://www.psi.edu/~sykes e http://gpd.jhuapl.edu.

Flora brasiliensis online: IMPERDÍVEL!

Eu já bloguei a respeito desta obra fundamental para o avanço do conhecimento botânico do Brasil.



IMPERDÍVEL!!!

Darwin em discussão na revista piaui

quinta-feira, março 27, 2008

LEITURAS DA PIAUÍ

Por Celio Levyman em 25/3/2008
No número 18, edição de março da revista piauí, saiu um interessante ensaio sobre o darwinismo, mais especificamente "Os descendentes de Darwin", de autoria de Otavio Frias Filho. Ele se qualifica como jornalista e diretor de redação da Folha de S.Paulo apenas, mas para quem lê esse tipo de publicação, certamente não é segredo que ele é doutor pela USP, foi orientando de Ruth Cardoso e assim por diante. Esse ensaio, bastante longo, aliás, anuncia-se como um resumo de livro a ser brevemente editado.

Em primeiro lugar, é relativamente surpreendente um jornalista não necessariamente afeito à biologia dedicar-se a escrever sobre tal tema. A volta do criacionismo fundamentalista poderia ser uma das bases para isso, assim como as discussões envolvendo células-tronco, mas o autor consegue ir além: na verdade, começa com os precursores e os seguidores de Darwin, situa bem o papel do mesmo e começa e termina o texto de maneira surpreendente.

Neste Observatório, vários colaboradores vêm se digladiando em relação ao início da vida, células-tronco, Estado e Igreja – eu mesmo já interferi várias vezes nessas questões. Mas creio que o texto que aponto pode ter uma contribuição em especial.
Além das polêmicas envolvendo o assunto, sem dúvida vai haver quem queira polemizar com o autor: não pretendo cair nesse tipo de pitfall de maneira alguma, apenas tecer alguns comentários.

Colocação inteligente

Na sua digressão, Frias fala em Quetelet, Huxley, Malthus, Marx, Nietzsche e Dawkins, dentre outros. Comenta o positivismo de Comte, inserindo-o no contexto histórico adequado, e se aventura inclusive pelo terreno aberto pelo citado Dawkins, do "gene egoísta". Há sólida base para suas conclusões.

Não vou fazer um resumo do ensaio – se ele mesmo já é a forma reduzida de um livro, criado pelo próprio autor, de que adiantaria eu querer me aprofundar aqui e ali a meu gosto? Em assunto como esse, mesmo antes que saia o anunciado livro é fundamental que se leia o texto na piauí.

Creio que o texto é bastante interessante para fundamentar e até para introduzir e/ou fazer alguém ficar interessado no assunto, para ter opinião própria. Mas é inegável que trata de modo bastante adequado a questão, dando bases ao darwinismo, colocando-lhe alguns limites – não que não possam ser suplantados, apenas em relação ao grau de nossos conhecimentos nos dias de hoje. Não há criacionista que possa criticá-lo, até porque ele coloca uma explicação interessante, não tão radicalmente ateísta quanto Dawkins, mas que seria a de que um "homem barbudo" criou as regras do Universo, incluindo a seleção natural e, como diz a Bíblia, no sétimo dia descansou... Talvez tenha desaparecido para todo o sempre e são essas normas iniciais que persistem fazendo as coisas funcionarem como o são nos dias de hoje. Não deixa de ser uma colocação bastante inteligente.

Comprando uma briga

Frias também cita a questão dos cerca de seis mil anos bíblicos da criação do Universo e a disparidade de tempo com que a ciência marca esse período, muitíssimo mais longo. Acrescento apenas a opinião de um religioso, a quem perguntei justamente isso há alguns anos atrás: ele me explicou, tranqüilamente, que o tempo bíblico não é o mesmo daquele da ciência; em outras palavras, o dia da Bíblia seria muito mais longo – explicação esperta e conveniente, não é mesmo?

O que me surpreendeu no artigo citado foi o seguinte: Frias, na verdade, parece colocar todo o darwinismo e correlatos em uma questão básica – a falência das ciências sociais, que sofrem com o "fantasma" do darwinismo. Ele chega até a ser agressivo: a ciência conseguiu curar doenças, produzir espantosas tecnologias, conhecimentos sem fim e a sociologia ficou no embate de idéias, sem método. Das ciências humanas, comenta que a primeira a perceber isso foi a economia, que se aproximou da matemática e passou a produzir resultados mais concretos (embora pessoalmente eu a considere ainda muito inexata e ligada a interesses conflitantes para ganhar o status de ciência em si). E só mais recentemente a sociologia passou a se valer das ferramentas estatísticas para validação. Não há como negar que ele está comprando uma briga com os puramente humanistas e religiosos, semelhante à minha e de outros com a homeopatia.

Regras diferentes

Sua conclusão, já antevista no início do artigo, é a de que "... tendo atingido a consciência e o conhecimento científico, a espécie humana é a única que pode vir a dominar os genes, em vez se ser dominada por eles. Depende das ciências humanas definir se esse futuro será parecido com o pior dos pesadelos ou a melhor das utopias". Para entender ser dominado ou dominar os genes, que não é questão simples, recomendo ler Frias e vários dos autores por ele citados, especialmente Richard Dawkins.

Vou adicionar algo que não consta do texto mas me parece fundamental nessa discussão toda: o darwinismo praticamente elucidou todos os mecanismos em biologia e nas derivadas áreas biomédicas. Nesse campo tudo ficou mais simples de ser compreendido. Contudo, não há darwinismo nas chamadas ciências exatas: ele não consegue explicar as leis da física, o big bang, o universo, enfim. Tampouco a procura pela partícula subatômica fundamental, a menor de todas, a partícula de Higgins, mais conhecida, ironicamente, como a "partícula de Deus". Mas o "homem barbudo" não poderia ter deixado regras diferentes para fenômenos físicos e biológicos? Essa é uma longa discussão, que certamente não cabe aqui.

Evidentemente não sou criacionista e apenas me apropriei da expressão "homem barbudo" por achar a mesma muito interessante. Mas o ensaio é uma lição de o que significa Darwin, suas bases e seus seguidores e o caminho para a compreensão e melhora do futuro, com suas proposições. Humildemente, recomendo a leitura do mesmo.

Darwin 'falou e disse': a seleção natural é artigo de fé!

Numa carta de Darwin para o botânico George Bentham, datada de 22 de maio de 1863, ele escreveu o seguinte:

"P.S.-Na verdade, a crença na Seleção Natural deve, no presente ser fundamentada nas considerações gerais.(1) Ser a Vera causa da luta pela existência; e o fato geológico certo de que as espécies, de algum modo, mudam.(2) Da analogia da mudança sob a domesticação pela seleção do homem.(3) E principalmente desta opinião conectando sob um ponto de vista inteligível de vários fatos. Quando nós descemos aos detalhes, nós não podemos provar que as espécies mudaram [i.e. nós não podemos provar que alguma espécie em particular tenha mudado] ; nem podemos provar que as supostas mudanças são benéficas, que é o fundamento da teoria. Nem tampouco podemos explicar porque algumas espécies mudaram e outras não."

NOTA BENE: O autor da idéia mais brilhante que a humanidade já teve [menos, Dennet, menino maroto, menos!] após 5 anos da publicação do livro mais famoso de Biologia [Mayr disse que era confuso e não entregava o que se propunha fazer: A Origem das Espécies] não está convencido do fato, Fato, FATO da evolução através da seleção natural.

Vocês viram isso ser mencionado na Exposição-Darwin em São Paulo e no Rio de Janeiro?

Isso, eles jogam para debaixo do tapete. Desonestidade acadêmica! Isso, eles não reportam. Jornalismo científico chinfrim!

NOTA:

1. "P.S.-In fact the belief in Natural Selection must at present be grounded on general considerations. (I) On its being a Vera causa, from the struggle for existence; and the certain geological fact that species do somehow change. (2) From the analogy of change under domestication by man's selection. (3) And chiefly from this view connecting under an intelligible point of view a host of facts. When we descend to details, we can prove that no one species has changed [i.e. we cannot prove of any particular species that it has changed] ; nor can we prove that the supposed changes are beneficial, which is the groundwork of the theory. Nor can we explain why some species have changed and others have not." In F. Darwin (ed.),The life and letters of Charles Darwin (3 vols., London, 1888) iii. 24-5.

Pode ser encontrado online aqui.

Darwin caçando borboletas no Brasil

terça-feira, março 25, 2008

JC e-mail 3475, de 24 de Março de 2008.

13. Grupo refaz passos de Darwin no Brasil

Pesquisadoras do Rio localizam estrada usada pelo pai da teoria da evolução e fazenda onde ele se hospedou há 176 anos. Projeto antecipa celebração do Ano de Darwin, em 2009; floresta elogiada por ele em Niterói é hoje ponto de "desova" de cadáveres

[N. do Blogger: Teoria que teve dois "pais": Wallace, o primeiro, e Darwin, o segundo.

Italo Nogueira escreve para a "Folha de SP":

Após 176 anos da passagem do navio inglês HMS Beagle pelo Brasil, um grupo de pesquisadores brasileiros busca as "pegadas" deixadas no país por seu passageiro mais ilustre: o naturalista Charles Robert Darwin (1809-1882).

Uma pequena parte do trajeto feito no Rio já foi identificada. Pesquisadoras da UFF (Universidade Federal Fluminense) localizaram uma estrada usada por Darwin e uma fazenda onde o cientista repousou em viagem pelo interior.

O então estudante de 22 anos de Cambridge embarcou no navio da Marinha britânica em 1831, acompanhando uma expedição cujo objetivo era dar uma volta ao mundo e identificar rotas de navegação.

Darwin estudava para ser clérico e teve de convencer o pai a deixá-lo embarcar no Beagle e ficar quatro anos e nove meses longe de casa. Durante a viagem, escreveu um diário e um caderno de campo em que descrevia o ambiente que via. As observações culminaram na teoria da seleção natural como mecanismo da evolução.

[N. do blogger: Darwin estudou para ser pastor protestante.]

O diário, publicado depois no livro "A Viagem do Beagle", serviria ainda de inspiração a outro jovem naturalista, o galês Alfred Russel Wallace. Ele acabou descobrindo a seleção natural de forma independente. Os trabalhos de ambos foram apresentados à Sociedade Lineana de Londres em 1858. No ano seguinte, Darwin publicou "A Origem das Espécies", um dos livros mais importantes da história da ciência.

[N. do blogger: Wallace foi engabelado pela "camarilha de Down". Darwin usou a Hooker e Lyell para obter a "primazia" como o "pai da teoria da evolução". Que paternidade! Vide: BRACKMAN, ARNOLD C. "A Delicate Arrangement: The Strange Case of Charles Darwin and Alfred Russel Wallace",New York, Times Book, 1980. Ernst Mayr, falecido, disse que o "Origem das Espécies" era um livro confuso, e que não entregou o que se propunha explicar: a origem das espécies. Seria melhor intitulado: "Origem das Variações das Espécies".]

Força-tarefa

A busca pelas marcas de Darwin no Brasil faz parte das comemorações, no ano que vem, de 200 anos de seu nascimento e de 150 anos da publicação do livro que marcou a ciência.

O Rio de Janeiro foi o local onde ele passou mais tempo no país. Durante os 93 dias em que permaneceu na região, viajou até Macaé (a 188 km da capital), caçou no Jardim Botânico e morou em Botafogo, ao pé do Corcovado -à época sem o Cristo Redentor-, de acordo com os pesquisadores.

As observações, segundo seu diário de campo, "limitaram-se quase exclusivamente aos animais invertebrados".

O Ministério de Ciência e Tecnologia montou uma espécie de força-tarefa para identificar os locais por onde ele passou. Seus relatos não fazem referência exata aos pontos visitados, apenas às características naturais do entorno, dificultando o trabalho.

[N. do blogger: O MCT deveria se ocupar de pesquisas mais atuais: as insuficiências epistêmicas fundamentais do darwinismo que já está demandando a elaboração da Síntese Moderna Ampliada, que não será selecionista.]

A intenção é marcar os locais com referências feitas em seu diário. O ministério vai lançar ainda um livro com trechos de diários, artigos e cartas em que Darwin se refere ao Brasil.

"O primeiro local onde ele se deparou com a intensidade e diversidade da natureza tropical foi o Brasil. O nosso palco foi privilegiado na construção de uma teoria que é uma das mais importantes da cultura humana", afirmou o diretor do Departamento de Popularização da Ciência e Tecnologia do ministério, Ildeu Moreira.

[N. do blogger: É a teoria das mais importantes, ou da mais contestadas e não corroboradas desde 1859? Darwin mesmo disse que ele não tinha como demonstrar a sua teoria da seleção natural.]

De floresta a cemitério

A bióloga Sandra Selles e a historiadora Martha Abreu, da UFF, conseguiram identificar há oito anos a estrada por onde Darwin passou e uma casa onde ficou em viagem ao norte do Rio. Segundo elas, Darwin subiu de mula a Serra da Tiririca, em Niterói, acompanhado de outras seis pessoas. Usou a estrada do Vai-e-Vem até chegar à Fazenda Itaocaia.

Em seu diário de viagem, Darwin classificou o local- onde hoje está o Parque Estadual da Serra da Tiririca- como uma "floresta cuja magnificência não podia ser superada".

Mesmo sendo ainda um belo trajeto, a estrada também serve atualmente para "desova" de carros incendiados e até de corpos. O Instituto Estadual de Floresta planeja construir um pórtico para o "caminho de Darwin" e placas pelo trajeto.

[N. do blogger: Eu sugiro a construção de um "descaminho epistêmico de Darwin"]

"Além da dimensão biológica [da visita de Darwin], a dimensão histórica é importante para valorizar também a preservação do ambiente", disse Selles. Hoje a única marca "histórica" da Fazenda Itaocaia consta no vaso da mesa central da sala: "Fazenda usada nas gravações da novela "Tocaia Grande" da TV Manchete. 1995-1996".

Na Bahia, sabe-se que o hotel Universo, onde se hospedou em Salvador, foi demolido. Ele ficava onde está hoje a praça Castro Alves.

Para cientista, brasileiros eram "desprezíveis"

Se a floresta tropical brasileira provocou "deleite" em Charles Darwin, o naturalista não teceu muitos elogios aos brasileiros. "Miseráveis" e "desprezíveis" foram algumas das classificações dadas por ele durante a sua temporada no país.

Logo no início, no Rio, Darwin se queixava da burocracia para conseguir a autorização para viajar pelo interior do Estado, exigida aos estrangeiros.

No dia 6 de abril, ele escreveu: "Nunca é muito agradável submeter-se à insolência de homens de escritório, mas aos brasileiros, que são tão desprezíveis mentalmente quanto são miseráveis as suas pessoas, é quase intolerável. Contudo, a perspectiva de florestas selvagens zeladas por lindas aves, macacos e preguiças, lagos, roedores e aligatores fará um naturalista lamber o pó até da sola dos pés de um brasileiro".

Durante a viagem, queixa-se da falta de opções de comida na estalagem em Maricá. "À medida que a conversa prosseguia, a situação geralmente se tornava lastimável", escreveu, queixando-se das repetidas respostas "Oh, não, senhor" após pedir peixe, sopa e carne seca. "Se tivéssemos sorte, depois de esperar umas duas horas, conseguíamos aves, arroz e farinha."

Até o Carnaval baiano o incomodou. "As ameaças consistiam em sermos cruelmente atingidos por bolas de cera cheias de água (...) Achamos muito difícil manter nossa dignidade andando pelas ruas."

Durante a viagem, Darwin relata com horror as condições a que os escravos eram submetidos. Relata o caso em que um dono de fazenda, em razão de uma briga, "estava prestes a tirar todas as mulheres e crianças da companhia dos homens e vendê-las separadamente num leilão". "Não creio que tivesse ocorrido ao proprietário a idéia de desumanidade de separar trinta famílias".

"Ele tinha um posicionamento preconceituoso. Apesar de ser abolicionista, ele tinha uma visão aristocrata", disse Ildeu Moreira, do Ministério da Ciência e Tecnologia.

[N. do blogger: Darwin era racista e preconizou a destruição de "raças inferiores" por "raças superiores", i. e., os europeus, no seu livro menos famoso e menos historicamente abordado por conveniência de louvaminhices como esta aqui: "The Descent of Man".]

(Folha de SP, 23/3)

NOTA IMPERTINENTE DO BLOGGER: O MCT deve se ocupar de coisas mais sérias. Participar desse oba-oba, é deplorável. Olha a dengue aí, gente!

Quando é OK dizer que Darwin estava errado

sábado, março 22, 2008

18/03/08
por David Tyler 11:37:38 am

Com as celebrações de Darwin ganhando ímpeto, vale a pena destacar um reconhecimento de erro no pensamento do grande homem. O comunicado à imprensa diz: “Pesquisa mostra que Darwin estava errado sobre as origens das galinhas” e isso ecoou em alguns relatos da mídia. Darwin escreveu que ele estava confiante de que a galinha doméstica descendia da espécie Gallus silvestre vermelho, mas isso se revela ser incorreto.

[N. do Blogger 1: Toda a Grande Mídia tupiniquim recebeu, mas eles publicaram alguma coisa? Eu duvido, porque a GMT, especialmente a Folha de São Paulo, “está de rabo preso com Darwin”]


Galinha doméstica
As pernas amarelas das galinhas revelam sua origem híbrida

A pista se encontra na coloração amarela da perna que se conecta a um marcador genético. Este marcador não está presente na espécie Gallus silvestre vermelho, mas é encontrado no Gallus silvestre cinzento. A inferência é que a domesticação envolveu hibridização. Greger Larson, co-autor da pesquisa disse:

“Darwin reconheceu a importância de estudar os animais domésticos como um modelo de evolução, e este insight se mostrou enormemente influente. A coisa irônica é que ele acreditou que os cães fossem híbridos de diversos ancestrais silvestres, mas que as galinhas tinham tido apenas um, e ele estava errado nos dois casos.”

[N. do Blogger 2: Ao contrário da galera dos meninos e meninas de Darwin e de alguns membros da Nomenklatura científica que ‘idolatram’ Darwin e que tudo o que ele disse no “Origem das Espécies” é ex-cathedra, este cientista teve a ousadia de dizer que Darwin errou. E errou duas vezes!]

Por estas questões são dignas de nota? Não é porque Darwin estava errado no seu juízo nesta questão, porque novo conhecimento surgiu com nova evidência. Nós podemos ter certeza de que Darwin teria mudado de opinião à luz desta pesquisa.

Em vez disso, é digna de destaque porque ela se contrasta fortemente com erros muito mais importantes que Darwin cometeu que não são trazidos para atenção do público.

[N. do Blogger 3: Eu faço isso em vão há uma década. Quando a questão é Darwin, a Nomenklatura científica e a GMT sofrem da “síndrome ricuperiana” —o que Darwin tem de bom, a gente mostra; o que Darwin tem de ruim, a gente esconde! E da “síndrome dos soldadinhos-de-chumbo” —todo o mundo pensando igual, e ninguém pensando em nada. Ai de quem ousar pensar diferente do guru epistêmico de Down! Aquele que teve a maior idéia que toda a humanidade já teve — menos Dennett, menos!!!]

Ele confundiu a seleção artificial com a seleção natural; ele exagerou excessivamente no que a seleção natural é capaz de fazer; ele assumiu que a variação não tem limites; ele sugeriu o conceito de ancestral comum a despeito de numerosas evidências de descontinuidade; ele foi diletante com a herança através da pangênese (que nós não ouvimos bastante hoje em dia); e ele tentou apresentar a embriologia e o desenvolvimento inicial como evidência a favor de sua teoria. Nós não estamos confiantes de que Darwin teria mudado de opinião à luz de novas evidências relativas a essas questões, porque Darwin era principalmente dedutivo no seu modo de pensar.

Ele não era um empirista que via a ciência se desenvolvendo através do teste de hipóteses, mas ele trouxe um modelo teórico para as evidências, e explorou os “melhores e adequados” cenários. Esta abordagem ele aprendeu com Charles Lyell, que fez o mesmo com a ciência geológica nos seu livro “Principles of Geology”. Nós já fomos além do lyellismo nas ciências da Terra — já é hora de irmos além do darwinismo nas ciências biológicas. (Para mais informação sobre ir além do darwinismo, clique aqui.)

Identification of the Yellow Skin Gene Reveals a Hybrid Origin of the Domestic Chicken [PDF gratuito: 251 KB]

Eriksson J, Larson G, Gunnarsson U, Bed'hom B, Tixier-Boichard M, et al. (2008)
PLoS Genetics, March 2008, 4(2): e1000010 | doi:10.1371/journal.pgen.1000010

Abstract: Yellow skin is an abundant phenotype among domestic chickens and is caused by a recessive allele (W*Y) that allows deposition of yellow carotenoids in the skin. Here we show that yellow skin is caused by one or more cis-acting and tissue-specific regulatory mutation(s) that inhibit expression of BCDO2 (beta-carotene dioxygenase 2) in skin. Our data imply that carotenoids are taken up from the circulation in both genotypes but are degraded by BCDO2 in skin from animals carrying the white skin allele (W*W). Surprisingly, our results demonstrate that yellow skin does not originate from the red junglefowl (Gallus gallus), the presumed sole wild ancestor of the domestic chicken, but most likely from the closely related grey junglefowl (Gallus sonneratii). This is the first conclusive evidence for a hybrid origin of the domestic chicken, and it has important implications for our views of the domestication process.

Vide também:

Study shows Darwin was wrong about the origins of chickens, EurekAlert, 29-Feb-2008


[N. do Blogger 3: O EurekAlert é enviado para todas as redações da GMT. Quando não publicam coisas assim, eles estão violando a nossa cidadania no direito à informação! Alô, ombudsman da FSP, nós estamos de olho em vocês!!!]

Highfield, R., Darwin was wrong about (chicken) evolution, The Daily Telegraph, 29 February 2008.

Darwin C., 1868. The variation of animals and plants under domestication. London: John Murray. Volume 1, Chapter VII, Fowls, 236-237.

From the extremely close resemblance in colour, general structure, and especially in voice, between Gallus bankiva and the Game fowl; from their fertility, as far as this has been ascertained, when crossed; from the possibility of the wild species being tamed, and from its varying in the wild state, we may confidently look at it as the parent of the most typical of all the domestic breeds, namely, the Game-fowl.

Richard Dawkins renuncia ao darwinismo como religião

A jornalista free-lance Suzan Marzur não tem jeito não. Depois de botar a boca no trombone sobre uma reunião de eminentes especialistas evolucionistas que irá acontecer em Altenberg, Áustria, em julho de 2008 para discutirem sobre a elaboração da nova teoria da evolução: a SMA [Síntese Moderna Ampliada], ela entrevistou a Richard Dawkins, e fez perguntas que os editores de ciência e jornalistas tupiniquins não têm coragem de fazer porque estão “de rabo preso” com Darwin.

Talvez muitos leitores deste blog não saibam, mas “de rabo preso com o leitor” foi um mote publicitário da Folha de São Paulo. Nada mais falso. A FSP esteve sempre “de rabo preso” com Darwin, apesar deste blogger notificá-los desde 1998 sobre as insuficiências epistêmicas fundamentais no neodarwinismo no contexto da justificação teórica.

O editor de ciências da FSP, através do ombudsman, corrige a este historiador da ciência em formação que “neodarwinismo” tem a ver com “a escola evolucionista fundada por Weismann e há muito ultrapassada”. Usei e uso o termo “neodarwinismo” porque este é o termo acolhido pelos autores dos livros-texto de Biologia, e por muitos cientistas nas publicações científicas. Eu tenho, como disse certa professora, “trocentos” exemplos disso!

Em vez de lidarem com o essencial, e não lidam por razões aqui há muito declinadas, o editor de Ciências da FSP veio com esta pérola de “riguer historique et linguistique”. Uma picuinha lingüística periférica que me tirou o sono...

Com vocês, Suzan Marzur, uma mulher jornalista corajosa que faz perguntas impertinentes quando a questão é Darwin, assim como faz este blogger, mas que ainda não vemos nos editores de ciência e nos jornalistas da Grande Mídia tupiniquim:

17 de março de 2008-03-20 Artigo: Suzan Marzur

Richard Dawkins Renuncia ao Darwinismo como Religião e Adota a Forma

O biólogo evolucionista ateu Richard Dawkins falou para um auditório lotado no Manhattan's Ethical Culture Society sábado à noite sobre o seu livro best seller, “Deus, um delírio”, admitindo na sessão de perguntas e respostas que se seguiu de ser “culpado” em considerar o darwinismo como um tipo de religião e fazendo o voto de se “reformar” (contudo, não permitiram ninguém gravar a confissão de Dawkins, com os organizadores do evento ameaçando mandar os ofensores darem uma volta em torno da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias — igreja dos mórmons).

Eu me encontrei com Richard Dawkins na noite anterior na editora Barnes & Noble em Tribeca (Nova York) onde ele me falou diante de uma audiência de aproximadamente umas 200 pessoas (gravadores foram permitidos) da importância do papel da forma em elaborar uma teoria da evolução adequada. Dawkins está associado há muito tempo com a teoria genocêntrica da seleção natural, e é autor do livro “O Gene Egoísta”. A nossa seção de perguntas e respostas segue abaixo:

Suzan Mazur:
Richard Dawkins.net pegou recentemente a minha história sobre uma reunião em Altenberg (Áustria) em julho, chamada de “Para uma Síntese Evolutiva Ampliada — Altenberg! O Woodstock da Evolução?", que se acredita irá nos mover um pouco além do ponto-de-vista genocêntrico. A seleção natural está sob ataque, e o sentimento é que a coisa realmente interessante da evolução tem a ver com a forma, que atualmente nós não temos uma teoria. Eu fico pensando se você foi convidado a participar do simpósio de Altenberg e quais são os seus pensamentos sobre o remix da Síntese?

Richard Dawkins: A pergunta é sobre um simpósio recente em Altenberg na Áustria.

Suzan Mazur: Não. Vai acontecer em julho. Eu estava pensando se você foi convidado?

Richard Dawkins: Desculpe, ainda não aconteceu e você está me dizendo?

Suzan Mazur: Não, vai acontecer em julho, para remixar essencialmente a teoria da evolução.

Richard Dawkins: Sobre o desenvolvimento também?

Suzan Mazur: Parece ser um distanciamento do ponto-de-vista genocêntrico.

Richard Dawkins: Você está deixando se levar pela retórica.

Suzan Mazur: Você a colocou no seu website — a minha história.

Richard Dawkins: Você me fez a pergunta: Eu fui convidado? Eu sinto muito em dizer, mas eu sou convidado para muitas coisas, e eu literalmente não posso me lembrar se eu fui convidado ou não para este evento particular. [um pouco de gargalhadas].

Suzan Mazur: Mas está sendo considerado como um grande evento.

[N. do Blogger: Menos para a editoria de ciência da Folha de São Paulo que mandou e-mail para o seu ombudsman tentando diminuir a importância do evento].

Richard Dawkins: Considerada importante por quem eu imagino. [algumas gargalhadas].

Suzan Mazur: Você deve ter dado uma olhada na história que eu escrevei.

Richard Dawkins: Não. Eu sinto muito, mas eu tenho que responder agora a pergunta.
Eu acho que isso é um ataque no ponto-de-vista genocêntrico da evolução e uma substituição da teoria da forma.

A teoria da forma, eu imagino, é do tempo de D'Arcy Thompson [N. do Blogger: Como o texto não é meu, o link da Wikipédia fica mantido, mas enciclopédia é uma péssima fonte ideologizada de informações – um lixo cultural], que foi um distinto zoólogo escocês que escreveu um livro chamado “On Growth and Form” [Sobre o crescimento e a forma] e que dava a entender ser antidarwinista. Na verdade, ele nunca falou realmente sobre os problemas reais que o darwinismo resolve, que é o problema da adaptação.

Bem, D'Arcy Thompson e outras pessoas que dão ênfase à palavra “forma”, dão ênfase às leis da Física. Os princípios físicos somente por si mesmos são adequados para explicar a forma dos organismos. Assim, por exemplo, D'Arcy Thompson olharia para a maneira como um tubo de borracha ficava remodelado quando esmagado, e ele achava analogias para isso nos organismos vivos.

Eu vejo bastante valor neste tipo de abordagem. É algo que nós como biólogos não podemos negligenciar. Todavia, isso negligencia absolutamente a questão de onde que vem a ilusão de design? De onde os animais e as plantas ganham esta poderosa impressão de que eles foram brilhantemente planejados para um propósito? De onde que vem isso?

[N. do Blogger: eu pensei que Darwin já tinha resolvido esta questão de design per omnia seculorum...]

Isso não vem somente das leis da física. Isso não pode vir de nada que tem sido até aqui sugerido por quem quer seja a não ser a seleção natural. Dessa maneira, eu não vejo nenhum conflito entre a teoria da seleção natural —a teoria da seleção natural genocêntrica, eu devo dizer —e a teoria da forma. Nós precisamos das duas. Nós precisamos das duas. E é muito desonesto apresentar uma sendo antagônica à outra.

Email: sznmzr@aol.com

Quem realmente “condenou” Galileu Galilei: a Igreja ou a Academia?

sexta-feira, março 21, 2008

Quem realmente “condenou” Galileu Galilei: a Igreja ou a Academia? A "estória" que contam é de que foi a Igreja Católica. Será?

Os ideólogos materialistas filosóficos, ateus, agnósticos, céticos e quejandos dentro da comunidade científica e midiática, são os únicos interessados na manutenção da dicotomia ciência (razão) e religião (irracionalidade). Eles fazem isso para manter os de concepções religiosas distanciados do fazer ciência e de influenciar a sociedade.

Um dos mitos avançados e mantidos por estes cientificistas é que a condenação de Galileu Galilei se deu unicamente pela Igreja. Eles talvez nem saibam, e se sabem, fingem não saber, mas quem condenou Galileu foi a comunidade científica da época que defendia a visão aristotélica da descrição da realidade.

Como a Igreja detinha o poder temporal, e o aval dos cientistas sempre conta [nem que eles estejam redondamente enganados, o que vale é o tal de “konsensus”]. Galileu foi sumariamente condenado para o deleite da Nomenklatura científica da época que viu o seu maior rival epistêmico ter suas idéias científicas condenadas.

Para um relato histórico mais preciso sobre a questão, vide o excelente artigo “The Galileo Affair (2005), de Paul Newall que esclarece e desmitifica muita bobagem escrita aqui em Pindorama sobre a questão.

http://www.galilean-library.org/galileo1.html
http://www.galilean-library.org/galileo2.html
http://www.galilean-library.org/galileo3.html
http://www.galilean-library.org/galileo4.html
http://www.galilean-library.org/galileo5.html

O que é erroneamente utilizado pelos cientistas e pela Grande Mídia como exemplo da “razão” sobrepujando a “irracionalidade” é, na verdade, o inverso: mostra a irracionalidade dos que defendem um paradigma apesar das evidências contrárias.

Gente, isso não lembra a postura da atual comunidade científica em relação a algum paradigma?

Que vergonha, a Nomenklatura científica entregou Galileu de bandeja, e como Pilatos, tenta desde então lavar as mãos traidoras em relação a Galileu, mas em vão.

Fui, alegre da vida, por mostrar que o rei está nu, e há algo de podre no reino científico e midiático.



I Simpósio Internacional – DARWINISMO HOJE - Universidade Presbiteriana Mackenzie - SP

segunda-feira, março 17, 2008

O I Simpósio Internacional – DARWINISMO HOJE é uma iniciativa da Universidade Presbiteriana Mackenzie e reúne pesquisadores no campo das diferentes áreas do saber, com a finalidade de integrar esforços para promover um amplo debate sobre as interpretações do Darwinismo, Criacionismo e Design Inteligente.

Sendo a Academia o lugar propício para o debate, é imprescindível que se apresente o contraditório e, por isso, embora o Darwinismo tenha se tornado um paradigma científico, outras interpretações, movidas por diferentes cosmovisões são aceitas e difundidas e defendidas cientificamente.

O tema está dividido em três grandes eixos:

· Darwinismo
· Criacionismo
· Design Inteligente

Visando à integração de um processo de aprimoramento científico, é imperioso que a Universidade Presbiteriana Mackenzie se abra para o estudo do paradigmático ao contraditório, do Evolucionismo ao Criacionismo.



O evento realizar-se-á nos dias 08 a 10 de abril 2008, nos campi São Paulo da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

As inscrições para participação estarão abertas a partir de 30/01/2008 até a data do Evento.

Os participantes receberão certificados de participação.

Sobre os Palestrantes

Dr. Aldo Mellender de Araújo
Possui graduação em História Natural (1967) e doutorado em Genética e Biologia Molecular pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1973). Realizou estágios na University of Liverpool (1975) e na Cornell University (1976), sobre história da genética e evolução. Atualmente é professor titular do Instituto de Biociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (IB - UFRS), atuando na área de história e epistemologia das idéias sobre evolução biológica.


Dr. Paul Nelson

Paul Nelson é filósofo da Biologia, especializado em biologia do desenvolvimento. Tem um PhD em Filosofia pela Universidade de Chicago. Sua tese, publicada sob a forma de livro pela Universidade de Chicago, oferece uma crítica a aspectos da teoria da macroevolução à luz dos desenvolvimentos mais recentes na embriologia e da biologia do desenvolvimento. Nelson é membro da International Society for Complexity, Information and Design [Sociedade Internacional para a Complexidade, Informação e Design] e do Centro de Ciências e Cultura do Discovery Institute. Autor de vários artigos científicos em revistas especializadas.

Dr. Ruy Carlos de Camargo Vieira
Engenheiro Mecânico-Eletricista pela USP, Livre-Docente e Catedrático de Mecânica dos Fluidos na EESC-USP. Tem vários livros e artigos científicos publicados, além de ter sido um dos primeiros diretores científicos da FAPESP. É Presidente e Fundador da Sociedade Criacionista Brasileira.

Será que Charles Darwin é mesmo atual e necessário? Há controvérsia...

sábado, março 15, 2008

O lead é a abertura da matéria contendo as informações essenciais que transmitam ao leitor o resumo completo do fato, e responde as perguntas fundamentais em jornalismo: o que, quem, quando, onde, como e por quê.

Foi assim que Boletim CH n. o 132, de 14 de março de 2008, abriu a coluna CAÇADORES DE FÓSSEIS de Alexander Kellner:

Charles Darwin: atual e necessário

A inauguração de uma exposição sobre Charles Darwin no Rio de Janeiro é o ponto de partida da coluna de março de Alexander Kellner. O colunista discute a obra do naturalista inglês, cuja teoria da origem das espécies revolucionou o pensamento biológico. Kellner mostra como é oportuno hoje o legado de Darwin, em tempos de crescimento do criacionismo.

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Neste longo blog eu vou entremear meus comentários, especialmente os históricos, no texto de Kellner com >>> e destacar o texto original com +++

É longo o blog porque é uma réplica a um artigo de renomado membro da Academia Brasileira de Ciências.

Charles Darwin: atual e necessário

>>> Será que Darwin realmente é atual e necessário? Darwin 3.0 já está sendo preparado e até já tem nome: Síntese Moderna Ampliada. A teoria da evolução de Darwin é baseada na seleção natural e xyz mecanismos evolutivos. A SMA não será selecionista. Vide a reportagem especial de Suzan Marzur sobre o encontro de 16 eminentes cientistas no Konrad Lorenz Institute, em Altenberg, Áustria e o meu texto no blog.


Darwin parece ser tão-somente atual e necessário na teoria especial da evolução: microevolução interespécie com limitação de variabilidade genética.

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Colunista discute importância da teoria da evolução pela seleção natural, que completa 150 anos e é tema de exposição no Rio

>>> Kellner parece estar bastante desatualizado na literatura especializada sobre a “importância da teoria da evolução pela seleção natural”: desde quando Darwin elaborava sua teoria selecionista, cientistas como Lyell, Huxley e Hooker, aceitavam o fato, Fato, FATO da evolução, mas eram CÉTICOS da seleção natural de Darwin como o mecanismo evolutivo capaz de produzir toda a complexidade e diversidade de coisas bióticas.

Os céticos da teoria da evolução pela seleção natural continuaram ao longo do tempo. Na celebração de Darwin de 1909 a teoria da evolução de Darwin foi examinada à luz de Mendel, da mutação e da meiose. Vide RICHMOND, Marsha L. “The 1909 Darwin Celebration – Reexamining Evolution in the Light of Mendel, Mutation, and Meiosis”, Isis 2006 97:447-484.

Na “2009 Darwin celebration” a evolução vai ser reexaminada à luz da genômica, da teoria da informação, da complexidade irredutível (Behe), e da informação complexa especificada (Dembski)?

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Acaba de ser inaugurada uma exposição sobre Charles Darwin (1809-1882) no Museu Histórico Nacional, no Rio de Janeiro, que ficará em cartaz até 13 de abril. Como é de conhecimento geral, Darwin é autor da teoria revolucionária sobre a origem das espécies, que teve influência direta no pensamento biológico desde que foi formulada.

>>> Nada mais falso! A “teoria revolucionária sobre as origens das espécies” de Darwin não teve esta “influência direta no pensamento biológico desde que foi formulada” alegada por Kellner: o Origem das Espécies teve pouco efeito sobre as ciências biológicas da época que já era mecanicista e experimental. As investigações naturalistas de Darwin não contribuíram significativamente para a biologia experimental de sua época.

Kellner não destaca, mas Darwin se viu obrigado a escrever 4 capítulos (30% do seu livro Origem das Espécies) tentando rebater objeções científicas. Além disso, 1909 é o período conhecido em História da Ciência como “a eclipse do darwinismo”. Vide BOWLER, Peter J. The Eclipse of Darwinism: Anti-Darwinian Evolution Theories in the Decades around 1900, Baltimore/Londres, John Hopkins University Press, 1983, pp. 5, 14.

Darwin só vai se recuperar “epistemicamente” nas décadas de 1930 e 1940 com a incorporação da genética mendeliana e as mutações.

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Sua teoria propunha que as espécies não eram fixas e nem tinham sido criadas por alguma entidade maior: na realidade, elas mudavam com o tempo, derivando a partir de um ancestral comum. Mas quais eram as bases para que o naturalista inglês chegasse a essa teoria?

>>> Que as espécies mudam ao longo do tempo ninguém discute. Derivar através de um ancestral comum é que são elas. Alguém já observou a especiação ocorrer através da seleção natural? E o primeiro ancestral comum universal já foi “comprovado” cientificamente através de evidências? Kellner, paleontólogo, sabe que os fósseis não ajudam muito aqui. Aliás, Gould sabia muito mais do que Kellner: o registro fóssil não comprova o gradualismo darwiniano, mas para os atuais paleontólogos dizerem o contrário é suicídio acadêmico. É preferível seguir com o “segredo da paleontologia” não sendo alardeado publicamente...

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De forma resumida, Darwin fez importantes observações que, diga-se de passagem, eram conhecidas pelos naturalistas da época. Em linhas gerais, o número de indivíduos de uma espécie na natureza tende a ser mais ou menos constante. Apesar disso, existe uma grande produção de polens, sementes, larvas e ovos que indica que deve haver uma grande mortandade na natureza.

>>> QED: Darwin não era atual nem necessário aqui, se isso já era conhecido pelos naturalistas de seu tempo. A interpretação que vai ser dada a este fato é que vai ganhar matizes transformistas em Darwin.

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Os indivíduos de uma mesma espécie não são idênticos, mas possuem pequenas variações e diferem em vários aspectos – sejam anatômicos, fisiológicos ou comportamentais. Assim, alguns indivíduos se adaptam melhor a um determinado ambiente e tendem a sobreviver na competição da natureza, deixando um número de descendentes maior do que aqueles que não estão adaptados da mesma forma.

>>> O mais apto sobrevive. Quem sobrevive? O mais apto. Por quê sobrevive? Porque é mais apto. O nome disso é TAUTOLOGIA, e é de nenhum valor heurístico no contexto de justificação teórica porque nada diz.

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Essas características modificadas seriam passadas para as próximas gerações. Como as características mais bem adaptadas também diferem de acordo com cada ambiente, com o passar do tempo, dois grupos de organismos se diferenciariam bastante entre si, dando origem a espécies distintas.

>>> Essa “informação genética” pode ser observada no genoma? Qual é a relação custo x benefício? Em quantas gerações isso se “instala”? 300.000 segundo Haldane, mas ocorre mesmo?

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A viagem do Beagle

Essas idéias de Darwin vieram a partir de observações feitas durante a viagem que ele fez no navio HMS Beagle, que percorreu diversas partes do mundo, inclusive o Brasil. Durante a viagem, o jovem naturalista de 22 anos teve a oportunidade não só de ver muito do mundo natural, incluindo fósseis, mas também de ler livros e trabalhos de outros pesquisadores.

Ao retornar para a Inglaterra, cinco anos depois, Darwin não seria mais o mesmo. Além de ter-se tornado uma celebridade em Londres pelo material coletado, particularmente pelas amostras de mamíferos extintos, ele tinha adquirido muita experiência e em breve publicaria importantes trabalhos sobre os achados do "novo mundo".

>>> Darwin não foi o pesquisador muito meticuloso como tem sido pomposamente alardeado. Muitas das informações sobre os tentilhões de Galápagos estavam erradas, e eles só foram devidamente classificados por John Gould, ornitólogo, que se baseou nas coleções dos marujos do Beagle. Vide SULLOWAY, Frank J. “Darwin and His Finches: The Evolution of a Legend”, in Journal of the History of Biology 15 (1982), pp. 1-53.

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Darwin publicou muito nas duas décadas que sucederam a viagem. Curiosamente, no entanto, nada saiu sobre a teoria que o tornaria tão famoso. Isso fica ainda mais marcante quando se leva em conta que, em 1842, ele já havia escrito um excelente esboço de sua teoria sobre a evolução das espécies, divulgado apenas para alguns cientistas amigos mais próximos.

>>> Lyell, Hooker e Huxley aceitavam a evolução, mas eram céticos em relação à seleção natural. Embora Darwin tenha declarado que a seleção natural fosse “o principal meio de modificação, mas não o único”, a sua teoria é selecionista, e o título completo da obra confirma isso: “A Origem das Espécies por meio da seleção natural ou a preservação das raças favorecidas na luta pela vida”.

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Levando-se em conta a perspectiva histórica, porém, havia um bom motivo pelo qual Darwin, de certa forma, relutava em publicar as suas idéias: a crítica que ele poderia receber de pesquisadores mais estabelecidos e, sobretudo, da Igreja Católica. Ele tinha a exata noção das implicações de sua pesquisa dentro da sociedade vitoriana vigente na Inglaterra na segunda metade do século 19.

>>> Como historiador da ciência em formação, eu ainda não localizei na obra de Darwin essa relutância “em publicar suas idéias” tendo este pano de fundo religioso, a não ser em relação à sua esposa. Mas, Darwin, marotamente seguiu os conselhos de seu pai para não falar a respeito de sua subjetividade. A igreja, Kellner, e deve ter sido um lapso de memória, não era Católica, mas Anglicana que já não era assim uma Brastemp em termos de ortodoxia doutrinária, muito menos a sociedade inglesa que já tinha sido influenciada por dois séculos de Iluminismo, com os seus filhos Thomas Hobbes, John Locke, os deístas David Hume e Adam Smith, e os utilitaristas George Combe e J.S. Mill. Eram esses os ares que permeavam a sociedade vitoriana vigente na Inglaterra na segunda metade do século 19.

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A concorrência de Wallace

Eis que surge, então, o impulso que Darwin precisava: a concorrência. Em um dado momento, o também britânico Alfred Russel Wallace (1823-1913), um pouco mais jovem do que Darwin, lhe enviou um trabalho para ser publicado que continha basicamente as mesmas idéias que Charles vinha guardando para si.

>>> Wallace e Darwin já se correspondiam bem antes do envio deste trabalho. Estranhamente, todas essas cartas foram destruídas por Darwin, menos esta. Por quê???

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Considero Wallace um bom exemplo do que se pode chamar de um pesquisador azarado. Primeiro, ele não tinha riquezas – condição comum aos pesquisadores da época, incluindo Darwin –, e as poucas que herdou se perderam em maus investimentos. Ou seja, tinha que trabalhar muito para se manter, tirando, em parte, tempo precioso de pesquisa. Além disso, teve uma série de acidentes, incluindo a perda de anos de trabalho quando o navio no qual viajava do Brasil para a Inglaterra pegou fogo.

>>> Não só “azarado”, mas lesado na sua primazia de “descobridor” do conceito de seleção natural. Wallace além de não ter “pedigree” como Darwin, ele não tinha QI – Quem Indica. Darwin tinha QI – um círculo íntimo montado em torno de suas idéias (Lyell, Hooker e Huxley) que exerciam influência nos meios científicos da Inglaterra vitoriana.

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Para culminar, Wallace tinha realizado uma grande descoberta e a enviou justamente para o único naturalista que estava trabalhando no mesmo tema e que, além de tudo, era um pesquisador mais destacado que ele! Teoricamente, se tivesse enviado para qualquer outro pesquisador não ligado a Darwin, ou se houvesse tentado publicar diretamente, poderia ter sido ele quem teria recebido o maior destaque pela paternidade dessa teoria. Nesse caso, quem sabe agora seria Wallace o tema central da exposição em cartaz no Rio.

>>> Wallace já trabalhava com o problema da evolução desde 1845. Ele enviou o trabalho para ser enviado para Lyell se Darwin considerasse importante o trabalho.

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Ao receber a carta, um desesperado Darwin conversou com alguns colegas que sabiam de suas idéias e houve um acordo: um trabalho conjunto de Darwin e Wallace foi publicado pela Sociedade Lineana (Linnean Society), em Londres. Nenhum dos dois estava presente – Darwin estava doente, e Wallace, que tinha ficado muito satisfeito com o acordo, sobretudo levando em conta a posição mais destacada na sociedade e no mundo científico de seu parceiro, continuava seu trabalho de coleta de dados na Indonésia.

>>> Os colegas com quem Darwin conversou foram Hooker e Lyell. Darwin usou estas pessoas para conseguir a primazia da “descoberta”. Ao contrário do afirmado por Kellner de que Wallace ficou “muito satisfeito com o acordo”, ele só ficou sabendo deste acordo entre “cavalheiros” [não seria mais acertado chamá-los de “conspiradores”], bastante tempo depois quando retornou para a Inglaterra. Vide BRACKMAN, Arnold C. “A Delicate Arrangement: The Strange Case of Charles Darwin and Alfred Russel Wallace”, New Yor, Time Books, 1980.

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No ano seguinte, Darwin publicava o livro A origem das espécies por meio da seleção natural. A obra foi um best-seller e mudou, para sempre, o pensamento biológico com relação às espécies.

>>> Se tornou “best-seller” porque a primeira edição foi comprada no atacado por livreiros. O Origem das Espécies não é livro, é um longo abstract, mas muita gente desconhece isso. Até cientistas...

Um momento oportuno

>>> Um momento mais do que oportuno para novamente denunciar as distorções históricas desta exposição “louvaminhice” de Darwin.

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A exposição sobre Darwin, organizada no Brasil pelo Instituto Sangari, está correndo o mundo e chega a Londres no ano que vem, quando se comemora o bicentenário do nascimento do naturalista. E por que este é um momento tão oportuno para se evocar as idéias de Darwin?

>>> Kellner, o cientista, vai deixar a objetividade de cientista, e vai mostrar aqui a subjetividade de sua ideologia e antipatia a visões extremas da evolução.

+++ Pelo fato de que existem movimentos cada vez mais intensos, particularmente nos Estados Unidos, de promoção do criacionismo – uma doutrina de cunho religioso que chega ao extremo de postular a proibição do ensino da evolução nas escolas.

>>> Sobre as distorções históricas desta exposição de louvaminhice a Darwin, vide:

Artigo 1

Artigo 2

Artigo 3

Aqui Kellner está em descompasso flagrante com a verdade sobre a questão do ensino da evolução nos Estados Unidos. Não somente em descompasso com a verdade, mas revelando profundo desconhecimento desta questão jurídica americana: desde 1984, após a Suprema Corte Americana ter declarado que o criacionismo científico não pode ser ensinado nas escolas públicas pelo seu matiz religioso, só um idiota continuaria “postulando” a proibição do ensino da evolução.

Diferente do Brasil, onde o MEC/SEMTEC/PNLEM enfia goela abaixo o conteúdo da abordagem da evolução nos currículos e livros-texto, nos Estados Unidos as comunidades podem decidir pelo seu conteúdo. Kellner, você pode ficar sossegado menino, Darwin continua reinando perenemente nas escolas pública americanas.

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Não quero entrar muito nesta discussão, mas considero importante destacar que a ciência e a religião não são mutuamente exclusivas: cada uma aborda diferentes aspectos e ambas devem ser mantidas separadas. Mas é importante que as convicções religiosas não se sobreponham ao consenso científico bem estabelecido há anos de que as espécies mudam com o tempo.

Alexander Kellner
Museu Nacional / UFRJ
Academia Brasileira de Ciências
Envie críticas, comentários e sugestões para alexander.kellner@gmail.com

>>> Kellner adota uma versão ligth do NOMA [Non-overlapping magisteria] de Stephen Jay Gould, “Rocks of Ages: Science and Religion in the Fullness of Life”, in The Library of Contemporary Thought, New York, Ballantine, 1999, pp. 4-6.

A quem interessa esta idéia de conflito “ciência versus religião”? Tão-somente aos materialistas filosóficos que seqüestraram o naturalismo metodológico para avançar a sua agenda materialista como se fosse ciência e calar a boca dos de concepções religiosas sobre questões de ciência. A ciência moderna se deu com cientistas de concepções religiosas. E não são poucos.

Que as espécies mudam ao longo do tempo ninguém discute. Até os criacionistas e o pessoal do Design Inteligente aceitam isso. O que se discute, e aí sim Darwin seria atual e necessário, é se a teoria da evolução de Darwin fosse heuristicamente robusta e nos respondesse cientificamente as seguintes questões:

A. Questões de Padrão, diz respeito à grande escala geométrica da história biológica: Como os organismos são inter-relacionados, e como que nós sabemos isso?

B. Questões de Processo, diz respeito aos mecanismos de evolução, e os vários problemas em aberto naquela área, e

C. Questões sobre a questão central: a origem e a natureza da complexidade biológica; a “complexidade biológica” diz respeito à origem daquilo que faz com que os organismos sejam claramente o que são: complexidade especificada da informação biológica.

Será que a nova teoria da evolução — a Síntese Moderna Ampliada vai respondê-las? Já que a biologia do século 21 é uma biologia sobre informação genética, será que que a SMA irá acolher as teses da complexidade irredutível de Behe e a informação complexa especificada de Dembski?

Kellner, membro da Academia Brasileira de Ciências, Darwin somente será atual e necessário se “o verdadeiro Darwin” for desvelado pela Nomenklatura científica e pela Grande Mídia.




A inferência de Design defendida por estudiosos fora do movimento do DI

quinta-feira, março 13, 2008

Para os céticos e detratores do Design Inteligente que não conseguem entender que os sinais de inteligência (especialmente a complexidade especificada) são empiricamente detectados na natureza, um artigo sobre como estudiosos fora do movimento do DI defendem a inferência do design pela complexidade especificada.

The Design Inference from Specified Complexity Defended by Scholars Outside the Intelligent Design Movement: A Critical Review
By: Peter S. Williams
Philosophia Christi
September 1, 2007


Peter S. Williams, "The Design Inference from Specified Complexity Defended by Scholars Outside the Intelligent Design Movement: A Critical Review," Philosophia Christi (Vol. 9, Issue 2, 2007).

PDF gratuito do artigo, clique aqui. (PDF, 1.45 Mb)

Pro bonum Scientiae - Publicações científicas de livre acesso

quarta-feira, março 12, 2008

Um verdadeiro tesouro de publicações científicas de livre acesso aqui.

Basta somente preencher seus dados! IMPERDÍVEL!!!

Por que a fraude de Haeckel não devia mais aparecer em nossos livros-texto de Biologia desde 1998?

terça-feira, março 11, 2008

Em 1998 eu enviei e-mail para algumas editoras de livros didáticos como a Editora Moderna, Ática, Saraiva e Scipione, expressando minhas preocupações sobre a abordagem das atuais teorias da origem e evolução da vida, e pedi que repassassem meu e-mail para os autores como Amabis e Martho, Gewandsznajder e Linhares, César e Sezar, e José Arnaldo Favaretto.

Todas as editoras confirmaram a recepção do meu e-mail, e que tinham repassado as minhas críticas para os autores, mas eu nunca recebi resposta de todos eles. Amabis e Martho se encontram nesta categoria.

Alguns desses autores responderam, e iniciamos um diálogo. Uns bem simpáticos, e outros bem ofendidos com as insuficiências fundamentais da atual teoria da evolução apresentadas por este “simples professorzinho do ensino médio” [eu sinto o maior orgulho de ser um desses educadores], e que eu estava simplesmente querendo “destruir um trabalho de vários anos”.

Um deles me escreveu dizendo que os biólogos e os autores de livros-texto se comunicam entre si, e que eles sabiam das questões que eu levantava há uma década atrás. Bem, se sabiam, por que alguns continuaram com as duas fraudes – os desenhos dos embriões de vertebrados (forjados por Haeckel) e o melanismo industrial (as mariposas de Manchester), uma para provar o fato, Fato, FATO da ancestralidade comum, e o outro para demonstrar o fato, Fato, FATO da evolução ocorrendo diante de nossos olhos. Nada mais falso, Falso, FALSO!



Bem, pior a emenda do que o soneto, pois se eles se comunicam entre si, então eles deveriam saber desde 1998 que a fraude centenária de Haeckel não podia e nem pode mais aparecer nos livros didáticos do ensino médio e superior. Por quê? Porque se este “simples professorzinho do ensino médio” tinha na época informações sobre as dificuldades fundamentais da atual teoria da evolução através de amigos cientistas e pesquisadores interessados na abordagem objetiva e honesta da evolução, eles também sabiam.


Aspectos verdadeiros dos estágios dos embriões - Richardson et al, Science (1998)280:983-986

O MEC/SEMTEC/PNLEM tem acesso à literatura especializada através do site da CAPES Periódicos. Nem todos aqueles autores tinham ou têm acesso a elas, mas eu não estou convencido de que Amabis e Martho não tinham acesso a estas publicações na USP. Prova evidente disso, é que Amabis e Martho foram os únicos autores que deixaram de usá-las, mas sem as devidas explicações necessárias aos novos e antigos alunos do porque usaram e deixaram de usá-las.

Aqui neste blog, a gente mata a cobra e mostra o pau. A fraude de Haeckel não devia e nem deve mais aparecer em nossos livros-texto de Biologia por causa desta pesquisa com revisão por pares em 1997:

1: Anat Embryol (Berl). 1997 Aug; 196(2):91-106.
There is no highly conserved embryonic stage in the vertebrates: implications for current theories of evolution and development.

Richardson MK, Hanken J, Gooneratne ML, Pieau C, Raynaud A, Selwood L, Wright GM.
Department of Anatomy and Developmental Biology, St. George's Hospital Medical School, London, UK. m.richardson@sghms.ac.uk

Embryos of different species of vertebrate share a common organisation and often look similar. Adult differences among species become more apparent through divergence at later stages. Some authors have suggested that members of most or all vertebrate clades pass through a virtually identical, conserved stage. This idea was promoted by Haeckel, and has recently been revived in the context of claims regarding the universality of developmental mechanisms. Thus embryonic resemblance at the tailbud stage has been linked with a conserved pattern of developmental gene expression - the zootype. Haeckel's drawings of the external morphology of various vertebrates remain the most comprehensive comparative data purporting to show a conserved stage. However, their accuracy has been questioned and only a narrow range of species was illustrated. In view of the current widespread interest in evolutionary developmental biology, and especially in the conservation of developmental mechanisms, re-examination of the extent of variation in vertebrate embryos is long overdue. We present here the first review of the external morphology of tailbud embryos, illustrated with original specimens from a wide range of vertebrate groups. We find that embryos at the tailbud stage - thought to correspond to a conserved stage - show variations in form due to allometry, heterochrony, and differences in body plan and somite number. These variations foreshadow important differences in adult body form. Contrary to recent claims that all vertebrate embryos pass through a stage when they are the same size, we find a greater than 10-fold variation in greatest length at the tailbud stage. Our survey seriously undermines the credibility of Haeckel's drawings, which depict not a conserved stage for vertebrates, but a stylised amniote embryo. In fact, the taxonomic level of greatest resemblance among vertebrate embryos is below the subphylum. The wide variation in morphology among vertebrate embryos is difficult to reconcile with the idea of a phyogenetically-conserved tailbud stage, and suggests that at least some developmental mechanisms are not highly constrained by the zootype. Our study also highlights the dangers of drawing general conclusions about vertebrate development from studies of gene expression in a small number of laboratory species.

PMID: 9278154 [PubMed - indexed for MEDLINE]