Falta de recursos é desafio para a divulgação científica no Museu Goeldi
Por Fernanda Vasconcelos
24/11/2009
As atividades de comunicação científica do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) estão institucionalizadas há 25 anos e contam, atualmente, com diferentes meios de divulgação e ampla produção científica. Ainda assim, sofrem com a falta de recursos financeiros, como afirmou a jornalista Jimena Felipe Beltrão, da assessoria de comunicação do MPEG, em palestra realizada durante o Foro Iberoamericano de Comunicação e Divulgação Científica, dia 23, na Unicamp.
Beltrão apresentou o projeto “Ciência e sociedade: comunicação e educação para a preservação ambiental e cultural na Amazônia oriental brasileira”, uma proposta de consolidação das atividades de comunicação social do MPGE. Além de atuar na formação de recursos humanos para a divulgação de ciência e no desenvolvimento de pesquisas, a Agência Museu Goeldi é responsável, atualmente, pela produção do boletim semanal Museu Em Pauta (que disponibiliza sugestões de matérias para divulgação do museu e de outras instituições parceiras), pelo Clipping do Dia (apanhado diário de notícias relacionadas a ciência, tecnologia e meio ambiente), e pelo jornal Destaque Amazônia (que se propõe não só a divulgar as atividades do MPGE mas, também, de outras instituições).
Entre os objetivos da comunicação científica do MPGE, Beltrão destacou o estímulo ao interesse da sociedade por temas científicos e a promoção dos valores de preservação ambiental e cultural. Na avaliação da jornalista, as metas são atingidas. Beltrão destaca que pelo menos cinco pautas são disponibilizadas semanalmente para os demais veículos de comunicação e que a repercussão é monitorada. “Nós temos como verificar quais as pautas enviadas pela agência têm tido ressonância nos veículos”, explica a jornalista. “Como trabalhamos temáticas relativas à região e questões flagrantemente conflituosas e complicadas, como espécies ameaçadas, desmatamento, perda cultural dos registros de sociedades antigas e perda das línguas tradicionais das populações indígenas, há todo um trabalho de recuperação dessa cultura tradicional e de divulgação. Trabalhando com essa diversidade e fazendo um monitoramento, nós alcançamos os objetivos da divulgação dos valores de preservação ambiental e cultural”, completa.
O Destaque Amazônia é a menina dos olhos da agência do MPGE, segundo Beltrão. “É uma forma de nós tentarmos manter viva a produção da notícia de conteúdo científico e a formação dos recursos humanos, e alcançar a sociedade da forma mais abrangente possível”, defende a jornalista, ao afirmar que o jornal, disponível nas versões impressa e eletrônica, é divulgado a todas as escolas particulares e públicas do estado do Pará e a todos os museus brasileiros. No entanto, a procura por maior abrangência na cobertura de assuntos científicos relativos à Amazônia esbarra nas dificuldades de produção. “A região é imensa e a gente não tem recursos direcionados para reportagens. As dificuldades são muito grandes”, explica a jornalista. Ela destaca que o jornal é publicado a cada dois meses, não por falta de material, mas de recursos.
Ao argumentar que, a cada mandato dentro dos museus de história natural, dirigentes privilegiam diferentes áreas da instituição, Beltrão chamou a atenção para a falta de compromisso institucional com a área de comunicação, que passou por um período de pouco apoio no MPGE. Recentemente, recursos originados no Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) possibilitaram a melhorias de infra-estrutura e contribuíram para a formação de recursos humanos e a organização da produção jornalística do museu. No entanto, Beltrão destaca que bolsistas do Programa de Capacitação Institucional do MCT, que desenvolviam pesquisas e eram responsáveis por cerca de metade dos conteúdos de comunicação científica do MPGE, perderam o benefício. “Infelizmente, isso aconteceu por conta de uma avaliação feita na burocracia do ministério, que coordena o Programa de Capacitação Institucional. Eles consideram que a comunicação, o jornalismo, não faz pesquisa. Esse foi o parecer e as bolsas foram cortadas”, afirma a jornalista.
Para argumentar contra a avaliação, Beltrão destacou os produtos das pesquisas na área de comunicação realizadas no MPGE. A produção científica inclui apresentações de trabalhos em eventos, publicação de artigos e capítulos de livros e a organização de um volume com seis dossiês sobre temáticas amazônicas, feito a partir da análise da cobertura da imprensa no período de 2000 a 2005, que será publicado em breve.
Mais informações no site do Museu Paraense Emílio Goeldi.
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NOTA DESTE BLOGGER:
Eu visitei o Museu Paraense Emílio Goeldi em 2009. Dois desafios:
1. Se fosse mais jovem, eu iria estudar ali. Fica aqui o desafio aos universitários que lêem este blog.
2. É preciso levantar mais recursos para a divulgação científica deste nosso museu.