Os biólogos evolucionistas estão realmente preparados para a Síntese Evolutiva Ampliada?
18/03/11
por David Tyler 09:37:27
Daniel Brooks vem vivendo com a controvérsia desde 1982, quando suas ideias apareceram em um trabalho acadêmico, e depois em 1986 quando ele foi co-autor de um livro junto com Ed Wiley, intitulado Evolution as Entropy [Evolução como entropia]. Ao mesmo tempo em que promovia a ideia de que a diversificação evolucionária era para ser entendida como inevitável porque isso representa um aumento na entropia, ele também argumentou que a teoria proposta era uma alternativa ao neodarwinismo (amplamente conhecido como a Nova Síntese). Em um comentário na revista Science, Lewin (1982) explicou que:
“Reações à proposta t^em sido variadas e frequentemente bem fortes. Alguns consideram a teoria como sendo um insight brilhante que irá avançar a biologia evolucionária imensuravelmente. Outros a rejeitam veementemente como sendo um ataque infundado ao neodarwinismo. Curiosamente, mesmo assim outros a consideram como sendo nada mas o próprio neodarwinismo traduzido em forma incompreensível. Outros ainda, sustentam que o uso de Brooks e Wiley da termodinâmica do não equilíbrio é insustentável neste contexto.”
[“Responses to the proposal have been mixed and often quite strong. Some consider the theory to be a brilliant insight that will advance evolutionary biology immeasurably. Others vehemently reject it as an ill-founded attack on neo-Darwinism. Curiously, yet others regard it as nothing but neo-Darwinism translated into incomprehensible form. Still others contend that Brooks and Wiley's use of nonequilibrium thermodynamics is untenable in this context.”]
Dizem que as teorias evolucionárias estão no caldeirão fervente ‒ mas há lugar para o design? (Fonte aqui)
O pano de fundo do artigo de 1982 foi a crescente inquietação com o neodarwinismo. Gould e Eldredge lideraram o caminho com seu ataque ao gradualismo no registro fóssil. Brooks relembra seu envolvimento com um pequeno grupo de rebeldes pioneiros:
"Em 1982, por ocasião do centenário da morte de Darwin, Niles Eldredge e Steven J. Gould tinham atraído um grupo relativamente coeso de biólogos evolucionários descontentes com a Nova Síntese para desencadear uma torrente de críticas e propostas. Encorajados por esta demonstração da comunidade científica no seu melhor de meritocracia, Ed Wiley e eu entramos na frigideira. No dia em que terminamos de revisar nosso livro Evolution as Entropy, David Hull prescientemente nos alertou que a brincadeira tinha acabado. Logo, eu recebi um envelope de um amigo que tinha visto o manuscrito na mesa de um colega. Material privilegiado assim raramente é copiado e repassado. Meu amigo escreveu, “Eu acho que você e o Ed devem saber o que vocês estão contra.” O material circulado privativamente era de autoria de três acadêmicos da Universidade da Califórnia-Berkeley. Ed e eu ficamos estupefatos pelo tom agressivo. Por que a fúria retórica?”
[“By 1982, the centenary of Darwin's death, Niles Eldredge and Steven J. Gould had catalyzed a loosely connected group of evolutionary biologists unhappy with the New Synthesis to unleash a cascade of criticisms and proposals. Emboldened by this display of the scientific community at its meritocratic best, Ed Wiley and I entered the fray. The day we finished proofreading Evolution as Entropy, David Hull presciently warned us the fun was over. Soon, I received an envelope from a friend who had seen a manuscript on a colleague's desk. Such privileged material is rarely copied and forwarded. My friend wrote, "I think you and Ed should know what you're up against." The privately circulated manuscript was authored by three academics at the University of California-Berkeley. Ed and I were stunned by its vicious tone. Why the rhetorical heat?”]
A hostilidade intensa a novas ideias é porque, frequentemente, as pessoas se sentem ameaçadas. Tipicamente, há mais fúria do que luz. Brooks achou isso uma lição instrutiva tanto em filosofia da ciência como a sociologia da ciência.
“Hull (1988) propôs que a maioria dos cientistas, não importa a idade, não gostam de novas ideias, até aquelas que apoiam sua cosmovisão (‘Eu já sei isto, por que preciso disso?’). Eles vão lutar para evitar que as novas ideias sejam aceitas a menos que elas beneficiem suas próprias carreiras. Cientistas ambiciosos denunciam as novas ideias, cooptando-as assim que seus criadores tenham sido amedontrados e silenciados ou levados para pontos de publicação marginais. As descobertas fundamentais de Eldredge sobre a natureza da Nova Síntese foram igualmente ousados ‒ ela tinha todas as pompas de um casamento de conveniência e nada das aparências de uma união consensual. Assim, a reação do status quo à teoria do equilíbrio pontuado e as outras novas ideias foi uma defesa de um arranjo sociológico, e não de uma série de princípios científicos.”
[“Hull (1988) proposed that most scientists, regardless of age, don't like new ideas, even ones that support their own worldview (‘I already know that, why do I need this?’). They will fight to keep new ideas from becoming accepted unless they benefit their own careers. Ambitious scientists denounce new ideas, co-opting them once the originators have been frightened into silence or to marginal publication outlets. Eldredge's fundamental findings about the nature of the New Synthesis were equally bold - it had all the trappings of a marriage of convenience and none of the appearances of a consensual union. Thus, the status quo reaction to punctuated equilibrium and the other new ideas was a defense of a sociological arrangement, not of a set of scientific principles.”]
Mas, com o passar do tempo, com a aposentadoria de figuras seniores e a entrada de sangue novo, a paisagem do debate tinha chegado a parecer bem diferente. Ideias antes consideradas tabú foram cooptadas no pensamento corrente (“nós sempre acreditamos nisso”). Uma vontade para se considerar alternativas ao Darwinismo tinha chegado.
“Novamente, há pedidos para mudanças na teoria evolucionária. Desta vez, os pedidos são recebidos com celebração ‒ nós quase que imploramos por uma Síntese Ampliada, alguma nova e fresca estrutura teórica que nos permita celebrar nosso legado e adicionar novas descobertas a ele. A falta de emoção negativa pode refletir a cooptação e a renomeação de conceitos controversos sugeridos por Brooks e Wiley, Eldredge e Gould, e muitos outros. Mas, novamente, eu acho que isso é uma explicação incompleta porque não explica a emoção positiva, que eu creio está ligada a 1982, através de uma segunda reação atávica ‒ nova vida da velha, a continuação da vida, a extensão da vida para dentro do futuro, até as noções de renovação e ressurreição.”
[“Again, there are calls for changes in evolutionary theory. This time, the calls are met with celebration - we almost beg for an Extended Synthesis, some new and fresh framework that allows us to celebrate our legacy and add new findings to it. The lack of negative emotion may reflect the co-opting and rebranding of controversial concepts suggested by Brooks and Wiley, Eldredge and Gould, and many others. But again, I think this is an incomplete explanation because it does not explain the positive emotion, which I believe is linked to 1982, through a second atavistic reaction - new life from old, the continuation of life, the extension of life into the future, even notions of renewal and resurrection.”]
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EM CONSTRUÇÃO... MAS O BLOGGER RINDO PORQUE EST'A SENDO VINDICADO POR MAIS UM EVOLUCIONISTA HONESTO!!!