Kilimanjaro sem neve
4/11/2009
Agência FAPESP – Ernest Hemingway, Ava Gardner e Gregory Peck perderam a vez para as mudanças climáticas globais. Se fosse hoje, As neves do Kilimanjaro, conto escrito em 1936 pelo autor norte-americano que virou um dos maiores sucessos de bilheteria nos cinemas em 1952, teria, no mínimo, que mudar o título.
O motivo é que as famosas neves no maior monte da África, com 5,8 mil metros, que sempre pareceram eternas, estão desaparecendo. Segundo um estudo que será publicado esta semana no site e em breve na edição impressa da Proceedings of the National Academy of Sciences, o gelo no topo poderá desaparecer completamente nas próximas duas décadas.
Gelo na maior montanha da África, que tem resistido por mais de 11 mil anos, poderá sumir em menos de duas décadas, indica pesquisa (divulgação)
Lonnie Thompson, da Universidade do Estado de Ohio, nos Estados Unidos, e colegas apontam que as temperaturas mais elevadas, em conjunto com as condições mais secas e com menos nuvens, estão contribuindo para a sublimação e o derretimento do gelo no alto da montanha na Tanzânia.
Os pesquisadores combinaram medidas da área congelada obtidas a partir de fotografias aéreas com dados sobre alterações na espessura do manto para determinar em que velocidade o gelo está sumindo.
Segundo eles, a área total coberta pelo gelo encolheu cerca de 85% entre 1912 e 2007. Se as condições climáticas atuais persistirem, o gelo poderá desaparecer em 2022 ou, no melhor dos cenários, em 2033.
Os autores do estudo destacam que embora as neves do Kilimanjaro tenham sobrevivido por 11.700 anos, incluindo secas históricas e alterações climáticas, sem ações de mitigação eficazes as condições atuais poderão não apenas eliminar o gelo na montanha, mas também promover um significativo impacto na vida das comunidades locais na África.
O artigo Glacier loss on Kilimanjaro continues unabated, de Lonnie Thompson e outros, poderá ser lido em breve por assinantes da Pnas em www.pnas.org.
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Glacier loss on Kilimanjaro continues unabated
L. G. Thompson a,b,1, H. H. Brecher a, E. Mosley-Thompson a,c, D. R. Hardy d and B. G. Mark a,c
+ Author Affiliations
aByrd Polar Research Center, Ohio State University, 108 Scott Hall, 1090 Carmack Road, Columbus, OH 43210;
bSchool of Earth Sciences, Ohio State University, 125 South Oval Mall, Columbus, OH 43210;
cDepartment of Geography, Ohio State University, 154 North Oval Mall, Columbus, OH 43210; and
dDepartment of Geosciences, University of Massachusetts, 236 Hasbrouck, Amherst, MA 01003
Edited by James E. Hansen, Goddard Institute for Space Studies, New York, NY, and approved September 22, 2009 (received for review June 1, 2009)
Abstract
The dramatic loss of Kilimanjaro's ice cover has attracted global attention. The three remaining ice fields on the plateau and the slopes are both shrinking laterally and rapidly thinning. Summit ice cover (areal extent) decreased ≈1% per year from 1912 to 1953 and ≈2.5% per year from 1989 to 2007. Of the ice cover present in 1912, 85% has disappeared and 26% of that present in 2000 is now gone. From 2000 to 2007 thinning (surface lowering) at the summits of the Northern and Southern Ice Fields was ≈1.9 and ≈5.1 m, respectively, which based on ice thicknesses at the summit drill sites in 2000 represents a thinning of ≈3.6% and ≈24%, respectively. Furtwängler Glacier thinned ≈50% at the drill site between 2000 and 2009. Ice volume changes (2000–2007) calculated for two ice fields reveal that nearly equivalent ice volumes are now being lost to thinning and lateral shrinking. The relative importance of different climatological drivers remains an area of active inquiry, yet several points bear consideration. Kilimanjaro's ice loss is contemporaneous with widespread glacier retreat in mid to low latitudes. The Northern Ice Field has persisted at least 11,700 years and survived a widespread drought ≈4,200 years ago that lasted ≈300 years. We present additional evidence that the combination of processes driving the current shrinking and thinning of Kilimanjaro's ice fields is unique within an 11,700-year perspective. If current climatological conditions are sustained, the ice fields atop Kilimanjaro and on its flanks will likely disappear within several decades.
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Footnotes
1To whom correspondence should be addressed. E-mail: thompson.3@osu.edu
Author contributions: L.G.T. and E.M.-T. designed research; L.G.T., E.M.-T., D.R.H., and B.G.M. performed research; L.G.T., H.H.B., E.M.-T., and D.R.H. analyzed data; and L.G.T., H.H.B., E.M.-T., and D.R.H. wrote the paper.
The authors declare no conflict of interest.
This article is a PNAS Direct Submission.
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