Darwin caçando borboletas no Brasil

terça-feira, março 25, 2008

JC e-mail 3475, de 24 de Março de 2008.

13. Grupo refaz passos de Darwin no Brasil

Pesquisadoras do Rio localizam estrada usada pelo pai da teoria da evolução e fazenda onde ele se hospedou há 176 anos. Projeto antecipa celebração do Ano de Darwin, em 2009; floresta elogiada por ele em Niterói é hoje ponto de "desova" de cadáveres

[N. do Blogger: Teoria que teve dois "pais": Wallace, o primeiro, e Darwin, o segundo.

Italo Nogueira escreve para a "Folha de SP":

Após 176 anos da passagem do navio inglês HMS Beagle pelo Brasil, um grupo de pesquisadores brasileiros busca as "pegadas" deixadas no país por seu passageiro mais ilustre: o naturalista Charles Robert Darwin (1809-1882).

Uma pequena parte do trajeto feito no Rio já foi identificada. Pesquisadoras da UFF (Universidade Federal Fluminense) localizaram uma estrada usada por Darwin e uma fazenda onde o cientista repousou em viagem pelo interior.

O então estudante de 22 anos de Cambridge embarcou no navio da Marinha britânica em 1831, acompanhando uma expedição cujo objetivo era dar uma volta ao mundo e identificar rotas de navegação.

Darwin estudava para ser clérico e teve de convencer o pai a deixá-lo embarcar no Beagle e ficar quatro anos e nove meses longe de casa. Durante a viagem, escreveu um diário e um caderno de campo em que descrevia o ambiente que via. As observações culminaram na teoria da seleção natural como mecanismo da evolução.

[N. do blogger: Darwin estudou para ser pastor protestante.]

O diário, publicado depois no livro "A Viagem do Beagle", serviria ainda de inspiração a outro jovem naturalista, o galês Alfred Russel Wallace. Ele acabou descobrindo a seleção natural de forma independente. Os trabalhos de ambos foram apresentados à Sociedade Lineana de Londres em 1858. No ano seguinte, Darwin publicou "A Origem das Espécies", um dos livros mais importantes da história da ciência.

[N. do blogger: Wallace foi engabelado pela "camarilha de Down". Darwin usou a Hooker e Lyell para obter a "primazia" como o "pai da teoria da evolução". Que paternidade! Vide: BRACKMAN, ARNOLD C. "A Delicate Arrangement: The Strange Case of Charles Darwin and Alfred Russel Wallace",New York, Times Book, 1980. Ernst Mayr, falecido, disse que o "Origem das Espécies" era um livro confuso, e que não entregou o que se propunha explicar: a origem das espécies. Seria melhor intitulado: "Origem das Variações das Espécies".]

Força-tarefa

A busca pelas marcas de Darwin no Brasil faz parte das comemorações, no ano que vem, de 200 anos de seu nascimento e de 150 anos da publicação do livro que marcou a ciência.

O Rio de Janeiro foi o local onde ele passou mais tempo no país. Durante os 93 dias em que permaneceu na região, viajou até Macaé (a 188 km da capital), caçou no Jardim Botânico e morou em Botafogo, ao pé do Corcovado -à época sem o Cristo Redentor-, de acordo com os pesquisadores.

As observações, segundo seu diário de campo, "limitaram-se quase exclusivamente aos animais invertebrados".

O Ministério de Ciência e Tecnologia montou uma espécie de força-tarefa para identificar os locais por onde ele passou. Seus relatos não fazem referência exata aos pontos visitados, apenas às características naturais do entorno, dificultando o trabalho.

[N. do blogger: O MCT deveria se ocupar de pesquisas mais atuais: as insuficiências epistêmicas fundamentais do darwinismo que já está demandando a elaboração da Síntese Moderna Ampliada, que não será selecionista.]

A intenção é marcar os locais com referências feitas em seu diário. O ministério vai lançar ainda um livro com trechos de diários, artigos e cartas em que Darwin se refere ao Brasil.

"O primeiro local onde ele se deparou com a intensidade e diversidade da natureza tropical foi o Brasil. O nosso palco foi privilegiado na construção de uma teoria que é uma das mais importantes da cultura humana", afirmou o diretor do Departamento de Popularização da Ciência e Tecnologia do ministério, Ildeu Moreira.

[N. do blogger: É a teoria das mais importantes, ou da mais contestadas e não corroboradas desde 1859? Darwin mesmo disse que ele não tinha como demonstrar a sua teoria da seleção natural.]

De floresta a cemitério

A bióloga Sandra Selles e a historiadora Martha Abreu, da UFF, conseguiram identificar há oito anos a estrada por onde Darwin passou e uma casa onde ficou em viagem ao norte do Rio. Segundo elas, Darwin subiu de mula a Serra da Tiririca, em Niterói, acompanhado de outras seis pessoas. Usou a estrada do Vai-e-Vem até chegar à Fazenda Itaocaia.

Em seu diário de viagem, Darwin classificou o local- onde hoje está o Parque Estadual da Serra da Tiririca- como uma "floresta cuja magnificência não podia ser superada".

Mesmo sendo ainda um belo trajeto, a estrada também serve atualmente para "desova" de carros incendiados e até de corpos. O Instituto Estadual de Floresta planeja construir um pórtico para o "caminho de Darwin" e placas pelo trajeto.

[N. do blogger: Eu sugiro a construção de um "descaminho epistêmico de Darwin"]

"Além da dimensão biológica [da visita de Darwin], a dimensão histórica é importante para valorizar também a preservação do ambiente", disse Selles. Hoje a única marca "histórica" da Fazenda Itaocaia consta no vaso da mesa central da sala: "Fazenda usada nas gravações da novela "Tocaia Grande" da TV Manchete. 1995-1996".

Na Bahia, sabe-se que o hotel Universo, onde se hospedou em Salvador, foi demolido. Ele ficava onde está hoje a praça Castro Alves.

Para cientista, brasileiros eram "desprezíveis"

Se a floresta tropical brasileira provocou "deleite" em Charles Darwin, o naturalista não teceu muitos elogios aos brasileiros. "Miseráveis" e "desprezíveis" foram algumas das classificações dadas por ele durante a sua temporada no país.

Logo no início, no Rio, Darwin se queixava da burocracia para conseguir a autorização para viajar pelo interior do Estado, exigida aos estrangeiros.

No dia 6 de abril, ele escreveu: "Nunca é muito agradável submeter-se à insolência de homens de escritório, mas aos brasileiros, que são tão desprezíveis mentalmente quanto são miseráveis as suas pessoas, é quase intolerável. Contudo, a perspectiva de florestas selvagens zeladas por lindas aves, macacos e preguiças, lagos, roedores e aligatores fará um naturalista lamber o pó até da sola dos pés de um brasileiro".

Durante a viagem, queixa-se da falta de opções de comida na estalagem em Maricá. "À medida que a conversa prosseguia, a situação geralmente se tornava lastimável", escreveu, queixando-se das repetidas respostas "Oh, não, senhor" após pedir peixe, sopa e carne seca. "Se tivéssemos sorte, depois de esperar umas duas horas, conseguíamos aves, arroz e farinha."

Até o Carnaval baiano o incomodou. "As ameaças consistiam em sermos cruelmente atingidos por bolas de cera cheias de água (...) Achamos muito difícil manter nossa dignidade andando pelas ruas."

Durante a viagem, Darwin relata com horror as condições a que os escravos eram submetidos. Relata o caso em que um dono de fazenda, em razão de uma briga, "estava prestes a tirar todas as mulheres e crianças da companhia dos homens e vendê-las separadamente num leilão". "Não creio que tivesse ocorrido ao proprietário a idéia de desumanidade de separar trinta famílias".

"Ele tinha um posicionamento preconceituoso. Apesar de ser abolicionista, ele tinha uma visão aristocrata", disse Ildeu Moreira, do Ministério da Ciência e Tecnologia.

[N. do blogger: Darwin era racista e preconizou a destruição de "raças inferiores" por "raças superiores", i. e., os europeus, no seu livro menos famoso e menos historicamente abordado por conveniência de louvaminhices como esta aqui: "The Descent of Man".]

(Folha de SP, 23/3)

NOTA IMPERTINENTE DO BLOGGER: O MCT deve se ocupar de coisas mais sérias. Participar desse oba-oba, é deplorável. Olha a dengue aí, gente!