O discurso stalinista de dois agentes de elite da KGB da Nomenklatura científica Parte 2de 2

domingo, março 02, 2008

Enquanto historiador da ciência em formação li a matéria “Um grito de alerta: De criacionismo, educação e liberdade”, de Marcos Cesar Danhoni Neves, e o comentário de Heloisa Maria Bertol Domingues, coordenadora de História das Ciências do Museu de Astronomia e Ciências Afins (Mast), historiadora da ciência, estudiosa da história do darwinismo, embora não especialista, é impossível passar impune por ela (Heloísa).

Concordo com a Heloísa de que nem todos os historiadores estão de acordo com visões de mundo parciais, como a do livro em questão. O fato relatado é muito grave, porém, combatê-lo é tarefa hercúlea, mas Heloísa, em história da ciência é preciso olhar primeiro objetivamente e desapaixonadamente para o próprio umbigo. O historiador precisa se distanciar do seu sujeito de pesquisa. Heloísa, qua historiadora, sabe disso, mas não foi o que aconteceu no seu “comentário político” publicado no JC E-Mail.

Quase toda a comunidade científica sabia, há pelo menos duas décadas, que os nossos livros didáticos continham duas fraudes (uma mais do que centenária [a suposta semelhança “inicial” dos embriões vertebrados de Haeckel, fraude conhecida no seu tempo] e uma recente [as mariposas de Manchester, o melanismo industrial, as mariposas não pousam nos troncos], distorcendo as evidências científicas a favor do fato, Fato, FATO da evolução em nossos melhores autores como Amabis e Martho.

Abro aqui um parêntese para mencionar que a partir de 2004, Amabis e Martho não usam mais dessas fraudes e distorções de evidências científicas em seus novos livros didáticos, mas nunca deixaram registrados nas novas edições dos seus livros-texto por que o fizeram. Amabis e Martho deveriam escrever uma nota de esclarecimento para os novos alunos: “Nós retiramos aquelas evidências a favor da evolução porque nós fomos convencidos de que elas eram fraudulentas e distorciam as evidências científicas a favor da evolução”. Amabis e Martho nunca fizeram isso. Nunca farão. Se o fizerem, serão hostilizados pela Nomenklatura científica pelo amor à verdade. A ciência é a busca pela verdade. Ciência e mentira não podem andar de mãos dadas.

A Nomenklatura científica agradece esse silêncio obsequioso de Amabis e Martho a favor de Darwin. Mesmo que seja espúrio, quaisquer silêncios sobre fraudes e distorções de evidências científicas favorecendo as especulações transformistas de Darwin no contexto de justificação teórica, são mais do que bem-vindas. Haja objetividade científica. O nome disso, Heloísa, é desonestidade acadêmica!

Este historiador da ciência em formação estava no Rio de Janeiro em agosto de 2004, e naquela ocasião eu alertei a então governadora Rosinha Garotinho, através de assessores, sobre a inconstitucionalidade da decretação do ensino do criacionismo nas escolas do Rio, e que ela estava sendo mal assessorada nesta questão, e que o ideal seria promover o ensino da teoria da evolução através das evidências a favor e contra. Em Manaus ocorria III Colóquio Internacional sobre a História do Darwinismo (setembro de 2004). Eu não tive condições materiais de participar daquele evento.

Como era de se esperar, a decisão fora inconstitucional, os colegas de Heloísa ficaram estupefatos, e resolveram protesta contra aquela decisão da governadora do RJ, escrevendo a “Carta abierta sobre la enseñanza del creacionismo en el Estado de Rio de Janeiro”. Deputado Aldo Rebelo, onde estava o sr. nesta hora para defender a nossa amada língua portuguesa? Um bando de cientistas alienígenas escreveu uma carta aberta em língua de los hermanos, e ninguém reclamou?

Pero, cuando la cuestión es Darwin, vale-tudo, mano! A desculpa de Heloísa de que a carta “foi redigida em espanhol, pois a maioria dos participantes vinha de países de língua espanhola, da Espanha, do México, de Cuba, do Uruguai, da Colômbia” e que “um deles prontificou-se a redigi-la”, foi o expediente encontrado para resguardar a já combalida soberania de Pindorama, e mostrar este rasgo de independência, oops não foi de subserviência acadêmica???

Escrever a carta em espanhol, Heloísa, foi uma decisão mais do que pragmática para que o fato repercutisse, e enviasse o sinal ampliado para os povos de fala hispânica. A KGB da Nomenklatura científica é maquiavelicamente antropofágica.

Sem dúvida que a intenção da carta não era somente defender a laicização do ensino, pois não se tolerava, e nem se tolera hoje confundir ciência com religião, mas o recado enviado subliminarmente era um “cala boca” e um “chega pra lá” na turma do Design Inteligente (que foi veemente contra a decisão da governadora, e sugeriu outra opção).

Contudo, Rosinha Garotinho entrou para história como a mulher que ousou enfrentar a Darwin no Brasil, bem diferente de Heloísa, a historiadora do darwinismo, e do grupo de cientistas reunidos em Manaus, minha terra natal, que vão entrar para história como aqueles que acobertaram todas essas décadas as fraudes e as distorções científicas a favor do fato, Fato, FATO da evolução.

A história da ciência está nos contando outra história. Durante décadas recentes, novas evidências científicas de muitas disciplinas como a cosmologia, a física, a biologia, pesquisa de “inteligência artificial”, e outras áreas fizeram com que alguns cientistas começassem a questionar o princípio central do darwinismo da seleção natural e passaram a estudar detalhadamente essa evidência apoiando-a.

Mas os programas das TVs públicas e privadas, as declarações de políticas educacionais, os livros didáticos dos ensinos médio, fundamental e superior, e manifestos de cientistas asseguram que a teoria da evolução de Darwin explica plenamente a complexidade das coisas vivas. O público e os alunos recebem a confirmação de que toda a evidência conhecida apóia o darwinismo, e que virtualmente todos os cientistas no mundo acreditam que a teoria é robustamente justificada no contexto de justificação teórica. Nada mais falso.

Eu tomo a liberdade aqui de transcrever uma manifesto em inglês [o Dep. Aldo Rebelo, do PC do B, que me perdoe], pois diante de fatos graves como estes acima descritos e de pleno conhecimento do MEC/SEMTEC/PNLEM, fica claro que este manifesto merece a maior atenção devida.

Os cientistas nesta lista [há pelo menos 5 professores de universidades públicas brasileiras de renome] colocam em dúvida a primeira afirmação, e permanecem como um testemunho vivo em contradição ao segundo. Desde que o Discovery Institute lançou esta lista em 2001, mais de 700 cientistas corajosamente se manifestaram assinando seus nomes.

A lista está crescendo, e inclui cientistas da National Academy of Sciences [Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos], das academias de ciência da Rússia, Hungria, República Checa, bem como de importantes universidades como Yale, Princeton, Stanford, MIT, UC Berkeley, UCLA, e outras.


“We are skeptical of claims for the ability of random mutation and natural selection to account for the complexity of life. Careful examination of the evidence for Darwinian theory should be encouraged.”

Eu fui pressionado pela minha consciência tupiniquim a traduzir para o português esta declaração:

“Nós somos céticos das afirmações da capacidade da mutação aleatória e da seleção natural explicarem a complexidade da vida. Exame criterioso da evidência a favor da teoria darwinista deve ser encorajado.”

Se você tem doutorado em qualquer área científica, tenha o seu emprego na universidade estabilizado, e concorde com os termos dessa declaração, e queira apor o seu nome à lista de dissidência científica a Darwin favor me enviar um e-mail para neddy@uol.com.br


Clique aqui para ler um comunicado à imprensa sobre a lista de dissidentes de Darwin.

Clique aqui para download de uma cópia em PDF da lista de Dissenção Científica do Darwinismo.

São mais de 700 assinaturas de colegas cientistas e historiadores, todos indignados com a apresentação do darwinismo como uma teoria científica acima de quaisquer críticas, e como bem destacou Heloísa, se houver um avanço no conhecimento objetivo da História do Darwinismo, sobre o que ainda há muito a fazer, a própria história fará inverter esse leme de atitudes canhestras, que impedem o avanço das ciências e embotam o pensamento social, e favorecem a ditadura do pensamento único na Academia.

+++++

JC e-mail 3457, de 26 de Fevereiro de 2008.

4. Pesquisadora comenta artigo “Um grito de alerta!"

“O criacionismo é uma doutrina de uma religião, respeitável e meritória de consideração, como todas as crenças religiosas do mundo, mas não deve ser ensinada como se fosse uma teoria científica”

Mensagem de Heloisa Maria Bertol Domingues, coordenadora de História das Ciências do Museu de Astronomia e Ciências Afins (Mast):

Enquanto historiadora leio a matéria “Um grito de alerta!” sem surpresa, mas enquanto historiadora da ciência, estudiosa da história do darwinismo, embora não especialista, é impossível passar impune por ela.

É óbvio que nem todos os historiadores estão de acordo com visões de mundo parciais, como a do livro em questão. O fato relatado é muito grave, porém, combatê-lo é tarefa hercúlea.

Para você ter uma idéia, em setembro de 2004, em meio à notícia, lembrada no artigo, da decretação do ensino do criacionismo nas escolas do Rio, pela então governadora Rosinha Garotinho, um grupo de historiadores, do qual eu fazia parte, reunia-se em Manaus para participar do III Colóquio Internacional sobre a História do Darwinismo.

Havíamos escolhido como tema geral para o congresso as temáticas “meio ambiente, biodiversidade e difusão da teoria”, considerando, na História, a importância da teoria para o entendimento da natureza e, especial e inversamente, a importância da natureza [tropical] para a teoria de Darwin.

Ao saberem da decisão do governo de um dos Estados mais representativos do país, os colegas ficaram estupefatos. Decidiu-se então fazer um protesto contra aquela decisão da governadora do RJ, escrevendo a "Carta abierta sobre la enseñanza del creacionismo en el Estado de Rio de Janeiro". A carta foi redigida em espanhol pois a maioria dos participantes vinha de países de língua espanhola, da Espanha, do México, de Cuba, do Uruguai, da Colômbia e um deles prontificou-se a redigi-la.

Os demais participantes, além de nós brasileiros, vinham dos Estados Unidos e da Itália, todos assinaram a carta. Na ocasião, a carta ganhou uma matéria da “Folha de SP” e uma nota do jornal “O Globo”. Do destinatário, nenhuma manifestação.

A intenção da carta era defender a laicização do ensino, pois não se tolerava confundir ciência com religião. Se me permitem, tomarei a liberdade de transcrevê-la, traduzida, pois, diante de fatos graves como este descrito pelo autor fica claro que ela não perdeu a atualidade.

“Carta aberta sobre o ensino do criacionismo no Estado do Rio de Janeiro

Reunidos no III Colóquio Internacional sobre História do Darwinismo: meio ambiente, biodiversidade e difusão da teoria, realizado em Manaus, Brasil, entre 27 e 30 de setembro de 2004, queremos expressar nossa posição sobre a recente proposta de ensinar o criacionismo nas escolas de educação media no Estado do Rio de Janeiro.

O criacionismo é uma doutrina de uma religião, respeitável e meritória de consideração, como todas as crenças religiosas do mundo, mas não deve ser ensinada como se fosse uma teoria científica.

Como debatemos neste Colóquio, foi precisamente a Amazônia um espaço privilegiado, no século XIX, para a investigação tanto da teoria da seleção natural (Wallace, Bates e, em certa medida, Darwin), como da investigação para provar, sem conseguir, a inexistência da evolução (Agassiz). O evolucionismo, surgido como teoria científica no século XIX, que se desenvolveu e consolidou ao longo do século XX, explica o surgimento das espécies a partir da seleção natural.

A medida tomada no Estado do Rio de Janeiro é um ato de autoridade, em que não houve decisão colegiada ou legislativa alguma. Para alguns, isso é parte da debilidade e inoperância da proposta. Nós pensamos que tal decisão pode e deve ser revertida pelos órgãos competentes da educação federal, num âmbito de diálogo, compreensão e tolerância.

No Brasil, de acordo com o artigo IV da Constituição Geral da República, o Estado deve proporcionar educação laica, gratuita e geral.

Manaus, Estado do Amazonas, 30 de setembro de 2004.”

Seguem 22 assinaturas de colegas historiadores, todos indignados, como o autor Marcos Cesar. Apesar da crítica, necessária e pertinente, acredito que se houver um avanço no conhecimento objetivo da História do Darwinismo, sobre o que ainda há muito a fazer, a própria história fará inverter esse leme de idéias, que impedem o avanço das ciências e embotam o pensamento social.