Sou leitor assíduo do Elio Gaspari na Folha de São Paulo. Gosto da verve irônica dele para “desconstruir” os poderosos de plantão em Pindorama.
Doravante neste blog, vou “invocar” mortos e vivos para a nossa controvérsia. Vou usar aqui os “e-mails” fictícios de figuras de renome do passado e do presente para dialogarem com Darwin e a Nomenklatura científica.
Vou começar com o meu “ídolo” em História da Ciência: Thomas Kuhn. Nenhum aluno deveria graduar na universidade sem ter lido e lidado com as teses kuhnianas no seu livro “A Estrutura das Revoluções Científicas” [São Paulo, Perspectiva].
Diante do atual e forçado “enrijecimento” ideológico das regras metodológicas, Thomas Kuhn, onde quer que você esteja ― seja tão-somente um monte de partículas carbonadas nesta vastidão de universo sem nenhum sentido, no Nirvana, ou seja lá onde for, sua voz que está sendo “silenciada” pela Nomenklatura científica e pela KGB[peer-reviewers é mais chique] vai encontrar eco aqui neste blog.
Eis o “e-mail” que Kuhn enviou aos poderosos do plantão epistêmico:
De: thomaskuhn@sci.edu
Para: nomenklaturacientifica@longoargumento.org
Cc: kgb.peer-reviewers@longoargumento.org; grandemidia@pindorama.com
Bcc: darwin@longoargumento.org
Quero lembrar aos Srs. que o debate sobre as regras metodológicas da ciência freqüentemente faz parte da prática da ciência, especialmente quando os paradigmas estabelecidos estão sendo seriamente desafiados. Os “guarda-cancelas”, oops peer-reviewers é mais chique, que rejeitam o ensino da controvérsia Darwin v. Design baseado nas afirmações [infundadas] de que o Design Inteligente viola as atuais regras de práticas científicas, estão somente chovendo no molhado.
As regras do atual regime camisa-de-força epistemológico não podem impedir a
discussão da controvérsia pelas simples razão: elas são reais, e elas mesmas podem ser objeto de controvérsia científica. Por mais que os praticantes de “ciência normal” não queiram discuti-las, mais dia menos dia, a verdade das evidências vai prevalecer, e a Nomenklatura científica e a KGB não vão mais poder evitar que essas anomalias que o atual paradigma não consegue explicar, vão ter que discuti-las e seguir as evidências aonde elas forem dar.
Ah, ia me esquecendo, essa situação de ficar “escondendo as anomalias” vai acabar quando “a solução biológica” se impor inexoravelmente aos cientistas antigos para que uma nova geração de cientistas possa fazer as perguntas e apresentar idéias controversas e polêmicas como plausibilidades científicas hoje proibidas. Srs., debater regras metodológicas da ciência faz parte do jogo heurístico. O design inteligente inclusive!
Esperando contra a esperança para uma iminente e eminente mudança paradigmática em biologia evolutiva,
Thomas Kuhn