Consumo de leite por adultos
24/11/2009
Por Fábio Reynol
Agência FAPESP – Adultos devem ou não tomar leite? Em torno dessa pergunta polêmica e ainda sem resposta consensual da comunidade científica o livro Leite para Adultos: Mitos e Fatos frente à Ciência (Varela Editora) foi lançado este mês durante o 8º Simpósio Latino-Americano de Ciências de Alimentos.
Pesquisadoras da Unicamp e do Ital lançam livro que reúne trabalhos científicos sobre o consumo de leite na idade adulta
A obra, de Adriane Elisabete Costa Antunes, professora da Faculdade de Ciências Aplicadas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), e Maria Teresa Bertoldo Pacheco, pesquisadora do Centro de Química de Alimentos e Nutrição do Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital), é uma coletânea de publicações científicas a respeito do assunto.
O ser humano é o único mamífero que consome leite de outra espécie e que o continua consumindo após o desmame. Esse ponto tem levantado questionamentos a respeito de seu consumo na idade adulta, que não seria algo “natural”.
Beber leite após o período da lactação foi um hábito adquirido pelos seres humanos ao longo da história. Segundo o livro, adaptações genéticas em diferentes momentos e civilizações promoveram a capacidade de os humanos adultos digerirem os componentes do leite.
Esse processo deve ter começado em uma época histórica próxima ao início da domesticação e da criação de animais, aponta Adriane. Prova de que essa adaptação ao leite é recente em termos históricos é o alto índice de intolerância à lactose (o açúcar do leite) ainda hoje presente na população mundial. “Há regiões em que essa intolerância chega a 80% da população, como em partes da África, Ásia e Oriente Médio”, disse.
No entanto, isso não seria sinal de que o leite é nocivo e que deva ser evitado pelos adultos. O maior motivo é que ele é a principal fonte de cálcio absorvido por meio da alimentação, respondendo por 70% do total ingerido pelo homem desse mineral.
“As mães enquanto estão amamentando precisam de reposição de cálcio ou acabam retirando-o do próprio organismo”, alerta Adriane, lembrando que a falta do mineral pode causar problemas nos ossos como osteoporose, osteopenia e osteomalase.
Para a pesquisadora, esse argumento reforça o apoio ao consumo de leite, uma vez que não há vegetais ou outra fonte alimentar tão rica em cálcio. Outro dado importante é que, segundo estudos citados no livro, 45% das lactantes intolerantes à lactose perdem a sua intolerância durante o período de gravidez e de lactação.
Quanto às críticas ao consumo de leite de outras espécies, Adriane rebate dizendo que o homem é extremamente adaptável e tem capacidade para exercer escolhas. “Outros animais também gostam e beberiam leite de outras espécies se lhes fosse oferecido. Mas o homem ainda considera o leite um alimento nobre para dar aos animais”, disse.
Título: Leite para Adultos: Mitos e Fatos frente à Ciência
Editora: Varela
Preço: R$ 98
Mais informações: www.varela.com.br