Aqui neste blog eu não consigo deixar de cutucar os cientistas materialistas que mal utilizam o naturalismo metodológico para avançar sua ideologia materialista como se fosse ciência.
Durante os meus estudos universitários de graduação e pós-graduação o livro “Acaso e Necessidade” de Jacques Monod foi leitura obrigatória. Ainda é hoje em dia. É, acredito que depois desse artigo, a tese não substanciada de ‘acaso e necessidade’ de Monod (1910-1976), será olhada com muito mais rigor cético de que o acaso, a necessidade, mutações filtradas pela seleção natural e outros mecanismos evolutivos ad infinitum, causas naturais precisam sim de causas inteligentes. E que elas são detectáveis empiricamente na natureza.
É por essas e outras que Ph. D.euses não me impressionam, muito menos agora os laureados com prêmio Nobel. Destaco aqui neste blog o abstract do artigo “Timescales of Genetic and Epigenetic Inheritance”, Cell, Vol 128, 655-668, 23. February 2007:
“De acordo com a teoria evolutiva clássica, a variação fenotípica se origina de mutações aleatórias que são independentes da pressão seletiva. Todavia, descobertas recentes sugerem que os organismos evoluíram mecanismos para influenciar o tempo e o local genômico da variabilidade hereditária. Os loci de contingência hipervariáveis e as mudanças epigenéticas aumentam a variabilidade de fenótipos específicos; as DNA replicases sujeitas a erro (ou DNA polimerases sujeitas a erro) produzem muita variabilidade em tempos de stress.
Interessantemente, esses mecanismos parecem sintonizar [SIC ULTRA PLUS 1] a variabilidade de um determinado genótipo para combinar com a variabilidade da pressão seletiva atuante. Embora essas observações não debilitem a teoria de Darwin [SIC ULTRA PLUS 2], elas sugerem que a seleção e a variabilidade são menos independentes do que antes pensado [Oh, não! Emma, por essa Darwin não esperava].” [1]
No seu livro famoso, Jacques Monod falou sobre o que o mecanismo [???] do acaso era capaz e que nunca seria destronado:
“Nós chamamos esses [mutações] eventos acidentais; nós afirmamos que eles são ocorrências randômicas. E desde que elas se constituem a única fonte possível de modificações no texto genético, ela mesma o único depósito das estruturas hereditárias do organismo, segue-se, necessariamente, que o acaso somente é a fonte de toda inovação, de toda criação na biosfera. Puro acaso, absolutamente livre e cego, bem lá na raiz do edifício estupendo da evolução: este conceito central da biologia não é mais um entre outros possíveis ou até hipóteses concebíveis. É hoje, a única hipótese concebível, a única que bate com o fato observado e testado. E nada garante a suposição ― ou a esperança ― de que neste sentido a nossa posição deva provavelmente ser revista.” [2]
Acaso: conceito central em biologia. Necessidade: também considerado central em biologia. Mas a natureza teima em contrariar esses Ph. D.euses. Evidências são dados. Os cientistas devem seguir as evidências aonde forem dar. Mesmo que bufando. A contragosto. Convencido pela verdade dos fatos e de suas interpretações arbitradas [peer-reviewed é mais chique].
Pensar que Monod ainda é leitura obrigatória em nossas universidades. Pensar que suas teses ainda são consideradas em muitos arraiais como ‘verdade final’ em pleno século XXI?
A razão maior de eu ser iconoclasta livremente aqui neste blog e a duras penas entre a Nomenklatura científica [ué, mas não era somente “professorzinho do ensino médio”???] indo de encontro com as idéias sedimentadas da ciência convencional, é por que:
“A reverência pelos ancestrais intelectuais é inconveniente dentro de uma comunidade ostensivamente orientada para um presente mover esperançosamente dentro de um futuro desconhecido, mas glorioso. Como praticado em tal comunidade, a história freqüentemente luta para evitar a presença de pensamento whiggeriano ou antiquarianismo nostálgico.” [3]
Monod morreu. Viva Monod!
Pro bonum scientiae ― que venga la revolución del design inteligente!
NOTAS:
[1] Rando O. J. and Verstrepen K. J. (2007) “Timescales of Genetic and Epigenetic Inheritance” (review) Cell, Vol 128, 655-668, 23. February 2007.
[2] "We call these [mutation] events accidental; we say that they are random occurrences. And since they constitute the only possible source of modifications in the genetic text, itself the sole repository of the organism’s hereditary structures, it necessarily follows that chance alone is at the source of every innovation, of all creation in the biosphere. Pure chance, absolutely free and blind, at the very root of the stupendous edifice of evolution: this central concept of modern biology is no longer one among other possible or even conceivable hypotheses. It is today the sole conceivable hypothesis, the only one that squares with observed and tested fact. And nothing warrants the supposition --or the hope – that on this score our position is likely to be revised." (MONOD, Jacques, Chance and Necessity, pp. 112-113.).
Monod recebeu o prêmio Nobel juntamente com François Jacob, André Lwoff em 1965.
[3] REINGHOLD, Nathan. “On Not Doing the Papers of Great Scientists”, British Journal of History of Science, 1987, 20:29.