Israel em guerra: venderam gato por lebre para você

quarta-feira, junho 09, 2010




Gato por lebre

O Estado de Israel é um país em guerra. Guerra que não provocou, mas que não tem o direito de fingir que não existe. Guerra que envolve alguns países vizinhos e outros um pouco mais distantes, talvez estes até mais virulentos e perigosos, como é o caso do Irã, cujo presidente não hesita em fazer coro com quem afirma a vontade de jogar os cidadãos israelenses ao mar e, ao mesmo tempo, incentiva todas as atividades do Hamas e do Hezbollah (para quem não sabe, vale a pena procurar saber de quem se tratam).

Israel é, sim, o país dos judeus. O país dos judeus que lá querem viver. No meu caso, apesar de ser brasileiro que amo minha pátria e apesar de ter completado sessenta anos integralmente vividos no Brasil, onde nasci no ano de 1948, talvez, por ser reconhecidamente judeu, sou equivocadamente cobrado por não judeus que me obrigam a colocar minha opinião sobre o que se passa no Oriente Médio, em meus editoriais.

Aí vai.

O que penso é que, se os palestinos radicais querem a paz com Israel (e não querem), não devem mandar pombos-correio travestidos, seja por ar, por terra e muito menos pelo mar para, sob qualquer pretexto, provocar a onça com vara curta. Se os radicais de Gaza querem o fim do bloqueio israelense a seu território, devem libertar o soldado Shalit que sequestraram, em troca dos mil prisioneiros de seu povo que estão nas prisões de Israel, que já se colocou à disposição para fazer a troca e não, como estão fazendo, fingirem que o problema não existe. Devem parar de lançar foguetes com base de propulsão em Gaza, numa média de mais de uma dezena diária, sobre civis israelenses de todas as religiões e devem abdicar da ideia de varrer Israel do mapa.

Penso que o Exército de Defesa do Estado de Israel deve continuar defendendo, a todo e qualquer preço, o povo do qual faz parte e a cidadania que lhe paga soldo, com todas as armas de que dispõe. Independente do que pensa o mundo. Exército existe para vencer batalhas o que somente ocorre com perda de vidas inimigas. Quem é amigo ou pretende ajudar não pega de pau e de barra de ferro quem não lhe aponta arma.Ainda que soldado. Mais uma vez, guerra é guerra.Bate e leva. Não adianta reclamar nem pressionar depois. Atacou o mais forte, acabou apanhando dele. Assim também é na rua.

Mais isolado e mantido sob pressão do que já está, Israel não pode ficar. Guerra continua sendo guerra. Sem chorôrô.

Para finalizar, penso que a tal flotilha bateu e levou. Quem já tinha rezado para morrer como mártir e foi avisado para não provocar preferiu o caminho do confronto. Bateu e levou. Nunca se esqueça, meu querido leitor, de que guerra é guerra. Quem não gostou do que penso, antes de me julgar, procure saber sobre o episódio da "DOLPHINARIUM" em Tel Aviv.

Que o Estado de Israel e seu exército de defesa tenham vida longa!

Que os palestinos tenham seu Estado, longe dos radicais, e respeitem seus vizinhos!

Que haja paz no Oriente Médio e que se cobre dos dois lados do conflito, suas responsabilidades pela falta da mesma!

Que a imprensa internacional se dane!

Que o mundo seja mais justo!

O assunto é esse aí. Curto e grosso. O resto é feito de confetes e serpentinas, em tempo fora do carnaval.

Que os judeus do mundo que cobra não tenham medo da pressão. Sempre foi assim e sempre será.

Com a palavra o Império Romano, a Igreja Católica e os mártires das setecentas virgens no Paraíso.

Esses sim é que entendem de crucificação de judeus, Inquisição, Holocausto e homens- bomba.

Não deixe de ler! Importante! Ainda sobre este tema, ao final desta edição, o contundente depoimento do advogado Sergio Coelho.

Ronaldo Gomlevsky
Editor Geral - "MENORAH RAPIDINHAS"
ronigom@oglobo.com
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O Rei está nu

Todos conhecem a história criada por Hans Christian Andersen de um Rei muito tolo e vaidoso que recebeu de um espertalhão a oferta de um tecido mágico, que "só as pessoas inteligentes poderiam ver", para confeccionar as suas roupas.

O Rei, desconfiado, mas temendo que descobrissem a sua imensa burrice, convocou os seus Ministros, que também não ousam dizer que não havia tecido algum ali.

Convencido pelo espertalhão, o Rei comprou o tecido "mágico" e passou a sair completamente nu pelas ruas da cidade enquanto as pessoas, atônitas e incrédulas, achavam que eram elas as burras ou loucas, e não o Rei.

De fato, há certos momentos em que as reações coletivas, pelo seu absoluto descompromisso com a realidade, os fatos e os registros existentes, nos fazem desconfiar da nossa própria inteligência e sanidade.

Fui invadido por essa sensação quando tomei conhecimento da reação da comunidade internacional por ocasião do incidente no qual as forças armadas israelenses acabaram alvejando e matando nove integrantes de uma suposta missão humanitária que se dirigia de barco à Palestina.

Israel é um país pequeno, encravado no meio de nações potencial ou efetivamente hostis, já tendo muitas delas expressado o interesse de simplesmente exterminá-lo do mapa.

A preocupação do Estado de Israel com a segurança, portanto, é não somente justificável como absolutamente essencial à sua própria existência, como tem sido demonstrado ao longo do tempo, desde a sua criação.

Nesse contexto e em meio a inúmeras e constantes ameaças, o mar territorial israelense foi invadido, em 31 de maio de 2010, por um grupo supostamente imbuído de objetivos humanitários. Instados a retornar, os invasores insistiram em seguir em frente, foram abordados pelas forças de Israel e resistiram de forma violenta, iniciando um confronto que terminou com a morte de nove ocupantes da embarcação.

Até aqui, parece que poucas dúvidas podem existir quanto aos fatos.

Naturalmente, as versões são distintas quanto ao que, de fato, ocorreu no interior da embarcação, e os registros insuficientes para alcançarmos a verdade com precisão absoluta, mas algumas conclusões são possíveis pela análise das imagens existentes, dentre as quais merece destaque a do soldado descendo por uma corda totalmente desprotegido e sendo violentamente atacado antes de chegar ao convés.

Além disso, as imagens registradas pelos israelenses mostram, também, claramente, os ocupantes do barco atacando com golpes de barras de ferro os soldados que ocuparam a embarcação.

A partir desses fatos e dessas imagens, disponíveis para quem quiser ver, algumas conjecturas são possíveis, e nenhuma delas, por maior que seja a má vontade do observador, aponta para o homicídio deliberado e imotivado de pessoas inocentes pelas forças israelenses.

Muito pelo contrário, a versão de Israel de que os ocupantes do barco tomaram as armas de alguns soldados e passaram a atirar parece muito mais plausível e compatível com as imagens existentes do que a das supostas vítimas, que alegam que os israelenses invadiram o barco atirando.

Apesar disso, a comunidade internacional, maciçamente, condenou Israel de forma enfática e imediata, através de medidas diplomáticas e manifestações públicas da mais extrema dureza.

Incrivelmente, não é a primeira, nem a segunda vez que isso acontece.

Apesar de permanentemente ameaçados e tratados como alvo explícito de boa parte dos seus vizinhos, qualquer reação de Israel tem sido sucedida de uma mobilização internacional ardorosa e virulenta, como se a defesa de um país - qualquer país - ameaçado por todos os lados pudesse ser feita somente com diplomacia.

A história de Israel é prova concreta do seu compromisso com a diplomacia e com a negociação, mas a comunidade internacional parece que só tem olhos para buscar (ou fabricar) o deslize, o excesso.
Na história de Andersen, uma criança, um dia, apontou para o Rei e disse o que nenhum adulto teve coragem: "O Rei está nu". E só assim todos ficaram em paz com a sua alma e novamente convencidos da sua inteligência e sanidade.

Eu não sou judeu e nem israelense, mas como cidadão do mundo aguardo ansiosamente pelo dia em que alguma criança possa apontar para a questão de Israel e mostrar o que ninguém parece querer ver.

Sergio Coelho (Ilustração de Bertall)

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