Maynard-Smith “falou e disse”:
“Há um punhado de coisas que nós não sabemos sobre a evolução, mas elas não são as coisas que os não biólogos pensam que nós não sabemos. Se eu admitir a um colega não biólogo que a teoria da evolução é inadequada, ele deve provavelmente presumir logo que o darwinismo está para ser substituído pelo lamarckismo e a seleção natural pela herança dos caracteres adquiridos. Na verdade, nada parece para mim como menos provável. Em comum com quase todo mundo trabalhando na área, eu sou um neodarwinista não arrependido. Isto é, eu penso que a origem da novidade evolucionária é um processo de mutação de gene que é não adaptivo, e que a direção da evolução é grandemente determinada pela seleção natural. Eu sou bastante popperiano para saber que isto é uma hipótese, não um fato, e que as observações podem um dia me obrigar a abandoná-la, mas eu não espero que eu tenha de fazê-lo.” [1]
Uau, mano! A Lógica Darwinista 101 é de um posicionamento ideológico irredutivelmente absurdo: se as evidências contrariarem as especulações transformistas de Darwin, que se danem as evidências (Dobzhansky no Brasil), o que vale é a teoria.
Maynard-Smith, meu velho, eu sei que você morreu um neodarwinista não arrependido, mas a sua confissão pública de que o neodarwinismo é uma teoria da evolução inadequada valeu por tudo o que você sabia, mas não disse. Você disse isso em 1977. Stephen Jay Gould disse em 1980 que o neodarwinismo era uma teoria científica morta, mas que insistia permanecer como ortodoxia somente nos livros-texto de Biologia. Lynn Margulis disse a mesma coisa em 2005. Provine disse recentemente que nós precisamos de uma nova teoria da evolução.
Alô MEC/SEMTEC/PNLEM, alô Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados, os melhores autores de livros didáticos dos ensinos médio e superior estão engabelando os nossos alunos, omitindo intencional e sub-repticiamente informações do status epistêmico da atual teoria da evolução há 20 anos.
Que tal uma CPI convocando esses principais autores sobre o crime abjeto lesando a educação de nossos alunos por duas décadas?
Não dizer nos livros didáticos o que Maynard-Smith, Gould e Margulis disseram publicamente, é querer tapar o Sol das evidências contrárias com uma peneira ideológica furada, oops é DESONESTIDADE ACADÊMICA!
E diziam que nós podíamos confiar nos cientistas porque eram pessoas imparciais, objetivas e frias, que seguem as evidências aonde elas forem dar. Nada mais falso!
E nenhum deles me processa por danos morais...
NOTA:
1. “There are a lot of things we do not know about evolution, but they are not the things that non-biologists think we do not know. If I admit to a nonbiological colleague that evolution theory is inadequate, he is likely to assume at once that Darwinism is about to be replaced by Lamarckism and natural selection by the inheritance of acquired characters. In fact, nothing seems to me less likely. In common with almost everyone working in the field, I am an unrepentant neo-Darwinist. That is, I think that the origin of evolutionary novelty is a process of gene mutation which is non-adaptive, and that the direction of evolution is largely determined by natural selection. I am enough of a Popperian to know that this is a hypothesis, not a fact, and that observations may one day oblige me to abandon it, but I do not expect to have to.” (MAYNARD-SMITH, J., 1977, “The Limitations of Evolution Theory," in Duncan R. & Weston-Smith M., eds., “The Encyclopedia of Ignorance Everything You Ever Wanted to Know About the Unknown,”, Pergamon: Oxford UK, reimpressão, 1978, p.236).