2/3/2011
Por Elton Alisson
Agência FAPESP – Até 4 de março, um seleto grupo de 30 estudantes brasileiros e 30 do exterior estará reunido na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) para conhecer os principais avanços e desafios na pesquisa em biologia molecular humana.
Eles estão participando da 2ª Escola São Paulo de Ciência Avançada – Advanced topics in human molecular genetics, que ocorre nas dependências da Embrapa Informática Agropecuária, situada no campus da Unicamp.
Escola São Paulo de Ciência Avançada na Unicamp apresenta a estudantes brasileiros e estrangeiros os principais avanços em pesquisas sobre genética molecular humana (E.Alisson)
Realizado no âmbito da ESPCA – modalidade lançada pela FAPESP para financiar a organização de cursos de curta duração em pesquisa avançada nas diferentes áreas do conhecimento –, o objetivo do curso é atualizar os participantes em relação a pesquisas recentes sobre doenças genéticas em áreas como genômica, câncer, hemoglobinopatias e neurociências.
Para isso, renomados pesquisadores em genética médica proferirão aulas durante o curso, como Douglas Wallace, do Children’s Hospital da Filadélfia, Estados Unidos, um dos fundadores da genética mitocondrial humana e pioneiro no estudo sobre o papel da energia mitocondrial na saúde e nas doenças humanas.
Outra participante será Solange Bento Farah, professora da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp. Uma das pioneiras na pesquisa em biologia molecular no Brasil, Solange é responsável pela implantação do Laboratório de Genética Humana do Centro de Biologia Molecular e Engenharia Genética (CBMEG) da Unicamp.
“A Unicamp tem tradição em genética molecular humana. Fomos uma das primeiras universidades a participar do sequenciamento do genoma da Xylella fastidiosa e temos vários grupos de pesquisa em biologia molecular”, disse Fernando Ferreira Costa, reitor da universidade e coordenador-geral do evento, à Agência FAPESP.
Bactéria causadora da clorose variegada de citros, popularmente conhecida como praga do amarelinho, a Xylella fastidiosa foi sequenciada por meio de um projeto financiado pela FAPESP e conduzido por quase duas centenas de cientistas ligados à Organização para Sequenciamento e Análise de Nucleotídeos (Onsa), a rede virtual de laboratórios criada pela FAPESP em 1997.
Costa, pesquisador em genética humana, proferiu uma conferência na abertura da escola em que abordou o rápido avanço das pesquisas na área em todo o mundo, causado especialmente pelo sequenciamento do genoma humano e os desafios apresentados por esse marco na ciência.
“Vejo que os jovens pesquisadores na área de biologia molecular estão vivendo uma era fantástica de descobertas fundamentais na genética médica. São tempos excitantes que nos apresentam novas questões, como o quão complexo é estimar a enorme quantidade de dados que estão sendo produzidos sobre o genoma humano”, disse.
O reitor também destacou a importância do evento para propiciar a colaboração entre pesquisadores brasileiros e estrangeiros de modo a realizar novas pesquisas clínicas que possam beneficiar pacientes afetados por doenças genéticas e resultar em novas ferramentas para a área de biologia molecular.
Seleção de candidatos
Ao todo, a escola ofereceu 60 vagas para pós-doutorandos e estudantes de medicina, biologia e ciências biomédicas, das quais 15 vagas foram reservadas para candidatos do Estado de São Paulo, 15 oriundos de outros estados do país e 30 para estrangeiros.
Entre os estrangeiros há estudantes do Paraguai, Argentina, Chile, Colômbia, Costa Rica, Venezuela, Estados Unidos, Canadá, França, Japão, Espanha, Marrocos, Índia, Egito e Tanzânia.
Para selecioná-los, a comissão organizadora publicou anúncios em revistas científicas como a Nature e estabeleceu, entre outros critérios, contemplar alunos de diferentes países para estimular a maior interação entre eles.
“Comparamos currículos de candidatos de um mesmo país, porque é evidente que o currículo de um aluno da América Latina pode não ser tão bom quanto outro dos Estados Unidos ou da Europa. Em função disso, os alunos que participam do curso são os mais qualificados entre todos os dos países que se candidataram”, explicou Edi Lúcia Sartorato, coordenadora científica do evento.
Segundo ela, um dos objetivos da escola é chamar a atenção dos estudantes estrangeiros para a ciência brasileira e, com isso, atrair alguns deles para realizar doutorado e pós-doutorado em universidades e instituições de pesquisa no Estado de São Paulo, como a própria Unicamp.
A Unicamp possui atualmente 600 estudantes de pós-graduação estrangeiros. Segundo Costa, a meta é multiplicar por cinco esse número até 2016. “Pretendemos ter mais de 2 mil estudantes de pós-graduação estrangeiros nos próximos cinco anos”, disse.