22/3/2011
Agência FAPESP – A Agência Universitária da Francofonia (AUF), associação fundada no Canadá que financia projetos universitários de ensino e pesquisa, terá uma sede na América Latina. A sede será em um escritório que será instalado na Universidade Estadual Paulista (Unesp), no bairro do Ipiranga, em São Paulo.
Para marcar a inauguração do escritório brasileiro da AUF, instituição com a qual a FAPESP mantém acordo de cooperação, será realizado um evento no dia 23 de março, no Memorial da América Latina, que contará com a presença de cerca de 25 reitores de universidades da América Latina, da África e da Europa, além de representantes diplomáticos de países francófonos e hispânicos.
Unesp sediará escritório da agência universitária de divulgação da língua francesa na América Latina
Com o tema “Português, espanhol, francês: línguas do futuro do ensino superior e da pesquisa científica”, o encontro tem como objetivo registrar o início da atuação presencial da AUF na América Latina.
De acordo com o professor José Celso Freire Junior, assessor-chefe da Assessoria de Relações Externas (Arex) da Unesp, a inauguração do escritório brasileiro da agência marcará o início de uma discussão aprofundada que pode ser frutífera para o desenvolvimento dessas línguas nacionais no cenário da ciência internacional.
Já para Patrick Chardenet, diretor da filial para a América Latina do Escritório das Américas da AUF, o movimento de pensar as três línguas como um conjunto no campo científico vem se contrapor à influência de qualquer que seja a língua hegemônica nesse campo, hoje fortemente dominado pela língua inglesa.
“Ao juntar essas três línguas, se pretende desenhar alianças estratégicas multilaterais e multipolares com outras áreas linguísticas, inclusive com o universo anglófono. A ideia é construir uma globalização que integre as diversas culturas educativas e científicas, em vez de uniformizar a partir de um único modelo”, disse Chardenet à Unesp.
Segundo ele, o inglês se tornou em dez anos uma língua hegemônica por conta das revistas norte-americanas de divulgação científica, que representam apenas uma pequena parte da ciência no mundo atual.
No caso do espanhol, Chardenet explica que esse idioma se tornou uma grande língua de comunicação internacional, mas falha em criar um espaço editorial científico para sua mensuração.
“O Latin Index [sistema on-line de revistas científicas que reúne América Latina, Caribe, Portugal e Espanha] foi criado há mais de dez anos para promovê-lo, mas, isolado do mundo, continuará a ser uma referência interna no mundo ibero-americano", disse.
A AUF, que completa 50 anos em 2011, foi fundada em Quebec, no Canadá, e tem duas sedes centrais: uma em Paris e outra em Montreal, no Canadá.
A agência está organizada em nove escritórios regionais, sendo que cada um tem filiais com base na quantidade de universidades membros e na intensidade da cooperação científica entre elas. Ao todo, são 774 universidades em 90 países.
Para a sede no Brasil, a agência tem como proposta atuar em três frentes: auxiliar no desenvolvimento de projetos interuniversitários de ensino e de pesquisa; aumentar o número de universidades membros no Brasil e na América Latina com o objetivo de ajudar a desenvolver o espaço universitário acadêmico nas Américas e aberto ao mundo; e proporcionar às comunidades científicas a união com as redes de pesquisa internacionais que trabalham com aproximadamente 8 mil pesquisadores em 759 universidades.
Com um orçamento anual de 40 milhões de euros, a AUF recebe apoio de países e governos da francofonia (França, Canadá, Bélgica e outros).
Mais informações: www.auf.org