Agência FAPESP – As concentrações de mercúrio em água doce são muito maiores do que as encontradas em água salgada. Entretanto, ao serem ingeridos, são os peixes de mar que oferecem mais riscos à saúde humana.
A afirmação é de um estudo feito por pesquisadores da Universidade Duke, nos Estados Unidos, e publicado neste domingo (27/6) no site da revista Nature Geoscience.
Apesar de ter concentrações maiores na água doce, o risco de ingestão do metal por peixes – e, consequentemente, por humanos – é maior no mar, afirma estudo publicado na Nature Geoscience (foto: divulgação)
O motivo é a própria água do mar. A versão potencialmente perigosa do mercúrio é o metilmercúrio (C2H6Hg), que se une à matéria orgânica dissolvida em água doce e, no mar, liga-se ao cloreto, ou seja, ao próprio sal.“O modo mais comum por meio do qual a natureza transforma o metilmercúrio em uma forma menos tóxica é por meio da ação da luz solar. Quando o metilmercúrio é ligado à matéria orgânica dissolvida, como plantas ou animais decompostos, a luz do sol quebra a molécula”, disse Heileen Hsu-Kim, professora assistente de engenharia civil da Universidade Duke e um dos autores do estudo.
“Entretanto, na água do mar, o metilmercúrio permanece fortemente ligado ao cloreto, não sendo degradado com facilidade pela luz solar. Nessa forma, ele será ingerido por animais marinhos”, explicou.
O metilmercúrio é uma neurotoxina potente que, uma vez ingerida, pode provocar problemas nos rins, no sistema nervoso e até mesmo morte. A ingestão da substância é particularmente perigosa nos casos de gravidez, podendo causar problemas neurológicos na criança.
Como peixes e frutos do mar têm tendência natural de armazenar metilmercúrio em seus órgãos, eles são a principal fonte de ingestão do metal em humanos.
“A exposição ao mercúrio é consideravelmente elevada nos Estados Unidos. Um levantamento epidemiológico recente verificou que 8% das mulheres tinham níveis de mercúrio mais altos do que o limite considerado ideal. Uma vez que os humanos estão no topo da cadeia alimentar, qualquer quantidade de mercúrio nos alimentos se acumula em nosso corpo”, disse Heileen.
Segundo a cientista, o estudo reforça a importância de direcionar pesquisas e políticas de controle do mercúrio para a água salgada. Até hoje, a maior parte dos esforços tem sido direcionada à presença do metal em água doce.
Atualmente, destaca Heileen, cientistas contam com tecnologia capaz de medir com eficácia as concentrações de mercúrio na água do mar, que são menores – e, portanto, mais difíceis de identificar – do que na água doce.
“Como o metilmercúrio não é quebrado pela luz solar na água do mar, sua vida é muito maior ali do que na água doce”, disse. O mercúrio chega à água por muitas rotas. As fontes mais importantes são a combustão de carvão, o refino de ouro e de outros metais não ferrosos e erupções vulcânicas.
O artigo Photolytic degradation of methylmercury enhanced by binding to natural organic ligands (doi: 10.1038/ngeo892), de Tong Zhang e Heileen Hsu-Kim, pode ser lido por assinantes da Nature Geoscience em www.nature.com/ngeo.
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Letter abstract
Nature Geoscience
Published online: 27 June 2010 | doi:10.1038/ngeo892
Photolytic degradation of methylmercury enhanced by binding to natural organic ligands
Tong Zhang1 & Heileen Hsu-Kim1
Methylmercury is a neurotoxin that accumulates in food webs and poses a significant risk to human health1. In natural water bodies, methylmercury concentrations remain low due to the degradation of methylmercury into inorganic mercury by sunlight, a process known as photodecomposition. Rates of photodecomposition are relatively rapid in freshwater lakes2, 3, 4, and slow in marine waters5, but the cause of this difference is not clear. Here, we carry out incubation experiments with artificial freshwater and seawater samples to examine the mechanisms regulating methylmercury photodecomposition. We show that singlet oxygen—a highly reactive form of dissolved oxygen generated by sunlight falling on dissolved organic matter—drives photodecomposition. However, in our experiments the rate of methylmercury degradation depends on the type of methylmercury-binding ligand present in the water. Relatively fast degradation rates (similar to observations in freshwater lakes) were detected when methylmercury species were bound to sulphur-containing ligands such as glutathione and mercaptoacetate. In contrast, methylmercury–chloride complexes, which are the dominant form of methylmercury in marine systems, did not degrade as easily. Our results could help to explain why methylmercury photodecomposition rates are relatively rapid in freshwater lakes and slow in marine waters.
Duke University, Department of Civil & Environmental Engineering, 121 Hudson Hall, Durham, North Carolina 27708, USA
Correspondence to: Heileen Hsu-Kim1 e-mail: hsukim@duke.edu
Duke University, Department of Civil & Environmental Engineering, 121 Hudson Hall, Durham, North Carolina 27708, USA
Correspondence to: Heileen Hsu-Kim1 e-mail: hsukim@duke.edu
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