JC e-mail 3797, de 03 de Julho de 2009.
21. Dawkins é aplaudido ao reafirmar teses na Flip
Na principal mesa do dia em Paraty, biólogo voltou a criticar o papel das religiões e a defender Charles Darwin. Autor de "Deus, um Delírio", Richard Dawkins é um dos grandes responsáveis pela popularização do neodarwinismo
Marcos Strecker e Raquel Cozer escrevem para a “Folha de SP”:
No "ano Darwin", o grande nome da 7ª Festa Literária Internacional de Paraty ontem foi Richard Dawkins, um dos principais responsáveis pela popularização do neodarwinismo. Ele foi entrevistado pelo jornalista Silio Boccanera em uma Tenda dos Autores lotada.
Dawkins foi várias vezes aplaudido ao reafirmar suas teses: a defesa intransigente da ciência e a crítica ao papel das religiões. E incluiu a política no discurso: "Devemos aprender com o darwinismo para saber o que evitar em política". Para ele, a teoria de Darwin ensina não só como as espécies evoluem, mas também como uma sociedade pode evoluir.
Dawkins voltou a defender seu grande inspirador e a obra capital do darwinismo. "’A Origem das Espécies’ é o livro mais importante já escrito até hoje", disse. Para o biólogo, a obra de Darwin responde às grandes dúvidas da humanidade. "Permite compreender nossa origem e também como vamos evoluir. O livro não é tão conhecido por ignorância ou falta de curiosidade", disse.
Dawkins comentou as reações sobre seu livro "Deus, um Delírio", em que fala do "papel nocivo" das religiões. "Os principais ataques vieram de quem acha que religiões não podem ser questionadas."
Falou de seu best-seller nos anos 70, "O Gene Egoísta", um marco na defesa do evolucionismo. Disse que, se os vírus de computadores já existissem na época, eles seriam um dos grandes exemplos da obra.
Em entrevista coletiva na manhã de ontem, Dawkins também falou da relação entre literatura e a divulgação científica. O biólogo, que está lançando no Brasil "A Grande História da Evolução" (Companhia das Letras), comentou a utilização da expressão "bright" (brilhante, iluminado) por movimentos de conscientização dos ateus.
Dawkins disse que os ateus nos EUA são discriminados como os homossexuais, e que a expressão foi adotada como forma de afirmação, da mesma forma que o "orgulho gay".
"Infelizmente muitos não quiseram adotar o termo. Mas eu posso dizer que sou "bright'". O biólogo citou que pesquisas indicam que é mais provável um gay ser eleito à Casa Branca do que um ateu.
(Folha de SP, 3/7)