Cada país tem os governantes que merecem. Aqui em Pindorama não é diferente. Nossos políticos são chamados merecidamente de ‘raposas’. Seus atos conferem legitimidade ao apodo. Como aves de rapina, eles dizimam o povo brasileiro nos seus butins, que assiste a tudo sem corajosa indignação.
Não me lembro quem disse, mas os atores precisam da mídia para melhor aparecerem junto à opinião pública. Ai do ator ou atriz que fizer ‘beicinho’ para a Grande Mídia tupiniquim. Estenda isso aos políticos. Eles precisam da mídia para, feitos cachorros, marcarem seu território expondo suas ‘pérolas’ intelectuais e ou idéias políticas.
André Petry na sua coluna “Sem trava na língua”, publicada na VEJA, edição 1998, de 7 de março de 2007, p. 89, entrevistou o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral Filho. Petry diz que ele é ‘um homem cheio de idéias’. Até aqui, nenhuma novidade. Todo ser humano tem idéias. Além disso, de um governador espera-se o quê? Titica de galinha na cabeça???
André ‘Louvaminheiro’ Petry diz que o governador não foge de temas polêmicos quando disse que o Brasil precisava ‘debater a legalização das drogas e do aborto’. E ainda tenta livrar a cara deste tapuia iluminado ao afirmar que a sua declaração não era nada ao ‘estilo das raposas políticas saindo pela tangente’. Os cariocas que me perdoem, mas o governador dos botocudos, ‘homem cheio de idéias’, pisou na bola aqui em dois temas extremamente complexos, polêmicos e controversos.
A legalização das drogas em tabas mais ‘civilizadas’ e ‘adiantadas’ do que Pindorama, não melhorou nada em relação aos crimes paralelos ao uso legalizado das drogas. O governador SCF sabe onde fica Amsterdam. Que ele pergunte aos batavos se o ‘liberou geral’ trouxe alguma coisa pro bonum publico? Ele sabe onde fica Berna. Pergunte aos helvécios se ‘cheirar’ ou ‘injetar’ com o aval dos governantes trouxe algum benefício?
Na entrevista SCF disse ser a favor da legalização do uso de todas as drogas. Inclusive as letais. Discutiu a relação custo-benefício como sendo negativa, e aqui o exagero retórico: ‘talvez milhões de pessoas morrendo’, mas que se o Brasil liberasse geral a nossa taba iria virar a “Crackland” da globalização. Na impotência do absurdo de sua proposição, disse que os Estados Unidos é que teriam que ‘entrar corajosamente’ nesta sua irresponsabilidade política.
A questão do uso da droga é uma questão subjetiva de alguém que quer cometer suicídio lento e gradual. É uma escolha pessoal de uma forma de suicido que o Estado deve coibir e não liberar. O Estado brasileiro defende a vida. Já a questão do aborto, é muito complexa, envolve a vida dos que não podem se defender, mas SCF defende ‘claramente a legalização’ do aborto, e que não teme perder votos por posição tão polêmica.
O nosso iluminado tapuia vê a relação ‘aborto legalizado’ com a redução da criminalidade. Sigamos a lógica fluminense: nós assassinamos um ser humano indefeso para impedir que outros seres humanos sejam assassinados. SCF, se vocês políticos deixarem de alinhavar alianças com os bandidos aí no Rio de Janeiro, se os socialites, os filhos de políticos, de juízes e outras ‘otoridades’ sejam punidos como criminosos e não como ‘dependentes químicos’, o problema de segurança aí na Cidade Maravilhosa pode melhorar. É a lei do mercado: onde há procura, há oferta.
Quem financia a violência do Rio de Janeiro são esses ‘dependentes químicos’ que foram protegidos por uma lei sem-vergonha que os considera doentes. O aborto, SCF, é pena de morte sem formação de culpa! É assassinato premeditado!
Petry é também um homem cheio de idéias. Polêmicas e controversas. Isso é bom para a diversidade que uma democracia nos oferece. Contudo, a sua coluna “Sem trava na língua” foi pano de fundo para que um cidadão investido de um cargo de autoridade no país fizesse apologia ao crime. E em Pindorama, país sem lei, vai ficar por isso mesmo. Pobre país onde seus líderes e formadores de opinião fazem apologia ao crime.
Duas perguntas impertinentes para o Petry e para SCF? Vocês usam drogas? Quantas vezes? Vocês alguma vez induziram as mulheres que cruzaram os seus caminhos a abortarem? Quantas vezes?
Eu também sou um homem de idéias polêmicas e controversas. Não temo as possíveis conseqüências que possam surgir pelo que escrevi neste blog.
Fui, indignado com tanta ousadia ciente da impunidade.